Carl fala mais uma vez: "Abra, por favor. Estou todo molhado. Me deixe explicar. Eu te imploro."Isabella, do lado de dentro, chora. Ela não queria encontrar Carl. Ele a deixa frágil, e ela já está frágil o bastante; precisa se manter forte e calma. Está com raiva de Carl por ele expô-la dessa forma. Ela havia avisado que isso era o que mais temia.Carl continua a bater do lado de fora da casa, sem sucesso. Ele encosta sua testa na porta e diz baixinho: "Não faça isso comigo."Ele se vê naquela situação, completamente molhado, no meio de uma cidade que ele nem sabia que existia no mapa. Ele, que nunca se imaginou passar por uma situação dessas, implora por atenção de uma mulher e confessa a si mesmo em pensamento: "Estou completamente apaixonado." Ele sorri e pensa mais uma vez: "Fui flechado. Como deixei isso acontecer?"Ele resolve tentar diferente e ser sincero com ela: "Isa, eu sei que está me ouvindo. Eu não te vejo, mas posso te sentir. Não sei explicar como isso acontece, mas a
Andrew e Benedict entraram na casa do sítio e, sem fazer muito barulho, acomodaram-se nos quartos superiores. No corredor, Andrew comentou com Benedict:— Me partiu o coração ver o sofrimento estampado no rosto de Carl.— Sim, ele foi pego de surpresa com essa notícia — disse Benedict.— Vamos dormir. Amanhã talvez não seja um dia fácil — concluiu Andrew.Carl, abraçado a Isabella, apreciava tê-la por perto. Sentia-se consolado com sua presença e, ao mesmo tempo, desejava protegê-la. No entanto, sabia que sua proximidade poderia trazer ainda mais problemas para ela. O dia amanheceu em Monville. Carl dormiu por cerca de quatro horas e já estava de pé às 5h30. Decidiu se aventurar na cozinha da casa e fazer café. Colocou o pó na cafeteira e a ligou. Poucos minutos depois, sentiu um cheiro forte de queimado. Ele havia esquecido de colocar água, e a cafeteira queimou.— Mas que droga! — exclamou ele.Nesse momento, a caseira Ruth chegou à casa principal com uma cesta de pães e um bolo de
Após a fala de Isabella, Carl fica pensativo e diz: "Eu me sinto ligado a você bem antes dessa gestação, e isso não vai mudar. Eu não queria que tivesse perdido esse bebê, mas entendo que talvez não estivéssemos prontos. Eu não desejava outro filho, mas desejei esse, e agora não sei se desejo outro novamente. É tudo tão confuso.""Demorei a entender o que é estar apaixonado e desejar a mesma mulher todos os dias, horas, minutos. O que me liga a você é a paixão que sinto. Mas te ver sofrer da forma que vi e me lembrar de quanto não dou conta de ser um parceiro normal me faz questionar se devo insistir em nós. Eu nasci nessa vida e escolhi fazer dela o meu mundo. Eu desejei ser o melhor empresário do ramo tecnológico, escolhi manter a Yeon no topo. Eu sou conhecido nos lugares mais remotos. Até os seus caseiros me conhecem. Você suportaria viver uma vida onde flashes refletissem no seu rosto diariamente?", pergunta ele.- Não, Carl, eu não suportaria. Ainda que o meu sentimento
Isabella, após abrir os olhos, olha para Carl e diz: "Me deixe processar tudo isso. Ainda estou muito sensibilizada com a notícia da gravidez, a perda do bebê, os hormônios, a guarda de João... e esses repórteres no meu pé."Ela respira fundo e continua: "Carl, eu ainda não resolvi a questão da guarda. Ricardo me enganou... preciso me concentrar nisso agora."Carl se aproxima com uma expressão séria. "Você não precisa lidar com isso sozinha. Talvez essa história te deixe ainda mais abalada, mas Sebastian, o advogado da Yeon, vasculhou a vida de Ricardo. Descobrimos coisas incriminadoras. Não sei se ele poderá continuar advogando depois dos crimes que cometeu."- Você assistiu à minha coletiva? pergunta Carl.- Não... eu não tive forças. Minha mãe comentou que você assumiu publicamente o nosso envolvimento. diz ela.- Sim. Não havia como mentir. Eu disse que nos envolvemos, e que você já estava separada. Mas... eu estava tomado pela raiva e acabei divulgando toda a pesquisa de Sebastia
