Matheus
Eu sei que mirantes são altos. Mas, não sabia que eram tão altos.
Rian e Davi trocavam sinais rápidos antes de fotografarem, acho que estavam conversando sobre ângulo, luz e... Essas coisas de fotografia. Os dois riam enquanto tiravam fotos e passavam instruções de pose. Paula não pôde vir, parecia que ela tinha um ensaio importante, então éramos só nós e a Sabrina.
Davi não estava muito animado hoje, mas foi ficando conforme ia tirando fotos. Rian explicou que ele estava triste por causa da progressão da surdez. Sabrina parecia preocupada com o namorado e eu conseguia entender porque, mesmo sorridente, Davi parecia abatido.
“Mais pra trás.” – Rian pediu.
Arregalei os olhos, enquanto dava dois passos hesitantes para trás, tentando manter distância do guarda-corpo.
&ldqu
RianEu não sei bem como aquilo aconteceu.Sei lá. Foi meio que automático.Puxaram o cabelo do meu namorado e minha reação imediata foi um soco.A minha segunda reação foi correr.E a última foi ter que descer do ônibus porque estava quase vomitando porque meu cérebro ficava me instigando com paranoias de que aquele garoto estava vindo atrás de mim para me fazer de saco de pancadas e isso me deixou enjoado. Eu não cheguei a vomitar, mas tremi muito.Além disso, minha mão estava doendo.Suspirei tirando os sapatos quando entrei na casa do Matheus e me encostando contra a mesa da cozinha, deixei minha mochila no chão.“Você tá bem mesmo?”“Sim.” – forcei um sorriso. – “Foi só um mal-estar.”“Mesmo?”Co
Matheus Apesar de já estar tarde, decidi lavar o cabelo porque fazia... Bom... Sei lá quanto tempo que eu não lavava.Respirei fundo aproveitando a água quente e tentando imaginar a cara dos meus sogros quando soubessem que eu tinha socado o meu namorado. Meu Deus, eu tava tão morto. E apesar de isso provavelmente ter desencadeado minha morte, foi legal ter o Rian me ensinando. Sei lá. Sorri lembrando dele dando um soco no André. Aquilo foi realmente incrível.Fechei os olhos sentindo meus ombros doerem novamente. Será que se eu pedisse com jeitinho meu namorado aceitava me fazer uma massagem? Não pude evitar rir, ciente que poderíamos ir bem além de massagens sem qualquer preocupação. Respirei fundo tirando o shampoo do cabelo e massageando as mechas para ficarem bem macias.Estava cansado do dia e com dor nas costas, mas nad
RianO primeiro dia de aula foi assustador. Não tinha um motivo exato para ser assustador, mas foi. Não teve um instante em que eu não tivesse querido voltar para casa.Mas, a pior parte foi ficar no fogo cruzado entre Fernando e Marcelo. Existem poucas coisas piores do que ficar entre a briga do seu ex-namorado com o atual dele.Tinha tomado o remédio para a ansiedade hoje porque meu pai me convenceu a pelo menos esperar passar os dias do corpo se acostumando a química antes de decidir que o remédio não me fazia bem. E aquele remédio realmente me deixava avoado.Escondi o rosto nas mãos enquanto a luz que anunciava o intervalo acendia e apagava, irritando minha vista. Senti um toque no braço e me afastei imediatamente, reconhecendo.Respirei fundo antes de erguer os olhos.“Tá tudo bem?” – Marcelo perguntou me olhando de
MatheusApós três dias de suspensão, fiquei mais dois dias em casa, com medo de ir para escola. Pedro veio ficar comigo, disse que não estava no clima de volta às aulas ainda.– Faltar à primeira semana de aulas nunca matou ninguém. – ele disse, mexendo no celular, jogado na minha cama.Revirei os olhos me sentando no chão e pegando meu celular para ver as horas.Sete da noite.– Então... – Pedro ergueu os olhos do aparelho e se sentou na beira da cama. – Eu soube que a Cássia não levou suspensão por cortar seu cabelo.– É, Samantha me contou. – murmurei, desconfiado por ele estar puxando esse assunto do nada. – Eu não devia ter pulado nela.– É, bater em mulheres é bem errado, mas acho que no contexto de humilhações diárias e
