CAPITULO 7

Cambaleio tentando manter o equilíbrio, meu peito doendo em reposta ao chute.

- Está ficando enferrujada? – sua cabeça pende levemente para o lado, os olhos verdes afiados piscando em uma tentativa inútil de parecerem inocentes. – Esses meses como a cachorrinha dos Mancini te deixou mal acostumada.

- Você sempre falou demais. – recupero meu equilíbrio, o ar queimando a medida que entra nos pulmões. – O que você quer?

- Estava muito entediada em casa, vim brincar. – as mãos ágeis retiram as adagas das costas e as rodam nos dedos finos, as laminas afiadas brilhando, o ar assovia com os cortes e as investidas contra mim, meus movimentos são rápidos mais um pouco lentos, minhas narinas ardem quando uma das laminas passam rente ao meu nariz.

- Veneno. – observo. Tento manter o máximo de distância possível das facas.

- Você é o serviço da vez, priminha. – um sorriso afiado cresce nos lábios vermelhos. O fato de ser seu alvo faz com que Dominique se dedique mais para me matar, ela usa todo seu peso contra mim. Mesmo na defensiva, meus movimentos começavam a ficar lentos, meus olhos percorrem a sala a procura de algo que poderia usar como arma, aproveito a ânsia e a empolgação da mulher a minha frente e lhe dou um soco no rosto, os olhos me fuzilam furiosos, um rosnado baixo sai entre os lábios cerados. O ódio transborda do pequeno corpo fazendo seus ataques ficarem descoordenados, me

desvio e ataco sempre que possível, minha intenção era chegar na cozinha onde poderia usar algo como arma. – Você vai morrer Camille. – ela ameaça. Meus olhos param no molho de chaves em cima da mesinha perto da porta, os aros de metal que prendiam as chaves serviriam como arma, pego a pequena luminária ao lado do sofá e jogo na sua direção, a mulher se agacha e encara perplexa os cacos no chão. – Achou mesmo que ia me acertar com isso? – ela me encara surpresa.

- Eu só precisava te distrair. – fecho o punho nas chaves e sinto o metal frio dos aros nos meus dedos, com força acerto seu rosto, vejo o liquido vermelho escorrer pelos lábios, ela cospe no chão claro. – Isso vai ser um saco pra sair. – reclamo da mancha na cerâmica.

 - Belo golpe. – Dominique me dá um sorriso vermelho. – Agora você entrou na brincadeira.

- Pode vir. – movimento os ombros e braços para aquece-los, meu coração batia violento contra o peito, o sangue corria a mil em minhas veias, minha mente gravando e prevendo cada movimento.

Cada golpe trocado entre nos duas fazia parte da terrível e difícil dança que definiria quem permaneceria viva, Dominique era ágil e rápida, com a falta de pratica, meus movimentos ficaram lentos, mas ainda conseguia ser mais rápida que ela. Deixo que ela chegue perto o suficiente, dou um pulo e acerto seu rosto com meu pé, ela cai quebrando a mesa de centro, por alguns segundos a mulher permanece caída, os olhos fechados, o peito subindo e descendo com a respiração, o rosto sujo com o próprio sangue. Me permito relaxar, abro minha mão sentindo os dedos cortados pelo metal arderem, meu peito ardia com o ar que entrava, minha mandíbula protestava à medida que os músculos sediam a dor.

- Descansa ai. – falo quando ouço os gemidos de dor da minha prima. Caminho em direção a cozinha, meu olho esquerdo ardia e estava inchado de mais para que eu conseguisse ver alguma coisa, abro o frízer, a pele quente é recebida pelo ar gelado. Meu corpo

arde e queima quando a faca corta a pele, o pouco ar que entreva fica preso no peito, minha mão corre em direção ao ferimento, encaro os dedos que pingavam vermelhos.

- Nunca baixe a guarda. – uma figura deformada que antes era Dominique me encara, os olhos gelados, o rosto inchado sem expressão. – Sua dor vai acabar logo. – ela promete. Sinto minhas pernas cederem ao peso do corpo, o som oco do impacto com o chão ecoa, minha visão ficando difusa. – Me desculpa. – ela se agacha na minha frente, os olhos verdes brilhando, seriam lagrimas? Dominique se levanta e caminha em direção ao fogão, acende e pega um pano, vejo o fogo tomar conta do tecido assim que ela o j**a na sala. – Não posso deixar rastros, mas você vai estar morta antes que o fogo tome conta de tudo. – sua voz era baixa e triste. – Adeus Cami. – deixo meu corpo relaxar no chão frio, depois de tantos anos, aquele seria meu fim, nada mais justo do que morrer da mesma forma que havia matado tantas pessoas, a imagem de Marco preenche minha mente.

- Me perdoe. – sussurro com o resto de energia que ainda tinha.

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