Esperei até a meia-noite para entrar na floresta. Minha porta estava firmemente trancada quando saí do quarto e deixei Fenrir confirmar a presença de todos os lobos na casa da matilha. Todos os lobos da minha matilha estava ligados a mim de uma forma ou de outra. A proximidade entre nós tornava mais fácil senti-los e, como era o Alfa, também era minha função registrar a presença deles. A pequena ondulação de poder emanava de mim e, em um breve momento, vi os laços que nos uniam. Eles se estendiam do meu coração como tentáculos estranhos, pequenos fios reunidos em um ponto compacto no meu peito e que se estendiam à distância. Cada fio tinha um brilho semelhante ao do ferro. Isso era o que me tornava o Alfa da matilha Garra-Férrea e eles, os lobos da matilha Garra-Férrea. Essa conexão que tínhamos, a maneira como estava ligado a eles, e eles estavam ligados a mim. Cada lobo era registrado antes de eu sair por uma janela na sala de arte. O cheiro de Scarlett invadiu minhas narinas
Ponto de vista de Adelaide– Maia?Sacudi minha filha. Já amanhecia e ela já deveria estar acordada. O sol estava entrando pelas janelas e me ocorreu que, se não saíssemos da cama agora, provavelmente chegaríamos atrasados para o café da manhã. – Maia?Nenhuma resposta novamente, mas quando me inclinei sobre ela, algo me impediu de tocá-la uma vez mais. – Maia?– Scarlett!A voz de Romano veio da porta, mas não consegui olhar para ele. Não olhei para ele. Minhas mãos voaram para a cabeça da Maia e meu coração disparou com a temperatura que senti. Ela estava tão quente quanto um forno. – Maia?Nenhum movimento. – Maia, acorde, mamãe está aqui, precisamos ir tomar café da manhã."Ela não se mexe e meu coração se despedaçou. Não sabia como me levantei da cama, mas sabia que o fiz. A Minha respiração não havia se acalmado, mas eu a forçei a ficar. Ok, Maia não estava acordando, mas estava queimando. Ela precisava de água. – Scarlett?Eu me virei para olhar para o Romano e ele en
– O que você acha que eu fiz?Scarlett tinha virado uma bola de fúria neste momento e eu estava tentando manter meu temperamento sob controle também, mas era difícil. Por que ela sempre pensava o pior de mim? Como ela podia supor, por capricho, que eu fiz alguma coisa? Olhei para a mulher que me encostou em uma parede. Deixei que ela me puxasse. Deixei que ela me colocasse nessa posição. Eu achava que ela não faria nada para me machucar, mas agora não tinha tanta certeza. Meus olhos se voltaram para a tatuagem em sua nuca e a raiva que me invadiu não foi natural. Eu a empurrei de cima de mim e ela gritou ao tropeçar para trás, mas antes que pudesse se recuperar e gritar mil e uma perguntas para mim, coloquei minha mão em sua cintura e a segurei. Ela ainda estava em meus braços e ficamos assim por um tempo. Ela respirando fundo e eu olhando para a lua crescente com rosas crescendo nela. – Desculpe por ter gritado com você, Alfa Romano.As palavras saíram como um sussurro, mas e
Ponto de vista de Scarlett– O que aconteceu com você, mamãe?Maia estava enchendo a cara de comida e eu deveria estar comendo também, mas não consegui me conter. Parei e fiquei olhando para ela. Maia começou a me contar que precisava ir para a escola e que hoje tinha sua primeira aula do dia. Ela queria ir para a escola e escalar a parede novamente. Seus colegas de classe não pareciam gostar muito dela, mas ela tinha alguém que achava que podia gostar dela, ele até lhe disse o nome. Teo. Ele tinha cabelo castanho como ela, mas seus olhos eram mais escuros que os dela. Ele dividiu seu assento com ela ontem e era um ano mais velho que ela.– Quando vou fazer nove anos também, mamãe?As lágrimas que saíram dos meus olhos ardiam e tinha que desviar o olhar para que Maia não as visse. Não conseguia tirar essa imagem da minha cabeça.Ela estava na cama e não estava acordando. E se ela não acordasse mais? E se ela tivesse morrido enquanto dormia? Um arrepio percorreu minha espinha ao pen
