Estava tudo indo tão bem. Conversamos, lembramos de Talita juntos e foi bom saber que minha irmã não tinha me esquecido, que ela, como sempre, soube me ler. Porém, Jonathan tinha que ser ele mesmo. Como pude ter acreditado na história de que ele me deixaria viver a minha vida da forma que eu quisesse? Nunca iria aprender. Jonathan me jogou em uma cela, por culpa dele perdi a minha loba e, para piorar ainda mais a situação, agora estava marcada como propriedade sua. Jonathan estava me beijando quando eu senti uma dor em meu pescoço. Eu estava entregue ao beijo de uma forma que não tinha me dado conta do momento em que ele parou para me morder. Na minha inocência, pensei que ele iria beijar meu pescoço ou algo assim. Como pude me deixar levar daquela forma? Deveria ter o parado antes mesmo de ele conseguir me beijar. — Minha! — Sua voz saiu rouca. — Nunca serei sua. — O empurrei para longe de mim. Estava arrepiada, mas eu queria acreditar que estava daquela forma por puro ódio e nã
Meus pensamentos me atormentavam; a voz em minha cabeça me culpava pelo desmaio de Tamara. “Está vendo o que causou a sua impaciência?” “Tudo que você faz é para destruir a vida dela.” Eu tentava calar a voz da minha consciência, tentava calar a voz de Rocco, meu lobo, mas os dois estavam certos: eu não deveria ter marcado ela sem sua permissão. Tinha que ter respeitado sua decisão de viver a vida dela sem ter nenhuma amarra comigo. — Eu te imploro. — Nunca fui de fazer prece à deusa, mas naquele momento eu iria usar qualquer coisa a meu favor para ver Tamara de olhos abertos. — Eu imploro. — Quando você vai deixar de agir por impulsos? — A voz do meu pai veio em minhas memórias. — Você é um homem de vinte e três anos e age como se fosse um moleque de quinze. — Ele ficou furioso ao saber que eu tinha ido atrás de Tamara e marcado ela sem sua autorização. — Jonathan, será que foi um erro ter entrado a alcateia em suas mãos? Pois estou vendo que você não está adaptado para tomar deci
Ao chegar no hospital, fui direto para a sala de Rosana; esse era o nosso ritual. Todo dia, quando eu chegava ao hospital, ficava na sala dela até dar o horário em que o doutor Ian chegava para começarmos o expediente. O escritório de Rosana estava vazio; creio que ela deve ter ido fazer sua ronda matinal. Fui até a cafeteira que ela colocou em sua sala para fazermos o desjejum juntas. Antes de entrar no hospital, passei por uma panificadora e comprei uns bolinhos para nós duas. Enquanto a cafeteira trabalhava para preparar o café, minha mente trabalhava sem parar; não conseguia esquecer tudo que aconteceu algumas horas antes, na noite anterior. No momento em que eu pensava que tinha deixado minha vida antiga para trás, ela voltou com tudo, tentando atropelar meu novo eu. Meu coração acelerou ao ver Jonathan na minha porta e acelerou ainda mais quando ele me beijou, mas não era com ele que eu queria viver. Na verdade, eu não tinha planos de me envolver com ninguém; tinha traçado outr
O dia ocorreu muito bem; para minha sorte, Ian teve uma emergência, o que o deixou fora do consultório o dia todo. Não é que eu não quisesse vê-lo, apenas queria dar um descanso para minha cabeça; meus pensamentos não paravam. Estava lutando contra a minha razão, que me dizia a todo momento que Jonathan era o melhor para mim, que eu tinha que aceitá-lo na minha vida. Entretanto, meus sentimentos eram fortes em relação ao doutor Ian. Então, agradeci à deusa quando ele me ligou avisando que, infelizmente, não nos veríamos mais naquele dia. Terminei todo o trabalho que eu tinha para aquele dia e, ao finalizar tudo, fui em direção à minha casa. Com o passar do dia, a temperatura do meu corpo foi aumentando, conforme Jonathan disse que iria. No momento em que saí do hospital, a temperatura já começava a ficar insuportável; por esse motivo, eu torcia para que ele estivesse na minha casa. Entrei no elevador do meu prédio, desejando estar debaixo de um chuveiro para tentar aplacar o calor qu
