Um casamento grego é mais que um evento: é uma celebração gravada na alma de quem o presencia. É como um poema em movimento, onde cada passo, cada sorriso e cada nota de música se transforma em memória. A dança e a diversão nunca faltam, como se o tempo tirasse um intervalo para se render à alegria.A recepção é sempre uma festa de arromba, onde tradições ancestrais e a fé ortodoxa se entrelaçam como numa dança harmoniosa. Hoje, a mansão de Ozan é o palco desse espetáculo. Preparada com esmero, cercada de verde e com o aroma da gastronomia impecável do buffet que escolhemos, ela parece um cenário tirado de um sonho.Tradicionalmente, uma recepção grega dura até o sol nascer, mas, desta vez, deixamos claro nos convites: a festa terminará às três da manhã. Mesmo assim, os momentos de alegria explodem como fogos de artifício, com comida farta, bebidas que aquecem a alma, música que eleva os espíritos e danças que unem os corações.Estamos em uma das mesas redondas no gramado, rodeados pe
É hora da serenata.Levanto-me, sentindo o cansaço suavizado pela doçura do momento, e caminho até ele ao som das cordas.— Enfim ficaremos a sós. — Ele murmura, exausto, mas com um brilho no olhar.— Sim, e teremos uma semana inteira para aproveitar.Ele segura minha mão, e todos os convidados se levantam, sabendo que estamos nos retirando. Acompanhados pelos violões, acenamos para todos, encerrando nossa festa sob o som de uma melodia romântica que nos levará ao começo de nossa vida juntos.Quando fechamos a porta, as vozes lá fora continuam a ecoar, uma melodia suave que nos envolve como um último abraço da festa. Ozan me puxa para seus braços, e por alguns instantes ficamos ali, apenas sentindo o calor um do outro. Quando a música termina e os passos se afastam, o silêncio começa a preencher o quarto, apenas quebrado pelo som distante da festa que ainda pulsa do lado de fora.Ele solta o ar como se estivesse exorcizando o cansaço e ri, um som leve e genuíno. Meu riso o acompanha,
OzanEu me inclino sobre ela, e nossos olhos se encontram em uma troca silenciosa e profunda. Meus dedos deslizam por seus cabelos com ternura, e um leve sorriso brota em meus lábios — cheio de carinho, pleno em felicidade.Quem diria que uma garota grega, com costumes tão distintos, seria a mulher certa para mim?Ainda assim, uma parte de mim permanece cautelosa, murmurando dúvidas. Bem, o tempo dirá, penso, tentando acalmar os resquícios de incerteza.Sofia sorri para mim, aquele sorriso que parece iluminar o ambiente, e algo dentro de mim se rende. O lado otimista, esperançoso, atesta com fervor: ela é minha alma gêmea, a mulher da minha vida.Aproximo meu rosto do seu, e nossos lábios se encontram em um beijo demorado, carregado de promessas silenciosas. Quando me afasto, sinto seu olhar fixo em mim, me acompanhando enquanto puxo a gaveta ao lado da cama e pego uma camisinha. O gesto é metódico, mas não passa despercebido por Sofia, que me observa atentamente.Eu deslizo a camisin
SofiaEstou feliz, como nunca me senti na vida. Ozan é um homem especial. Há algo no seu jeito conservador, o modo como abre a porta do carro para mim, puxa a cadeira no restaurante ou ajeita meu casaco, que me faz sentir protegida e valorizada. Mas o que mais tem me encantado é enxergar um outro lado dele: um Ozan mais humano, mais vulnerável, mais aberto a novas experiências e à vida em família.Que pena que essa semana maravilhosa passou tão rápido... Foram dias preciosos, que nos permitiram viver como uma família de verdade, algo que sempre sonhei.Agora, estamos jantando em um restaurante sofisticado e aconchegante, com lustres pendentes que projetam uma luz quente sobre as mesas e um leve aroma de temperos no ar. As paredes são revestidas de madeira escura, e ao fundo, uma suave música instrumental se mistura com o burburinho de vozes. Estou concentrada em desfiar a carne para Osman, que está sentado na sua cadeirinha alta ao meu lado. Coloco o prato à sua frente com um sorriso
