Chegou o primeiro dia do julgamento e, acompanhados pelas respetivas equipas de advogados e também por uma comitiva de guarda-costas, os irmãos Da Silva compareceram perante o tribunal.- Estão prontos? —perguntaram os dois advogados.A imprensa já estava lá, esperando um comunicado que pelo menos informasse o que estava acontecendo.Calioppe assentiu nervosa, mas firme, agarrada à mão de seu homem, que era seu maior apoio naquele momento. Por sua vez, Thiago tirou os óculos e atravessou silenciosamente as portas da quadra, dando uma resposta clara de que queria que todo o pesadelo acabasse o mais rápido possível.O primeiro confronto entre os irmãos e os acusados foi desastroso. Tiara já não parecia inocente diante dele, pelo contrário, seu olhar era frio e ela parecia gostar de todo o dano causado, esboçando um sorriso sinistro.Thiago se sentiu imponente, irritado e transbordando de ressentimento. Eu a odiei. Ele a odiava desproporcionalmente, a tal ponto que não se conteve e gri
3 meses depois…Foi há quanto tempo que a justiça e a felicidade não entravam na vida de Calioppe, embora não com força total; como ele teria desejado, já que o relacionamento com seu irmão desde então permaneceu dolorosamente rompido.E desde que Tiara foi condenada, eles não se viram mais, nem se falaram por mais de cinco ou sete minutos. Thiago havia se fechado em uma concha que chamava de escritório dentro do conglomerado que seus pais o haviam deixado no comando. Vi pouca luz do dia, nem senti a brisa de meados de maio.Ele olhou para o telefone com os olhos marejados. Suas últimas palavras antes de desligar a deixaram sem fôlego.“Eu também mereço pagar com prisão por todo o sofrimento que causei, Lilo”, ele lhe dissera, preso pela culpa, pela raiva e pelo ódio de si mesmo.— Ah, Thiago, não diga isso, por favor... Eu já te perdoei — disse ele com a voz suave e triste.Ele ficou em silêncio por vários segundos."Sou eu quem não me perdoa", ele retrucou, enigmático. Tenho que ir,
Eles diriam “sim” em algumas semanas. O brasileiro decidiu assim, pois não queria ficar mais tempo sem chamar aquele cisne dourado de esposa.Sua amada esposa.Ela, claro, aceitou, mais que encantada, radiante por organizar o casamento dos seus sonhos.— Quero que seja algo muito íntimo, com as pessoas que realmente nos apreciam — dissera-lhe ele enquanto tomavam o pequeno-almoço na esplanada.Foi um belo dia. De nuvens brancas e flores amarelas. Houve paz absoluta. O sol filtrando-se timidamente pelos galhos das árvores, pintando de luz a grama do jardim.Nick tomou um gole de café.- Isso parece perfeito para mim.—Vou convidar Cristo e Gali também.- Estou de acordo.— Quero flores em todos os lugares e que seja um casamento aberto, no jardim — encostou-se na grade, inalando o ar puro daquela estação.—É uma excelente ideia.— Gostaria que o Thiago me entregasse no dia da cerimônia. Você acha que posso convencê-lo?- Você poderia tentar.Tudo o que ela disse a ele foi mais do que p
Tomaram um banho que durou cerca de quarenta e cinco minutos, e enquanto conversavam sobre um pouco de tudo, sobre seus sonhos de casal e futuros novos pais, lá fora o telefone continuava vibrando na mesa de cabeceira.Ao sair, Nick percebeu que a tela havia acabado de ser desligada. Ele pegou o aparelho e verificou se tinha muitas chamadas perdidas do cunhado, além de uma mensagem.“Você deve vir para o Rio imediatamente! "Não diga nada para minha irmã."Imediatamente, o brasileiro ficou tenso, passando da surpresa à preocupação.Ele deu uma rápida olhada e viu que Calioppe ainda estava secando os cabelos em frente ao espelho para ligar para Thiago. Tinha que ser algo muito importante.“Nick”, cumprimentou seu cunhado do outro lado da linha após atender. Parecia comprimido.— Não vi as ligações. Esta tudo bem? - ele perguntou em voz baixa. Se fosse algo delicado, ele não queria alertar a esposa.Thiago suspirou muito antes de responder.“Tiara deu à luz há algumas horas, me ligaram p
