No dia seguinte, Carl acorda com uma sensação diferente. Algo dentro dele parecia ter esfriado, mas também havia um incômodo crescente. Ele estava irritado por se sentir vulnerável e, decidido a não ficar refém dessa ansiedade, deixou o celular em casa. A cada toque, a esperança de uma mensagem de Isabella o consumia, e ele não queria mais viver preso a essa expectativa.Ao chegar na Yeon, ele tenta se concentrar. Focado no trabalho, solicita uma reunião com René e Paul.- Vamos acelerar os projetos que estão parados. Quero fechar o ano sem pendências", ele diz com firmeza. "E a viagem para a França na próxima segunda-feira será crucial para a primeira etapa do projeto 'Conectar a Todos'. Quero tudo pronto até lá. Organizem-se durante o fim de semana."O dia avança, e Hannah, sempre eficiente, envia os dados da reserva para a equipe. Paul, ao receber sua reserva, percebe que eles ficarão em quartos separados. Uma pontada de frustração o atinge. “Eu nem a pedi em namoro ainda...”, ele
Na segunda pela manhã, a equipe se reúne no aeroporto de Landscape, prontos para embarcar rumo à França, mais precisamente à cidade de Toulou. Quando Paul chega, com o cabelo despenteado e de mãos dadas com Hannah, todos notam a mudança no ar entre os dois. René, sempre o brincalhão, não perde a oportunidade:– Não é que deu certo o pedido de namoro precipitado? – ele diz com um sorriso, abraçando Paul e parabenizando o casal.Carl, observando de perto, também se aproxima, com um sorriso sincero. Dando um tapa amigável nas costas de Paul, ele comenta:– Feliz por vocês, Paul. Cuidem-se, hein? Os dois são muito preciosos para mim.Com o clima descontraído, a equipe embarca no avião. Após quase dez horas de voo, finalmente chegam à França. No entanto, assim que René pisa em solo francês, uma onda de angústia o invade, mas ele disfarça, mantendo a fachada despreocupada que todos estão acostumados a ver.Sem tempo para pensar, eles pegam um voo rápido da capital francesa até Toulou, uma p
René, ao sair pela porta do restaurante em direção à rua, corre desesperado atrás de Lisa. Seu coração parece que vai sair pela boca, como se o tempo não houvesse passado. É como se ele tivesse que acertar as contas com o destino que o congelou por mais de dez anos.Lisa tenta correr, mas suas pernas parecem não obedecer. Ela anda o mais rápido que pode, e de repente René surge à sua frente, bloqueando sua passagem. Ele diz com os olhos marejados:— Precisamos conversar, Lisa.Lisa não o encara e fala olhando para baixo, tentando esconder as lágrimas:— Saia da minha frente. Não tenho nada a conversar com você.— Temos, Lisa. Temos muita coisa a conversar. A começar por aquele menino no restaurante. Lisa, ele é a minha cara — René fala chorando e não se contém. — Ele é meu filho, Lisa? — pergunta com a voz embargada entre soluços.Lisa, ao ver o desespero de René, como se ele tivesse certeza de que Victor é seu filho, responde sob forte emoção, sentindo-se acuada, como se não pudesse
Lisa, ao ver René sair da boutique, sente que ele despertou uma memória que estava adormecida. As palavras de René a comoveram; o desespero dele, após mais de dez anos sem se verem, mostrou que o sentimento que ele sempre afirmou ser verdadeiro, apesar da traição, era real. Ela se sente confusa com tudo o que acabou de presenciar. Ela soube por sua família que René a procurou como um louco, mas Lisa decidiu se mudar para uma cidade pequena, com poucos recursos tecnológicos, exatamente para que René não a encontrasse. Quando soube que a Yeon tinha projetos em Toulou, ela se desesperou, mas nunca imaginou que René seria exatamente a pessoa responsável por esse projeto. Quando ele entrou na Yeon, ocupava um cargo menor, por isso ela não imaginava que ele faria parte do grupo de diretores.Mia, a madrinha de Victor, recebe uma mensagem de Lisa e informa que precisa ir. René, ao ver que Mia levará Victor, sente o coração apertar, olha para ela com agonia e diz:— Por favor, me passe o seu
