Ele suspeitou que a sobrinha tivesse falado algo, sentou na rede para esperar o jantar, Henri estava muito curioso, foi sentar perto, ficou conversando, Gil também, fizeram muitas perguntas, Miro começou a contar sobre o passado, de peão, quando entraram para jantar, Otávia não estava na mesa, Simone disse que ela foi se deitar mais cedo com dor de cabeça. No dia seguinte Otávia foi direto para o caminhão, não falou com eles, ficou nitidamente diferente, disfarçou dizendo que estava com dor de dente, foi almoçar depois, evitou até olhar para Miro, porque sabia que iria acabar falando. Quando ela ia voltar do almoço, a mãe de Matteo ligou, dizendo que ele havia acordado e queria vê-la, Otávia falou que não ia, começou discutir no celular, ficou nervosa, saiu para ir ver a advogada que cuidou do divórcio. Porque a mãe dele, queria que ela pagasse os gastos médicos, uma enfermeira particular, porque ele estava tetraplégico e era o marido dela, ela querendo ou não, a mãe dele estava
Ela parou na frente dele, de braços cruzados - Não é nada disso Ramiro! Ele foi desviando para ir na direção da piscina, com deboche - Ah não Otávia? Então me leva lá, conhecer os seus amigos! - Melhorou bem da virose, da dor de cabeça e de dente. Ela o segurou pelo braço - Está bêbado? O que quer? Ele parou de costas para os outros e de frente para ela - Não bebi nada, antes de falar o que eu vim fazer, queria te perguntar o mesmo. - O que quer? Ela levantou os ombros emotiva - Nada. Só vai embora e amanhã, quando todo mundo for embora, se quiser a gente conversa. Ele foi chegando mais perto - Não! Quero conversar agora. - Se não me falar, porque está tão diferente comigo, vou pensar sozinho. Pegou no cabelo dela, ia acariciar o rosto, ela se esquivou - Pode falar, estou ouvindo. Ele tirou o chapéu, colocou nela - Acho que está com medo, de como as coisas podem ficar, entre nós. - Porque desde que soube da verdade, das minhas condições financeiras.
Otávia ficou sem jeito - Sim! Quer? Tem iogurte e leite, comprei ontem. Amélia pegou um copo e se serviu - Demorou demais na cidade, se arrumou muito e levou aquela sua pasta, preta e azul marinho. - Que levava no médico, não é? - Desde que eu cheguei, só te vejo tomando esse suco azedo, não toma mais café, nem bebida alcoólica. - Já comeu lanche de churrasco três vezes e eu... Otávia ficou séria - Não é o que está pensando. Eu não sabia até semana passada, achei que estava ficando louca. - Eu não quero nada com isso, aconteceu sem querer, eu achava que nem era possível. - Tenho certeza que a Melinda vai achar que foi um golpe, pra tirar dinheiro dele. Amélia ficou olhando com deboche - Não estou achando nada. Por mim, que tirem até as cuecas dele! - Não quero nada, ele foi meu genitor, só isso. - Ops, isso você realmente tirou, porque tem tanto medo do que essa desquerida vai pensar? - Você ficou com ele, sem saber de nada, vivia se agarrando as escondidas.
