Já estava ficando saturado; nunca iria me acostumar a ser tratado da forma que todos que entravam no meu quarto me tratavam. Pedi ao meu pai que ele permitisse que apenas pessoas que eu autorizasse pudessem entrar no meu quarto. Então, passava os dias sozinho, e nesses momentos de solidão, eram os momentos em que rezava à deusa para meu lobo se recuperar o mais rápido possível, para podermos voltar para perto de nossa deusinha. Túlio me contou, no último dia que ele veio me visitar, que conversava com Tamara diariamente e que ela sempre procurava saber como eu estava. Não sei se vou descobrir que ela estava me esperando, mas algo aconteceu dentro de mim. Eu sentia meu lobo despertando e mostrando força de vontade para estar ao lado da nossa companheira. Sei que, ao lado dela, iríamos nos recuperar mais rápido, e foi pensando em estar ao lado dela que mandei chamar o médico. — Boa tarde, Alfa! — Doutor Fernandes entrou no meu quarto. — O senhor pediu para me chamarem? — Sim. — Pedi pa
— Sou sim! E serei até o momento em que eu rejeitar sua marca. — Demorei para acreditar que aquelas palavras saíram da minha boca. Jonathan virou seu corpo de frente para o meu e ficou me encarando. Nos seus olhos havia um brilho desconhecido. — Não faça isso, por favor! — Ele encostou suas costas no sofá e fechou os olhos. — Eu já me acostumei a te ter da forma que estamos, então, por favor! Não faça isso. — Fazer o que, Jonathan? — Ele não respondeu. — O que eu falei foi só a verdade, eu não te rejeitei, então, até onde entendo, eu ainda sou sua companheira, ou esse tempo que você esteve longe de mim encontrou outra? — Jonathan respirou fundo. — Minha deusa, quem deveria estar te cobrando algo era eu, e por eu te amar tanto, apenas aceitei de bom grado o que você tinha a me oferecer. — E você se arrepende? — De aceitar a situação em que estamos? — Eu acenei, e Jonathan balançou a cabeça negando. — Foi minha decisão ficar ao seu lado, e se para te ter ao meu lado eu preciso te ve
Minha conversa com Ian estava sendo adiada a cada encontro. Toda vez que eu tentava tocar no assunto, ele inventava alguma desculpa e nunca deixava eu chegar ao ponto que era necessário. Não tinha mais opção sobrando a não ser jogar de uma vez no seu colo que não tinha mais como continuarmos o namoro. Conversei bastante com Rosana; eu precisava de um conselho amigo para abrir meus olhos e me mostrar que eu não estava agindo pela emoção. Aproveitamos o sábado em que ela estava de folga e marcamos uma tarde só nossa. — Amiga, que encontro demorado esse nosso, hein? — Rosana abriu a porta do seu apartamento e já foi logo me abraçando. — Você está levando ao pé da letra o nome de estudante, pois só depois de você consultar sua agenda é que você marca um encontro comigo. — Nossa, quem vê você falando assim pode até imaginar que você não é nem um pouco ocupada. — Mas para você, meu amor, eu sempre tenho um tempinho sobrando. — Afastamos uma da outra e entramos em seu apartamento. — Ai, am
Sai da casa de Rosana e, ao chegar na portaria, dei de cara com Ian me esperando. Achei muito estranho, pois eu não tinha dito onde estaria e tenho certeza de que Rosana também não falou nada para ele, pois, se ela tivesse feito tal proeza, teria me contado. Ian caminhou em minha direção e já veio com um sorriso que poderia abalar a estrutura de qualquer mulher. Ali, pude lembrar do motivo que me fez escolher ele, pois, com seu sorriso, Ian conseguia clarear o dia mais nublado. — Vim buscar você! — Ian colocou seus braços em minha cintura e beijou minha testa. — Sei que você está se perguntando como eu poderia saber que você estava aqui no apartamento de Rosana, mas para tudo há uma resposta. — E qual resposta você tem para me dar? — Aqui não, vamos para um lugar mais calmo para podermos conversar. — Não disse mais nada, apenas o segui até o carro. Ian começou a dirigir e nos levou ao lugar do nosso primeiro encontro. — Vem! — Ian segurou minha mão, me ajudando a sair do carro. Cam
