CHRISTIAN ESTAVA CORRENDO com as mãos amarradas para trás por entre os contêineres do cais, quando uma voz saiu das sombras e alegrou o coração de Christian.
Uma voz que ele conhecia muito bem...
–– Venha por aqui, amor...
Os dois se beijaram rapidamente – Anne o desamarrou – e deram um abraço rápido e continuaram correndo por aquele labirinto de contêineres. O dia já estava quase amanhecendo e seu navio não estava muito longe.
Estavam perto quando viram o navio. Assustaram-se com o som de um tiro que passou muito perto de suas cabeças e uma risada fantasmagórica ecoava em seus ouvidos.
–– Hans... Hans... Hans... – gritava a voz fantasmagórica – como ousa fugir novamente de mim assim... sem me dar um beijo e um abraço? Já te falei, meu irmãozinho, sua vida é minha, está
O BARCO SAIU ÀS OITO HORAS da manhã em ponto.Christian estava abraçado à Anne e ouviu algumas conversas esparsas, o assunto não era outro senão:"O atentado à vida do Führer"Um projeto que chamaram de “Operação Valquíria”.–– O projeto era perfeito – murmurou Christian para Anne sem que ela entendesse nada.Christian explicou tudo sobre o projeto para Anne – que continuava ouvindo a conversa dos marinheiros.Tiveram onze feridos e quatro mortos. Hitler tivera apenas alguns leves ferimentos, e assim que fora socorrido gritava para todos:Eu sou imortal... Eu sou imortal...Christian sentiu o fracasso como um nó mal feito em sua garganta.Seu plano era perfeito e Stauffenberg estragara tudo... – como sempre.Quando estavam em alto-mar, foram
CHRISTIAN CHEGOU AO NEW YORK TIMES para falar com seu editor-chefe – David Sherman –, afinal, estivera dezesseis anos fora, e agora estava de volta para assumir a sua mesa, e enfim, ganhar seus três prêmios Pulitzer de direito.Quando ele se identificou como Christian Fairbanks, a secretária caiu na risada e chamou David Sherman apenas por desencargo de consciência, porque a piada tinha sido boa, afinal, todos os repórteres do mundo queriam ser Christian Fairbanks.David Sherman queria saber que alvoroço era aquele em seu escritório, cumprimentara aquele homem completamente estranho, assim como Christian riu quando percebeu o equívoco.–– Quero falar com o Sr. Sherman, por favor, gostei da brincadeira, mas quero falar com o S.E.N.H.O.R. S.H.E.R.M.A.N. – soletrou o nome de seu chefe...–– Brincadeira? – Explodiu Sherman – Você acha que
UM ANO E TRÊS MESES se passaram depois daquele episódio fatídico na sala de David Sherman. O filho deles nasceu e recebeu o nome de Alan Fairbanks – era o bebê mais lindo do mundo, segundo os pais e a avó –, e eles, os pais mais realizados da história, tinham reconhecimento, dinheiro, prêmios e uma linda família.A amizade dele com o pastor Smith voltara com força total. John gostou de saber que a fé de Christian não diminuíra em nada, mas ficou com a mente pesada ao saber de tudo o que passou na Alemanha, mas Deus estava com ele em todo e em qualquer momento, disso ele não duvidou um segundo sequer, afinal, ele estivera orando pelo amigo todos os dias nesses dezesseis anos.CHRISTIAN DECIDIU SE APOSENTAR dois meses depois do filho nascer, com apenas quarenta anos de idade para se dedicar integralmente ao filho.David Sherman achou aquilo um absurdo sem medidas, t
ASSIM QUE CHRISTIAN estava colocando sua mala no porta-malas do taxi, o carteiro trouxe uma carta um tanto quanto inesperada.Christian voltou para dentro de casa.–– Tenho uma surpresa para você.–– Deixa eu ver.Christian entregou a ela.A carta era dos pais de Anne, contando que estava tudo bem, que eles tinham ganho um bom dinheiro contando sua história e que tinham comprado um sítio no interior do Rio Grande do Sul no Brasil.Os olhos de Anne se encheram de lágrimas a cada palavra que ela dizia em voz alta, até mesmo o taxista foi convidado a tomar um café se emocionou ao ouvir a história contada na carta.–– Vou para lá, Chris... – disse Anne com voz firme e alegre.–– Claro, meu amor... claro... mas acho melhor deixar o nosso filho com a minha mãe, quando ele crescer um pouco mais, aí nós o le
CHRISTIAN SEGUIU para a Alemanha para cobrir a sua última matéria – enquanto Anne foi para o sul do Brasil rever os seus pais –, dois caminhos completamente diferentes que compartilharão de um único final.Christian era tido como um herói de guerra por ter desafiado o sistema antissemita e tentar levar cultura e entretenimento inteligente ao povo alemão.A Segunda Guerra Mundial foi um momento dramático na história da humanidade – assim como a Idade Média, o domínio romano etc. Milhões de pessoas morreram em decorrência do ideal nazista de superioridade racial, o alvo número um de extermínio foi o povo Judeu.Após o fracasso dos intentos de Adolf Hitler, seus principais comandados foram julgados em Nuremberg – cidade alemã que serviu como palco da propaganda nazista e centro de divulgação dos ideais de p
CHRISTIAN MANDOU A REPORTAGEM completa sobre o julgamento de Nuremberg para o New York Times – aos cuidados de David Sherman – e foi direto para o Brasil – para reencontrar com Anne e sua família.Foi uma viagem sem contratempos, fazia muito tempo que ele não sentia tamanha paz em seu coração.Christian ficou triste por ver a frieza no coração de Streicher, ele passou muitos anos ao lado daquele homem, e agora, tinha pago o preço pelos seus pecados.O salário do pecado é a morte... – pensou consigo mesmo lembrando-se de uma ministração de John que ouvira durante a faculdade.Christian fez amizade com um senhor de idade que estava indo ver a filha no Brasil. O senhor estava irradiante. Christian decidiu que um dia gostaria de fazer uma viagem daquelas pelo mesmo motivo que aquele senhor, ir de encontro com a felicidade.CHEGAND
A VIDA DE CHRISTIAN PASSOU diante dos seus olhos durante aqueles dez minutos andando até o estábulo, ele estava longe de tudo e de todos.Christian contava cada passo como se fosse uma vida inteira que tinha vivido.Ninguém poderia ajudá-lo naquele momento...Christian sentiu que era hora de encarar a responsabilidade como um homem. Fez uma pequena oração a Deus – mesmo sem ter o que falar para Ele –, mas Christian sabia que Deus conhecia o seu coração, mesmo que a sua boca não pronunciasse som algum.Christian abriu lentamente a porta do estábulo e um tiro foi disparado em sua direção – mas seu irmão tinha errado o alvo propositalmente –, lá estava ele novamente, mais vivo que nunca...HERMANN...
HERMANN SOLTOU ANNE para ir de encontro ao seu amado Christian.–– Não aguentava mais essa vagabunda chorando e gritando pelo seu nome, Hans, que inferno são essas mulheres... como você aguenta?Os dois se abraçaram chorando desesperadamente – enquanto o calor de seus corpos tentava arrancar em vão o medo de seus corações.–– Já contou para ele toda a verdade, Anne?Christian olhou estranhamente para ela, enquanto tentava desesperadamente socorrê-la daquele inferno.–– Que verdade?–– É uma longa história... só não dá para conta-la agora que temos pouquíssimo tempo.Eles ouviram uma risada aguda e alta – era a mesma risada fantasmagórica que Christian ouvia nos seus pesadelos quando acordava desesperado à noite, revivendo seus momentos de angústia na Ale