10 FEV 2024, ITÁLIA - CAPRI— Ainda não podes fazer movimentos bruscos? — Reclama Wagner saindo de tatami para não continuar a lutar comigo. — Ava, vais magoar-te… ainda estás em processo de recuperação dos movimentos do braço.— Vai mandar em outro, vai! —Reclamo andando até a máquina de musculação. — Alguém quer treinar? — Questiono depois de duas horas de musculação, mesmo que sinta uma queimação no braço.— Eu. — A voz masculina entrando pela academia, deixa-me curiosa por notar a forma que os soldados presentes ficam ao escutar a mesma.— Matteo. — Sussurro encontrando o dono da voz poderosa parado em minha frente. — Estamos à espera de quê? — Questiono dando um sorriso ainda maior ao notar o olhar de assombração de Fradique que está parado encostado na porta.— Tens certeza de que queres fazer isto? — Questiona em tom provocativo ao tirar os sapatos rapidamente. — Não me responsabilizo se acabares ainda mais ferida do que chegaste aqui.— O que estou a ver até aqui é muita conve
14 FEV 2024, ITÁLIA – CAPRI, 21:30 HORAS— Estou bonita? — Questiono encarando Natália, Chaia e a mãe do homem que me vou encontrar daqui a poucos minutos.— Linda, meu filho nem vai saber o que dizer. — Comenta sorrindo, observo meu corpo por mais alguns minutos ao espelho, meu vestido branco com brilhantes dá um toque especial ao meu cabelo preto solto e aos meus olhos, assim como as minhas costas nuas e os braços com pequenas alcinhas brilhantes.— Preciso de ir, ou ele vai ficar me esperando. — Digo deixando um beijo nas três para descer apressadamente as escadas.— O que aconteceu? — Pergunta Wagner indicando o vestido e a maquilhagem em meu rosto. — Parece que foste completamente modificada. — Brinca ao sentar novamente.— Raposinha, até que arrumadinha ficas linda. — Instiga Matteo ao lado de Rayra, ambos finalmente assumiram que estão se conhecendo melhor.— Preciso ir. — Falo saindo apressadamente. — Obrigado, Luigi. — Agradeço ao encontrar o carro com a porta aberta.Saio ac
14 FEV 2024, ITÁLIA- CAPRI – 23:00 HORAS— Como isto foi acontecer? — Grito furioso arrancado o blazer que coloquei para satisfazer em todo a minha mulher. — Onde Ava está? — Pergunto segurando na lapela do casaco de Fradique que me encara com assombro.— Enzo, por favor. — Pede colocando suas mãos em cima das minhas na tentativa de acalmar-me, o que meu primo não consegue é que a única que tem esse poder é Ava e ela está desaparecida.— Quero respostas! — Grito espalhando tudo o que tenho em cima da mesa no chão, completamente fora de mim.— O que se está a passar? — Questiona minha mãe entrando no escritório possivelmente pelos gritos que devem estar entoando pela mansão, nem consegui me preocupar com as crianças em casa.— Não agora, mãe! — Falo rudemente voltando-me para a janela para que não veja minha fragilidade.— Nem pelos deuses que vou sair daqui sem saber o motivo do meu filho estar voltado para a janela, chorando. — Reclama caminhando em minha direção, escuto pelo som de
16 FEV 2024, ITÁLIA-NÁPOLES— Porque vocês ainda a colocam presa? — Questiona uma voz não muito longe de onde estou presa, desde a noite do dia 14 de Fevereiro.— Porque matou Petrov com a merda de um sapato…. A merda de um sapato. — Grita Kravtsov para alguém completamente fora de controle.— Queres parar de gritar? — Pergunta a mesma voz, mas agora mesmo no meio da nebulosidade em que estou envolvida reconheço a voz perfeitamente.— Sergey Ottis. — Apresento assim que a porta de aço é aberta dando uma visão clara do homem vestido com um terno importando e sapatos lustrados, ainda lembro do dia em que uma das funcionárias de sua mansão em Kosovo teve a garganta cortada por simplesmente queimar uma das suas camisas.— Que bom voltar a ver-te minha querida sobrinha. — Fala observando as paredes da pequena sala em que os malditos me colocaram sob suas ordens.— Sarcasmo, não combina contigo. — Digo cuspindo na direção de seus pés.— Achas mesmo que ela vai fazer o que pretendes? — Quest
