Por volta de oito e meia da manhã, Acnarepse, Bara, Jõo, Zul e Zula estavam à mesa tomando o café da manhã.
– Aconteceu alguma coisa ontem à noite majestade? Notei que há bem mais guardas hoje do que ontem no palácio. – perguntou Acnarepse meio preocupada.
– Alguém conseguiu invadir a Zona do Silêncio ontem à noite. – respondeu Jõo.
– Invadiram aquela área?!? – Chocou-se a Acnarepse enquanto Bara só ouvia em silêncio com grande interesse.
– Sim. Uma mulher se passando por mim atravessou nossa segurança e penetrou aquela área. – respondeu Jõo enquanto Zul e Zula as observavam.
– Que quis dizer com se passando pela senhora? – questionou Acnarepse, disfarçando um olhar reprovador para Bara que continuava prestando atenção no assunto.
– É... uma mulher meio que idêntica a mim, entrou em um dos aposentos da Zona do Silêncio e fugiu pela janela do mesmo que dava para os jardins.
– Fugiu pela janela?! Aquelas altas?!?
Descendo as escadarias da entrada do palácio para a carruagem de Heiwa, Jõo e Acnarepse desciam na frente com Acnarepse agradecendo pela hospedagem dada a elas; Zunol e Zuline desciam atrás para ajudar, os outros dois irmãos cuidavam de seus estudos longe dali; e bem atrás estava Bara, com passo lento e a frase da voz de manhã cada vez mais insistente em sua mente, fazendo-a pegar discretamente o Colar da Metamorfose sem que ela mesma o percebesse. – Ande Bara! – gritou Acnarepse à porta da carruagem para Bara que estava ainda no meio da escadaria – Venha logo! Vendo que Jõo, Zunol e Zuline estavam juntos de sua ama parou de descer. – Lembrei-me que não me despedi de uma pessoa em especial... – ela começou a dar meia volta, apertando o colar nas mãos – Eu já volto! – Que pessoa, menina?! – gritou Acnarepse enquanto Bara começava a subir depressa. – Vou me despedir de Nemuru! – respondeu Bara com o colar já no pescoço. – QUE NEMURU!?!?
Perto do meio dia, Bara e Acnarepse chegaram a Heiwa. A notícia do concurso já havia se espalhado por todo o reino e muitos estavam ansiosos para conhecer o prêmio que seria entregue ao gênio que soubesse a resposta. – Não é bom ver tanta gente entusiasmada desse jeito Ac? – Bara sorria largamente. – Sim, é sim. Sem mencionar que eles estarão dando uma grande ajuda. – Realmente Ac. – Bara observou o horizonte longínquo com um suspiro – Será mesmo uma imensa ajuda. Acnarepse percebia aos poucos que os suspiros de Bara ficavam cada vez mais frequentes quando Nemuru fazia parte do assunto entre elas, notando aos poucos que o quê havia entre Bara e Nemuru já não era mais só amizade, porém guardou suas suspeitas para um momento mais conveniente. Foi o Rei quem as recebeu quando adentravam o castelo. – Bem vindas de volta! Como foi a viagem?! – Excelente papai!
Já noite, na Torre Kendrada... – NEMURU É QUEM?!?! – disse o rei pulando da poltrona. – Calma pai! Não precisa exagerar na reação. – Bara está certa majestade, nem mesmo a minha reação foi tão... drástica. – completou Acnarepse tentando acalmar o Rei. – Me desculpe vocês duas. – Mahotsukai voltou a sentar-se – É que... a Rainha Jõo... MENTIU SOBRE SEU FILHO!?!? Não consigo acreditar. – ele esfregava a cabeça que lhe parecia doer. – Compreendemos meu rei. – prosseguiu Acnarepse repousando uma das mãos sobre-lhe o ombro – Isto é algo que ninguém conseguiria imaginar, ainda mais se tratando de uma mulher tão séria! – Sempre imaginei que a razão dela afastar-se de tudo e todos, como se estivesse em um campo de batalha, protegendo a si mesma, era por algo mais além de seu luto. ...Seu filho está vivo... Nunca imaginaria um segredo assim! – Considerando a condição de Nemuru papai, dá para compreender. Principalmente se considerarmos
