Ponto de vista de Scarlett– O que aconteceu com você, mamãe?Maia estava enchendo a cara de comida e eu deveria estar comendo também, mas não consegui me conter. Parei e fiquei olhando para ela. Maia começou a me contar que precisava ir para a escola e que hoje tinha sua primeira aula do dia. Ela queria ir para a escola e escalar a parede novamente. Seus colegas de classe não pareciam gostar muito dela, mas ela tinha alguém que achava que podia gostar dela, ele até lhe disse o nome. Teo. Ele tinha cabelo castanho como ela, mas seus olhos eram mais escuros que os dela. Ele dividiu seu assento com ela ontem e era um ano mais velho que ela.– Quando vou fazer nove anos também, mamãe?As lágrimas que saíram dos meus olhos ardiam e tinha que desviar o olhar para que Maia não as visse. Não conseguia tirar essa imagem da minha cabeça.Ela estava na cama e não estava acordando. E se ela não acordasse mais? E se ela tivesse morrido enquanto dormia? Um arrepio percorreu minha espinha ao pen
Ponto de vista de Scarlett– Mamãe? Eram nove da noite e hora do jantar quando Maia olhava para mim de sua tigela de mingau. Meu coração se derrete com a maneira como ela disse essa palavra, como se significasse o mundo para ela. Isso me fez sentir que ela me vê como sua fonte de conhecimento. Quando olhei para minha filha, com seus cabelos castanho claro e olhos azuis profundos, um sorriso iluminou meu rosto e belisquei sua bochecha levemente.– Sim, querida?– Eu vou ter um companheiro um dia?Pisquei os olhos quando um olhar ligeiramente divertido se espalhou pelo meu rosto.– Por que está perguntando sobre isso? Você ainda é muito jovem.– Mas vamos falar hipoteticamente.Meus olhos se arregalaram e eu dei uma risadinha.– Hipoteticamente? Quem lhe ensinou essa palavra, Maia? É uma palavra grande para uma criança de seis anos.Ela dá de ombros.– O Sr. Marco disse isso quando estava fazendo uma pergunta à Srta. Sara na aula de hoje, ele disse hipoteticamente falando...?Outra ri
– Maia, Corra! Maia gritou e saiu correndo por onde veio, mas Hélder a perseguia, tropeçando em seus pés, mas continuando atrás da minha filha.Não.Prefiria morrer antes de permitir que ele pusesse as mãos nela.Eu me levantei do chão e corri o mais rápido que pude para interceptá-lo. Ele continuava bêbado, por isso seus passos eram lentos, mas estava quase chegando à porta do quarto dela. Cheguei antes dele e a fechei com força.– Hélder, deixe a Maia fora disso! Ela nunca fez nada com você, é a mim que você quer machucar.Ele me agarrou pelo pescoço antes mesmo que eu percebesse e me puxou para cima, sufocando-me enquanto faz isso.– Você terá sua vez, sua vagabunda estúpida. Você acha que eu não vejo a maneira como você adora ela, sua preciosa filha, enquanto eu sou ridicularizado por todos ao meu redor. Vou matá-la hoje e depois vou foder seus miolos, talvez a morte de uma criança faça com que seu corpo traga outra, e se você ainda se recusar, mato você também.Hélder me jogou co
Dirigimos por três horas antes de qualquer pensamento atravessar minha mente. O primeiro que me ocorreu foi o medo disparando em meu coração. Para onde iríamos? Não podia levar-nos para a matilha dos meus pais. A matilha de Hélder era muito forte e seria apenas uma questão de tempo até que ele me persiga. Ele me acusaria de tentativa de homicídio e tiraria Maia de mim antes de me matar. Meus pais não conseguiriam impedi-lo, e a matilha de Hélder o apoiaria. Por isso, é melhor se eu nos levasse para outro lugar. Tenho um primo distante que morava a algumas cidades de distância. Meu caixa multibanco e um dos meus cartões de crédito estavam no bolso. Felizmente, é o único ao qual Hélder não tinha acesso. Tinha guardado algum dinheiro para a educação de Maia, caso Hélder decidisse não patrocinar mais seus estudos, teria de usar parte dele para nos afastar dele. As lágrimas picaram o fundo dos meus olhos e eu pisquei para as conter, mantendo meus olhos na estrada e observando as nuv
