Capítulo 45Augusto estava exausto, mas o corpo ainda vibrava com a adrenalina do dia. Não conseguia relaxar. Sentado no sofá da ampla sala com as luzes apagadas, deixava-se embalar pelo silêncio e pela luz prateada da lua cheia que invadia o ambiente através das janelas enormes.No copo de cristal, o gelo tilintava enquanto ele girava lentamente o whisky entre os dedos. A bebida forte queimava suavemente a garganta, mas não era suficiente para aquietar a mente. Pegou o celular do bolso e digitou uma mensagem breve para Rafael:"Está tudo bem por aqui. Cuide das coisas aí. Abraço, pai."Enquanto isso, no Brasil, Rafael aproveitava o fim da noite ao lado de Letícia. Após o cinema, levara a secretária direto para a mansão. Chegaram já tarde. As portas estavam trancadas, mas isso não os impediu.Entre risos abafados e beijos urgentes, Rafael tateava o bolso em busca da chave enquanto Letícia tentava conter os sorrisos. Conseguiram abrir a porta e entraram tropeçando nos próprios pés, sem
Capítulo 46Na manhã seguinte, Patrícia despertou com um sorriso preguiçoso nos lábios, o corpo ainda embalado pelas lembranças da noite anterior. Espreguiçou-se devagar, sentindo a pele arrepiar ao lembrar da forma como Augusto a havia possuído. Era como se ainda sentisse seu membro dentro dela, preenchendo não apenas seu corpo, mas sua alma. Suspirou, leve e feliz.Virou-se na cama procurando por ele, mas encontrou apenas os lençóis ainda mornos. O som da água correndo no banheiro revelou onde ele estava.Ela olhou para o relógio na cabeceira: seis e meia da manhã. "Cedo demais", pensou sorrindo, enquanto se levantava só para fechar as cortinas, bloqueando a luz suave da aurora que invadia o quarto.Deitou-se novamente, se permitindo mais alguns minutos de descanso, mas, antes que voltasse a pegar no sono, um som interrompeu a calmaria: o celular de Augusto vibrou na mesinha de cabeceira.Virou-se devagar, hesitante, pensando se deveria ou não tocar no aparelho. "Pode ser algo do tr
Capítulo 47Lorenzo foi gentil ao puxar a cadeira para ela, ajudando-a a se acomodar à pequena mesa charmosa do café, com vista para o parque. Pediu dois expressos em italiano perfeito, e enquanto aguardavam, mantinha os olhos nela com um interesse sincero, mas respeitoso.— Sabe, Patrícia... dá pra perceber quando alguém fala com paixão de outra pessoa — comentou ele, apoiando o cotovelo na mesa. — Seu marido é um homem de sorte.Ela o olhou, surpresa, piscando algumas vezes diante da afirmação direta.— Você é muito apaixonada por ele. A quanto tempo estão casados?Ela abriu um sorriso sereno, quase tímido, antes de responder:— Vai fazer um mês.— E como ele se chama?— Augusto. Augusto Avelar.Lorenzo arregalou os olhos, quase derrubando o pequeno copo de água com gás que o garçom havia acabado de servir.— Ah, meu Deus! Você tá brincando?! — exclamou, baixando o tom ao se dar conta do próprio exagero. — Você é esposa do magnata mais famoso do Brasil?Ela assentiu com um sorriso c
Capítulo 48Patrícia se acomodou no sofá novamente, o coração ainda acelerado pelo abraço recente de Augusto. Mas a paz durou pouco.Um celular vibrou. Um som curto, porém inconfundível. Ela ignorou por um segundo, achando que fosse o dela, mas ao olhar para a mesa, viu que o aparelho que vibrara era o de Augusto, com a tela iluminada. Ela se aproximou e olhou o visor.Estela.O nome brilhou como um estalo em sua mente.Um nó se formou na garganta de Patrícia. Tentou se controlar. Mas algo dentro dela, uma inquietação sufocante, falou mais alto. Hesitou por dois segundos... e tocou no celular.A primeira mensagem era a mais antiga, enviada cedo, ainda pela manhã:"Passei o dia e a noite esperando... você não apareceu como prometeu. Me deixou ardendo, Augusto. Sabe o quanto eu preciso de você..."O sangue de Patrícia gelou. As palavras queimaram em seus olhos como se tivesse levado um tapa. Mas ele não tinha respondido. Isso a fez respirar um pouco mais aliviada. Porém, segundos depois
