Sua noite tinha sido muito mais lucrativa naquele leilão do que a dois anos atrás, a "Canção do Amor" foi leiloada por 2 bilhões pelo mesmo cara que havia perdido o outro quadro no leilão de dois anos atrás, ele em seu camarote privado riu de canto e ficou muito feliz, ao final do leilão recebeu o valor, saiu escondido como sempre deixando todos os créditos apenas para o quadro que produziu aos poucos em suas noites depressivas, o nome era "Canção do Amor", mas em cada pincelada sentia seu coração sangrar.
Victor estava feliz com o sucesso da peça, seu coração parecia estar finalmente aceitando a perda, não foi diretamente para seu apartamento que ficava na cidade vizinha, cogitou andar com o carro pelas ruas sem destino, até se sentir cansado o bastante para pegar a estrada, assim estando exausto apenas chegaria e dormiria, era essa sua luta de quase todas as noites, e finalmente perto das quatro da manhã sentiu seus olhos arderem um pouco.
— Finalmente posso ir pra casa, acho que desta vez conseguirei dormir. — comentou para si mesmo enquanto trocava a musica suave por uma mais agitada, de um modo geral tinha verdadeira paixão por musica, mas o que fazia seu coração bater eram sempre as notas de um violino, se gostava de alguma sempre tentava recria-la em seu violino.
A rodovia estava escura e muito pouco movimentada logo ele viu o flash de luz vindo muito rápido na sua direção, um caminhão vinha em alta velocidade, ele foi para o acostamento desviando do veículo que parecia desgovernado. Ele olhou pelo retrovisor e viu o mesmo dançando pela pista, ele logo recuperou a atenção na estrada e colocou o farol alto, quando a sua frente viu um corpo caído na beirada da estrada.
Ele pensou que poderia ser algum truque elaborado por bandidos que agiam nas estradas para assaltarem qualquer desavisado, mas viu uma fumaça alta saindo do barranco.
Ele parou o carro do lado do corpo e vendo que se tratava de um acidente de fato ele ligou para emergência, somente depois de fazer a ligação ele saiu do carro e foi ver a gravidade do acidente, tinha dado menos de dois passos em volta de seu veiculo quando começou a ver as luzes do corpo de bombeiros se aproximando juntamente com a policia rodoviária da estrada.
Ele não iria tocar no corpo, não sabia quem era e nem a gravidade dos ferimentos que o mesmo havia sofrido, olhou para baixo na direção do barranco e sentiu um vento gélido tocar seu rosto, o que deu a ele a sensação de um mal pressagio e ainda olhando para baixo sentiu uma mão em desespero grudar em sua perna.
Ele não tinha muitas escolhas a não ser tentar dar o mínimo de apoio a pessoa a sua frente, se abaixou e ficou um pouco mais próximo do corpo, agora vendo com mais clareza de que se tratava de uma jovem.
— Shiii, calma, a ajuda já está vindo — dizia afastando uma mecha dos cabelos vermelhos da frente do olho da jovem.
Os olhos azuis e aquela mecha em específico o fizeram lembrar de seu amor do passado.
— Meus pais... Estão lá... Eles têm que sair de lá... Meu irmão... Ele ...
— Calma, me diga seu nome enquanto ainda está consciente — Perguntava Victor enquanto a moça o puxava mais para perto de si, tentando se sentir segura diante de toda a situação que estava vivendo ali.
— Aika... Aika Okamura... — Murmurou com certa dificuldade
— Está segura agora Aika. — Tentou passar o máximo de confiança em suas palavras, vendo que a ajuda já estava bem próxima a eles e em menos de minutos começariam o resgate.
Victor viu o exato momento em que os corpos começaram a ser retirados de dentro do carro. A garota também olhava na mesma direção quando viu o corpo de seu pequeno irmão sendo retirado logo notou a expressão de um dos bombeiros mexendo a cabeça negativamente, naquele momento ela gritou em desespero o nome do irmão mais novo.
