Meu peito reverbera enquanto os carros voam pela reta final. Cinquenta voltas e ainda estou com os nervos em frangalhos, meus olhos oscilando entre a pista e o monitor de televisão à minha frente quando os carros estão atrás de mim e fora da minha vista. Meu joelho balança, minhas unhas foram limpas de esmalte e o interior do meu lábio foi mastigado em carne viva. E ainda assim a voz de Aaron parece confiante e focada na tarefa em questão toda vez que ele fala no fone de ouvido que estou usando.Cada vez que ele fala com Beckett ou com seu observador, sinto uma certa tranquilidade. E então eles fazem uma curva, os carros lado a lado — massas de metal voando em velocidades absurdas — e aquele fio de tranquilidade se transforma em um quilo de ansiedade. Verifico o monitor novamente e sorrio quando vejo “13 Donavan” sob o segundo lugar lutando para voltar à liderança após um pit stop motivado por uma advertência.“Ar sujo à frente”, diz o observador quando Aaron sai da curva três e segue
Aaron Thwack. Thwack. Thwack. A dor ressoando na minha cabeça pulsa com o som agredindo meus ouvidos. Thwack. Thwack. Thwack. Há tanto som alto, um zumbido de ruído branco, ainda é assustadoramente tranquilo porra. Tranquilo, exceto por aquele maldito som thwack. Que diabos é isso? Por que diabos é tão quente, tão quente, que posso ver o calor vindo em ondas fora do asfalto, mas tudo o que sinto é frio? Filho da puta! Alguma coisa para a direita de mim me chama a atenção, metal mutilado, pneus estourados, peles rasgadas em pedaços e tudo o que posso fazer é olhar. Becks vai me estrangular por foder o carro. Rasgar-me em pedaços assim como o meu carro espalhado por toda a pista. Que diabo aconteceu? Um fio de inquietação dança na base da minha espinha. Meu batimento cardíaco acelera. Confusão pisca nas bordas distantes do meu subconsciente. Fecho meus olhos para tentar empurrar para trás o barulho que de repente está tocando percussão nos meus pensamentos. P
Gostaria de saber se há dor quando você morre... Sacudo com a sensação de sua mão no meu ombro... mas no minuto em que repousa lá, a dor deixa de existir. Mas que... ? Sei que tenho que olhar. Tenho que ver por mim mesmo quem está no carro, mesmo que no final sei a verdade. Lembranças desconexas quebram e cintila pela minha mente, assim como pedaços de um espelho estilhaçado naquele fodido bar vagabundo. Humpty fodido Dumpty.1 Medo serpenteia pela minha espinha, toma conta, e reverbera por mim. Simplesmente não posso fazer. Não posso olhar para cima. Não seja um maricas, Donavan. Em vez disso, olho para a minha direita em seus olhos, a calma inesperada nesta tempestade. —Isso é...? Sou eu...? — Pergunto ao menino quando a respiração obstrui a garganta, apreensão sobre a resposta segura minha voz refém. Ele só olha para mim, olhos claros, rosto sério, os lábios franzidos, sardas dançando antes de apertar meu ombro. — O que você acha? Quero balançar uma fodida resposta
Só quero voltar no tempo e voltar para a suíte quando estávamos envolvidos nos braços um do outro. Quando estávamos conectados vestidos demais e pouco vestidos mas à visão horrível do carro mutilado não vai permitir isso. Elas marcaram a minha memória tão horrivelmente por uma segunda vez, que não é possível para a minha esperança escapar ilesa. — Ry, não estou indo muito bem aqui. — São palavras de Max se infiltrando em minha mente, mas é a voz de Aaron. É Aaron me avisando o que está por vir. O que eu já vivi uma vez na minha vida. Oh, Deus. Por favor, não. Por favor, não. Meu coração torce. Minha determinação vacila. Imagens filtram em câmera lenta. — Hadley, preciso que você se concentre. Olhe para mim! — Palavras de Max novamente. Começo a ceder, meu corpo cedendo como a minha esperança, mas braços fecham ao redor de mim e me dão uma sacudida. — Olhe para mim! — Não, não é Max. Não Aaron. É Becks. Acho isso dentro de mim mesma para me concentrar e encontr
