Mais uma vez Bara se encontrava no jardim de Nemuru. Ela o avistou encolhido, sentado na grama com os olhos fixos no chão, ao lado de uma fonte pequena bem entre as flores.
Ao perceber Bara se aproximando em silêncio, Nemuru se manteve observando o gramado próximo de seus pés. Quando ela sentou ao seu lado, começou a falar sem lhe dirigir o olhar:
– Andei pensando Bara... Refletindo o que minha mãe e eu passamos por conta daquele... monstro! E resolvi aceitar a sua ajuda.
– Mesmo Nemuru. – havia ânimo na voz de Bara, que o observava desde o primeiro instante que o viu.
– Sim. – respondeu ele fechando os olhos. Ele respirou fundo e começou a focar no horizonte – Já faz tantos anos que Dark Yami fica se alimentando de mim que nem me faz muita diferença, mas... pra minha mãe...
– Se alimentando de você? Como assim?
– É. Toda noite ele vem em meus sonhos e absorve uma boa parte de minha energia vital, incapacitando-me de a
Quando finalmente chegou a noite em que nem Bara era capaz de se enxergar, quanto mais Nemuru. Os dois ficaram esperando debaixo da cerejeira (com ela atrás por garantia). – Será que isso vai dar certo mesmo? – disse Nemuru à Bara, meio nervoso e sem saber ao certo para onde olhar. – É só você ter fé que vai Nemuru. Você lembra o que deve perguntar primeiro? – correspondeu Bara de trás da arvore. – Mas é claro que me lembro! – respondeu ele com um sorriso e olhos fechados, e um pouco mais calmo – E com a certeza de que você está próxima de mim, fico mais tranquilo. – continuou ele, enquanto abraçava a arvore de costa o máximo que pode sem tirar as mãos do gramado. – Certo. – Bara ficou corada ao ouvi-lo falar isto – Eu estarei aqui o tempo todo, meu amigo. – Obrigado Bara. – Eu é que lhe agradeço por me permitir e ajudar a ajudá-lo. Bara estava prestes a “tocar” nas mãos de Nemuru (já que o tronco da cerejeira não era tão
Na sexta noite de lua nova, quando Bara voltou a ficar “visível” novamente, Bara e Nemuru concordaram em parar com as perguntas à Dark Yami, ao menos por um tempo. Principalmente porque, os dois detestavam a forma como eram respondidas. E Bara continuou apenas com as perguntas sobre Jõo, sendo que durante o dia se perdia entre mapas e documentos cartográficos, tentando encontrar um lugar que se encaixasse na descrição do enigma. Diante dessa profunda dedicação de Bara, Acnarepse decidiu confrontá-la mais uma vez, de forma a ter certeza que sairia com a resposta que queria. – Bara, podemos conversar um momento? – Claro Ac, diga! – respondeu Bara afastando alguns dos mapas que tinha consigo. – Querida, já vai fazer um mês que não saímos para prestar serviços como de costume... – Hum... – só agora Bara percebia o quanto estava ocupada com Nemuru – É verdade... – E o povo também já percebeu isto. – Mesmo!? –
Já em Kyuden, Bara e Acnarepse foram recebidas pela própria Rainha. – Bara! Seja bem vinda minha criança. – Muito obrigada por permitir nossa visita Rainha Jõo. – cumprimentou Bara com uma reverência. – Imagine criança, você é sempre bem vinda! Só não posso dizer o mesmo de seu pai. – Bara e Acnarepse riram e todas começaram a entrar. – O mensageiro que me enviou disse que você estava em busca de um prêmio, correto? – Sim! Durante os meus quinze anos, conheci um rapaz com quem fiz amizade e, no momento, ele e sua mãe estão passando por apuros graças a um certo enigma bastante complicado. Como não conseguia encontrar a resposta em lugar algum por mim mesma, a Ac teve a ideia de criarmos um concurso em cima do enigma e aumentarmos nossas chances de conseguir solucioná-lo. – Entendo. Mas... é tão difícil assim este enigma? – Bem, se a senhora quiser tentar desvendá-lo... Bara estava ansiosa para pedir o auxílio da Rainha, mas sem
– E hoje na reunião, Zuline me disse uma asneira tão grande... que eu não sei como não lhe dei um tapa! – Mas o que foi que ela disse mãe? – disse Nemuru, em sonho, intrigado com sua mãe. – Ela se atreveu a dizer que alguém estava utilizando de magia para se encontrar com você. “Através dos sonhos”... Dá para acreditar?! – Mãe... se você soubesse o quanto foi injusta com Zuline... Nemuru sorria por descobrir que alguém mais além de Bara, se aproximava da verdade. Jõo interpretou aquele sorriso como sarcasmo pela resposta de Zuline. – Sabia que também ia achar isso uma enorme asneira, meu filho. Ah! E tenho mais uma novidade para lhe contar meu filho! – Jõo aproximou-se do ouvido de Nemuru sussurrando – Bara está em Kyuden, aqui no palácio! – É o que?! – Nemuru estava bem surpreso – Mas ela não me disse nada! – He-he-he. – Jõo voltou à posição anterior – Sabia que você se surpreenderia. – E como, mãe.
