Lucine acordou após o nascer do dia, se sentindo estranhamente confortável e envolta em um abraço quente e apertado. Quando abriu os olhos viu a pequena cabine do barco onde Aram estava morando, e se deu conta de como estava com saudade de acordar sentindo aquele perfume familiar. Procurou o celular para verificar o horário e viu que já estava com o tempo curto para ir até sua casa se trocar e depois ir trabalhar.Quando chegou ao restaurante, notou olhares especulativos de vários colegas, principalmente Lira, que a mirava como se quisesse comentar algo, mas permanecia em silêncio. Lucine ficou em dúvida se estavam todos tentando preservar sua privacidade, ou apenas sem coragem para iniciar um interrogatório a respeito de seu inesperado marido.Quando arrumavam juntas a mesa onde disponibilizavam café para os clientes, a amiga não se segurou mais e começou a falar.- Eu não sei se consigo te perdoar Lucine, todo esse tempo fazendo mistério sobre o pai do bebe. Eu cheguei até a cogitar
Aram passou a noite inquieto após a resposta concisa de Lucine. Os pensamentos tumultuavam em sua mente, e ele se questionava se as coisas estavam realmente tão bem entre eles. A necessidade de entender a situação o instigava a chamá-la, mas ele reconhecia a importância de dar espaço a ela. Decidido a enfrentar suas próprias emoções, ele acordou determinado a agir com calma. Resolveu ir para o trabalho caminhando pelas ruas vazias da pequena cidade litorânea, o som suave das ondas do mar ao fundo. Ele refletia sobre a noite que compartilharam, pensando em como cada momento foi inesquecível para ele. As dúvidas sobre o que Lucine estava sentindo o atormentavam.— Preciso dar a ela espaço para processar o que aconteceu entre nós. Mas e se eu estraguei tudo indo rápido demais?Ele conversava com si mesmo. Porém havia sido impossível refrear os próprios sentimentos. E ver que ela era receptiva só o deixou ainda mais disposto a ir adiante. Agora já estava feito, apenas lhe restava espera
Lucine demorou mais do que o necessário no banho, precisava de um tempo sozinha para digerir tudo. Pelo visto Aram ficaria por um tempo, afinal eles aparentemente estavam enfrentando algum perigo.Mesmo estando ciente de que não era totalmente indefesa, a deixava exatamente desconfortável o fato de não saber com o que ou quem estava lidando. Ter Aram assim tão próximo por tanto tempo também era algo com que teria que se acostumar novamente. Mesmo já tendo vivido juntos, não é como se não tivessem ficado separados por aquele longo período.Escolheu um pijama curto mas discreto, igual todos que possuía. Ali naquela cidade o clima era bem diferente, não consegui aproveitar quase nada de suas roupas antigas. Se vestiu no banheiro mesmo, é quando saiu o encontrou sentado no sofá, procurando algo na televisão.— Se não se importa, eu vou tomar um banho também. Peguei roupas suficientes para alguns dias, mas talvez eu precise voltar ao barco em seguida.— Claro, fique à vontade. Eu trouxe
Era madrugada e Lucine descansava nos braços de Aram. — Olha, eu detesto ter que concordar, mas talvez você tivesse razão quando dizia que eu era velho. Eu não sei Luna, se eu aguento várias noites seguidas como essa.Lucine sorriu e depositou um beijo no peito dele.— Você não está velho, mas talvez a gravidez tenha me deixado um pouco fora de controle. Eu não sei o que acontece, mas de repente eu preciso muito de você. E uma vez só não parece o suficiente. É quase como se estivesse no Cio, mas sem toda aquela dor horrível.— Lucine, três vezes, uma depois da outra não parecem suficientes para você. Mas eu não estou reclamando de forma alguma, da minha parte pretendo dar o meu melhor sempre. Contanto que você não me prenda em um cômodo com a intenção de me usar unicamente como objeto sexual, estaremos bem.— Oh, eu prometo que vou com todas as minhas forças, tentar não fazer isso, até esse bebê nascer.Ela disse, soando falsa de propósito. Aram não pode resistir em beijá-la, enquan
