A carruagem parou em frente a uma das casa e descemos com nossas bolsas. Olhei ao redor, admirada. Todas as ruas, diferente de Artémise, eram de pedra, não de areia. Bem perto, um homem velho cortava pescoços e pés de galinha em uma mesa de madeira, gritando preços.
— Deplorável, e sujo. Está vendo, Berth? Nunca mais reclame de Artémise, esse lugar é pior.
— Pelo menos aqui se tem comida de verdade, não cerejas — Aylet replicou, batendo na porta da casa.
Era uma casa grande, paredes cor-de-terra com duas janelas grandes e fechadas. Não tinha jardim. Era engraçado, mas nem todas as casas possuíam jardim na frente, apenas uma pequena calçada. Em Artémise jardin
Ok, primeiramente, Berth, eu não sei contar uma história. Então isso será breve e entediante. Presta atenção que só vou contar uma vez.Na lembrança mais antiga que tenho dele, devia ter uns 5 anos, ou menos. Era uma criança detestável, mas não tinha traumas, ainda não.Algodão, foi esse o nome que Aylet o deu, um gato branco de olhos bem azuis, magricela. Quando ele chegou, corri para ver. Aylet segurava no colo, acariciando e dizendo coisas fofas e nojentas.Eu não tinha medo ainda. Quando minha mãe o pôs no chão, fui tentar tocá-lo e ganhei um arranhão no braço, ele se arrepiou todo pra me atacar, pronto para cortar minha garganta com
A história que Perséfone me contou naquela noite foi muito esclarecedora, não pude deixar de sentir um pouco de dó, do gato, não dela. A forma como contou me fez perceber que sua infância foi tão ruim quanto a minha, embora tenhamos tido formas bem diferentes de lidar com tudo. O gato era a vítima, a não ser que fosse enfeitiçado ou algo do tipo. Aylet era a pessoa horrível, que transformou a filha em outra pessoa horrível.As peças se encaixaram, tudo fez sentido. Finalmente descobri os motivos para mãe e filha se odiarem tanto e por Perséfone ter tido medo quando vimos Aristóteles pela primeira vez.Logo cedo, para meu mais completo nojo, Aylet nos acordou anunciando que o dia seria importantíssimo, e eu queria e
Tentei organizar as informações na minha mente, era a única forma de recuperar a calma.A avó de Perséfone foi uma bruxa com grande poder, queimada na fogueira por desrespeito ao decreto de proibição do uso de magia. Suas filhas, Aylet e Daya, a assistiam morrer em praça pública, e depois foram seladas de alguma forma, sendo impedidas de utilizar magia novamente. Agora Aylet queria que Perséfone usasse seu potencial mágico hereditário para se vingar do reino. O senhor Ernie não era pai dela.Eu não sabia se aquilo era alguma estratégia de Aylet, ou se ela falava a verdade. Todos os presentes estavam com os nervos à flor da pele. Poderia ser uma besteira dita na hora da emoção. Essa curta esperança durou ap
A manhã do dia seguinte se passou com uma interminável reunião em família. Eu pensei que pelo menos estaria livre para passear pelas ruas próximas, mas Daya me colocou para lavar roupa. Após esfregar dezenas de vestidos em uma bacia velha, tiveram a bondade de me oferecer um almoço decente, e até me deixaram sentar à mesa. Para não abusar da sorte, fiquei totalmente calada, só abria a boca para mastigar.— Você vai levar para Aberdeen todos os livros, receitas e diários da sua avó. É muito preciso, por isso, tenha cuidado. — Daya aconselhou Perséfone.— Não se preocupe, tia.— Irei te instruir em tudo que precisar, Perséfone. Se eu n&atild
Nada de extraordinário aconteceu no restante daquele dia, Perséfone ficou em seu quarto. Contei minha versão da história para a fada, torcendo para, lá do seu reino, ela está me ouvindo. Só entrei no quarto novamente bem a noite, para dormir, e não nos falamos.Na manhã seguinte acordamos cedo, meus poucos pertences foram organizados e esperamos Aylet se pronunciar.— Duas carruagens, Perséfone tem muita bagagem para levar — anunciou. — Oh, Berth! Você pode ir na carruagem junto com as malas.— Claro, porque eu também sou bagagem — respondi com audácia, mas ela nem pareceu ouvir.Com muito drama, Daya se despediu del
Minha casa era agradável, pequena mas o suficiente para mim.Tinha dois cômodos e um quarto de banhos, e nos fundos um poço do qual podia tirar água à vontade.Primeiro tratei de pegar meu colchão e o restante de minhas poucas coisas na casa de Devan, depois, persuadi Reana a me doar uma cadeira. Era um bom começo para uma mobília.O tempo foi passando, e aos poucos fui melhorando ainda mais minha casinha.Meu cabelo, que já passava da cintura, ficou na altura do pescoço, pois o vendi para fazerem perucas e comprei uma mesa com o dinheiro.O senhor Ernie, continuou sendo bondoso e gentil comigo, tanto que eu quase p
No horário combinado, me dirigi a casa de Perséfone, deixando tudo muito bem adiantado na loja.Eu não sabia o que esperar dessa conversa, desde que tudo aconteceu conosco, ela nunca tinha mencionado como iam seus estudos e sua relação com a magia. Ter me chamado do nada, deixou-me muito preocupada, sobretudo porque qualquer confusão que viesse a calhar naquele momento quebraria o andar calmo e tranquilo de minha bela vida.Esperei pacientemente até que abrisse a porta, bem agasalhada em um casaco surrado que comprei pela metade do preço. Os últimos dias em Artémise andavam mais frios que o normal. Era pouco mais de meio dia, mas parecia escuro, como no final da tarde. Olhando o céu, as nuvens enegrecidas prometiam uma chuva torrencial. Bem perto, um trov&atild
Era uma vez,no reino de Sowen, que não fica tão distante assim, uma bela princesa que despertava a atenção de todos os jovens rapazes. A princesa Jenny possuía longos cabelos negros, sempre presos em uma trança, olhos escuros e uma pele morena bronzeada. Dizia- se por todo o reino, que o mais singelo dos seus sorrisos era capaz de encantar qualquer um. Todos, desde príncipes e heróis até o mais humilde dos comerciantes, sonhavam em tirar sua mão em casamento.A família real de Sowen encantava-se com a fama e formosura da princesa, e logo após concluírem todo o processo de casamento do príncipe herdeiro, passaram a atenção à filha caçula, selecionando a dedo todos os pretendentes que mais lhes agradavam.
Último capítulo