Victor em uma tentativa de privar a moça do momento abraçou a cabeça da mesma escondendo seu rosto em seu peito, a camisa branca do artista tinha agora a tonalidade vermelho, ele não tinha motivos para ajudar, não daquela forma tão íntima, mas naquele momento sentiu algo instintivo referente a toda aquela situação.
Ela deveria ter batido muito forte a cabeça pois sangrava muito, ele sentia o sangue quente molhar seu peito e a apertava ainda mais contra si, nem ele sabia os motivos de estar ali daquela forma com uma completa desconhecida.
— Shin!? Meu irmão!— Gritou em lágrimas de desespero.
Victor não sabia muito o que dizer para a jovem
— Calma, apenas fique calma...— ele nunca foi muito bom com palavras de apoio.
Ele notou os enfermeiros subindo o barranco e logo estariam diante deles, nesse momento ele se movimentou e a claridade causada pelo farol de seu carro bateu diretamente na joia que a moça estava usando.
Ele pensou naquele momento que qualquer um pudesse querer roubar a peça, tirou do pescoço da mesma sem que ela se desse conta e guardou em seu bolso, pretendia devolver quando a mesma estivesse em sã consciência.
Logo estavam dois enfermeiros diante dele e da moça.
— Vocês dois estão feridos? — Perguntava o homem se abaixando para prestar socorro.
— Somente ela — Respondeu apreensivo
A moça olhava para Victor, o mesmo lhe devolvia um olhar de compreensão e até a encarava de forma doce.
Ela foi colocada em uma maca, e os enfermeiros iriam levar ela para o hospital público mas Victor interveio no mesmo momento.
— Os pais dela estão bem? — Perguntava a um dos homens a sua frente.
— Não, infelizmente ela foi a única sobrevivente, não acho que ela esteja em condições de receber a notícia agora...— Falava olhando na direção do carro todo retorcido.
— Podem levar a moça para o Hospital Central, eu me responsabilizo por qualquer custo.— falou serio indo na direção do seu carro para acompanhar a ambulância.
Assim que estavam já com vinte metros de distância o barulho da explosão do carro que tinha capotado chamou atenção do artista
" E o destino deles era partir essa noite, a jovem se salvaria, mas eles não"
Seu pensamento foi indo um pouco além do que costumava.
" E no dia que entrego uma canção de amor, encontro outra, o destino é engraçado"
Assim que chegou no hospital, deu o nome da moça e uma das enfermeiras entregou um RG para Victor, o mesmo reconheceu a foto da jovem e olhando a data viu que aquele era o aniversário da mesma.
" Que destino?"
Ele entregou o documento para a mulher da recepção e em seguida pagou por todas as despesas do momento, ficou esperando em uma sala para saber sobre o estado da jovem, a mesma estava passando por uma cirurgia.
As paredes brancas da sala o deixavam calmo, porém os quadros que estavam ali pareciam ser uma piada infame.
Enquanto estava na sala tinha a visão da recepção e logo começaram a aparecer repórteres com câmeras e gravadores, e não eram poucas pessoas, ele olhou pela janela e viu um helicóptero sobrevoando o local.
" Ahh Droga alguém me reconheceu"
Ele saiu da sala e ficou escondido um pouco afastado de toda aquela confusão quando escutou um dos repórter dizer.
— Precisamos achar quem salvou a herdeira Okamura, se ela estiver na sala de cirurgia tentem uma entrevista com o médico — nesse momento Victor viu que não se tratava dele e sim da moça que tinha acabado de salvar.
Ele retornou a mesma sala anterior e dois médicos olhavam assustados para a bagunça na recepção.
— O que diabos está acontecendo ali? — Perguntava o médico de meia idade olhando para a porta de vidro.
