Tommaso Finalmente chegou o dia de voltar para minha Itália. Eu nem acredito que já estou no avião para lá. Odeio passar esse tempo longe da minha família. Eles são tudo para mim. Assim que pousamos em vez de ir direto para casa tive que ir direto para um dos meus restaurantes.Eu soube que um carro invadiu um dos meus restaurantes destruindo tudo por lá e machucando alguns clientes e funcionários, como eu já estava voltando, preferiram não me avisar. Fiquei irritado, claro. Dário olha para mim e fala apreensivo:— Senhor Caccini, Já está quase tudo resolvido por aqui, o seguro já conseguiu resolver boa parte dos problemas financeiros e as pessoas que se machucaram foram indenizadas por nós, já que o motorista que causou o acidente acabou morrendo e ele não tinha seguro nem para o carro e nem de vida. Infelizmente foi algo de uma pessoa bêbada, não sabemos mais nada além disso.— Acho que o pior de tudo foi a pessoa ter perdido a vida mesmo. Eu vou verificar quem fez as reformas nos
IrinaDepois que chego em casa vejo minha vó dormindo, ainda está muito cedo. Me sinto mal por ter mentido para ela. Disse que tinha arrumado um trabalho como babá essa noite.Minha mente me cobra as mentiras contadas. Eu vou até o banheiro e tomo um banho. Esfrego tanto o meu corpo que acaba ficando com algumas marcas roxas além das marcas que o senhor Misterioso acabou deixando em mim. Vou ter que usar um conjunto de roupa de frio de moletom por um tempo.O que me ajuda é saber que entrou uma frente fria na cidade e eu fico feliz por isso. Só assim para explicar a razão por andar do jeito que vou andar por uns dias. Quando volto para o quarto já vestida vejo que minha vó acordou.Ela vem até mim, não quero um beijo de bom dia dela. Não depois do que fiz essa noite. Então, finjo que vou me sentar para colocar uma meia, que nem queria colocar, mas agora vou e ela vem e dá um beijo no alto da minha cabeça. Uma lágrima desce em meu rosto. Ela diz para mim preocupada:— Irina, minha net
Irina A noite passa, eu usei uma desculpa para dormir no sofá. Não consigo deitar na mesma cama que minha vó depois de tudo o que eu fiz. E o que me castiga mais é pelo fato de ter gostado, porque o senhor Misterioso fez tudo ficar especial para mim.Eu ignoro esse pensamento e levanto para tomar um banho. Enquanto me arrumo, vejo que minha vó já desceu para preparar o café da manhã.Quando desço para comer, ela diz que já comeu e sobe para se cuidar. Quando termino meu café vejo que minha vó já está pronta para ir.E hoje começa a batalha dela contra o câncer. Ao chegarmos no consultório da doutora ela começa a explicar como vai ser o tratamento:— Olá, senhora Yulia, Irina. Bom dia para as duas. Fico feliz que já estão aqui para iniciar o tratamento. Vamos falar sobre os quatro tratamentos do câncer de mama. O primeiro é: a cirurgia, depois de diagnosticado o nódulo como maligno e especificado o carcinoma, correntemente uma cirurgia é estabelecida como o primeiro dos tratamentos do
IrinaEstou mergulhada no caos da minha mente até que a doutora se cala e olha para nós nos dando um tempo paga assimilar tudo até que pergunto:— E depois disso tudo a minha vó estará curada e poderemos ficar todos tranquilos?— Irina, o câncer de mama tem cura. Nunca deixe de realizar a consulta com o seu médico e fazer os seus exames de rotina, te aconselho a fazer, Irina. Quando o câncer de mama é diagnosticado precocemente, as chances de cura da doença são de até 95%.— Quanto tempo eu poderei viver depois de fazer isso tudo, doutora? — Minha avó finalmente pergunta algo.— Yulia, o câncer de mama do tipo HER-2 adequadamente tratado pode levar a um tempo médio de cinco anos, o tumor com receptores hormonais também tem um bom tempo de sobrevida e o câncer triplo negativo, que não tem a proteína HER-2 nem os receptores hormonais, têm menor sobrevida.— Cinco Anos? — Minha vó pergunta dando uma risada sem humor — Vou fazer tudo o que disse apenas para viver por mais cinco anos? Irin
