Sara chegou com a mulher, separadas apenas por um palmo. Se um deles quisesse, poderia dar um tapa no outro.— Não vou permitir que você venha aqui insultar meus modelos. Quando me contrataram para a diretoria ficou bem claro que eu iria desenhar para pessoas comuns, é o novo nicho que a Casa Monter quer focar — Luna desviou o olhar e olhou por cima do ombro de Sara para as seis modelos que estavam bastante incomodadas.— Uma coisa é projetar para pessoas comuns, outra coisa é projetar para pessoas medíocres. Não quebrei a coluna todos esses anos nesta empresa para que no final uma gorda dessas acabe modelando um desenho da Casa Monter. Não me importa se a grande estilista Sara Fansheri queira prejudicar sua reputação ao permitir que esse tipo de pessoa modele roupas com seu sobrenome, mas não as modelará com o emblema da Casa Monter na etiqueta. Esta é uma empresa de glamour, de requinte, para pessoas que fazem parte da sociedade, não para quem tem dinheiro para comprá-las.— Bom, es
Quando Sara acordou de manhã, ela estava animada. Finalmente ele tinha seus modelos de dimensionamento. Naquele dia ele convocou todo mundo, ele teve que tirar suas medidas e analisar seus físicos para entender como os tecidos poderiam se adaptar aos seus corpos, como ele poderia fazer os ajustes para que uma pessoa um pouco mais gordinha que a Kelly pudesse caber dentro do vestido e também um homem tão menos forte que Israel, o alto e musculoso Moreno, Então ele se levantou de manhã, tomou um banho com água muito fria e mandou seus gêmeos para a mulher que Emiliano mandava levá-los todos os dias para sua prestigiada escola,. depois pagou alegremente a mensalidade escolar de Sofia com o adiantamento do salário que Emiliano lhe dera. Quando ficou sozinha em casa, pegou alguns fios coloridos que tinha na estante e correu em direção à Casa Monter. Enquanto estava no metrô, sua mente divagava. Era o que ele sempre fazia, imaginava as pessoas com roupas, como ficariam caídas, com rendas e
Sara largou o caderno que tinha nas mãos e deu dois passos para trás, Mario deu dois passos para frente. Ele parecia tão imponente e arrogante como sempre, embora os oito anos que passaram sem se ver lhe tivessem agradado. Ele parecia mais maduro, com pequenas rugas nas laterais dos olhos e alguns fios de cabelo grisalhos brilhando em seus cabelos escuros.—Por que você está com tanto medo? — perguntou o homem — o que aconteceu entre nós foi há muitos anos — Sara cerrou os punhos, enojada.—Absolutamente nada aconteceu entre nós — ele inclinou a cabeça nas duas direções.—É um sim e um não, existe algo entre nós, lembra? Há um pequeno segredo, uma promessa. A promessa de que você nunca mais voltaria para a Casa Monter.“Quando saí da vida de Emiliano, fiz isso por outras circunstâncias”, disse ela. Embora ela estivesse morrendo de terror por dentro, por fora ela estava grata por estar cheia de energia e raiva — saí por outra circunstância, não por sua causa ou por suas ameaças vazias
— Não está acontecendo nada aqui — Sara fez questão de parecer muito segura de si, mas a verdade é que ela não sabia o quão segura havia soado. Ele se afastou dois passos de Mario e pegou o livro que havia caído no chão quando o homem entrou — eu já estava saindo.—O que vocês dois estavam fazendo aqui sozinhos? O que estava acontecendo, por que eles estavam discutindo? — Mario virou os dedos e sorriu.—Irmãozinho, é um prazer te ver de novo. Depois de tanto tempo, quanto tempo faz que não nos vemos? um ano — Emiliano cruzou os braços.— Sim, apesar do tempo que ficamos separados, é sempre desagradável ver você de novo — a relação entre eles era extremamente ruim — O que você está fazendo no escritório da Sara? — Mário ajeitou o terno, depois afrouxou um pouco a gravata.— Vim simplesmente cumprimentar minha ex-cunhada, parabenizei-a por se tornar designer da Casa Monter. Ela sempre foi uma excelente designer, vejo que pela primeira vez desde que você está no comando há mais de 10 ano
