Meu pai?

CAPÍTULO 03

       Camila Fernandez 

    Senti o meu corpo sendo puxado, e a minha cabeça mole, batendo em algo. Fui abrindo os olhos, e vi que estava em outro lugar, um lugar muito diferente, e que eu não conheço. 

    Eu não estava entendendo nada, provavelmente eu fui sequestrada, então ligariam para o Augusto pedindo dinheiro em breve.

    Olhei e vi que eu havia saído de um carro, e já era noite. Quando me abordaram era de manhã, enquanto eu abria a sorveteria, então eu fiquei o dia todo desacordada!?

   O pior nem foi isso, já desci do carro sentindo os meus cabelos sendo puxados. Fui praticamente arrastada para algum lugar, a base de gritos que vinham de uma voz masculina, que nunca ouvi.

    Senti uma bofetada na cara, e o meu corpo foi jogado contra um sofá, que senti quando caí. 

    Eu então pude tirar o cabelo do rosto, e olhar para a cara do homem que me bateu de perto.

    Ao me olhar nos olhos, o homem grisalho me olhou parecendo mais assustado do que eu, e ficou em silêncio por algum tempo, parado e confuso, olhando para mim, e para o tal Hélio que até hoje, ainda pensei que fosse um cliente da sorveteria.

    — Você pode me explicar que porra é essa, Hélio? — Falou ele colocando uma cadeira em sua frente com força e raiva, e se sentando para ouvir, enquanto continuava me olhando. — vamos, Hélio! Não tenho a noite toda! Que porra vocês fizeram?

   — Essa é a Camila, patrão! A Larissa fugiu e trocou de lugar com ela! 

   — Mas, que demônios autorizaram ela a fazer isso? Eu avisei aquela desgraçada que iria morrer! Quando o Dom souber, vai matá-la com as próprias mãos mas, que inferno! — gritou levantando da cadeira e a fazendo voar para outro cômodo da casa.

   Eu estava aérea, ainda não tinha acordado direito, nem sei que tipo de droga eles haviam me dado, a minha cabeça uma bagunça...

   — Mas, ele nem vai saber quem é quem, patrão! Só viu a Larissa uma vez, vai acreditar quando ver essa daí! Manda ela mesma! — falou o tal Hélio, e eu agora fiquei mais curiosa, levar eu? Para onde?

   — Merda, Hélio! Ele vai matar todo mundo! — O homem grisalho falou, e então eu me arrisquei a perguntar:

   — O que eu estou fazendo aqui? Quem são vocês? — eles se entre olharam, e o Hélio tomou a frente.

  — Esse é o seu pai! Aquela que estava comigo é a sua irmã gêmea, ela se chama Larissa, e trocou de lugar com você! 

  O meu coração quase parou com tantas informações, isso seria verdade? Qual é a verdade?

  — Pai? Então é você? — falei olhando melhor para o homem estressado que agora parecia fugir do meu olhar.

  — Nem se iluda, garota! Eu não sou um pai legal! Escolhi a sua irmã, e depois a vendi para o Dom Pablo Strondda! E ela trocou de lugar com você pelo visto, eu não sou o único esperto aqui! — O homem falou, e eu não estava conseguindo acreditar que ele era mesmo o meu pai! Tão diferente da minha mãe! 

   — Olha só! Eu não posso ficar aqui! Eu tenho a minha vida! Vou me casar amanhã a tarde, e preciso voltar! — Falei já levantando do sofá, ainda meio tonta, me apoiando na primeira parede que eu vi.

   — Nem pense nisso, garota insolente! Eu não deveria ter te deixado com a Júlia! Claro que iria dar merda, ela é santa demais para ter filhos! Eu deveria ter tirado as duas, dela!

   “Meu Deus! Ele é um monstro! Tirou a minha irmã da minha mãe, será que ela sabe disso?“ Penso.

   — A minha mãe, sabe disso? — Perguntei com receio da resposta. 

   — Não, nunca soube! Descobrimos apenas no parto, e ela havia desmaiado, então eu aproveitei e peguei uma das duas, já pensando num bom futuro que eu teria, e você não vai estragar tudo! Esqueça a sua vida! O seu nome agora é Larissa Fernandez, noiva do Dom Pablo Strondda!

   — Você não me ouviu? Vou me casar com o Augusto! Eu o amo! Você não pode me obrigar! — Falei mais alto, quase gritando, pensando num jeito de fugir dali, olhando para todos os lados.

     — JÁ CHEGA! — gritou ele. Uma senhora baixinha e já de meia idade, apareceu apavorada, falando: 

  — Patrão! Encheu de carro aqui na frente! Estão entrando aos montes de homens, e parece que o Dom veio pessoalmente! — ele olhou apressado lá pra fora, e eu tentei fugir, mas o Hélio me segurou.

  — Hélio! Tranque a garota no escritório, temos pouco tempo! — ele falou, e o tal Hélio me puxou pelo braço me levando para algum lugar.

  — Pelo amor de Deus, moço! Me deixe voltar para casa! Moço, a minha mãe vai sofrer, e o Augusto... céus! Me deixe ir! — eu falava, mas o homem parecia irredutível nem queria me ouvir, e ia me levando com força, me fazendo se sentir, inútil... incapaz!

   — Te aconselho a se comportar! Nem o seu pai, e muito menos o Dom, tem piedade de alguém, e se desobedecer vai se machucar! — falou, e bateu a porta com tudo, me trancando lá dentro.

   Eu comecei a bater na porta, mas sem sucesso nenhum, e então achei melhor parar e tentar ouvir a conversa, para encontrar um jeito de ir embora.

    Encostei bem o ouvido na porta, tentando entender algo, enquanto sentia o desespero me dominar...

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