Ponto de vista de Scarlett– Mamãe? Eram nove da noite e hora do jantar quando Maia olhava para mim de sua tigela de mingau. Meu coração se derrete com a maneira como ela disse essa palavra, como se significasse o mundo para ela. Isso me fez sentir que ela me vê como sua fonte de conhecimento. Quando olhei para minha filha, com seus cabelos castanho claro e olhos azuis profundos, um sorriso iluminou meu rosto e belisquei sua bochecha levemente.– Sim, querida?– Eu vou ter um companheiro um dia?Pisquei os olhos quando um olhar ligeiramente divertido se espalhou pelo meu rosto.– Por que está perguntando sobre isso? Você ainda é muito jovem.– Mas vamos falar hipoteticamente.Meus olhos se arregalaram e eu dei uma risadinha.– Hipoteticamente? Quem lhe ensinou essa palavra, Maia? É uma palavra grande para uma criança de seis anos.Ela dá de ombros.– O Sr. Marco disse isso quando estava fazendo uma pergunta à Srta. Sara na aula de hoje, ele disse hipoteticamente falando...?Outra ri
– Maia, Corra! Maia gritou e saiu correndo por onde veio, mas Hélder a perseguia, tropeçando em seus pés, mas continuando atrás da minha filha.Não.Prefiria morrer antes de permitir que ele pusesse as mãos nela.Eu me levantei do chão e corri o mais rápido que pude para interceptá-lo. Ele continuava bêbado, por isso seus passos eram lentos, mas estava quase chegando à porta do quarto dela. Cheguei antes dele e a fechei com força.– Hélder, deixe a Maia fora disso! Ela nunca fez nada com você, é a mim que você quer machucar.Ele me agarrou pelo pescoço antes mesmo que eu percebesse e me puxou para cima, sufocando-me enquanto faz isso.– Você terá sua vez, sua vagabunda estúpida. Você acha que eu não vejo a maneira como você adora ela, sua preciosa filha, enquanto eu sou ridicularizado por todos ao meu redor. Vou matá-la hoje e depois vou foder seus miolos, talvez a morte de uma criança faça com que seu corpo traga outra, e se você ainda se recusar, mato você também.Hélder me jogou co
Dirigimos por três horas antes de qualquer pensamento atravessar minha mente. O primeiro que me ocorreu foi o medo disparando em meu coração. Para onde iríamos? Não podia levar-nos para a matilha dos meus pais. A matilha de Hélder era muito forte e seria apenas uma questão de tempo até que ele me persiga. Ele me acusaria de tentativa de homicídio e tiraria Maia de mim antes de me matar. Meus pais não conseguiriam impedi-lo, e a matilha de Hélder o apoiaria. Por isso, é melhor se eu nos levasse para outro lugar. Tenho um primo distante que morava a algumas cidades de distância. Meu caixa multibanco e um dos meus cartões de crédito estavam no bolso. Felizmente, é o único ao qual Hélder não tinha acesso. Tinha guardado algum dinheiro para a educação de Maia, caso Hélder decidisse não patrocinar mais seus estudos, teria de usar parte dele para nos afastar dele. As lágrimas picaram o fundo dos meus olhos e eu pisquei para as conter, mantendo meus olhos na estrada e observando as nuv
Ponto de vista de RomanoAlgumas horas antes...– Você estava sendo tolo, Romano.Meu pai passeava atrás da mesa. – Pense na matilha, nos lobos que você tem de proteger. Você vai deixá-los sem um herdeiro? – Eu farei o que eu bem quiser, pai.Minha raiva se apoderava de mim e apertava caneta com força, contendo a frustração que sentia e controlando de novo minhas emoções.– Não serei forçado a ir a encontros às cegas com alguém que mal conheço. Farei o que for melhor para mim quando estiver pronto.Em silêncio, meu pai me avaliava.Descendemos de uma longa linhagem de Alfas e, mesmo aos 62 anos, conseguia ainda ver traços evidentes do homem que ele já foi. O homem que ele seria para sempre, embora o título que ele possuía fosse agora meu. Ele se virou para me olhar e no seu olhar posso observar sua teimosia.– Esta situação não pode continuar por muito mais tempo, Romano. Uma matilha precisa de uma Luna tanto quanto precisa de um Alfa, e apegar-se ao passado não fará nada por si a nã