SE A ALEMANHA ESTAVA DIFERENTE quando Christian chegou, agora ela estava completamente irreconhecível.
Anne deixou-se ser presa de propósito, para descobrir se sua mãe ainda estava viva, e ela descobriu que estava.
O reencontro foi emocionante – apesar de quase não ter reconhecido a própria mãe –, ela estava com a cabeça totalmente raspada e pelo menos trinta quilos mais magra –, a visão era deplorável, mas Anne entendeu que aquilo era geral, não era um privilégio exclusivo.
Auschwitz era a “sala de estar do inferno”, nada no mundo poderia causar mais medo em um ser humano do que aquele lugar. As pessoas ficavam juntas para se aquecerem durante a noite e dividiam o pouco de comida que conseguiam.
Até aquele momento, Anne ficou sabendo que já tinham sido mortos mais de dois milhões de judeus. Ela não sabia o que pensar se,
–– QUE BOM VÊ-LO BEM, Dietrich.Dessa vez a surpresa ao ver Christian – que tinha novamente entrado misteriosamente em sua casa – não causara nada em Stauffenberg, na verdade, ele queria lhe agradecer pelo presente maravilhoso e falou alegremente que o plano estava indo de vento em polpa.– Quero que saiba que não quero mais ser o capacho do Führer, então, decidi colocar em prática o seu plano.–– Fico feliz em ouvir isso, Claus, mas não vim aqui para isso, preciso tirar Anne e seus pais de Auschwitz, tenho certeza absoluta que você tem passe livre por lá.–– Não tenho, Dietrich, mas copiei um documento que poderá te dar passe livre e tirar quem você quiser lá de dentro.–– Estamos esperando o que então para começarmos? – Disse Christian animado com a ideia.&ndas
–– DEMOROU, FÜHRER, MAS A VADIA enfim apareceu para resgatar os pais, assim como tínhamos programado.Hermann estava completamente convencido de sua vitória enquanto falava com o Führer.–– Estava sentindo saudades do seu irmão, Hermann... – disse o Führer num tom de saudosismo – a nossa brincadeirinha está de volta, adoro caçar, meu prazer é ver a dor nos olhos das pessoas, isso me alimenta, espero que você já tenha tomado todas as providências.–– Não só tomei todas as providências, como estarei pessoalmente caçando o traidor do meu irmão.O Führer deu um sorriso sarcástico e disse:–– Se o seu irmão fosse um traidor já estaria morto há tempos... quando você vai entender isso, Hermann? Seu irmão é um
CHRISTIAN ESTAVA DISFARÇADO como um comandante nazista e tinha um documento em mãos para remover alguns prisioneiros. A desculpa perfeita era que o próprio Führer queria matar aqueles judeus em uma festinha particular.Tudo deu certo no decorrer da viagem e, até mesmo quando Christian recuperou sua amada – que não sabia ao certo se era Christian ou Hermann – e seus sogros. Ele só não imaginava que tinha alguém esperando ansiosamente até que eles saíssem dali.ASSIM QUE ENTRARAM NO CARRO, eles puderam então se abraçar e matar as saudades daqueles dois longos meses em que estiveram separados um do outro.Anne contou do terror que passara durante aqueles dois meses, ela só não contou uma coisa importante, pois não achara o momento ideal para aquilo, mas a sua mãe percebeu no primeiro instante em que a viu.Ch
ASSIM QUE OS PAIS DE ANNE entraram no cargueiro – às duas horas da madrugada –, eles se abraçaram e fizeram uma promessa de estarem sempre juntos, não importava o que acontecesse e onde estivessem, eles encontrariam alguma maneira de encontrá-los.Christian e Anne entraram no carro tranquilamente, eles teriam que esperar até amanhecer para entrarem em seu barco e assim seguir rumo à liberdade.Mas algo chamou a atenção de Christian, um carro atrás deles estava piscando o farol tentando chamar a atenção.Conseguiram...Quando Christian saiu para ver quem estava no carro, uma voz um tanto esquecida de seu passado soou em seu ouvido. –– Bela roupa, filho...A voz de seu pai fez as lágrimas caírem automaticamente, mesmo sem ver o rosto, mas...Aquela voz era tão inconfundí