Tamara entrou no banheiro e vislumbrei ali a minha deixa para ir embora do seu apartamento. Sentia meu peito ainda aquecido pela noite que passamos juntos. Sei que não rolou nada muito extravagante; entretanto, cada segundo ao lado dela foi mágico. Creio que um apelido nunca serviu tão bem a uma pessoa quanto o que eu dei para Tamara, pois, enquanto ela estava dormindo, era como se eu estivesse na presença de uma deusa. Ela é minha deusa. Saí do apartamento de Tamara com a intenção de encontrar um quarto em qualquer hotel próximo ao prédio em que ela morava. Fui até a recepção do prédio de Tamara pedir ao porteiro alguma dica de onde ficava o hotel, e algo me surpreendeu: nunca tinha visto um humano tão gentil. O porteiro, que descobri se chamar Samuel, me informou que no prédio existia um apartamento para aluguel e que ele ficava no andar abaixo de Tamara. Não pensei nem duas vezes e já o informei que eu queria o apartamento o quanto antes possível. Assinamos o contrato e, antes mes
As aulas da faculdade de medicina começaram dois meses após eu ser aprovada. Lembro que o primeiro dia de aula foi uma loucura. Ian quis se afastar por uma semana do hospital apenas para me acompanhar na minha nova jornada, porém não permiti, pois ele tinha responsabilidades com seus pacientes e não podia deixá-los esperando. Eu e Ian nos aproximamos bastante nesses dois meses; posso dizer que meu coração b**e cada vez mais acelerado por ele. Ian sabe dizer as palavras certas nos momentos certos e sabe aproveitar cada momento a seu favor para eu me apaixonar ainda mais por ele. A cada dia, tenho mais certeza de que ele é quem eu quero para a vida. Sei que devem estar se perguntando o que aconteceu com Jonathan! Bem, ele também está ao meu lado; entretanto, nesses dois meses, Jonathan tem sido minha companhia diária. Eu o vejo bem mais do que Ian, já que todas as noites ficamos juntos. Quando não dormíamos sentados no sofá, assistíamos a filmes ou séries juntos, e ele ficava até a mad
Dois meses, isso mesmo, dois meses que eu estava vivendo ao lado de Tamara, e eu não poderia pedir mais à deusa. Quer dizer, até que poderia pedir para ela trazer o coração de Tamara de volta para mim, mas isso seria contra a promessa que eu fiz a ela de que só me bastava ter um momento durante o dia ao seu lado. Em um belo dia em que estávamos sentados no sofá, como fazíamos diariamente durante aqueles dois meses, ela me chamou para conversar, pois tinha algo sério para dizer. Posso afirmar que meu coração tremeu naquele momento como se já suspeitasse da bomba que ela estava prestes a jogar sobre mim. — Jonathan. — Até a forma dela de falar meu nome fez eu ter certeza de que ela falaria algo de que nem eu e muito menos meu lobo se agradariam. — Tirei esses dois meses para pensar um pouco sobre o que eu quero para minha vida, e eu decidi que quero dar uma chance a ele. — Ela não falava o nome do sujeito, pois eu já tinha dito que seria melhor eu não ouvi-lo. — Não sei como ficará ess
No dia do encontro de Tamara com o doutorzinho, eu fui mais cedo à sua casa, logo pela manhã. Mesmo sem sua autorização, eu a abracei no momento em que a porta de sua casa se abriu. Nunca tinha ficado espantado ou com medo de perder alguém que fizesse parte da minha vida, mas ao imaginar que algo poderia acontecer à minha deusa ou até mesmo que alguém poderia fazer mal a ela, isso me rasgava por dentro. — Jonathan, você sabe que não podemos ter esses contatos um com o outro. — Ela tentou me afastar, porém não permiti. — Assim é a forma mais rápida de passarmos o dia bem. — Com uma mão, segurei sua nuca e, com a outra, a sua cintura. — Vamos ficar assim por trinta minutos e você ficará o dia livre de mim. — Você não vai estar à noite aqui? — Meu coração se aqueceu um pouquinho com sua pergunta. — Claro que vou estar. — Menti, pois não sabia quanto tempo iria demorar minha missão. — É que não sei a que horas o seu namorado irá te deixar aqui; vai que demora mais do que podemos su