A sensação de ter sido rejeitada não sai da minha garganta e prendo a vontade de chorar. Amanda não estava em sua mesa e dou graças a Deus, ou eu não seguraria as lágrimas. Assim que me sento no assento do metrô, elas explodem dos meus olhos. É claro que eu não deveria me sentir assim, até porque eu não deveria ter deixado esse beijo acontecer e me envolver com o Ethan, não sendo eu uma prostituta aos fins de semana. E não sei se a dor é por me sentir rejeitada ou por saber que ele tem uma pessoa, que definitivamente não sou eu, muito mais digna e merecedora. É como se minhas chances de ser feliz estivessem sendo jogadas fora. Talvez eu tenha traçado um plano para quando eu pagasse o Brenner. Eu sairia da boate e me jogaria sem pudor nos braços do meu chefe. Me entregaria a uma paixão que achei que estava começando entre nós. Quando adentrei em casa, Diana logo notou meu estado, a abracei sem delongas, sentadas no sofá e soltei todo o choro que queria. Assim que me acalmei, contei to
— Como você está? — Amanda perguntou-me assim que nos encontramos na chegada do prédio da J’P. Havia contado para ela por mensagem todo meu dilema com o Ethan. — Bem. Acho que foi melhor assim, saber que ele tem alguém, e ele saber que eu “tenho” também, é a coisa certa. — Respondo, colocando o tenho num gesto de aspas, referindo-me ao Mark, claro. — Pode até ser, amiga. Essa é a resposta que você deve dar a si mesma, não para mim. Como está sendo olhar aquela boca, saber seu gosto e não poder repetir? — Ela pergunta e começo a rir. — Ai, Alice, conta aí. Ele tem pegada? O beijo é tão bom quanto a bunda? Começo a rir alto. Amanda não tem filtro, eu adoro que ela faça o possível para me ver sorrir sempre que me vê triste. — Ah, amiga, eu diria que é a oitava maravilha. Essa é a parte que mais dói, saber que nunca mais eu terei aqueles lábios nos meus. — Digo, ainda sorrindo. — Alice, nunca é uma palavra carregada de reticências. Eu diria que é uma razão variável. Tem nuncas que dur
Fui embora com o corpo meio bambo, sem dúvidas o Mark era um homem experiente na cama. Ele era delicado quando convinha, mas não era nada sutil em outros. Seja nas palavras cruas, sempre direto e sem meios-termos, fosse na maneira como me agarrava em seus braços. Tínhamos uma química perfeita, uma sintonia bacana e talvez, se eu não estivesse tão envolvida com meu chefe, eu me apaixonasse por ele.Por diversas vezes eu sentia como se Mark e eu já nos conhecêssemos. Parecia existir nele algo de familiar e isso me deixava muito a vontade ao seu lado. A vontade até demais. Tanto que estou convencida de que não esperarei mais para me entregar a ele.Hoje é sábado, minha correria em casa já havia começado e minha rotina pesada estava cobrando seu preço. Tive vontade de mexer no dinheiro do Brenner e pagar uma diarista para faxinar a casa, pois realmente estava cada vez mais pesado para mim.Deu a hora de ir para a boate e eu ainda não estava pronta, porque me atrasei com o preparo da comid
Mark volta a me beijar, de uma maneira muito mais faminta que antes. Seu beijo recai para meu pescoço, seios, abdômen. A sensação é maravilhosa e sinto meu clítoris dar pequenos impulsos, o tesão me tomando. Ele volta a sugar meu mamilo, sua mão desce para minha intimidade, ele acaricia meu botão e quando começo a arquear meu corpo, buscando atrito, ele introduz seu membro. Ele vai devagar, mas meu corpo sente a estranheza. Um mistura de dor e prazer deliciosa. Ele faz movimentos de vai e vem, lentos, cada vez que entra ele empurra aquela barreira e volta, me dando tempo de me recompor e não sentir tanta dor, apenas ficar cada vez mais lubrificada. É gostoso demais ser preenchida. Me perco nas sensações, que não sinto tanto quando ele finalmente rompe o limite, e me invade completamente. Incomoda, é claro, ele é grosso, longo, mas assim como me prometeu, age delicadamente e depois de um tempo parado, volta a se mexer dentro de mim.— Porra, Ann. Você é gostosa demais! — Ele solta.Sua