— Com licença, deve ter haver com a jovem que acabaram de salvar, ouvi falarem o sobrenome da mesma. — interrompeu Victor, olhando para os homens a sua frente.
— Droga, a imprensa é rápida nesses casos, sugiro que saia pelos fundos quando for embora e quanto a jovem que o senhor se responsabilizou a cirurgia foi muito bem feita, ela está fora de perigo, mas ainda hoje vai passar o dia na UTI, ela está dormindo agora mas se quiser pode ver a mesma através do vidro. — Falou um homem com a barba por fazer aparentando ter cerca de sessenta anos.
— Eu volto quando ela estiver no quarto, e gostaria que meu nome não fosse envolvido, curiosamente também sou alguém conhecido e não quero nenhuma atenção pra minha imagem. — respondeu de forma apreensiva, estava olhando para a porta com medo de ser visto.
— Vamos manter seu nome em segredo e mandaremos mensagem para o número que deixou na recepção, por hora temos que aguardar essas pessoas saírem do hospital, Arthur, chame a segurança, tem pacientes graves na ala dois, e eles estão fazendo barulho desnecessário.— dava a ordem o homem de meia idade olhando para o parceiro de equipe.
Victor foi guiado por um deles até a saída dos fundos onde o mesmo pode ir direto ao estacionamento e sair do local sem ser visto. Ir para sua casa já era algo quase impossível, estava cansado e com um mal estar terrível, tirou a camisa ensanguentada e pegou uma dentro de uma mala que sempre trazia consigo.
Entrou em um hotel da cidade e ficou hospedado no mesmo.
Depois de tudo o que tinha vivido naquela noite sua mente estava esgotada, a única imagem que veio a sua mente quando fechou os olhos durante o banho foi aqueles olhos azuis, tão azuis quanto os de Hugo e seria muita coincidência do destino ela usar o mesmo penteado que ele?
"Aika... Canção do amor, nesse momento seu nome me trás lembranças e ao mesmo tempo quero saber mais sobre você"
Seus olhos abriram lentamente tentando reconhecer o lugar onde estava, o teto em branco, luminárias compridas e duas grandes janelas a frente de sua cama, olhou para o lado e viu um objeto de ferro ao qual seu braço estava ligado pelo soro que levava as gotas diretamente a sua corrente sanguínea, aos poucos as imagens do dia de seu aniversário começavam a invadir sua mente.— Aika — san! - Seu irmão mais novo apareceu gritando logo cedo no quarto, já empurrando a porta e se jogando na cama aonde a garota de cabelo cor de fogo dormia. — Acorda! Já é seu aniversário! Quero bolo, anda logo! — Pulava o pequeno de 7 anos em cima da irmã até que a mesma esboçasse alguma reação consciente.— J&aacu
Aika via o homem sair do quarto, ela guardou seu nome em sua memória, sentiu que não voltaria a ver o mesmo.Depois de uma hora a Governanta da casa veio lhe ver, as duas lamentaram o ocorrido, as conversas simples das duas se resumiram a dor que sentiam no momento.A mulher ficou ali como sua acompanhante, e havia muito o que ser tratado, toda a fortuna da família agora era de Aika, e a mesma ainda não tinha a mínima noção de como comandaria o império que seu pai havia criado.Hiroshi Okamura apareceu no hospital na manhã do dia seguinte, o mesmo estava sério e com roupas pretas, ela sabia que o enterro havia acabado de acontecer.— Pequena, sinto muito n&ati
Aika chegou muito feliz em casa agarrada ao braço da amiga comemorando o fato de ir jantar com alguém como Victor Valem, um homem extremamente educado, cerca de 28 anos, muito bonito e elegante e pra ajudar ainda tinha uma carreira invejável.— Amiga, ele é muito lindo, o que devo vestir? — Aika estava ao pé da escada Olhando de maneira nervosa para Ana ao fazer a pergunta, ela nem notou que seu tio Hiroshi estava atento a tudo ali na sala de estar.— Olha alguém tem um encontro? — Hiroshi vinha sorrindo na direção da sobrinha e lhe dando um beijo no topo de sua cabeça — Juízo mocinha, eu vou sair e volto perto das onze e Ana — Chamou a loira — vai ficar bem sozinha aqui hoje?