Zuline ainda estava no meio do caminho entre sua primeira e segunda parada quando o crepúsculo caiu, e Bara já se preparava para o seu ritual diário que, por mais doloroso que pudesse parecer – graças ao “mago parasita” – também era o que lhe dava mais prazer. – Se preparando para encontrar-se com o seu namorado? – disse Acnarepse enquanto a observava. – Namorado?! – questionou Bara parando o que fazia – Que namorado? De onde tirou essa Ac? – tentava ela disfarçar. – “De onde tirou essa”, sei. Tenho de observado menina! E você... está apaixonada. Seus suspiros a denunciam... Sem mencionar esta sua alegria quando a lua se aproxima, mesmo com o risco de se deparar com aquela praga do tal de Dark Yami. Não encontrando palavras para contra argumentá-la de modo eficaz, Bara sentou-se sobre a cama e acenou para que Acnarepse fizesse o mesmo. Mordeu os lábios por alguns instantes enquanto a ama a observava, e começou: – Ac... acho qu
Sem hesitar, Zuline montou Flamechante e começou a acompanhar aquele soldado. O Rei ainda se preparava para tomar o café da manhã e prosseguir com seus afazeres quando a notícia da chegada de Zuline alcançou os seus ouvidos. – Uma mensagem para a minha filha? – Sim majestade. – respondia o servo que lhe trouxe a notícia. – E Bara já foi avisada? – Acredito que sua ama, Acnarepse, já esteja lhe transmitindo a informação. – Certo, compreendo. Irei pessoalmente receber Zuline. “Ainda mais depois de tudo que Bara me contou...” – completava Mahotsukai em pensamentos. Já na Torre Kendrada... – Então Zuline chegou finalmente! – “Chegou finalmente”? Você já sabia que Zuline estava vindo para cá, Bara? – Sim! Sabia Ac, e ela não é a única. – Mas hein!? Que quer dizer minha filha? – Hum... A senhora poderia pedir para que preparassem... quatro quartos de hospe
Aquela pergunta surpreendeu Bara. Ela não esperava por uma dúvida dessas, tanto que começou a folhear o seu guia para conferir se algo assim já havia sido tentado. – Eu vou ser honesta majestade, não sei se o que me pede é ou não possível. Acho que nenhuma de minhas antecessoras chegaram a tentar algo assim. – explicou Bara ainda conferindo seu pequeno livro. – Se isso for algo possível, nós duas seriamos as primeiras a tentá-lo. Você está me pedindo isso para poder conversar de verdade com o Nemuru, não é? – Compreendo... – Jõo suspirava – Mas... Podemos tentar não? Hoje à noite? – Bem, se a senhora de fato está disposta a tentar algo pouco... cientifico. Não vejo porque não. – respondeu Bara, confirmando que realmente as duas seriam as primeiras a tentar aquilo, segundo o seu guia. – Então, imagino que a senhora dormirá na Torre Kendrada essa noite. – comentou Acnarepse. – Se uma boa fonte de luar é exigida... Imagino que si
Nemuru estava nervoso. Ele, mesmo aparentemente inconsciente, pode ouvir toda a conversa tida no quarto em que ele havia sido instalado. Ficou curioso com a apresentação dos itens de Bara (que lhe pareceu divertido de se assistir de acordo percebia as reações de todos) e bastante preocupado quando ouviu o pedido de sua mãe ao terminarem as demonstrações das ferramentas da Filha do Luar. “Minha mãe deseja visitar o meu mundo de sonhos?!” Esse pedido deixou o príncipe cheio de dúvidas e receios... E se sua mãe não o reconhece? Bara não havia tido que sua real aparência física era um pouco diferente da que ele fazia de si dentro de seu consciente? Jõo teria mudado muito de aparência se comparado ao que ele se lembrava? Esse... experimento que ela e Bara fariam era seguro? E Dark Yami? Nemuru estaria prestes a surtar se não tivesse ouvido o Rei dizer que dentro de Heiwa, aquela praga
Jõo começou a tratar da necrose de Mahotsukai, assim que recebeu o que precisava. Ela estava irritada. Não só com o Rei por usar um método tão arriscado como aquele para velar o seu povo, como também por entender (através de explicações mais detalhadas de Zuline) como era o verdadeiro funcionamento daquela proteção e o fato consumado de que seu encontro com seu filho tinha sido interrompido por culpa daquele parasita. “Se ele se colocar diante de mim, faço picadinho dele!” – Pensava a Rainha consigo. – Mas me explique Zula, como foi que você colocou aquela praga pra correr e assim salvar esse tolo aqui. – pedia a Rainha terminando de enfaixar o braço de Mahotsukai. – Me perdoe senhora, mas... Acredito ter conseguido usar magia. – Como? – surpreendeu-se Acnarepse que acalmava Bara, já que a princesa havia se recusado a se afastar do pai. – Quando eu encontrei o encantamento da barreira, eu questionei um dos presentes s