OzanAs palavras de Sofia. Suas cobranças quanto à minha atitude trazem à tona uma lembrança que eu preferia enterrar: Ayla. Meu peito parece que vai explodir de nervoso.Não! Não quero pensar nisso, muito menos comparar Sofia a ela. Respiro fundo, lutando para controlar a tempestade dentro de mim. Tenho medo de deixar esses pensamentos me contaminarem, de permitir que eles sujem o que construímos juntos.Olho para Sofia. Minha linda, doce Sofia. Agora, ela está amuada, cutucando o prato de estrogonofe com o garfo. Sua expressão melancólica me atinge como uma facada de culpa.O que eu estou fazendo?Ela é a minha salvação. Minha chance de ser feliz de novo. Sofia afastou as sombras do medo, da solidão e daquela ojeriza por compromissos que me consumiam. Ela trouxe cor ao meu mundo cinza, pintou meu vazio com esperança e vida.Talvez ela tenha razão. Sou possessivo, dominador, perfeccionista. Carrego o peso do controle como um escudo, mas... dividir o trabalho não seria uma ideia tão a
Segunda-feira...SofiaEu e Ozan tomamos café na grande mesa de jantar e, juntos, seguimos para o escritório. A noite de amor que tivemos dissipou as minhas preocupações. Farei de tudo para que este casamento dê certo. Ele tem me feito feliz, e isso é o que importa. Não permitirei que sombras atrapalhem o que temos.Assim que chegamos, fomos recepcionados pelos cumprimentos de todos, nos felicitando pelo casamento. Pude perceber muitos olhares de inveja das mulheres. Ozan é um homem deslumbrante e frustrou diversas pretendentes interessadas. Ao entrar na antessala, Helena imediatamente se levantou e me abraçou, felicitando-me novamente.— Sofia! Que bom revê-la. Você estava tão linda no casamento. E que festa! Todas morreram de inveja de eu ter sido convidada.Helena foi uma das poucas pessoas a quem fizemos questão de convidar para o evento.— Você sempre foi uma amiga. Claro que não ficaria de fora.Ozan, que estava um pouco afastado, aproximou-se:— Senhorita Silva, haverá mudanças
A resposta vem acompanhada de um leve erguer de sobrancelhas, como se aquilo fosse algo tão óbvio quanto o ar que respiramos.— Nossa cultura não é muito diferente da sua. Até estranhamos quando Ozan não se importou de ter um casamento totalmente grego.Meu coração pulsa de forma estranha, como se antecipasse algo que minha mente ainda não captou.— Verdade? — pergunto, a curiosidade me escapando sem filtro.— Sim, até hoje estamos admiradas com a rapidez com que ele se casou. Justo Ozan, que parecia que não ia se casar tão cedo. Inclusive, ele sempre deixou muito claro isso. Nosso tio cansou de brigar com Ozan por causa disso.Não fico surpresa com suas palavras. Elas apenas confirmam o que eu já sabia. Mesmo assim, há algo incômodo na tranquilidade com que falam de Ozan, como se eu tivesse sido apenas um detalhe numa história que parecia improvável de acontecer.Antes que eu possa reagir, Ozan se aproxima por trás e me envolve com o braço, sua presença aquecendo meu ombro como uma b
Estou realmente cansado. É como se não tivesse dormido nada, como se o peso de noites mal dormidas se acumulasse sem trégua. O cansaço parece ter se alojado em meus ossos, uma exaustão que me acompanha a cada passo.Quando chego ao escritório, Hilal já está lá, aguardando-me. Ele é mais jovem, e a energia que transborda dele é quase irritante. Uma pontada de inveja me atravessa ao observá-lo, como se a vitalidade dele destacasse ainda mais minha fadiga. Sinto-me desgastado, quase envelhecido.— Günaydın. (Bom dia)— Günaydın. — Ele responde, levantando-se da mesa que agora é dele, a antiga mesa de Sofia.— Preparado para mais um dia árduo?— Com certeza. Não vou deixar passar essa oportunidade que está me dando.— Então seja como uma esponja, absorva tudo. Você tem muito a aprender.— Com certeza, quero me esforçar ao máximo. Eu nem sei como agradecer a oportunidade que me deu.Eu dou uma risada debochada.— Sabe sim! Dê o melhor de si.Treinar meu primo para ser meu braço direito tem