A rotina de Isabella em Flowersville tornou-se cada vez mais sufocante com a exposição contínua de sua vida pessoal. Fotos suas de biquíni na praia, com ênfase em partes do corpo, circulavam incessantemente nos sites de fofoca. Além dessas imagens, fotos de sua rotina diária – no consultório, dentro do condomínio – passaram a invadir sua privacidade, tornando o simples ato de sair de casa um motivo de ansiedade. O medo de estar sempre sendo observada levou-a a restringir seus movimentos.Ela não se sentia à vontade para ir à praia, fazer sua caminhada, ir à academia, supermercado ou restaurante. Sentia-se sem ter para onde ir. Tem procurado passar a maior parte do tempo em casa, evitando que sua vida seja exposta. Como Carl disse, tudo isso acontece até que se cansem, mas, enquanto não cansam, ela tem passado os dias indo da casa para o trabalho e do trabalho para casa. Essa situação tem lhe causado grande angústia.Durante a semana, ela também foi a uma consulta médica, e, para seu a
René comenta a afirmação de Carl: “Calma, Carl. O cara pode ser homossexual, amigo de Isabella.”– “Hannah...” chama Carl. “Você esteve com Heitor hoje. Ele é gay?”– “Olha, Carl, não tem como eu saber disso. É muito pessoal de cada um. Ele me tratou muito bem e de forma respeitosa. Ele tinha um ar bastante másculo. Trata-se de um homem elegante e muito simpático". Explica Hannah.– “Vocês conversaram?”, pergunta Carl.– “Sim, ele me contou que conheceu Isabella em um café em sua casa nova. Isabella comprou a casa onde ele morou a vida toda. Ele nasceu em Flowersville também.” Carl agradece as informações e Hannah se retira.– “Está enciumado, Carl?”, pergunta René.Carl não responde e questiona: “René, você sabia que ela escreveu um livro e não me falou nada? E agora aparece esse editor chamando-a de ‘nossa’? Quem é esse cara? Por que ela omitiu de mim que estava tocando esse projeto?”– “Talvez porque vocês não tenham uma relação?”, questiona René.– “Mas é um passo importante na v
No dia seguinte, Carl acorda com uma sensação diferente. Algo dentro dele parecia ter esfriado, mas também havia um incômodo crescente. Ele estava irritado por se sentir vulnerável e, decidido a não ficar refém dessa ansiedade, deixou o celular em casa. A cada toque, a esperança de uma mensagem de Isabella o consumia, e ele não queria mais viver preso a essa expectativa.Ao chegar na Yeon, ele tenta se concentrar. Focado no trabalho, solicita uma reunião com René e Paul.- Vamos acelerar os projetos que estão parados. Quero fechar o ano sem pendências", ele diz com firmeza. "E a viagem para a França na próxima segunda-feira será crucial para a primeira etapa do projeto 'Conectar a Todos'. Quero tudo pronto até lá. Organizem-se durante o fim de semana."O dia avança, e Hannah, sempre eficiente, envia os dados da reserva para a equipe. Paul, ao receber sua reserva, percebe que eles ficarão em quartos separados. Uma pontada de frustração o atinge. “Eu nem a pedi em namoro ainda...”, ele
Na segunda pela manhã, a equipe se reúne no aeroporto de Landscape, prontos para embarcar rumo à França, mais precisamente à cidade de Toulou. Quando Paul chega, com o cabelo despenteado e de mãos dadas com Hannah, todos notam a mudança no ar entre os dois. René, sempre o brincalhão, não perde a oportunidade:– Não é que deu certo o pedido de namoro precipitado? – ele diz com um sorriso, abraçando Paul e parabenizando o casal.Carl, observando de perto, também se aproxima, com um sorriso sincero. Dando um tapa amigável nas costas de Paul, ele comenta:– Feliz por vocês, Paul. Cuidem-se, hein? Os dois são muito preciosos para mim.Com o clima descontraído, a equipe embarca no avião. Após quase dez horas de voo, finalmente chegam à França. No entanto, assim que René pisa em solo francês, uma onda de angústia o invade, mas ele disfarça, mantendo a fachada despreocupada que todos estão acostumados a ver.Sem tempo para pensar, eles pegam um voo rápido da capital francesa até Toulou, uma p
