CLAIREO resto da semana foi marcado por uma tensão silenciosa, uma espécie de calmaria antes da tempestade. Lucas e eu estávamos mais próximos do que nunca, mas o peso da conversa com Nicole ainda pairava sobre mim. Ela era uma presença incômoda, alguém que estava disposta a lutar por algo que, aos meus olhos, já não lhe pertencia. E, embora eu confiasse em Lucas, sabia que o mundo ao redor dele era feito de desafios constantes, expectativas e interesses familiares que poderiam facilmente complicar ainda mais o nosso relacionamento.Na quinta-feira, enquanto eu organizava alguns documentos em minha mesa, recebi uma ligação inesperada. Ao atender, uma voz firme e direta se apresentou.— Boa tarde, Claire. Aqui é Richard Donovan. — O tom inconfundível do pai de Lucas ecoou pelo telefone, e senti uma onda de surpresa e nervosismo me tomar.— Boa tarde, Sr. Donovan. Em que posso ajudá-lo? — Respondi, esforçando-me para manter a calma.— Gostaria que viesse à minha casa neste final de sem
CLAIREOs dias que se seguiram à conversa com Richard foram surpreendentemente calmos. Lucas e eu seguimos nossa rotina no escritório, concentrados em nossos projetos, mas o encontro com seu pai havia mudado algo em mim. Senti que, ao enfrentar Richard, eu havia cruzado uma linha invisível, me posicionando de forma firme e definitiva ao lado de Lucas. No entanto, sabia que a tranquilidade que experimentávamos poderia ser apenas temporária. Pessoas como Richard Donovan raramente recuavam tão facilmente.Na quarta-feira, uma reunião importante foi marcada com um dos maiores clientes da empresa, e Lucas estava envolvido em cada detalhe. Passei a manhã revisando documentos, organizando relatórios e coordenando toda a logística para que ele pudesse focar em apresentar a proposta. Essa era uma das minhas tarefas preferidas; auxiliar Lucas e vê-lo trabalhar com tanto comprometimento e precisão era inspirador, e sempre me lembrava dos motivos pelos quais me sentia tão atraída por ele.Perto d
CLAIREA volta ao trabalho após a viagem ao Havaí trouxe uma onda de nostalgia. A realidade do escritório e das pressões diárias contrastava fortemente com a leveza dos dias que Lucas e eu passamos juntos, mas ao mesmo tempo, me sentia mais fortalecida e confiante do que nunca. Estávamos prontos para enfrentar o que viesse, mas uma parte de mim sabia que os desafios ainda não haviam acabado.Na manhã de terça-feira, cheguei ao escritório um pouco antes do horário. Estava me preparando para revisar algumas pautas quando notei uma movimentação incomum no corredor. Vozes baixas, mas claramente tensas, ecoavam pela parede de vidro que dava para a sala de reuniões. Olhei de relance e vi que Lucas e Richard estavam tendo uma conversa acalorada, e a postura rígida de ambos mostrava que aquilo não era um simples diálogo de rotina.Meu coração apertou. As tensões entre Lucas e o pai sempre haviam sido uma constante, mas desde a conversa que tive com Richard, o assunto parecia estar tomando pro
**Capítulo 1**CLAIREO escritório da Donovan & Co. sempre me pareceu um mundo à parte. Com suas paredes de vidro que iam do chão ao teto e o estilo moderno que exalava poder, o lugar me intimidava e me encantava ao mesmo tempo. Eu tinha batalhado muito para chegar até aqui, para ter uma chance de trabalhar ao lado de Lucas Donovan, mas nunca imaginei que ele teria tanto poder sobre meu coração.Desde que comecei a trabalhar como sua secretária, algo em mim mudou. Era impossível ignorar sua presença. Ele entrava na sala, e o ar parecia ficar pesado, como se tudo girasse ao seu redor. Lucas tinha uma confiança que quase beirava a arrogância — e talvez fosse isso mesmo, mas essa combinação de poder e indiferença só fazia com que ele parecesse ainda mais... atraente. Alto, com ombros largos e uma voz que exigia atenção, Lucas dominava o ambiente com uma facilidade impressionante. E eu o observava a uma distância segura, sempre profissional, sempre discreta. Ele nunca soube do quanto eu