Ponto de vista de RomanoAlgumas horas antes...– Você estava sendo tolo, Romano.Meu pai passeava atrás da mesa. – Pense na matilha, nos lobos que você tem de proteger. Você vai deixá-los sem um herdeiro? – Eu farei o que eu bem quiser, pai.Minha raiva se apoderava de mim e apertava caneta com força, contendo a frustração que sentia e controlando de novo minhas emoções.– Não serei forçado a ir a encontros às cegas com alguém que mal conheço. Farei o que for melhor para mim quando estiver pronto.Em silêncio, meu pai me avaliava.Descendemos de uma longa linhagem de Alfas e, mesmo aos 62 anos, conseguia ainda ver traços evidentes do homem que ele já foi. O homem que ele seria para sempre, embora o título que ele possuía fosse agora meu. Ele se virou para me olhar e no seu olhar posso observar sua teimosia.– Esta situação não pode continuar por muito mais tempo, Romano. Uma matilha precisa de uma Luna tanto quanto precisa de um Alfa, e apegar-se ao passado não fará nada por si a nã
Ponto de vista de ScarlettPor que estava ele olhando tanto para mim? Mal conseguia desviar meus olhos dos dele, mas se ele tivesse desviado os dele dos meus, não estaríamos aqui agora, não é? O que mais me assustava nele era o fato de ser enorme. Ele era tão grande quanto Hélder, talvez até maior. Eu provavelmente parecia uma irmãzinha ao lado dele. – Quem é você?Sua voz provocou um arrepio na minha espinha e o prazer que percorreu meu cérebro foi inesperado. Não sabia o que dizer. – Eu... Eu... Na verdade... – Se eu quisesse que você gaguejasse, não teria feito nenhuma pergunta. Que diabos você está fazendo na minha matilha, Proscrita?A repulsa e o ódio entranhado em sua voz me despertou do meu devaneio. Dei um passo para trás antes de dar uma olhada em tudo ao meu redor e limpar a garganta. – Eu não sou uma Proscrita.– O que você é, então? Não tenho muita paciência e a pouca que tenho já está acabando.Pois bem, quem é esse idiota? A irritação se alumiou em meus osso
– Qual é o seu nome?– Scarlett Borges.– Qual é a sua matilha?– Bosque-Verde.O som de sua caneta escrevendo no caderno à sua frente não fez nada para acalmar meu medo. – Quantos anos você tem?– Quarenta e dois.Ao ouvir isso, ele levantou uma sobrancelha. Como se eu não estivesse mentindo para ele este tempo todo e só agora é que ele percebesse que eu estava mentindo. – Há alguma razão para você estar em meu território?Desviei meus olhos dos dele e observei em volta. Havia algo estranho que acontecia sempre que ele olhava para mim. Algo em meu estômago virou líquido e minha mente não conseguiu parar de trazer à tona imagens perturbadoras. Era vergonhoso. Se eu corasse, ia me dar um tapa aqui e agora. – Bem, em ...... estávamos dirigindo, e Maia disse que estava com fome, então fui até a lanchonete para comprar algo para ela comer. Eu não sabia que essa terra pertencia à matilha Garra-Férrea.O Alfa Romano riu e se levantou para poder sair de trás de sua mesa. – Agora que você
Ponto de vista de RomanoO que estava fazendo? Os olhos de Scarlett estavam arregalados de medo e ela se afastava de mim.Droga. – Eu te disse que você a machucaria. Rosnei e tirei a voz do meu lobo para fora da minha cabeça. Que diabos estava fazendo? A minha palavra era um comando que atravessava o ar e o detinha em seu caminho. Tinha que ser mais controlada do que isso. Precisava me controlar. Mas como poderia fazer isso quando ela estava bem na minha frente? Minha segunda companheira, totalmente alheia a esse fato porque não rompeu o vínculo com seu primeiro companheiro. Ela estava fugindo dele e, de alguma forma, conseguiu chegar até mim, e agora planejava fugir de mim também. Como poderia ver isso acontecer? – Está…se sentindo bem, Alfa Romano?Scarlett deu um passo para perto de mim e eu rosnei para ela enquanto dou um passo para trás para colocar algum espaço entre nós. Estava agindo como um lobo irritado que não via uma fêmea há anos. Quando ela disse que queria fu