Capítulo 55O clima no luxuoso apartamento de cobertura onde Estela estava hospedada era de pura frustração. Com as pernas cruzadas no sofá e uma taça de vinho girando lentamente em sua mão, ela observava as imagens tiradas por um dos melhores paparazzi da cidade. Cada foto mostrava o casal Avelar em momentos perfeitos caminhando de mãos dadas, rindo no restaurante, se olhando com ternura.Ela passou para os vídeos enviados pelo hacker que havia invadido discretamente o notebook de Augusto e os arquivos pessoais de Patrícia. Tudo limpo. Nada comprometedor, nenhuma conversa suspeita, nenhum escândalo escondido. Apenas contratos empresariais, agendas organizadas e algumas mensagens doces entre marido e mulher.Estela estalou a língua, impaciente.- Esses dois parecem saídos de um conto de fadas - resmungou, deixando a taça de lado e se levantando com brusquidão.Caminhou de um lado para o outro, os saltos ecoando no piso de mármore. A luz do pôr do sol banhava os móveis elegantes, mas n
Capítulo 56Na manhã seguinte, o casal Avelar chegou à empresa juntos. Patrícia usava um terninho elegante, discreto, e os cabelos estavam presos num coque charmoso. Augusto, sempre impecável, conduzia a esposa pelo saguão como se fosse um ritual silencioso de parceria. Eles conversavam sobre os planos para o dia enquanto esperavam o novo CEO chegar no escritório.Mario, o assistente, apareceu à porta com uma expressão cordial e um leve toque de entusiasmo.— O CEO já chegou, senhor Avelar.Augusto assentiu, se levantou e ofereceu o braço para Patrícia, que aceitou com um sorriso leve.Caminharam juntos até a sala de reuniões. Quando a porta se abriu, os dois entraram, mas o que encontraram do outro lado causou uma pequena surpresa: Lorenzo estava ali, impecável num terno cinza, olhando diretamente para eles com um sorriso confiante.Patrícia piscou algumas vezes, surpresa. O choque ao reconhecê-lo foi imediato. Seu estômago deu um leve nó. O homem com quem havia dividido uma breve co
Capítulo 57Patrícia ajeitava-se na poltrona ao lado de Augusto. O conforto do assento não impediu o leve aperto em seu peito. Ela olhou pela janela, vendo a cidade abaixo se afastar devagar enquanto a aeronave ganhava altura.Suspirou profundamente.— Já estou com saudades — murmurou, mais para si mesma do que para ele.Augusto a olhou com ternura e pegou sua mão.— Foi uma viagem especial… Mas temos o nosso lar nos esperando.— Eu sei. É só que... me senti diferente aqui. Livre, leve, como se o tempo tivesse desacelerado — ela disse, recostando a cabeça no ombro dele. — Foi tudo tão bom, mesmo com algumas surpresas.Ele sorriu e beijou os cabelos dela.— É, até as surpresas fizeram parte. E a melhor delas é saber que a gente continua forte. Que nada nos abala por muito tempo.Ela sorriu em silêncio e fechou os olhos por alguns minutos, sentindo a vibração suave do avião e o calor do toque dele.***Horas depois, o jatinho aterrissou discretamente no aeroporto reservado. Já na pista,
Capítulo 58O sol da manhã se infiltrava suavemente pelas frestas da cortina. Patrícia acordou com a sensação de leveza, apesar da dor de cabeça da noite anterior ainda estar um pouco presente. Ao se espreguiçar, sentiu o cheiro suave do perfume de Augusto no travesseiro ao lado. Sorriu, mas ao olhar para o relógio, percebeu que ele já havia saído.Desceu as escadas e encontrou um bilhete deixado por ele no escritório:“Bom dia, meu amor. Fui à empresa com o Rafael. Te amo. Nos falamos mais tarde.”Ela tocou o papel com carinho, depois terminou de se arrumar e pediu ao mordomo para chamar o motorista, ainda estava com dor de cabeça para dirigir. Ia visitar o avô no hospital, fazia tempo que ansiava por vê-lo acordado e, agora, finalmente teria esse momento.O trajeto até o hospital foi tranquilo. Quando chegou, sua mãe já estava na recepção esperando por ela. Abraçaram-se forte.— Está linda, minha filha. — disse a mãe, com um sorriso orgulhoso.— E você parece mais aliviada… como ele
