Mas, no momento, não importavam mais as noites solitárias, as dúvidas que assolavam sua mente, a preocupação por ter e apaixonado, nem a saudade que sentia.Porque sim, sentia saudades dos amigos, do lugar que passara a adotar como o seu, e, naturalmente, sentia saudades de André.Entretanto, estava nos braços dele agora, em uma noite mágica, num local cheio de amor e alegria, em uma noite mágica.O céu estava lindo, sem nuvens e cheio de estrelas que salpicavam de luz a escuridão acima deles, visível graças ao pátio apenas parcialmente coberto. A luminosidade da pista de dança, e a música agradável completavam o cenário de sonho.E o homem belo, de terno elegante, que a fazia rodopiar ao som da melodia era a melhor coisa de tudo! E ela percebeu que dançar juntos era uma novidade para os dois:─ Acho que a gente nunca tinha dançado...Ele sorriu:─ É verdade!─ E estou surpresa que você mande tão bem na pista, preciso admitir. Você é grandão, e não pensei que fosse um dançarino.O sorr
Mas ele não tentou beijar Lorena. Não achava que era a abordagem certa, não para o momento. Se estivessem sozinhos, se fosse uma outra situação, se o histórico de seu relacionamento houvesse sido diferente.Se, se, se... Tantos se!Foi por causa deles que apenas inspirou profundamente, para que a voz soasse firme ao se dirigir à sua parceira de dança: ─ Eu senti sua falta.Pronto, ele havia falado. Não estava com medo, não, claro que não, era um policial, porra, um homem acostumado com ação, confusão, tiro... Não ia se acovardar diante de uma garota que batia praticamente no seu peito!Mas um leve frio na barriga tomou conta dele, um instante antes de abrir a boca, e continuou depois, enquanto aguardava um comentário de Lorena, uma resposta, que ele desejava ardentemente que não fosse ruim, ou que ela não tivesse uma reação negativa.─ E eu senti sua falta também.Ah, essa era a Lorena, a mina gentil que só respondia mal se fosse muito afrontada mesmo. Ela jamais seria indelicada se
Marina rodopiou nos braços do marido, vendo todo o mundo girar à sua volta, de forma vertiginosa, em uma alegre combinação de luzes e cores, tão linda que chegava a dar uma dor em seus olhos. E o sorriso no seu rosto não conseguia desgrudar, e parecia que iria ficar instalado ali para sempre!Ah, ela estava tão feliz, e a festa para comemorar sua felicidade estava sendo tão maravilhosa!Os pratos servido haviam sido elaborados com capricho, as bebidas foram escolhidas por seu sabor e qualidade, a decoração tinha sido bem ao gosto dos noivos, e até a lista de músicas tocadas pelo DJ refletia a personalidade dos anfitriões da festa, que queriam deixar seus convidados tão satisfeitos quanto eles mesmos, os noivos, se sentiam.Seu marido Marcelo era a peça principal e a maior razão de sua alegria, mas cada convidado ali presente era valioso e especial, compartilhando o dia mais feliz da vida de Marina e Marcelo.Voltou a encarar, com toda a atenção, para Marcelo, ao ouvi-lo dizer:─ A mul
Marcelo se surpreendeu:─ Ela gosta, é? Ela te contou?─ Sim, ela gosta do André e sim ela me contou. Eu acabei de fala para você que as garotas conversam com as amigas, e Lorena é praticamente minha irmã. Como ela deixaria de me contar o que está sentindo?Marcelo pensou um pouco, e depois perguntou:─ E ela já gostava do André antes de ir embora?Marina balançou a cabeça positivamente:─ Sim, com certeza. Mas ela não poderia desperdiçar uma oportunidade trabalho como a que recebeu! E André nunca falou de amor ou de futuro para ela.Marcelo se recordou do dia em que ele mesmo falou com o amigo sobre a possibilidade de Marina deixá-lo, e ficou aliviado por ter aberto o jogo com ela, e eles terem conseguido se acertar sem sofrimento ou separação. Será que André gostava de Lorena e mesmo assim a deixou partir? Será que ele foi o idiota que esteve acusando Marcelo de ser?─ Ah, certo... Ela não poderia mesmo desperdiçar a oportunidade de trabalhar na novela.Além da chance de aparecer na