Capítulo 49O motorista os deixou bem próximo à Via Condotti, uma das ruas mais elegantes e icônicas de Roma. Assim que desceu do carro, Patrícia foi envolvida pela aura da cidade eterna: o som das motos passando, o aroma de café expresso no ar e as fachadas antigas contrastando com vitrines luxuosas.— Pronta para fazer Roma tremer com sua beleza? — Augusto disse, tirando os óculos escuros e lançando-lhe um olhar charmoso.— Não sei se Roma, mas você talvez — ela respondeu com um sorriso malicioso.A primeira parada foi em uma boutique renomada. Patrícia se encantou com um vestido vermelho que lembrava as divas do cinema italiano. Ao ver o preço, hesitou. Mas Augusto, já acostumado a esse tipo de indecisão dela, se aproximou e sussurrou:— Não pense no valor. Pense no jantar romântico que vamos ter com você usando isso.Ela não resistiu e foi direto para o provador. Quando saiu, ele bateu palmas discretamente.— Madonna mia... você vai causar engarrafamento na Piazza di Spagna!Ela g
Capítulo 50Após o almoço, os dois caminharam de mãos dadas pelas ruas de paralelepípedo do centro histórico de Roma. O sol da tarde banhava a cidade, e ela se sentia leve como há muito não se sentia. Quando estavam prestes a virar uma esquina, Augusto parou e a olhou com um sorriso misterioso.— Vem comigo — disse ele, puxando-a suavemente pela mão.— Para onde estamos indo?— Só confie em mim.Eles atravessaram a rua e pararam diante de uma charmosa joalheria antiga, com vitrines impecáveis. Ela olhou surpresa.— Uma joalheria?— Hoje quero te dar algo que marque essa nova fase da nossa vida — respondeu ele, abrindo a porta para ela entrar.Lá dentro, foram recebidos por um senhor simpático de cabelos grisalhos e óculos finos, que imediatamente reconheceu Augusto.— Signore Avelar, é um prazer recebê-lo novamente.Ela olhou confusa.— Você já esteve aqui?— Anos atrás vim comprar alguns relógios. Mas hoje… hoje é especial. Quero trocar nossas alianças.O coração dela acelerou. Uma j
Capítulo 51O carro preto parou suavemente diante do luxuoso hotel onde o jantar beneficente seria realizado.Augusto desceu primeiro, ajeitou o paletó com elegância e, em seguida, abriu a porta para Patrícia. Quando ela saiu do carro, um leve murmúrio de admiração percorreu o grupo de convidados reunidos à entrada.Ela vestia um deslumbrante vestido vermelho de seda, de corte impecável e decote delicado nas costas. Os cabelos presos em um coque revelavam sua nuca, brincos discretos de diamante e um colar do mesmo material brilhava em sua pele.- Boa noite, Signori Avelar - cumprimentou o maître, ligeiramente surpreso com o impacto que a presença de Patrícia causava. - A mesa de vocês está reservada, por favor, sigam-me.Augusto a conduziu com um leve toque nas costas, orgulhoso da mulher ao seu lado. Patrícia sorria, gentil e discreta, mas sentia o calor dos olhares por onde passava. Ela não precisava de joias extravagantes, ela era o brilho da noite.Quando chegaram ao salão princip
Capítulo 52A noite romana estava fria e silenciosa quando o carro preto parou diante do hotel cinco estrelas onde o casal estava hospedado. Augusto saiu primeiro e deu a volta para abrir a porta para Patrícia, que desceu ainda visivelmente abalada com os acontecimentos do jantar.Ela apertava a bolsa clutch vermelha com força, como se ainda canalizasse ali a raiva do tapa que dera em Estela. Ele percebeu. Pegou sua mão com delicadeza e a levou aos lábios.— Já passou, minha querida. Estamos longe dela agora.Ela suspirou, mas assentiu com um pequeno sorriso. O porteiro os cumprimentou com uma reverência discreta, e logo entraram no saguão.Assim que o elevador se fechou, ela encostou a cabeça no ombro de Augusto.— Eu não queria brigar. Mas não suportei vê-la te tocar.— Você fez o que qualquer mulher apaixonada faria — respondeu ele, passando os dedos suavemente por seus cabelos.O elevador apitou. Eles saíram de mãos dadas pelo corredor acarpetado e entraram na suíte.Patrícia tiro