QUANDO CHRISTIAN ABRIU OS OLHOS, viu a face tão esquecida de seu pai – alguns anos mais velho vergando alinhadamente o uniforme a SS. Olhou para o outro lado e viu seu irmão.Christian sussurrou gaguejando com muita dor:–– Anne... Cadê Anne?–– Sua esposa vadia? Infelizmente ela conseguiu fugir da nossa festinha familiar – disse Hermann.–– E a minha mãe, cadê a minha mãe?–– Sua mãe? – Disse seu pai cuspindo aquelas palavras – Aquela é outra vadia traidora... que preferiu ficar ao lado dos porcos judeus e dos americanos, infelizmente, vocês dois não viram a beleza do nosso ideal, eu tinha tantos planos para a nossa família, Hans. Quando ouvi falar sobre o que o Führer vinha fazendo pelo nosso país, entrei em contato e comecei a trabalhar para eles, fornecendo todos os dados
CHRISTIAN ESTAVA CORRENDO com as mãos amarradas para trás por entre os contêineres do cais, quando uma voz saiu das sombras e alegrou o coração de Christian.Uma voz que ele conhecia muito bem...–– Venha por aqui, amor...Os dois se beijaram rapidamente – Anne o desamarrou – e deram um abraço rápido e continuaram correndo por aquele labirinto de contêineres. O dia já estava quase amanhecendo e seu navio não estava muito longe.Estavam perto quando viram o navio. Assustaram-se com o som de um tiro que passou muito perto de suas cabeças e uma risada fantasmagórica ecoava em seus ouvidos.–– Hans... Hans... Hans... – gritava a voz fantasmagórica – como ousa fugir novamente de mim assim... sem me dar um beijo e um abraço? Já te falei, meu irmãozinho, sua vida é minha, está
O BARCO SAIU ÀS OITO HORAS da manhã em ponto.Christian estava abraçado à Anne e ouviu algumas conversas esparsas, o assunto não era outro senão:"O atentado à vida do Führer"Um projeto que chamaram de “Operação Valquíria”.–– O projeto era perfeito – murmurou Christian para Anne sem que ela entendesse nada.Christian explicou tudo sobre o projeto para Anne – que continuava ouvindo a conversa dos marinheiros.Tiveram onze feridos e quatro mortos. Hitler tivera apenas alguns leves ferimentos, e assim que fora socorrido gritava para todos:Eu sou imortal... Eu sou imortal...Christian sentiu o fracasso como um nó mal feito em sua garganta.Seu plano era perfeito e Stauffenberg estragara tudo... – como sempre.Quando estavam em alto-mar, foram
CHRISTIAN CHEGOU AO NEW YORK TIMES para falar com seu editor-chefe – David Sherman –, afinal, estivera dezesseis anos fora, e agora estava de volta para assumir a sua mesa, e enfim, ganhar seus três prêmios Pulitzer de direito.Quando ele se identificou como Christian Fairbanks, a secretária caiu na risada e chamou David Sherman apenas por desencargo de consciência, porque a piada tinha sido boa, afinal, todos os repórteres do mundo queriam ser Christian Fairbanks.David Sherman queria saber que alvoroço era aquele em seu escritório, cumprimentara aquele homem completamente estranho, assim como Christian riu quando percebeu o equívoco.–– Quero falar com o Sr. Sherman, por favor, gostei da brincadeira, mas quero falar com o S.E.N.H.O.R. S.H.E.R.M.A.N. – soletrou o nome de seu chefe...–– Brincadeira? – Explodiu Sherman – Você acha que