Isabella, após abrir os olhos, olha para Carl e diz: "Me deixe processar tudo isso. Ainda estou muito sensibilizada com a notícia da gravidez, a perda do bebê, os hormônios, a guarda de João... e esses repórteres no meu pé."Ela respira fundo e continua: "Carl, eu ainda não resolvi a questão da guarda. Ricardo me enganou... preciso me concentrar nisso agora."Carl se aproxima com uma expressão séria. "Você não precisa lidar com isso sozinha. Talvez essa história te deixe ainda mais abalada, mas Sebastian, o advogado da Yeon, vasculhou a vida de Ricardo. Descobrimos coisas incriminadoras. Não sei se ele poderá continuar advogando depois dos crimes que cometeu."- Você assistiu à minha coletiva? pergunta Carl.- Não... eu não tive forças. Minha mãe comentou que você assumiu publicamente o nosso envolvimento. diz ela.- Sim. Não havia como mentir. Eu disse que nos envolvemos, e que você já estava separada. Mas... eu estava tomado pela raiva e acabei divulgando toda a pesquisa de Sebastia
Ainda em Monville, o dia amanhece e Isabella, após um longo estado de choque, sabe que precisa encarar a vida de frente. Ela precisa voltar para Flowersville. Durante a noite, pensou em diversas coisas para dizer caso algum repórter a aborde, e a mais sensata delas foi fazer exatamente como Carl: admitir. Ela pensou em continuar sumida, em fugir dos repórteres, mas João precisa ir à escola, ter a vidinha social dele, e em breve ele completará cinco anos. Isabella gostaria que fosse especial para ele.Além disso, ela tem sentido algumas dores na barriga. A médica quer que ela volte logo para ser examinada e avaliar se está tudo bem após a perda do bebê.Ela respira fundo, se arruma e se prepara para deixar Monville. Os caseiros a levarão até metade do caminho, onde Nataly estará esperando para levá-la para casa.Todos entram na caminhonete, e Ruth diz: “Você precisa vir mais vezes aqui, Isabella, e traga com você aquele homem bonito”.Isabella pede para Ruth falar baixo por causa de Jo
No dia seguinte à chegada de Carl em Landscape, ele não apareceu na Yeon. A equipe especulava se ele estava doente, mas Sebastian garantiu que não. "Ele está bem", disse Sebastian. "Talvez tenha faltado por motivos pessoais."Preocupado, René chamou Paul e Sebastian para uma conversa reservada.— Sebastian, você estava lá. O que aconteceu? — René perguntou, com uma expressão séria. — Carl perdeu completamente a cabeça ao agredir aquele homem. As notícias em Landscape não param, todos querem saber quem é essa Isabella e por que ele bateu no ex-marido dela.Sebastian respirou fundo antes de responder.— René, eu não acho que Carl esteja assim por causa disso. Tem algo mais profundo, algo que não saiu na mídia. Vou contar porque ele não me pediu segredo, mas tenham cuidado ao abordar o assunto. Isso mexeu demais com ele.— Diga logo — Paul exigiu, ansioso.— Isabella estava grávida de Carl, mas perdeu o bebê. Foi uma combinação de várias coisas: o ex-marido, a guarda do filho, a pressão
A rotina de Isabella em Flowersville tornou-se cada vez mais sufocante com a exposição contínua de sua vida pessoal. Fotos suas de biquíni na praia, com ênfase em partes do corpo, circulavam incessantemente nos sites de fofoca. Além dessas imagens, fotos de sua rotina diária – no consultório, dentro do condomínio – passaram a invadir sua privacidade, tornando o simples ato de sair de casa um motivo de ansiedade. O medo de estar sempre sendo observada levou-a a restringir seus movimentos.Ela não se sentia à vontade para ir à praia, fazer sua caminhada, ir à academia, supermercado ou restaurante. Sentia-se sem ter para onde ir. Tem procurado passar a maior parte do tempo em casa, evitando que sua vida seja exposta. Como Carl disse, tudo isso acontece até que se cansem, mas, enquanto não cansam, ela tem passado os dias indo da casa para o trabalho e do trabalho para casa. Essa situação tem lhe causado grande angústia.Durante a semana, ela também foi a uma consulta médica, e, para seu a