Sapatos rangem novamente. Vozes murmuram. Beckett suspira e esfrega as mãos sobre o rosto antes dos dedos trêmulos alcançarem mais e puxar a mão segurando a minha perna livre e apertando na sua. O pneu solitário rolando pela grama e saltando contra a barreira do circuito. Por favor, me dê um sinal, imploro em silêncio. Algo. Qualquer coisa. Uma pequena coisa para me dizer para agarrar a esperança que está escorregando pelos meus dedos. Celulares tocando ecoam nas paredes estéreis da sala de espera. Mais e mais. Como os sinais sonoros dos equipamentos de suporte à vida, que filtram na sala de espera. Cada vez que um silencia, uma pequena parte de mim faz também. Ouço o engate da respiração de Beck um momento antes dele emitir um soluço estrangulado que me atinge como um furacão, rasgando o saco de papel que preservo a minha determinação e fé. Tão duro quanto ele tenta afastar o ataque de lágrimas que o ameaçam, ele é mal sucedido. A dor escapa e corre pelo seu rosto em
Começo a procurar, com os olhos esvoaçando ao redor da sala de espera quando a esperança domina e pronta para desabrochar, se pudesse apenas encontrar o sinal final. Minhas mãos tremem, meu otimismo se encontra abaixo da superfície, cauteloso para levantar a cabeça cansada. Há som na direção do corredor e o barulho a voz faz com que cada emoção que pulsa por mim acenda. E estou imediatamente pronta para detonar. Cabelo loiro e pernas longas como uma brisa através da porta e não me importo que seu rosto pareça tão devastado e preocupado quanto me sinto. Toda a minha mágoa, toda a minha angústia se ergue e é como um estalar de um elástico. Ou um raio impressionante. Estou do outro lado da sala em questão de segundos, cabeças estalando, do rugido que solto no meu despertar cheio de fúria. — Saia! — grito, tantas emoções correndo por mim que tudo o que sinto é uma massa de confusão esmagadora. A cabeça de Tawny chicoteia acima e seus olhos assustados encontram os meus, se
O tempo estica. Cada minuto parece uma hora. E cada hora, parece três que se passam, parecendo uma eternidade. Cada swoosh das portas tem todos nós sobressaltados e, em seguida, afundando de volta para baixo. Copos de isopor vazios transborda o lixo. Trajes de incêndio foram abertos e amarrados na cintura quando a sala de espera cresce abafada. Os telefones celulares tocam incessantemente com pessoas em busca de atualizações. Mas ainda não há notícias. Beckett fica com Andy. Dorothea tem Quinlan de um lado dela e Tawny de outro. A sala de espera está cheia de murmúrios abafados e a televisão ligada como um pano de fundo de meus pensamentos. Sento-me por mim mesma e, exceto pelas mensagens constantes de Haddie, congratulo-me com a solidão, assim não tenho que consolar ou ser consolada a esquizofrenia em minha mente apenas ficando mais alta a cada segundo. Meu estômago se agita. Estou com fome, mas o pensamento da comida me dá náuseas. Minha cabeça pesa, mas congratulo-me c
A preocupação persiste em seus olhos. —Você está bem? Você já comeu alguma coisa? Você quase desmaiou lá. Acho que você precisa comer alguma... —Estou bem. Obrigada, — digo enquanto levanto devagar. Acho que eu o surpreendo quando estendo a mão e aperto a sua. —Como você está indo? Ele encolhe os ombros com indiferença, embora o gesto não seja nada disso. —Contanto que ele esteja bem, então vou ficar bem. Ele acena para mim enquanto vira para recuperar seu posto nas portas do hospital, antes que possa dizer qualquer outra coisa. Meus olhos acompanham seus movimentos por um momento, os comentários cruéis da imprensa reverberando através de minha mente, enquanto construo a coragem para caminhar de volta para a sala de espera. Fecho meus olhos por um momento. Forço-me mesma a sentir qualquer coisa que não seja a dormência que consome minha alma. Tento puxar das minhas profundezas de desespero, o som de sua risada, o gosto de seu beijo, até a sua natureza teimosa e determi