o
**Capítulo 2**LUCASA noite estava quente e abafada quando entrei na boate. Dominic, um dos meus poucos amigos fora do ambiente corporativo, estava ao meu lado, puxando-me para o balcão do bar como se fosse a única saída para um dia exaustivo. Eu não era o tipo de homem que frequentava boates. Mulheres, claro, eram parte da minha rotina — desde que fosse algo simples, rápido, e sem complicações. A vida já era complexa o bastante para que eu perdesse tempo me dedicando a romances ou a situações emocionais. Mas, por alguma razão, naquele dia, aceitei o convite de Dominic para "desligar a mente" um pouco.— Vai te fazer bem, Lucas. Você precisa se soltar de vez em quando — disse Dominic, enquanto entregava ao barman uma nota generosa e pedia duas doses de uísque.Aceitei o copo que ele me ofereceu, dando um gole enquanto observava a movimentação ao redor. O ambiente estava cheio, as luzes alternando entre tons vermelhos e azuis, o que dava ao lugar um ar de mistério. Eu não conhecia nin
**Capítulo 3**CLAIREVoltar ao escritório na manhã seguinte foi mais difícil do que eu imaginava. Dormi tarde demais, ainda sob o efeito daquela noite na boate. A imagem da dançarina estava gravada na minha mente, e cada vez que eu tentava me concentrar, ela aparecia, me desafiando com aquele olhar firme e inabalável. Era um alívio ninguém no escritório saber onde estive ou o que eu fizera na noite anterior. Mesmo assim, aquela sensação inquietante não desaparecia.Quando entrei na empresa, minha secretária, Claire, já estava em sua mesa, os olhos fixos no computador. Ela me cumprimentou com seu habitual sorriso gentil, e eu acenei com um leve movimento de cabeça, mais distraído do que o normal. Minha mente ainda estava presa na lembrança da dançarina, e, pela primeira vez em muito tempo, eu me permiti uma pequena dose de curiosidade.— Bom dia, senhor Donovan — Claire disse, sem desviar os olhos do computador.— Bom dia, Claire. — Tentei soar casual, mas ela parecia notar minha falt
**Capítulo 4**LUCASMinha obsessão pela dançarina estava tomando um rumo que eu não previa. Quando pisei no escritório naquela manhã, estava decidido a descobrir tudo o que pudesse sobre ela. A curiosidade estava me consumindo. Cada apresentação, cada movimento que ela fazia no palco, tudo parecia ter um propósito, como se estivesse lançando um convite que eu não conseguia ignorar.Claire estava lá, em sua mesa, como sempre, com aquele ar de eficiência e calma. Cumprimentou-me com um aceno e me entregou alguns documentos. Eu dei uma olhada rápida e assenti, percebendo como ela me observava mais intensamente. Havia algo diferente em sua expressão, algo que eu não conseguia decifrar. Claire sempre fora uma presença sutil e tranquila, mas nos últimos dias... eu não sabia explicar. Era como se ela soubesse o que se passava em minha mente.Naquela manhã, eu precisava de uma saída para minha frustração. A cada relatório que eu lia, a imagem da dançarina voltava à minha mente, distraindo-me
**Capítulo 5**CLAIREDesde que comecei a dançar naquela boate, algo dentro de mim despertou. No palco, eu me tornava alguém diferente, alguém que não precisava esconder suas emoções ou inseguranças. Ali, eu era livre. Longe da Claire invisível que Lucas Donovan via no escritório todos os dias. Mas agora, meu segredo parecia ameaçado, como se as paredes que construí ao redor dele estivessem começando a rachar.E tudo por causa dele.Nos últimos dias, Lucas havia mudado. Era sutil, mas eu percebia os olhares furtivos, o modo como sua atenção parecia vagar sempre que estava por perto. E o que mais me perturbava era que, em alguns momentos, parecia me observar com uma curiosidade intensa. Meu coração batia mais rápido a cada vez que ele me encarava por tempo demais. Será que ele... suspeitava?— Claire, você poderia trazer o relatório de vendas? — A voz dele me fez sair do transe, e eu pisquei, percebendo que estava perdida em pensamentos.— Claro, senhor Donovan. Vou trazê-lo agora. — M