O sol começava a se pôr quando Aram chegou na casa de Lucine, após sair da oficina. Ela havia tirado o dia de folga, mas o que seria um momento de descanso se tornou um tormento. Quando ele entrou em casa, Lucine estava andando de um lado para o outro da pequena sala.Lucine olhou para Aram, seus olhos refletindo preocupação.- Aram, essas ameaças estão ficando mais sérias a cada dia. Precisamos fazer algo antes que seja tarde demais.Aram concordou, franzindo a testa.-O que foi, aconteceu alguma coisa? Em todas as vezes que nos falamos você disse que estava tudo bem.-Eu não queria te preocupar, mas recebi algumas mensagens ao longo do dia. O pior, ele deu a entender que sabe onde fica a aldeia das montanhas, e que eles também estão na sua lista. Esse psicopata sabe exatamente quem somos Aram.-Lucine, porque não me disse nada? Não podemos subestimar esse vampiro. Se ele realmente souber onde está a aldeia dos lycans, todos estão em perigo.Lucine suspirou, preocupada.-Precisamos e
Na manhã seguinte, quando eles chegaram à aldeia, Szafir veio recebê-los. Aram havia mandado uma mensagem avisando que estava chegando, a fim de que o Alfa alertasse os anciões e acalmasse os ânimos com o retorno de Aram e da alfa suprema.Obviamente eles encontraram muitos olhares curiosos e de julgamento quando desceram do carro. Szafir pareceu não se importar em absoluto, e deu um longo e caloroso abraço em cada um deles. Rosina estava ao lado dele, Lucine pensou que ela era a mesma pessoa, mas ao mesmo tempo parecia diferente.A amiga lhe deu uma abraço sincero, mas sem muita emoção. Ela tinha uma cicatriz no rosto, resultante do ferimento que havia sofrido no ataque. E o semblante era fechado.Os olhares direcionados a eles pelos demais não eram em nada amistosos, mas Lucine não se deixou intimidar. Havia muito mais em jogo, havia um perigo iminente, que todos precisariam enfrentar juntos.Szafir pareceu finalmente se dar conta do ventre avolumado dela, e sorriu com surpresa.— V
O grupo de betas que Szafir havia selecionado se aventurou pela noite escura, determinado a descobrir mais sobre os vampiros cuja existência recém havia sido revelada a eles.Liderados por Rurik, um lycan astuto e experiente, eles seguiram os passos de seu contato, um velho lobisomem chamado Kael, que possuía conexões valiosas com outros clãs.— Não sei o que o Alfa acha que poderíamos descobrir, esses vampiros devem apagar muito bem seus rastros. Será como procurar uma agulha em um palheiro.Um dos betas desabafou durante o caminho.Rurik esboçou um meio sorriso com comentário do companheiro, antes de responder.— Quando Szafir me falou sobre a missão eu me voluntariei. Esse meu contato pode saber de alguma coisa útil para nós, assim não ficaremos totalmente no escuro.Outro dos seus companheiros também falou— Essa história toda me dá calafrios. Eu sempre achei que conhecia bem o mundo em que vivíamos, mas parece que eu estava enganado.— Você não é o único Tamar, eu acho que está t
Lucine caminhou com cuidado pela aldeia adormecida, com passos leves, para não chamar a atenção para si. O luar iluminava o caminho entre as cabanas, mas ela se movia nas sombras, evitando os guardas lycans que patrulhavam o perímetro. Quando alcançou a borda da floresta, olhou para trás uma última vez. O perigo que ela iria enfrentar era imprevisível, mas sua determinação em salvar a todos era maior.A floresta estava quieta, exceto pelo sussurro das folhas ao vento. Lucine avançou lentamente, seus sentidos aguçados captando cada som, cada movimento ao seu redor. Se transformou e correu muito em sua forma de loba, visando afastar o perigo da aldeia.Quando já estava considerando que a distância era segura, ela parou e voltou a forma humana. De repente, um farfalhar de folhas à sua esquerda a fez parar. Seu coração disparou, mas ela manteve a calma. A voz que ecoou na escuridão fez seu sangue gelar.— Lucine…Uma voz profunda a chamou das sombras. — Finalmente poderemos nos apresentar