— Como ainda não encontramos nada sobre o lugar onde Ava está? — Questiono depois de várias voltas pela ilha e sem encontrar nada, assim como os meus associados por todo o mundo que procuraram em seus países.— Lorenzo, precisas dormir. — Reclama Fradique sem esconder a minha preocupação. — Assim não vais conseguir ajudar ninguém.— O que quero é saber onde minha menina está. — Argumento saindo da sala de estar que se tornou uma sala de operação.— Filho? — Minha mãe pergunta quando sento ao lado dela no jardim de inverno, encontro Chaia junto de Camilla cuidando das flores, mas o meu menino está nos braços de dona Martina implorando para vir para o meu com os seus bracinhos esticados. — Ele gosta de ti.— Também o amo, mãe. Assim como aprendi a conversar com Chaia, ela é tanto minha como de Ava. — Falo sentindo meu coração acalmar com o simples toque do menino em meu peito ao se aconchegar em meus braços.— Como estás? — Questiona tocando em meu rosto preocupada.— Estou bem, mãe. —
A viagem de horas parece ser dias que passam ao estar confinado no pequeno avião, os meus homens precisaram ser distribuídos entre o meu avião e de Ava que por sorte Marek e Wagner saem pilotar.— Precisas ter cuidado e não entrar como um lunático. — Adverte Fradique apertando o cinto assim que o piloto avisa sobre a aterragem em poucos minutos.— Não posso prometer o que não tenho plano de cumprir. — Digo atento à imagem refletida no tablet, Rayra foi além do meu pedido e invadiu o registo de arquitetura de Nápoles arranjando o mapa interno da antiga fábrica de tecidos que atualmente não passa de um armazém abandonado.— Nesse caso, lembra da promessa que fizeste à tua mulher. — Argumenta sem esconder a sua frustração.— O que? — Questiono sem paciência além de desejar que este avião aterre o mais rápido possível.— Prometes-te que ias cuidar das crianças e do pessoal dela se algo acontecesse com ela. — Fala apertando o meu braço em jeito de lembrar-me que sempre estará ao meu lado.
— Senhor? — Chama o médico, de sobrenome sendo Martini, o homem chega até mim, Fradique e Fillipo, assim como Rayra e Matteo, ambos abraços e afastados conversando em silêncio.— Pode falar. — Digo mais controlado, após ter ficado 5 horas sem nenhuma informação e sem ter saído do hospital ou deste corredor, nem um passo consegui só em pensar afastar-me de Ava.— Ambos estão a salvo. — Comunica dando um sorriso discreto. — A sua esposa vai precisar de ajuda e muita fisioterapia, além de cuidado redobrado pelo início da gravidez.— O bebé ele está bem? — Questiono apreensivo, sinto meu coração bater apressadamente só de imaginar que os ferimentos de Ava podem ter machucado o bebé.— Bem, nenhuma laceração do corpo da mãe afeta o feto, exceto sua esposa ter sofrido duas paragens cardiorrespiratórias, contudo ainda é cedo para saber mais detalhes. Peço que assim que sua esposa acordar conversem com calma e entrem em contato com uma obstetra, imediatamente.— Certo. — Falo tentando lembrar
19 FEV 2024, ITÁLIA— Estou bem. — Reclamo pela milésima vez e ainda nem saí do hospital, imaginem como será quando voltar para casa. — Lobinho? — Chamo o homem que pouco me olhou desde que entrou hoje no quarto.— Hum? — Resmunga colocando a roupa que usei dentro da mochila que trouxe consigo.— Está tudo bem? — Questiono ficando preocupado por sua mudança repentina.— Sim, preparada? — Retribui com outra pergunta, deixando-me ainda mais inquieta e pensando em coisas que não posso me deixar levar ainda mais agora com a preocupação com a gravidez.— E se ele não quer o bebé? — Questiono-me ao ser ajudada ainda em silêncio por ele para deixarmos o quarto em direção ao elevador.— É bom ver-te de novo. — Comenta Fradique dando-me um abraço cuidadoso assim que o encontramos junto do carro preto.— É bom voltar a respirar ar puro. — Digo esforçando-me para não demonstrar dor ao fazer o simples movimento de sentar no banco traseiro. — Enzo?— Está tudo bem, Ava. — Fala sentando ao meu lado