Sara olhou para o rosto descontente de Emiliano, ajoelhado no chão, seus olhos brilhavam, a atitude de Mael a surpreendeu, mas no fundo nem tanto. O menino era um menino inteligente e rancoroso, tinha visto um Emiliano furioso atacando-a na noite em que se reencontraram, além do que havia acontecido com seus colegas de classe alguns anos atrás, isso havia deixado uma marca nele. Ele não imaginava que Emiliano daria um jeito de a criança vê-lo com outros olhos. Mara abraçou seu pulso com força e olhou para o homem ajoelhado ao lado dela.—Você é mesmo meu pai? - perguntou ele, Sara observou Sofia fungar da cozinha, foi um momento íntimo e tenso para todos. Sara chegou com a filha e se ajoelhou ao lado dela, depois pegou-a nos braços e carregou-a no colo. A menina apoiou a cabeça no ombro da mãe sem tirar os olhos de Emiliano."Ele é seu pai, minha vida", Sara continuou, sua voz tremia e dessa vez ela não queria reprimir suas emoções, seus olhos se encheram de lágrimas "Ele nunca tinh
Quando Emiliano entrou na sala, tudo estava escuro. Estendeu a mão até a parede até encontrar o interruptor da luz e ao acendê-lo encontrou um lugar estreito, cheio de brinquedos e bichos de pelúcia pendurados nas paredes, velhos e desgastados. Havia pôsteres do Homem-Aranha e também do Superman. O quarto era dividido em dois, com duas camas pequenas nas laterais, a da Mara era Rosa, tinha pôsteres de super-heroínas e também bonecas lindas e coloridas, o lado da Mael era estranho, fora as sobremesas do Homem-Aranha, tinha algumas ações de super-heróis as figuras, por outro lado, pareciam um pouco simples e austeras, como se a criança não gostasse muito da decoração. Os brinquedos estavam perfeitamente organizados, numa prateleira ao lado da cama, ao contrário dos da irmã que ficavam espalhados por toda a cama. O menino estava deitado de bruços com o olhar voltado para a parede, Emiliano se aproximou e sentou na beirada, suas mãos tremiam, ele não sabia como agir nem o que dizer, há
Sara esperou na sala, muito tensa, andando de um lado para o outro sem saber o que estava acontecendo, mas tentou manter a compostura para que sua filha, Mara, não a notasse daquela forma. A menina parecia feliz com seu brinquedo, ela moveu o urso nas duas direções, apertou seu rabo e ele a abraçou, depois voltou à posição original. Foi um belo presente.—É um abraço do papai, disse a menina e ela assentiu.— Sim, é um abraço do papai — quando Emiliano saiu do quarto das crianças, Sara sentiu o coração bater forte, o homem parecia derrotado, cansado, em sua expressão havia um pouco de medo, mas também de felicidade — “Mara, vá para o quarto com seu irmão”, ele disse a ela. A garota se levantou e saiu. “Como foi?” — o empresário encolheu os ombros.- Não sei mesmo, ele não quis aceitar meu brinquedo - entregou para Sara - Imagino que quando o choque passar ele vai querer, você poderia dar para ele por mim? — ela pegou o carrinho nas mãos e assentiu. —Ele está um pouco orgulhoso desde
Sara sentiu um golpe forte no peito, ela nem entendia porque havia sentido aquilo, ela sabia que Emiliano era casado, ela sabia que ele agora compartilhava sua vida com sua nova esposa. Por um segundo ele pensou em como eles haviam feito a parte jurídica, já que ainda eram casados, mas então se lembrou do Poder e da influência que o homem tinha, era muito fácil para ele subornar um juiz para cancelar aquele casamento. Os olhos verdes da ruiva pousaram em Sara, ela a olhou da cabeça aos pés com uma sensação estranha no rosto, não era raiva, mas também não era exatamente um gesto amigável. Sara abriu a boca para responder, mas foi Emiliano quem falou.— Claro que você pode vir quando quiser, Lara — disse ele para a esposa, parecendo visivelmente incomodado — mas você poderia falar comigo antes? — a mulher cruzou os braços. —Claro que sim, sempre ligarei para você antes de vir. podemos conversar sozinhos? — perguntou a mulher, olhando diretamente para o marido e nem sequer desviou o ol