Amanhecido o dia, mal tinham se levantado e Acnarepse já cobria Bara de perguntas. – O que aprontou ontem à noite? – Quem? – Ora quem. Claro que é você Bara! Anda, fala! – Mas eu não fiz nada não! – Bara... – Juro por tudo o que lhe for mais sagrado Ac, eu não fiz NADA! (“ainda...”) – E nem planeja fazê-lo? Lembre-se que amanhã pegamos a esfinge e partiremos pra casa. – Huuumm... Garanto que não desejo prejudicar a ninguém. – Menina!... – Acnarepse estava próxima à porta. – Relaxa, Ac! Não há com o que se preocupar. – É o que veremos... E saíram juntas para o salão de jantar. Já na mesa, estavam Bara, Acnarepse, Jõo, Zula e Zuline tomando o café. – Zul e Zunol já comeram? – perguntou Bara. – Sim, minha querida. Os dois já comeram e foram treinar. – respondeu Jõo. – Eles treinam tão cedo assim? – Claro, porque
Os cinco assentiram com a cabeça fazendo-a sorrir. – Obrigada. Então... quando a Rainha estiver vindo, um de vocês sobe no meu pé para me chamar a atenção. Combinados assim? Os cincos assentiram novamente, se puseram de pé sobre as patas traseiras e, como se fossem verdadeiros soltados, prestaram continência, e saíram disparado para sua missão logo em seguida. Bara só parou de querer dar risada daquela pequena cena quando finalmente colocou sua atenção em Nemuru. Alto, de pele um pouco mais clara e os traços um pouco mais suaves do que estava acostumada a ver nos sonhos. Olhando ele naquela condição, de sono profundo, nunca que iria imaginar o sofrimento que ele verdadeiramente passava. Ela se aproximou, sentou-se na cadeira próxima de sua cama, retirou o colar do pescoço, segurou-lhe a mão e sussurrou ao ouvido. – Neemuuuruuu... Nemuru respirou surpreso e apertou suavemente a mão que o segurava ao reconhecer a
Acabado o beijo, um apoiou-se sobre a testa do outro de olhos ainda fechados. Seus corações ainda batiam fortes e nenhum dos dois sabia o que dizer naquele momento. Não conseguiam se olharem nos olhos diante do desnorteamento de emoções que tinham e mal respiravam direito. – Princesa Bara, acorde! – chamou o guarda junto de Bara no jardim – A tempestade se aproxima, você precisa entrar agora! – É... é melhor eu ir agora... – Tem razão. ... Realmente é melhor você ir Bara. – Sim e... preciso mesmo descansar um pouco. Depois de tudo que passei para entrar... – Bara deixou uma risada escapar – Ou sair do seu quarto! – Verdade – Nemuru também deixou escapar um riso – E, além do mais... logo aquele demônio estará aqui. E eu... eu não quero que ele estrague este momento. – Nemuru ergueu o rosto de Bara – Pelo menos... pra você. – Nemuru... Os dois se olharam nos olhos por um instante, Bara chorava e sorria ao mesmo t
Por volta de oito e meia da manhã, Acnarepse, Bara, Jõo, Zul e Zula estavam à mesa tomando o café da manhã. – Aconteceu alguma coisa ontem à noite majestade? Notei que há bem mais guardas hoje do que ontem no palácio. – perguntou Acnarepse meio preocupada. – Alguém conseguiu invadir a Zona do Silêncio ontem à noite. – respondeu Jõo. – Invadiram aquela área?!? – Chocou-se a Acnarepse enquanto Bara só ouvia em silêncio com grande interesse. – Sim. Uma mulher se passando por mim atravessou nossa segurança e penetrou aquela área. – respondeu Jõo enquanto Zul e Zula as observavam. – Que quis dizer com se passando pela senhora? – questionou Acnarepse, disfarçando um olhar reprovador para Bara que continuava prestando atenção no assunto. – É... uma mulher meio que idêntica a mim, entrou em um dos aposentos da Zona do Silêncio e fugiu pela janela do mesmo que dava para os jardins. – Fugiu pela janela?! Aquelas altas?!?