Sim, somos muito parecidos. Isso significa que somos parentes. Responde RenéVocê é meu tio, irmão do meu pai falecido. – Victor sorri, inocente, como se essa fosse a única explicação possível.René sente o coração apertar, mas com um tom suave, ele responde: "Não, Victor. Eu não sou seu tio... Eu sou seu pai."O tempo parece parar para Victor. Ele olha para Lisa, confuso e chocado, buscando a verdade em seus olhos. Ela, já com lágrimas nos olhos, apenas acena lentamente com a cabeça. A voz dela, embora trêmula, finalmente se faz ouvir: "René é seu pai biológico, meu filho."Victor, tomado pela emoção, começa a chorar imediatamente, o peso de uma vida inteira de perguntas não respondidas explodindo de uma vez.René, com os olhos também cheios de lágrimas, o abraça com firmeza, como se estivesse tentando compensar todos os anos de ausência naquele único gesto. Ele sussurra enquanto segura o filho: "Você nunca mais vai dizer que seu pai está morto. A partir de hoje, quero estar ao seu l
Assim que René chega ao hotel, por volta de uma e meia da manhã, Carl, Paul, Hannah e Benedict o aguardavam.— O que fazem acordados? — pergunta ele com uma feição de felicidade que o fazia parecer outro René.— Estávamos esperando por você — diz Paul.— Babas de um homem de trinta e sete anos? É isso mesmo? Brinca RenéCarl entrega um charuto a René e diz: "Vamos fumar um charuto em homenagem a você e ao seu filho."René, emocionado, fala: — Eu sou muito sortudo de ter amigos como vocês. Hoje, sem dúvida alguma, é o melhor dia da minha vida. Tenho até medo dessa felicidade toda, não tô acostumado — diz ele sorrindo radiante, mas ao mesmo tempo com o receio de acordar desse sonho.Em Flowerville, ainda era de tarde quando Isabella recebe novamente a ligação de Heitor.— Olá, Isa, como está, querida? Eu te ligo novamente para te dizer que não posso mais adiar o lançamento do seu livro. Se perdermos esse timing, perderemos vendas, e isso será prejudicial para ambos. Eu investi na public
René se apronta para o jantar com Lisa e Victor. Ele chega à casa de Lisa com flores vermelhas. Quando Lisa abre a porta, ele lhe entrega as flores com um belo sorriso.Não precisa disso, René. Esse jantar é pelo Victor, não um jantar romântico – diz Lisa, com um leve tom de desconforto.- É um jantar em família, Lisa – René responde, com um olhar firme e caloroso.- René… você está confundindo as coisas, e isso me preocupa.René se aproxima, inclinando-se para sussurrar ao ouvido dela: "Tenho certeza de que não estou. Suas palavras podem dizer uma coisa, mas o seu beijo ontem... ele me disse outra. Eu conheço você, Lisa. Conheço cada parte sua, seu corpo, sua respiração quando está nervosa ou vulnerável. E ontem... você me desejou. Eu senti isso."Lisa recua levemente, mas responde com firmeza: "Você não me conhece mais, René. Eu não sou a mesma Lisa de dez anos atrás. Sou uma outra mulher agora."René sorri, com um toque de malícia misturado a ternura.- Eu quero conhecer essa nova
A equipe se preparava para o embarque e chegou a Landscape na manhã seguinte. Carl, assim que pousou, foi direto para a sede da Yeon, mas deu folga para a equipe. Passou o dia imerso em seus projetos e, ao final do expediente, recebeu um convite especial: o lançamento do livro de Isabella na Livraria Aquarius. O e-mail veio diretamente da livraria, e ao ver o nome de Isabella, Carl ficou surpreso. Ela iria para Landscape para o lançamento, mas não havia dito uma palavra a ele. Isso o deixou profundamente irritado e decepcionado. No entanto, ele decidiu esperar. Talvez ela ainda o convidasse pessoalmente.Enquanto isso, Isabella debatia consigo mesma se deveria contar a Carl que estaria em Landscape. Sua saudade era esmagadora. A mídia, finalmente, tinha dado uma trégua, e ela conseguia levar uma vida mais anônima, como sempre gostou. Ia à praia, fazia caminhadas, buscava seu filho na escola... Tudo parecia normal. Mas, na verdade, nada mais fazia sentido. A ausência de Carl consumia c