Ainda em Monville, o dia amanhece e Isabella, após um longo estado de choque, sabe que precisa encarar a vida de frente. Ela precisa voltar para Flowersville. Durante a noite, pensou em diversas coisas para dizer caso algum repórter a aborde, e a mais sensata delas foi fazer exatamente como Carl: admitir. Ela pensou em continuar sumida, em fugir dos repórteres, mas João precisa ir à escola, ter a vidinha social dele, e em breve ele completará cinco anos. Isabella gostaria que fosse especial para ele.Além disso, ela tem sentido algumas dores na barriga. A médica quer que ela volte logo para ser examinada e avaliar se está tudo bem após a perda do bebê.Ela respira fundo, se arruma e se prepara para deixar Monville. Os caseiros a levarão até metade do caminho, onde Nataly estará esperando para levá-la para casa.Todos entram na caminhonete, e Ruth diz: “Você precisa vir mais vezes aqui, Isabella, e traga com você aquele homem bonito”.Isabella pede para Ruth falar baixo por causa de Jo
No dia seguinte à chegada de Carl em Landscape, ele não apareceu na Yeon. A equipe especulava se ele estava doente, mas Sebastian garantiu que não. "Ele está bem", disse Sebastian. "Talvez tenha faltado por motivos pessoais."Preocupado, René chamou Paul e Sebastian para uma conversa reservada.— Sebastian, você estava lá. O que aconteceu? — René perguntou, com uma expressão séria. — Carl perdeu completamente a cabeça ao agredir aquele homem. As notícias em Landscape não param, todos querem saber quem é essa Isabella e por que ele bateu no ex-marido dela.Sebastian respirou fundo antes de responder.— René, eu não acho que Carl esteja assim por causa disso. Tem algo mais profundo, algo que não saiu na mídia. Vou contar porque ele não me pediu segredo, mas tenham cuidado ao abordar o assunto. Isso mexeu demais com ele.— Diga logo — Paul exigiu, ansioso.— Isabella estava grávida de Carl, mas perdeu o bebê. Foi uma combinação de várias coisas: o ex-marido, a guarda do filho, a pressão
A rotina de Isabella em Flowersville tornou-se cada vez mais sufocante com a exposição contínua de sua vida pessoal. Fotos suas de biquíni na praia, com ênfase em partes do corpo, circulavam incessantemente nos sites de fofoca. Além dessas imagens, fotos de sua rotina diária – no consultório, dentro do condomínio – passaram a invadir sua privacidade, tornando o simples ato de sair de casa um motivo de ansiedade. O medo de estar sempre sendo observada levou-a a restringir seus movimentos.Ela não se sentia à vontade para ir à praia, fazer sua caminhada, ir à academia, supermercado ou restaurante. Sentia-se sem ter para onde ir. Tem procurado passar a maior parte do tempo em casa, evitando que sua vida seja exposta. Como Carl disse, tudo isso acontece até que se cansem, mas, enquanto não cansam, ela tem passado os dias indo da casa para o trabalho e do trabalho para casa. Essa situação tem lhe causado grande angústia.Durante a semana, ela também foi a uma consulta médica, e, para seu a
René comenta a afirmação de Carl: “Calma, Carl. O cara pode ser homossexual, amigo de Isabella.”– “Hannah...” chama Carl. “Você esteve com Heitor hoje. Ele é gay?”– “Olha, Carl, não tem como eu saber disso. É muito pessoal de cada um. Ele me tratou muito bem e de forma respeitosa. Ele tinha um ar bastante másculo. Trata-se de um homem elegante e muito simpático". Explica Hannah.– “Vocês conversaram?”, pergunta Carl.– “Sim, ele me contou que conheceu Isabella em um café em sua casa nova. Isabella comprou a casa onde ele morou a vida toda. Ele nasceu em Flowersville também.” Carl agradece as informações e Hannah se retira.– “Está enciumado, Carl?”, pergunta René.Carl não responde e questiona: “René, você sabia que ela escreveu um livro e não me falou nada? E agora aparece esse editor chamando-a de ‘nossa’? Quem é esse cara? Por que ela omitiu de mim que estava tocando esse projeto?”– “Talvez porque vocês não tenham uma relação?”, questiona René.– “Mas é um passo importante na v