frente um para o outro. — Bom dia! Está passando mal, Alice? Está pálida. Anemia? — Ele lança uma piadinha. Seu risinho de deboche não deixa sua cara. — Talvez eu tenha me assustado com sua aparição. Tem dormido bem? — Devolvo. Vejo a boca de riso do Ethan, e trocamos um olhar cúmplice. Mário entra e se senta na sala de Ethan, sem ser convidado. — A que devo a honra de sua visita, Mário? — Ouço meu chefe perguntar, adentrando sua sala. — Vai mesmo lançar esse novo perfume? — O antigo CEO pergunta. Ethan permanece mudo olhando para ele bem sério. — Ainda dá tempo de parar com essa loucura e mudar apenas a embalagem da nossa fragrância nova. — E sermos alcançados por plágio, Mário? Achei que tivesse ideias melhores. — Resmunga. Ele se ajeita na cadeira. — Sua secretária não pensou em nada? Ela costumava tomar as rédeas da empresa. Ou você tem dominado a indisciplinada? — Ele insinua e Ethan respira fundo. — O que quer dizer com esse comentário, Mário? — O homem sorri, erguendo as
Seguimos em silêncio até o carro. Eu com minha bolsa escorada nos ombros e alguns cadernos nos braços. Ethan seguiu mais a frente, não sem antes se oferecer diversas vezes para levar meus livros. Adentramos o veículo e ele deu partida.— Você e o Kevin se entendem muito bem, não? — Ele quebrou o silêncio e senti o tom de antipatia ao proferir o nome do meu colega. — Agora que está solteira, creio que ele não perderá muito tempo até lhe chamar pra sair. — Ele diz, parecendo enciumado, eu diria.— Nos entendemos bem, sim. E, é verdade, ele queria me chamar pra sair. — Contei e ele me olhou depressa, seus dedos esmagando o volante. Continuei. — Mas eu o rejeitei, acho que ele entendeu. Não tinha nada sério antes, contudo, realmente não estou disposta agora. — Afirmei. Ele respirou fundo, soltando o ar com calma.— Peço perdão pela minha indelicadeza, eu não tenho que saber de sua vida pessoal. Só que as vezes não consigo segurar minha curiosidade. — Relata.— Está tudo bem, somos amigos,
Por mais que o rosto cínico de Mário falasse por ele, o mequetrefe adentrou o espaço em silêncio e agiu como se nada tivesse visto. Estranho? Oh! Sim. Muito! Eu sabia que o fato de ele nada ter dito, não tinha qualquer relação com a última bronca que o Ethan havia dado nele. Contudo, não sabia o que esse homem, de fato, estava tramando com seu silêncio.Tudo ficou muito claro na hora do almoço. Eu estava sentada com a Amanda, conversando nossas trivialidades e almoçando, quando a megera da Tereza passou pela porta batendo os saltos no chão, e de punhos cerrados.— Alice! — Parou diante da mesa, levando as mãos até a cintura. — Eu posso saber que história é essa de você estar abraçando o Ethan? Você não tem vergonha na cara? Não se enxerga? — Esbravejou a plenos pulmões.— O quê? — Indaguei sem entender, de verdade, a razão daquele espetáculo vergonhoso. Diversos outros funcionários que estavam presentes ali, pararam de se alimentar para prestar atenção naquela ceninha.— Faça-me o fav
Amanheci ainda pior na segunda. Eu não tinha mesmo condições de ir ao trabalho e, pela primeira vez em toda a vida, liguei para avisar que não iria devido a problemas de saúde. Bem, o RH nunca foi meu amigo, então informou que descontaria as minhas horas não trabalhadas.Minha cabeça estava tão dolorida, que me esqueci completamente de avisar ao meu chefe, de que hoje eu não apareceria, então não foi uma surpresa quando Amanda ligou para a Diana desesperada por notícias.— Lili, a Amanda quer falar com você, querida! — Diana me avisou, passando-me o seu telefone.— Oi, amiga. — Eu disse, com a voz totalmente anasalada.— Alice, o que aconteceu, amiga? O Sr. Ethan está em busca de notícias suas. E você NUNCA se ausenta. — Afirmou, aflita.— Eu estou resfriada, amiga. Com uma mega dor de cabeça, e um chafariz no lugar do nariz. — Respondi, assoando logo em seguida. — Mas não se preocupa, estou tomando chá e remédios, amanhã eu devo estar mais disposta. Avisa ao Ethan para mim. — Pedi. D