Aika, foi para seu quarto, a mansão estava vazia, e ela não iria atrás da amiga que estava flertando a meses com Ryan, e que agora finalmente o mesmo parecia ter entendido as intenções da garota.Ela tomou um longo banho, privou seus cabelos de serem molhados com uma touca e saindo do banho pegou um pijama de seda composto por uma blusinha de alças finas e um short muito curto, livrou seus cabelos da touca e se jogou na cama completamente apaixonada, ela não sabia se tinha sido o quadro, a música ou o beijo, tudo levava a um único rosto.Logo ela viu seu celular vibrar no móvel ao lado da cama, pegou o aparelho e viu uma mensagem de Victor— Espero que tenha sonhos doces nesta noite.
Aika no dia seguinte ao encontro com o artista plástico parecia estar no mundo das nuvens, ele ficou inativo no celular o dia todo dando a ela a sensação de insegurança, mas a noite ele mandou uma mensagem e explicou que quando entrava em seu ateliê desligava o aparelho para poder se concentrar melhor, marcaram um outro encontro, mas desta vez foi um almoço, para o dia seguinte.A moça passou ainda o resto da noite sonhando acordada e com um sorriso no rosto.Hiroshi nunca tinha visto a sobrinha apaixonada achou até engraçado a situação, mas não achou nada engraçado ver ela se perder no meio dos documentos na parte da manhã do outro dia na empresa.— Entendo que esteja sentindo coisas
Victor assim que terminou de preparar o jantar por assim dizer levou para Hugo, o mesmo já tinha tomado banho e estava deitado cochilando.Victor olhou a cena por um tempo antes de anunciar que estava ali de fato, sua mente estava confusa e ao mesmo tempo em êxtase por toda aquela sequencia de fatos.Se aproximou da cama colocou o prato no móvel ao lado da cama, pegou uma bandeja de alimentação para que ele comesse enquanto estivesse na cama.— Hei, acorda, coma algo antes de dormir. — Victor estava com o tom de voz calmo enquanto acordava o dançarino.O mesmo acordou assustado e meio que se defendendo, Victor segurou seus braços e o olhou nos olhos.
Nicolas assim que percebeu a grande besteira que tinha feito colocou as duas mãos na cabeça e em um ato de desespero saiu correndo atrás de Hugo, mas assim que chegou na portaria do hotel o moreno já tinha entrado em um táxi.—" Droga se ele me denunciar não tem nem as fotos pra chantagear esse garoto."— Chamava Hugo de garoto devido ao fato do mesmo ser 3 anos mais novo do que ele.Nicolas entrou de volta para o hotel e ligou para um amigo.— Richard, fica de olho nas notícias, eu vou me esconder na casa do meu pai, acho que fiz besteira. — Estava desesperado na ligação.— Bateu no garoto de novo? — Perguntava já f
No dia seguinte Victor acordou um caco humano novamente, se levantou e foi preparar seu café, parecia mais um zumbi do que um ser humano, estava cansado demais e não conseguia raciocinar direito, tinha ficado até as quatro da manhã dando apenas pequenos detalhes no quadro sem saber o que ele seria ainda.Enquanto bebia seu café o download da vida ia subindo a barra e ele se lembrava dos acontecimentos do dia anterior, e Antes de ver como seu hóspede estava mandou pelo menos um bom dia para Aika.— Bom dia, hoje vou ficar no ateliê, então não fique ansiosa, podemos marcar outro jantar para o final de semana?— Bom dia Victor, ann... Podemos sim, mas vai ficar trancado em casa por todos esses dias? — A voz da