Estavam a aproximadamente dois metros de distância um do outro. O casal se olhava nos olhos, intensamente. E caminhando lentamente foram se aproximando, pé ante pé.Ela vinha dizendo, em voz alta e emocionada, enquanto seguia em direção ao amado:— Eu te amei sempre, mesmo antes de te conhecer.Ele respondia sorrindo, em voz igualmente clara:— Eu te amarei sempre, mesmo quando não mais existir.Pararam frente a frente, e suas mãos se ergueram até se tocarem.Seus lábios aproximaram-se bem devagar, selando com um apaixonado beijo as juras de amor verdadeiro.Houve um grande estrondo quando as palmas da plateia se ergueram no teatro. Mais uma vez, pela segunda semana consecutiva, o público aplaudia de pé ao espetáculo.O casal de protagonistas curvou-se respeitosamente diante do público, em agradecimento. O restante do elenco e o diretor, todos aguardando sua deixa para entrar, juntaram-se a eles no palco e, de mãos dadas, agradeceram a ovação.Depois que as cortinas se fecharam, Loren
Simone bateu a porta do carro se sentindo aborrecida. Estava investigando uma queixa sobre sumiço de gatos! Só a designaram para um caso tão bobo porque era mulher, e pior, recém-formada da academia de polícia. Ela ansiava por uma oportunidade de trabalhar em equipe numa grande operação, do tipo que se vê em filmes. Ao invés disso tinha que submeter-se — e agradecia a seu super-protetor primo Marcelo por isso — a verificar queixas de velhinhas solitárias que viviam rodeadas de felinos.Francamente!Quem pode sentir falta de um gato quando existem tantos desses por aí, deixando sua sujeira fedorenta em todos os canteiros de plantas da cidade?Simone não conseguia compreender!Mas a culpa de estar naquela missão sem graça e sem sentido era de Marcelo, quanto a isso não havia dúvidas.Tudo bem que Marcelo trabalhava na delegacia há muito mais tempo que ela, e tinha conquistado uma posição privilegiada por lá, mas ele precisava mesmo juntar-se ao delegado para decidir sempre o que Simone
Simone atravessou a rua e tocou a campainha do senhor Dimitri. Quando olhou para o outro lado, em direção da casa de dona Adelaide, notou que ela já havia entrado. Aparentemente falar dos vizinhos pelas costas era mais fácil do que encará-los de frente. Ao irar o pescoço outra vez ela tomou um susto ao se ver diante de um homem na soleira da porta, a observá-la. Era dono de uma beleza fria, e também era surpreendentemente grande. Olhava para ela do alto dos degraus, o que lhe conferia ainda mais um ar de superioridade arrogante. — Pois não?— Bom dia. Sou a policial Simone. Presumo que seja o senhor Dimitri.Ele assentiu, os olhos negros intrigantes olhando-a firme, sem piscar.— Não quero incomodá-lo, senhor, mas é sobre os gatos...— Gatos? — Ele ergueu uma das sobrancelhas. ─ Eu não tenho gatos.— Certo. Recebemos uma queixa de que os gatos das redondezas estão desaparecendo.— Fala desses gatos de rua que a dona Adelaide insiste em alimentar?— Sim. Sua vizinha acredita que e
Simone abriu os olhos, sentindo a boca amarga e a garganta seca. Levantou-se de sua cama sentindo muitas dores no corpo. Pensou que talvez estivesse ficando doente, a cabeça latejando como se fosse explodir. Parecia estar despertando de uma terrível ressaca. Embora não tivesse bebido, porque não bebia quase nunca. Foi até o banheiro, esperando que uma ducha quente lhe aliviasse o mal-estar. Tentou lembrar-se como havia chegado até em casa, mas não conseguia recordar-se de nada.Pôs a mão na cabeça, confusa.Entrou no chuveiro e sentiu todo o corpo arder ao contato da água. Até em partes onde não deveria. Olhou mais minuciosamente para si mesma. As coxas tinham marcas arroxeadas, e os braços também. Marcas de dedos. O pescoço ardia intensamente, e mesmo sem se observar no espelho, sabia que estava arranhada. O roçar insistente de um rosto masculino, com a barba por fazer, produziria esse efeito. Descobriu um pequeno corte bem rente ao mamilo esquerdo. Sabia o que poderia ter causado aq