Meridian Water.A lua estava alta, iluminando com um brilho fino que parecia refletir o estado da minha mente, enquanto as sombras tentavam se apoderar de mim. Tudo estava ficando cada vez mais intenso. Eu queria poder ter escolhido estar em meu quarto. Mas fui obrigada a descer para a tal da Lua Conta. O pequeno garoto, Eden, já havia falando pelos cotovelos sobre como era a celebração, e eu estava tão cansada que só o deixei falar e fingi estar interessada. Vai que ele contava alguma forma de fugir.Minha cabeça girava com tantas informações e quando eu finalmente pude respirar, me vi recostada em uma pedra, se não me engano, vi de relance o Renan sentado nela mais cedo, com a Lauren. Ele havia sumido.Respirei fundo tentando manter a postura e o controle. Não ceder.Não ceder.Não ceder.“Não adianta lutar contra o inevitável, Meridian.” Murmurei para mim mesma, sentindo o peso daquelas palavras se instalarem em meu peito.Algo dentro de mim se recusava a aceitar. As palavras de Re
Príncipe Darlon Sweeney A noite caiu sobre o palácio, mas a tranquilidade que ela prometia parecia um sonho distante. O saguão principal estava repleto de sussurros e risadas, todos voltados para a nova hóspede: Eleanor Sweeney, minha prima distante. Alta, imponente e com um sorriso que parecia conter segredos, ela havia chegado com o ar de quem já possuía tudo, mesmo o que ainda não era dela. Eu a observei de longe, sentado em uma poltrona ornamentada perto da lareira. Meu pai, sempre calculista, irradiava satisfações enquanto apresentava Eleanor a alguns conselheiros e nobres. Ela era exatamente o que ele esperava: um símbolo de união entre duas poderosas linhagens mágicas e sombrias. Uma ferramenta para sua expansão, um meio de conquistar territórios sem uma rebelião. Mas, para mim, ela era apenas mais uma peça no tabuleiro de Fondark Sweeney. E eu, a outra peça que ele movia como bem entendia. “Primo!” a voz de Eleanor era doce, mas havia uma determinação fria ali. Ela caminh
Meridian Water Quando acordei, estava cansada demais para falar qualquer coisa. O preço que eu precisava pagar havia chegado. No espelho, vi os olhos negros. A magia negra não se apoderou da minha mente, mas vulnerável, se apoderou do meu corpo. Ela estava me tomando aos poucos, e com as lacunas batendo em minha memória, eu sentia que estava cada vez mais fraca para lutar. Foi o preço de salvar o príncipe, eu não morri, mas a magia negra permanece conosco, se apoderando de nossa identidade aos poucos e nos tornando sombrios. Eu sabia as consequências. Sabia também que agora poderia morrer, pois aos olhos deles, talvez eu, de fato, não fosse mais a loba que eles tanto queriam. Eu era uma renegada sombria. Foi Eden quem entrou no quarto me tirando dos meus devaneios e me fazendo lembrar do episódio que me fez apagar. Quando me virei para encará-lo, vi o susto em seu rosto. Ele recuou por um segundo, e eu apenas suspirei. “Não fui tomada.” Assegurei. “Qual a sensação?” Ele s
Darlon Sweeney O salão mergulhava em sombras. Velas negras dispostas em um círculo iluminavam fracamente o ambiente, iluminando parte do meu rosto. Em minhas mãos, um grimório antigo estava aberto, contendo runas proibidas.O que eu estava fazendo? Nem eu sabia ao certo. Respirei fundo. Iniciei, traçando no chão os símbolos que ancorariam a magia.Quando completei o ritual, murmurei algumas palavras em língua antiga, minha voz ressoando pelo salão vazio e eriçando todos os pelos do meu corpo. No centro do símbolo, as sombras se contorciam, formando a silhueta de uma mulher.Então de repente estávamos eu e ela, em uma cela antiga com grades de ouro, uma janela velha dava para a lua. Ela me encarou confusa, e a pouca claridade me mostrou seus olhos negros, me fazendo estremecer por dentro.“Meridian...” Sussurrei hesitante, ela parecia estar bem, mas quando me encarou e não vi seus olhos tão lindos, senti a dor de saber que foi por minha causa, e que talvez eu a tivesse perdido.Ela e