René, ao sair pela porta do restaurante em direção à rua, corre desesperado atrás de Lisa. Seu coração parece que vai sair pela boca, como se o tempo não houvesse passado. É como se ele tivesse que acertar as contas com o destino que o congelou por mais de dez anos.Lisa tenta correr, mas suas pernas parecem não obedecer. Ela anda o mais rápido que pode, e de repente René surge à sua frente, bloqueando sua passagem. Ele diz com os olhos marejados:— Precisamos conversar, Lisa.Lisa não o encara e fala olhando para baixo, tentando esconder as lágrimas:— Saia da minha frente. Não tenho nada a conversar com você.— Temos, Lisa. Temos muita coisa a conversar. A começar por aquele menino no restaurante. Lisa, ele é a minha cara — René fala chorando e não se contém. — Ele é meu filho, Lisa? — pergunta com a voz embargada entre soluços.Lisa, ao ver o desespero de René, como se ele tivesse certeza de que Victor é seu filho, responde sob forte emoção, sentindo-se acuada, como se não pudesse
Lisa, ao ver René sair da boutique, sente que ele despertou uma memória que estava adormecida. As palavras de René a comoveram; o desespero dele, após mais de dez anos sem se verem, mostrou que o sentimento que ele sempre afirmou ser verdadeiro, apesar da traição, era real. Ela se sente confusa com tudo o que acabou de presenciar. Ela soube por sua família que René a procurou como um louco, mas Lisa decidiu se mudar para uma cidade pequena, com poucos recursos tecnológicos, exatamente para que René não a encontrasse. Quando soube que a Yeon tinha projetos em Toulou, ela se desesperou, mas nunca imaginou que René seria exatamente a pessoa responsável por esse projeto. Quando ele entrou na Yeon, ocupava um cargo menor, por isso ela não imaginava que ele faria parte do grupo de diretores.Mia, a madrinha de Victor, recebe uma mensagem de Lisa e informa que precisa ir. René, ao ver que Mia levará Victor, sente o coração apertar, olha para ela com agonia e diz:— Por favor, me passe o seu
Sim, somos muito parecidos. Isso significa que somos parentes. Responde RenéVocê é meu tio, irmão do meu pai falecido. – Victor sorri, inocente, como se essa fosse a única explicação possível.René sente o coração apertar, mas com um tom suave, ele responde: "Não, Victor. Eu não sou seu tio... Eu sou seu pai."O tempo parece parar para Victor. Ele olha para Lisa, confuso e chocado, buscando a verdade em seus olhos. Ela, já com lágrimas nos olhos, apenas acena lentamente com a cabeça. A voz dela, embora trêmula, finalmente se faz ouvir: "René é seu pai biológico, meu filho."Victor, tomado pela emoção, começa a chorar imediatamente, o peso de uma vida inteira de perguntas não respondidas explodindo de uma vez.René, com os olhos também cheios de lágrimas, o abraça com firmeza, como se estivesse tentando compensar todos os anos de ausência naquele único gesto. Ele sussurra enquanto segura o filho: "Você nunca mais vai dizer que seu pai está morto. A partir de hoje, quero estar ao seu l
Assim que René chega ao hotel, por volta de uma e meia da manhã, Carl, Paul, Hannah e Benedict o aguardavam.— O que fazem acordados? — pergunta ele com uma feição de felicidade que o fazia parecer outro René.— Estávamos esperando por você — diz Paul.— Babas de um homem de trinta e sete anos? É isso mesmo? Brinca RenéCarl entrega um charuto a René e diz: "Vamos fumar um charuto em homenagem a você e ao seu filho."René, emocionado, fala: — Eu sou muito sortudo de ter amigos como vocês. Hoje, sem dúvida alguma, é o melhor dia da minha vida. Tenho até medo dessa felicidade toda, não tô acostumado — diz ele sorrindo radiante, mas ao mesmo tempo com o receio de acordar desse sonho.Em Flowerville, ainda era de tarde quando Isabella recebe novamente a ligação de Heitor.— Olá, Isa, como está, querida? Eu te ligo novamente para te dizer que não posso mais adiar o lançamento do seu livro. Se perdermos esse timing, perderemos vendas, e isso será prejudicial para ambos. Eu investi na public