René comenta a afirmação de Carl: “Calma, Carl. O cara pode ser homossexual, amigo de Isabella.”– “Hannah...” chama Carl. “Você esteve com Heitor hoje. Ele é gay?”– “Olha, Carl, não tem como eu saber disso. É muito pessoal de cada um. Ele me tratou muito bem e de forma respeitosa. Ele tinha um ar bastante másculo. Trata-se de um homem elegante e muito simpático". Explica Hannah.– “Vocês conversaram?”, pergunta Carl.– “Sim, ele me contou que conheceu Isabella em um café em sua casa nova. Isabella comprou a casa onde ele morou a vida toda. Ele nasceu em Flowersville também.” Carl agradece as informações e Hannah se retira.– “Está enciumado, Carl?”, pergunta René.Carl não responde e questiona: “René, você sabia que ela escreveu um livro e não me falou nada? E agora aparece esse editor chamando-a de ‘nossa’? Quem é esse cara? Por que ela omitiu de mim que estava tocando esse projeto?”– “Talvez porque vocês não tenham uma relação?”, questiona René.– “Mas é um passo importante na v
No dia seguinte, Carl acorda com uma sensação diferente. Algo dentro dele parecia ter esfriado, mas também havia um incômodo crescente. Ele estava irritado por se sentir vulnerável e, decidido a não ficar refém dessa ansiedade, deixou o celular em casa. A cada toque, a esperança de uma mensagem de Isabella o consumia, e ele não queria mais viver preso a essa expectativa.Ao chegar na Yeon, ele tenta se concentrar. Focado no trabalho, solicita uma reunião com René e Paul.- Vamos acelerar os projetos que estão parados. Quero fechar o ano sem pendências", ele diz com firmeza. "E a viagem para a França na próxima segunda-feira será crucial para a primeira etapa do projeto 'Conectar a Todos'. Quero tudo pronto até lá. Organizem-se durante o fim de semana."O dia avança, e Hannah, sempre eficiente, envia os dados da reserva para a equipe. Paul, ao receber sua reserva, percebe que eles ficarão em quartos separados. Uma pontada de frustração o atinge. “Eu nem a pedi em namoro ainda...”, ele
Na segunda pela manhã, a equipe se reúne no aeroporto de Landscape, prontos para embarcar rumo à França, mais precisamente à cidade de Toulou. Quando Paul chega, com o cabelo despenteado e de mãos dadas com Hannah, todos notam a mudança no ar entre os dois. René, sempre o brincalhão, não perde a oportunidade:– Não é que deu certo o pedido de namoro precipitado? – ele diz com um sorriso, abraçando Paul e parabenizando o casal.Carl, observando de perto, também se aproxima, com um sorriso sincero. Dando um tapa amigável nas costas de Paul, ele comenta:– Feliz por vocês, Paul. Cuidem-se, hein? Os dois são muito preciosos para mim.Com o clima descontraído, a equipe embarca no avião. Após quase dez horas de voo, finalmente chegam à França. No entanto, assim que René pisa em solo francês, uma onda de angústia o invade, mas ele disfarça, mantendo a fachada despreocupada que todos estão acostumados a ver.Sem tempo para pensar, eles pegam um voo rápido da capital francesa até Toulou, uma p
René, ao sair pela porta do restaurante em direção à rua, corre desesperado atrás de Lisa. Seu coração parece que vai sair pela boca, como se o tempo não houvesse passado. É como se ele tivesse que acertar as contas com o destino que o congelou por mais de dez anos.Lisa tenta correr, mas suas pernas parecem não obedecer. Ela anda o mais rápido que pode, e de repente René surge à sua frente, bloqueando sua passagem. Ele diz com os olhos marejados:— Precisamos conversar, Lisa.Lisa não o encara e fala olhando para baixo, tentando esconder as lágrimas:— Saia da minha frente. Não tenho nada a conversar com você.— Temos, Lisa. Temos muita coisa a conversar. A começar por aquele menino no restaurante. Lisa, ele é a minha cara — René fala chorando e não se contém. — Ele é meu filho, Lisa? — pergunta com a voz embargada entre soluços.Lisa, ao ver o desespero de René, como se ele tivesse certeza de que Victor é seu filho, responde sob forte emoção, sentindo-se acuada, como se não pudesse