Amélia tinha birra dela, só de saber que era considerada filha do Miro, enquanto ele nunca nem a viu, tentou pegar o celular - Vai você procurar ela, tá com tempo livre mesmo. Melinda jogou no gramado rindo - Eu mesma guardo o meu cavalo. Foi indo para o carro, Otávia estava se aproximando com Henri, ficou tensa de ver que tinham chego, Amélia ficou furiosa, nem viu eles, estava olhando Melinda ir para o carro, correu na frente e tirou a chave do contato - Você não ouviu, que precisa esperar? Melinda tentou pegar, quando Amélia jogou a chave no chão provocando, levou um puxão de cabelo, as duas começaram a brigar, se ofendendo, saíram no tapa, caíram no chão grudadas, Henri correu para separar, o marido de Melinda ajudou, Otávia também, perguntou o que tinha acontecido, Melinda falou alterada - Essa menina mal educada, que não respeita nada nem ninguém. Amélia retrucou - Pega a sua arrogância e enfia bem no meio do seu... Melinda partiu para cima dela de novo, dizendo
Quando amanheceu ele mexeu com ela, pegando no pé, por cima do lençol, disse que ia pegar o carro com o guincho e logo voltava, buscá-la, Amélia só concordou, esperou ele sair, ligou para o avô contando o que aconteceu, recebeu alta antes de Miro voltar e mesmo indisposta, preferiu sair sozinha, foi de uber até outro hospital, mandou o endereço para o avô ir buscá-la, mandou uma mensagem para Miro no perfil fake " Odeio despedidas e já fiz o que queria, espero que possa me perdoar um dia, pelo tanto que prejudiquei vocês. Obrigada por ter passado a noite comigo, vai atrás da sua felicidade agora enquanto é tempo. Boa sorte!! Quando eu encontrar o meu vô, te mando o endereço de onde é pra levar o carro. " Miro estava chegando de volta no hospital, para encontrar Melinda, entrou para procurar Amélia, ficou confuso, com a sensação de impotência, achou que ia se aproximar dela e não entendeu, o que ela fez. Respondeu perguntando a onde ela estava, pediu para conversarem pessoalmente
Foi até sua casa a procurar, levou várias caixas do chocolate preferido dela de presente, chegou entrando como de costume, o carro dela estava na garagem, a encontrou no sofá de pijama, e já passava da hora do almoço, jogou as caixas no sofá perto dela - Porque você não me atende mais, minha linda? Ficou com aquele olhar de deboche, ela continuou assistindo séria - Aprendi com você! Ele se sentou perto, na beirada do sofá - É sou bom nisso. Você sabe que eu não queria dizer aquilo, sem a minha linda, nada funciona. Começou mexer no celular - Eu não consigo comprar um presente direito, olha aqui. Mostrou pesquisas sobre joias, anéis e pulseiras, viu que dessa vez era grave, se deitou em cima dela, abraçando - Fiquei nervoso, só quero fazer a coisa certa com todas as mulheres da minha vida. - Amélia só me encontrou pra contar da Otávia, eu não sei o que pensar. - Porque ela não me contou nada, e se for de outra pessoa, nunca se sabe. Melinda aumentou a televisão -
Quando saíram para fora, não teve como não ver, Miro estava uma carroça do outro lado da rua, um modelo simples coberto de flores e arranjos, toda enfeitada, Roxana estava nela, com a crina toda trançada com muitas flores também, as patas enfaixadas tudo combinando as cores. Ele estava vestido a caráter, camisa country, calça jeans, botas e chapéu, tinham mais de vinte cavalos, a cidade toda parou com o evento, sem entender o que era, quando ele a viu saindo, se levantou, colocaram música alta em uma caixa de som " Cê que sabe amor - Cristiano Araújo ", ela ficou olhando surpresa paralisada, ele começou a falar em um microfone, olhando na direção dela - Bom dia, pra todo mundo aí. Cês me desculpa a bagunça! - Olha não sou muito bom com as palavras não, mas sou bom de sentir as coisas. - Tem uma pessoa aqui, que eu gosto demais sabe, não sei se ela ainda quer ficar comigo. - Mais eu quero ficar com ela, sou doido por essa leoa brava, que me mudou demais. - Eu durmo e acord
Era quase fim de semana e os poucos funcionários da fazenda coronel bento, estavam correndo com os preparativos para os patrões irem ao evento country mais esperado do ano, a festa do peão de boiadeiro em Barretos, um super evento para amantes de músicas sertanejas, exposições agropecuárias, competições de rodeio e tudo relacionado. Otávia a patroa e herdeira de tudo, sempre participou e dessa vez nem queria ir, estava muito desanimada, enfrentando mais uma tentativa falha de engravidar, se sentindo como uma mulher que não merecia a benção de ser mãe, sempre se culpava muito por isso, e seu marido a cobrava demais, sem ter empatia pela situação. Ele a deixou extremamente frustrada a semana toda, com comentários sobre ela estar ficando velha para ser mãe, só porque já passava dos trinta e cinco anos. Ela não era capaz de se impor e o confrontar, sempre que parecia estar errada, já ia se desculpando, tentando amenizar qualquer atrito, mas dessa vez não adiantou, ele estava irredutíve