Eles chegaram ao local indicado.Vários policiais já estavam no local e alguns civis estavam reunidos no local.Thiago Da Silva fervia de coragem. Seu peito subindo e descendo. Suas mãos se transformaram em dois punhos muito cerrados e sua visão estava escura, quase embaçada. Ele abriu caminho no meio da multidão, passando pelos corpos que estavam no caminho e murmurando entre si.Ele não parou até vê-la, ela estava deitada de costas, algemada e prestes a ser levada em uma das viaturas da polícia.-Tiara! - ele gritou, caminhando furiosamente em direção a ela. A mulher não se virou. Um agente ficou em seu caminho, mas ele o empurrou com força.Nick seguiu logo atrás. Ele tentou fazê-lo ver a razão o tempo todo, mas simplesmente não quis ouvir além da raiva e do ressentimento.— Thiago, espere, não faça nada de que possa se arrepender.-Tiara! - ele gritou novamente até alcançá-la, ignorando o bom senso do amigo. Ele pegou a mulher pelo braço e a virou, sacudindo-a. Mil vezes, droga!E
Ela abriu os olhos lentamente, um tanto desorientada. Demorou para entender que estava no quarto e agrupar as imagens.—Lilo? — A voz do Thiago me fez mexer as pálpebras. Ele estava sentado ao lado da cama.Ele parecia abatido, como se dez anos tivessem se passado, ele também tinha vários dias de barba e olhos cansados.—Onde…onde está Nick? - ele conseguiu perguntar, tentando se sentar.Seu irmão olhou para ela, cheio de pena.- Usando…Ela abriu os olhos, negando."Não..." ele engasgou.Ele tentou tocá-la, mas ela se afastou, encostando-se no encosto da cama. Lívido.—Onde está Nick? — ela perguntou novamente, esperançosa, incrédula — Ele disse que viria! Que eu contaria as horas para…! —sua voz falhou.- Escute-me…- Não! Eu não quero ouvir nada! Eu amo Nick! Eu amo o pai do meu filho! Onde está? – pulou da cama. Tudo dançou ao seu redor novamente e ele perdeu as forças.Thiago capturou sua cintura. Ele a pressionou contra ele, abraçando-a.- Não! Solte! — ele se moveu abruptamente
A partir daquele momento, Alexia e Calioppe tornaram-se uma só pessoa, uma agarrada à outra, implorando entre lágrimas por uma resposta rápida.Eram quase seis da manhã quando Thiago saiu do quarto que lhe fora designado ao chegar. Ele estava falando ao telefone quando Calioppe o interceptou. Todo mundo ainda estava dormindo.- O que você sabe? —perguntou ela, ainda cheia de angústia. Ele não conseguiu dormir a noite toda. Ele também não foi sincero.“Acabei de contactar o meu contacto, há novidades”, disse-lhe ele com uma expressão inescrutável. Ela ficou tensa.- Que? O que te disseram? - ele exigiu saber.Thiago colocou a mão em seu ombro, suspirando.—É melhor sentarmos e conversarmos.—Não, me conte agora. Ele está bem? Voltará?— Calioppe, por favor, vamos sentar e conversar — ele implorou, e ela não teve escolha a não ser obedecer.Desceram para o escritório, lá ficariam sozinhos.— Fale agora, Thiago, por favor — ela se virou quando ele fechou a porta, abraçando-se, arrasada
Thiago Da Silva sentiu que não poderia estar dentro da própria pele. A culpa o corroeu e a dor e a angústia invadiram seu sistema até que ele ficou sem fôlego.Ele afrouxou o nó da gravata e olhou o relógio em seu pulso.Uma hora se passou desde que sua irmã foi internada e ninguém lhe deu uma maldita resposta.—Que diabos está acontecendo para ninguém sair para me informar sobre o estado de saúde da minha irmã? — ele não falava com ninguém, energicamente, andando de um lado para o outro e captando vários olhares curiosos.Nesse momento, o som de passos tímidos e um aroma particular de flores frescas chegaram até ele. Ele inclinou a cabeça. Era Alexia."Eu... eu trouxe café", ela disse a ele, com uma voz doce que conseguiu perturbá-lo.Isso nunca tinha acontecido com ele.Não dessa maneira.Além disso, foi a primeira vez que ele a ouviu falar ou pelo menos olhou para ele.Ele não gostou do que aquele gesto insignificante fez com ele. Ele não gostou nada disso."Eu não pedi nada", ele