IrinaMinha vó vai receber alta do hospital amanhã e ela está na última etapa do tratamento e algo me preocupa. O dinheiro que eu ganhei de forma suja está acabando e eu ainda preciso manter a alimentação dela, alguns remédios e o final do tratamento.Eu passei tempo demais com ela no hospital e fiz poucos bicos de trabalho, não dá para contar com meu primo para nada.Não sei o que vou fazer, a Daphne me chamou para almoçar com ela, disse que o seu senhor exclusivo teve que ir não sei para onde viajar para resolver um problema. Então, ela está com um tempo pra sair comigo e quer saber como tudo ocorreu com o tratamento da minha vó. Ela me convida para ir em um restaurante italiano e eu respondo:— Daphne, não tenho dinheiro para ir em um lugar desse.— Irina, não se preocupe com isso. Estou te convidando e irei pagar, digamos que sou meio que uma celebridade aqui e vamos comer as melhores comidas.Eu olho para o jeito animado da Daphne e entramos. Realmente ela estava certa, nos trata
IrinaTiro meus olhos de onde estão e volto a encarar Daphne que me olha mostrando que só quer me ajudar, mas eu não quero parecer ingrata então falo:— Olha, não é desfazendo, mas é que fui criada por ela e me ensinou muita coisa, principalmente o certo e o errado e para minha vó essa vida é a errada. O sonho dela é me ver casar de branco na igreja e deixar de ser virgem na minha noite de núpcias, um desgosto já dei para ela não quero dar outro.— Eu te entendo, Irina... Vou te contar a minha história. Eu também perdi a minha virgindade com o senhor exclusivo, meu italiano lindo e também foi no Flor. Minha mãe louca e doente simplesmente decidiu depois que meu pai morreu que eu tinha que me casar com o meu primo, filho do irmão do meu pai para poder herdar o negócio da família que estava no nome do meu pai. Já que meu pai não colocou no meu nome antes de morrer. E o meu primo não colaborou muito comigo e disse que eu tinha sim que me casar com ele. E pelas palavras dele tudo porque e
Irina Quando chego no quarto vejo que a porta está aberta, minha avó não gosta de portas abertas. Ela diz que é ruim e atrai coisas que não são para entrar, mas entro no quarto e quando vou fechar a porta olho para o chão e vejo que minha vó está caída.E ao lado dela está o meu diário, está aberto na página em que escrevi que perdi minha virgindade para salvá-la. Eu não acredito no que estou vendo. Isso não pode ter acontecido. Espero que ela me perdoe.Corro até ela e coloco a mão no seu rosto que está frio e tem marcas de lágrimas também. Tenho que acordá-la, mas tem algo estranho... Muito estranho.Não consigo sentir a pulsação dela, o desespero me atinge como algo afiado. Não sei o que fazer, preciso ligar para a ambulância. Eu preciso ligar para um médico.Preciso de ajuda. Corro até onde deixei meu celular. Por que deixei meu celular lá embaixo? Pego o meu celular e volto correndo para o quarto e ligo para a emergência. Lá eles me ensinam a fazer o RCP, mas falo que não conseg
IrinaLá na Rússia ela não tinha amigas e aqui ela fez e no final de tudo por mais que eu tenha tentado salvar a vida dela acabei a matando.Tudo o que fiz, eu mesma estraguei. Tenho uma dor no meu peito que está me matando como ser humano. A vontade de acabar com a minha própria vida é muito grande. Principalmente quando vem a etapa do crematório que somos obrigados a ficar ali olhando a caixa entrar dentro do incinerador.Meu primo e eu queríamos acompanhar tudo, depois que colocaram ela na urna, a mesma urna que tinha o desenho de uma bonequinha russa, fui para casa abraçada ao que sobrou da minha vó.Já meu primo apenas me deixou em casa e sumiu no mundo. Eu me deitei, depois de muito tempo, na cama em que dormia com a minha vó, coloquei a urna com as suas cinzas na mesinha onde tem a bonequinha russa de cerâmica que minha vó amava.Durmo chorando. Em algum momento dessa noite fui acordada, tinha mãos rasgando minhas roupas com uma violência muito grande, eu praticamente fiquei d