Meridian Water Meus olhos estavam fixos na fogueira a minha frente, mas eu não sentia nada além do frio. É como se as sombras estivessem se enveredando em mim, se agarrando a minha pele e tentando tragar meu coração. Ao redor, os murmúrios da alcateia me cercavam, eu podia sentir os olhares, uns desconfiados, outros animados. Eles sussurravam sobre mim, como se eu não pudesse ouvi-los, mas eu os ouvia.O que eu era para eles? Um fantasma do que um dia “fui”? Uma relíquia que voltou quebrada?Renan estava um pouco distante, sua presença era para mim como uma lâmina contra minha pele, sua raiva era quase tangível, mas havia algo mais por baixo disso, algo que me atormentava mais do que o ódio dele: a dor.Ele não veio até mim.Mas o alfa veio.Não levantei os olhos de imediato. Ouvi o peso dos seus passos enquanto ele se aproximava e sentava ao meu lado, mas continuei encarando o fogo. O calor parecia tão distante quanto todos os últimos acontecimentos.“Quando você era pequena, era fa
Renan Folder Uma névoa fina tomava o campo de treinamento improvisado no meio da floresta, como uma cortina que tornava tudo mais sombrio. A atmosfera densa parecia refletir o peso invisível que carregávamos. Eu observava Meridian de pé, com a espada em mãos, seus olhos negros brilhando com uma intensidade sobrenatural. Ela era como uma força da natureza – avassaladora, mas completamente perturbadora.“Por favor, dessa vez, lute direito.” Meu tom era puro sarcasmo. “Lute como a verdadeira caçadora que dizem que você é. Até agora, só vi uma aspirante.” Estalei a língua, provocando deliberadamente.Ela não respondeu de imediato. Seus lábios se apertaram em uma linha fina, e eu percebi a raiva crescendo em seu semblante. A tensão em seus ombros era quase palpável.“Você fala demais.” Sua voz saiu firme, mas carregada de impaciência. “É uma luta ou um debate?”“Isso depende de você,” retruquei com um sorriso debochado, erguendo minha espada em provocação.Ela não me deu tempo para respon
Meridian Water Eu estava cansada. Um mês naquele lugar. Cada fibra do meu corpo parecia implorar por descanso, mas minha mente não conseguia se aquietar. O frio da floresta era um lembrete constante de que eu não estava em casa. Na verdade, eu nem sabia mais o que “casa” significava.Agora eu podia fazer a ronda de alguns pontos da floresta juntamente com Renan. O clima entre nós era tenso e ele parecia me odiar cada dia mais. Cada olhar, cada palavra sua, parecia carregada de julgamento. E eu? Me sentia perdida, prisioneira em um lugar onde todos insistiam em dizer que deveria ser meu lar.Enquanto os outros dois lobos que nos acompanharam se dispersavam, Renan e eu ficamos para trás, caminhando em silêncio acompanhados pela iluminação da lua. Ele estava logo atrás de mim, sua presença tão constante quanto irritante.Eu não percebi que estava andando devagar imersa em pensamentos. Olhando para mim, naquele momento, eu já nem me reconhecia mais. Não sabia onde estava a brava e impone
ELEANOR As tochas ardiam silenciosamente ao longo dos corredores do palácio, suas sombras dançando como se sussurrassem segredos que apenas eu poderia compreender. Cada passo que eu dava reverberava pelas paredes de pedra, um lembrete da gravidade do momento que se aproximava. Estava indo encontrar o rei.Meus planos estavam em curso. Sempre estiveram. Desde o momento em que me despedi do meu pai, prometendo que elevaria nossa linhagem à glória, eu sabia que minhas ambições exigiriam mais do que alianças; exigiriam sacrifícios. E quem melhor para sacrificar do que um homem como Fondark Sweeney?O salão do trono era intimidante, mesmo para mim. A arquitetura sombria, com suas colunas negras e tapeçarias detalhadas, parecia sussurrar sobre o poder absoluto que residia ali. Fondark estava sentado no trono, um olhar impenetrável em seus olhos sombrios. Ele era um homem moldado pela ambição e pelas trevas, e, apesar disso, eu o via como um aliado importante para a minha vitória.''Eleanor