Capítulo 1O silêncio no quarto era quase opressor, quebrado apenas pelo som ritmado dos aparelhos e da respiração profunda do homem deitado na cama. Rafael entrou devagar no aposento, como se temesse perturbar a paz que envolvia o ambiente. A penumbra da manhã filtrava-se pelas cortinas entreabertas, projetando sombras suaves sobre o rosto de seu pai.Com passos lentos, aproximou-se da cama e sentou-se ao lado dele. Seus olhos, sempre firmes diante do mundo, agora brilhavam com a ameaça de lágrimas. Ele estendeu a mão, entrelaçando seus dedos aos do pai, sentindo o calor ainda presente ali, a única prova de que ele estava vivo.— Acorda, pai… — murmurou, a voz embargada. — Você faz tanta falta pra mim...Por um instante, ficou ali, observando cada detalhe do rosto do pai: as olheiras profundas, o cabelo que já passava do comprimento habitual, a barba crescida que não tinha nada haver com a imagem impecável do CEO poderoso que todos conheciam. Rafael fazia questão de chamar um barbeir
Capítulo 2Após aceitar o serviço, Rafael pediu ao mordomo que mostrasse seus aposentos.Sempre discreto e eficiente, o mordomo guiou Patrícia pelos amplos corredores da mansão até um quarto confortável, localizado ao lado do Senhor Avelar.- Este será o seu quarto, senhorita Patrícia. Se precisar de algo, estarei à disposição. - Ele abriu a porta, revelando um espaço aconchegante, com móveis elegantes.Ela agradeceu com um leve aceno e entrou para se trocar. Vestindo o uniforme branco impecável, sentindo a responsabilidade se instalar de vez. Respirou fundo e saiu do quarto.Ao retornar ao quarto do paciente, analisou cada detalhe com atenção. Abriu o prontuário médico ao lado da cama e começou a revisar as medicações, os horários de administração, os cuidados diários e as rotinas. Tudo precisava ser seguido à risca.Enquanto lia as anotações anteriores, seu olhar voltou-se para o homem desacordado na cama. Senhor Avelar. Mesmo em repouso, ele exalava imponência. Sua presença era qua
Capítulo 3Após horas lendo em voz alta, Patrícia acabou cochilando na poltrona ao lado da cama. Acordou sobressaltada ao sentir uma mão em seu ombro. Ao abrir os olhos, deparou-se com Rafael. Por um instante, temeu que ele fosse repreendê-la, mas sua expressão era tranquila.— Vá jantar — disse ele simplesmente. — Vou ficar um pouco com meu pai.Patrícia se sentou melhor e esfregou os olhos, tentando despertar.— Eu preciso dar banho nele antes, senhor.— Eu faço isso todos os dias. Hoje não será diferente.Ela hesitou por um momento, mas assentiu.— Sim, senhor.Ao vê-la sair do quarto, Rafael suspirou, passando a mão pelos cabelos. Não duvidava das intenções de Patrícia, mas não queria que ela assumisse mais do que podia. Seu pai era um homem grande, com 1,85m e mais de 100 quilos, enquanto ela parecia tão pequena e delicada. Movê-lo exigia força e prática, algo que ele já fazia há dois anos.Ele sabia que, em algum momento, teria que permitir que ela ajudasse, mas não gostava da i
Capítulo 4Após Rafael se recolher, Patrícia se sentou na poltrona ao lado da cama, segurando o livro nas mãos. Com um sorriso suave, olhou para o paciente adormecido.— O livro está quase na metade. Vamos continuar? — perguntou baixinho, como se ele pudesse ouvi-la.Ela abriu na página onde havia parado e começou a ler. A história estava ficando intensa, e, sem perceber, as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto. O casal do romance havia se separado por um grande mal-entendido, e a dor na narrativa a tocou profundamente.Patrícia parou por um instante, respirando fundo para se recompor. Levou a mão ao rosto para limpar as lágrimas e, no mesmo instante, algo chamou sua atenção.Seu coração quase parou.Por um breve momento, viu dois dedos do senhor Avelar se moverem rapidamente.Ela prendeu a respiração, seus olhos arregalados fixos na mão dele. Teria sido apenas sua imaginação… ou ele realmente havia se mexido?Patrícia congelou. Seu coração disparou no peito, e a respiração fic