Meu corpo se encontrava oitenta por cento recuperado; o bom é que não estava sentindo dor, apenas fraqueza. Ter Tamara ao meu lado me ajudou bastante. Antes de sair da alcateia para vir à cidade onde eu estava morando, o médico amigo do meu pai me explicou que, ao lado da minha companheira, eu poderia melhorar em questão de semanas, e ele acertou, pois só tinha passado uma semana que eu estava ao lado dela e meu corpo já se encontrava praticamente recuperado. É claro que também aproveitei cada segundo do dia em que podia para me sair como coitadinho, só para ver ela cuidando de mim. Às vezes, eu fingia até sentir dor para ver a preocupação dela. Tamara permitiu que eu dormisse ao lado dela desde o dia em que voltei. Ela dizia que assim eu iria me recuperar mais rápido e não a perturbaria por muito tempo, mas eu tinha a certeza de que ela não quis dizer aquilo e que sua preocupação era verdadeira. Uma noite, eu acordei com ela passando a mão pelo meu rosto; fiquei de olhos fechados, f
Tamara conseguiu me trancar no seu apartamento; eu não pude nem mesmo ir ao meu apartamento sem ter ela colada a mim. Entretanto, não sei se foi esquecimento dela ou se ela não queria pensar na possibilidade de que eu poderia me conectar com qualquer um dos meus lobos sem nem sair do seu apartamento, e foi exatamente o que eu fiz. — Túlio? — Aproveitei o momento em que Tamara tinha ido ao banheiro para me conectar ao meu beta (só um detalhe que não posso deixar passar: querendo me deixar incontestável, Tamara sequestrou meu celular). — Oi! Jonathan. — Escute bem o que vou te falar, não tenho muito tempo. Encontrei o alfa que está à procura de Tamara. — O quê? Onde ele está? Ele apareceu por aí? Pois, até em sua alcateia não foi possível encontrá-lo. — Túlio, fique em silêncio e escute o que vou te dizer; meu tempo está curto. — Onde você está? Ele te pegou? — Santa deusa, esse homem não sabe o que é ficar em silêncio. — Porra, Túlio, cale essa boca e me escute, e por favor! Não
Eu me considerava um alfa de sorte; não tive problemas pessoais na infância e muito menos na adolescência, até que, ao chegar à juventude, tudo mudou. Tive uma infância feliz; meus pais me bajulavam muito, então sempre tive tudo o que eu queria. A única coisa que não tive pelos meus próprios méritos foi minha companheira, pois ela foi um presente que a deusa Selene me entregou, mas nosso tempo juntos foi curto. Tive poucos dias para aproveitar a companhia dela, mesmo esperando três anos para tê-la ao meu lado. Faltava apenas um mês para ela completar dezoito anos. Eu já tinha pedido um recesso na faculdade para poder voltar à minha alcateia e ficar ao lado dela, para curtirmos nossa noite de acasalamento juntos, mas, para minha surpresa, minha mãe me revelou que minha companheira tinha viajado para comemorar sua formatura do ensino médio. O grande problema foi que ela não voltou daquela viagem, apenas seu corpo sem vida. Sei que é estranho um lobo saber quem é sua companheira antes d
Ela estava na minha frente e, em nenhum momento, consegui ligá-la à pessoa da foto. A menina à minha frente tinha um jeito meigo; ela me olhava de uma forma inocente que, em algum momento, me fez questionar se realmente conseguiria fazer mal a ela. Seu olhar era de uma pessoa que teve sua alma dilacerada, mas eu não podia me deixar levar pelo seu olhar inocente, pois já tinha aprendido com meu pai que, quanto mais inocente é o olhar de uma pessoa, pior é o segredo que ela guarda. — Então, me conte um pouco sobre você... como é seu nome? — falei, quebrando o silêncio sufocante que se formou em meu escritório. — Meu nome é Tamara, sou nova na cidade e, no momento em que Rosana me falou sobre esta vaga, me interessei, pois gosto de ajudar as pessoas. — Hum! Então o nome da assassina é Tamara; até que esse nome combina com sua beleza. — Você tem família na cidade, Tamara? — Eu não tenho família! — Senti que doeu nela ao falar essa frase; entretanto, pelo que o lobo que veio ao meu