5 A proposta.

Sara estava prestes a se endireitar para dar um soco na ex-cunhada quando a voz firme de Emiliano ecoou pela sala de espera. Ambos levantaram a cabeça e encontraram o olhar feroz do CEO que avançou em direção a eles com passo firme. 

- Deixe ela ir! - Ela gritou com a irmã, mas Luna não largou Sara. 

"Essa mulher tem a coragem de aparecer na Casa Monter", bufou o trigêmeo. "Eu mesmo vou tirá-la do cabelo." 

A mão de Emiliano moveu-se rapidamente e agarrou o pulso da irmã, apertando-o com força, tanto que a mulher se mexeu de dor e finalmente soltou os cabelos loiros de Sara e ela acariciou sua cabeça. 

— Bem, Sara é minha convidada, então eu te peço… não, eu te ordeno! Deixe-a em paz — Luna lançou um olhar frio para Sara. 

— Não acredito que ela tem coragem de voltar e você a convida depois de tudo que aconteceu. 

—Tudo o que aconteceu? — Emiliano bufou — Você está se referindo a todas as humilhações que fizeram com ele? Não seja cínica, Luna, e é melhor entrar na sala de reuniões, agora! —quando ele gritou, todas as pessoas na sala pularam.

—O que sua esposa vai dizer que você defende tanto seu ex? —Luna liberou seu veneno antes de desaparecer. Quando a mulher desapareceu, a carranca voltou-se para Sara.

— No primeiro dia e você já está causando problemas, parece que você não mudou — Sara resistiu à vontade de dar um tapa nele. 

— Estou agradecido aqui, você…

“Não importa,” ele interrompeu “Já estamos te esperando na sala de reunião, e não preste atenção nas minhas irmãs, você sabe que elas são bruxas.”

—Bruxas? Eles são acionistas e executivos desta empresa, Luna controla as finanças, Lura a área de produção e Letícia a publicidade e…

—E a área de design é totalmente independente, sabe, eles não vão se envolver no seu trabalho e você nem no deles—Sara apertou o caderno contra o peito. 

— Você fala como se eu tivesse alguma chance de ficar, olha toda a concorrência — Emiliano a soltou e apontou para a porta da sala de reuniões. 

—Você acha que pode se livrar de mim facilmente? — Sara engoliu em seco e caminhou atrás do homem. 

Vários dos candidatos reclamaram do favoritismo para com o recém-chegado, muitos esperavam há horas, mas Emiliano caiu sobre eles com um olhar frio, seu caráter não havia mudado ao longo dos anos, ele ainda era barulhento e mal-humorado. 

Quando a porta da sala de reuniões se abriu, a primeira coisa que Sara encontrou foram os gêmeos, os três eram como três gotas d'água, tão parecidos que dava arrepios. 

Luna, Laura e Letícia, ou como Sara as chamava. A bruxa, o tolo e o bebê chorão. Luna era muito inteligente, fria e calculista, Laura era desajeitada, um tanto bruta, Sara ficou surpresa por conseguir lidar com seu cargo de gerente de produção e Letícia era chorona, emotiva e impulsiva. 

Lá dentro estavam mais cinco investidores, a avó de Emiliano, seu pai e três investidores minoritários. 

“Bom dia,” Sara cumprimentou e todos olharam para ela. A avó de Emiliano era uma senhora idosa. Desde a morte do marido, ela assumiu o cargo de matriarca da família e Sara a respeitava muito. 

— Então é verdade — disse a mulher — Achei que era brincadeira quando meu neto me contou que você tinha aparecido e agora finge que quer trabalhar aqui? — Sara sabia lidar com Dona Amélia, a velha odiava gente fraca. 

— Conheço melhor que ninguém as necessidades e o estilo da Casa Monter, não estou pedindo que me dêem o cargo, por isso estou aqui como todo mundo, fazendo uma entrevista — Emiliano, muito gentilmente, trouxe uma cadeira para ele sentar. 

— Bem — disse a velha Amélia — se você não quer ganhar o cargo por influência então, Sara, o que você tem para nos oferecer — Sara respirou fundo, os desenhos que ela ia mostrar faziam parte dela criatividade mais íntima, ela os fez. No conforto da discrição, deixando voar sua criatividade, ele nunca imaginou que um dia os compartilharia com alguém. 

— Pois bem, venho oferecer à Casa Monter o próximo passo para a sua evolução, eu, mais do que muita gente, conheço o estilo desta empresa, como todos sabem, fiz parte deste conselho de administração…

"Até você desaparecer sem deixar rastros", Luna a interrompeu, mas Sara a ignorou, levantou-se e deixou o caderno na frente de Dona Amelia. Em tese o principal que deveria convencer era Emiliano, o homem tinha dois votos na diretoria, mas no fundo ela já sabia que ele a apoiaria, se ela convencesse Dona Amélia os outros a seguiriam. 

— O estilo da Casa Monter sempre foi muito clássico, acho que a empresa está começando a ficar atrás da concorrência, proponho criar, não só estilos mais modernos, mas também complementar os modelos que já existem e são um clássico para o marca também... Gostaria de consultar isso primeiro com o Sr. Emiliano, pois é mais uma questão de finanças do que de criatividade — Dona Amélia pegou o caderno e começou a olhar os desenhos. 

— Quero que você nos conte — Sara olhou para Emiliano e pigarreou, ele acenou com a cabeça. 

— Bom, a Casa Monter tem designs exclusivos, muito caros, pouca gente tem acesso, para começar, gente de classe alta. Proponho criar uma linha mais econômica, mas ainda de alta qualidade, para que pessoas de classe média e baixa possam adquirir designs exclusivos e assim atingir um mercado muito mais amplo.

— Isso é um completo ridículo! — Luna gritou e bateu com o punho na mesa — se alguém tem acesso a um projeto da Casa Monter, onde está a nossa exclusividade? —Ele olhou para Sara com raiva. 

— Bom, é disso que se trata criar uma nova linha, os designs caros de primeira linha serão os mesmos, só pessoas de classe social alta poderão acessá-los, criar uma linha mais barata pode incentivar nossas vendas e melhorar a renda — Emiliano comentou com aprovação. A ideia da Sara e ela sorriu, o que a fez sentir-se motivada e apoiada. 

Dona Amélia fechou o livro e olhou para Sara. 

"Bem, eu voto sim", disse ele e o coração de Sara deu um pulo.

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