RianAs coisas ficaram um pouco estranhas ainda por uns dias depois da ida a ONG. Mas, não havia muito que eu ou o Matheus pudéssemos fazer sobre isso, acho que mesmo que tenhamos conversado sobre, por um tempo eu só precisei ficar irritado e chateado e ele entendia isso. Eu gostava que ele fosse tão compreensivo.É que, sei lá... Ciúmes pegam em inseguranças que eu nem sequer lembrava que tinha.Mas, passou... Depois que ele foi lá em casa e a gente transou no sofá da sala enquanto Lexi tava fora num encontro. O que posso dizer? Uma boa transa depois de uma conversa legal e uns dias afastados, resolve muita coisa. Pode até não resolver todos os problemas de um casal, mas, definitivamente resolveu esse.Matheus riu baixinho enquanto eu deixava mais alguns beijos no pescoço.“Cacau?” – adivinhei, apontando para os ar
MatheusDavi: Oi, eu sou Davi sejam bem-vindos a mais um vídeo! Se você ainda não é inscrito, se inscreve aqui embaixo e recomenda para todo mundo que você conhece! Não esquece de deixar o gostei também porque isso ajuda demais. Estamos na nossa maratona de setembro, com um vídeo por dia em homenagem ao Setembro Azul e hoje, eu vim aqui com dois convidados. O Rian que já apareceu nos nossos vídeos antes...Rian: Oi!Davi: E esse é o namorado dele, o Matheus.Matheus (constrangido): Oi...Davi: Hoje nós viemos falar de um assunto que eu recebo muitos comentários perguntando sobre que é como é o namoro entre uma pessoa surda e uma pessoa ouvinte. Dá certo? Como funciona? Eu trouxe o Rian e o Matheus aqui para falar disso. O Rian é surdo e o Matheus é ouvinte e eles namoram já tem...Rian:
MatheusMinhas mãos estavam suando enquanto entrava no shopping. Pedro, meu melhor amigo tinha me convidado para sair com ele e seus amigos da nova escola. Nova entre aspas, ele estava estudando lá já tinha um ano vinha e vinha me convidando tinha meses para sair com eles. E há meses eu arranjava desculpas. Infelizmente, dessa vez não consegui nenhuma convincente e fui obrigado a ir. Eu não costumava lidar muito bem com gente e me sentia nervoso enquanto subia até a praça de alimentação.Conheço Pedro desde os doze anos. Estudávamos na mesma escola até ele partir para um colégio de ensino técnico e me largar pra trás. Ele era um pouco rude, mas era um bom amigo, divertido e se preocupava comigo. Mesmo agora, com mil amigos novos de um colégio bem mais interessante do que a nossa escola entediante, ele vinha tentando me incluir
RianMeu pai nasceu surdo porque minha avó teve rubéola durante a gravidez.Minha mãe nasceu surda por causas genéticasEu nasci surdo também por genética, mas só descobriram quando eu tinha três anos.É difícil descobrir que um bebê é surdo. De acordo minha tia, ela tirou a prova da seguinte forma: estávamos eu e Alexia vendo algum desenho na televisão e ela colocou a tv no mudo de repente. Enquanto Alexia se assustou e olhou pra ela tentando tirar o controle de sua mão, eu continuei sentado sem perceber diferença nenhuma e ela percebeu que eu só estava vendo as imagens. Aí me levaram ao médico para fazer os exames que confirmaram. Eu tenho surdez bilateral profunda, o que, na prática, significa que eu só escuto sons realmente altos como disparos de revólver e turbinas de avi&ati