Já em Kyuden, Bara e Acnarepse foram recebidas pela própria Rainha.
– Bara! Seja bem vinda minha criança.
– Muito obrigada por permitir nossa visita Rainha Jõo. – cumprimentou Bara com uma reverência.
– Imagine criança, você é sempre bem vinda! Só não posso dizer o mesmo de seu pai. – Bara e Acnarepse riram e todas começaram a entrar. – O mensageiro que me enviou disse que você estava em busca de um prêmio, correto?
– Sim! Durante os meus quinze anos, conheci um rapaz com quem fiz amizade e, no momento, ele e sua mãe estão passando por apuros graças a um certo enigma bastante complicado. Como não conseguia encontrar a resposta em lugar algum por mim mesma, a Ac teve a ideia de criarmos um concurso em cima do enigma e aumentarmos nossas chances de conseguir solucioná-lo.
– Entendo. Mas... é tão difícil assim este enigma?
– Bem, se a senhora quiser tentar desvendá-lo...
Bara estava ansiosa para pedir o auxílio da Rainha, mas sem
– E hoje na reunião, Zuline me disse uma asneira tão grande... que eu não sei como não lhe dei um tapa! – Mas o que foi que ela disse mãe? – disse Nemuru, em sonho, intrigado com sua mãe. – Ela se atreveu a dizer que alguém estava utilizando de magia para se encontrar com você. “Através dos sonhos”... Dá para acreditar?! – Mãe... se você soubesse o quanto foi injusta com Zuline... Nemuru sorria por descobrir que alguém mais além de Bara, se aproximava da verdade. Jõo interpretou aquele sorriso como sarcasmo pela resposta de Zuline. – Sabia que também ia achar isso uma enorme asneira, meu filho. Ah! E tenho mais uma novidade para lhe contar meu filho! – Jõo aproximou-se do ouvido de Nemuru sussurrando – Bara está em Kyuden, aqui no palácio! – É o que?! – Nemuru estava bem surpreso – Mas ela não me disse nada! – He-he-he. – Jõo voltou à posição anterior – Sabia que você se surpreenderia. – E como, mãe.
Amanhecido o dia, mal tinham se levantado e Acnarepse já cobria Bara de perguntas. – O que aprontou ontem à noite? – Quem? – Ora quem. Claro que é você Bara! Anda, fala! – Mas eu não fiz nada não! – Bara... – Juro por tudo o que lhe for mais sagrado Ac, eu não fiz NADA! (“ainda...”) – E nem planeja fazê-lo? Lembre-se que amanhã pegamos a esfinge e partiremos pra casa. – Huuumm... Garanto que não desejo prejudicar a ninguém. – Menina!... – Acnarepse estava próxima à porta. – Relaxa, Ac! Não há com o que se preocupar. – É o que veremos... E saíram juntas para o salão de jantar. Já na mesa, estavam Bara, Acnarepse, Jõo, Zula e Zuline tomando o café. – Zul e Zunol já comeram? – perguntou Bara. – Sim, minha querida. Os dois já comeram e foram treinar. – respondeu Jõo. – Eles treinam tão cedo assim? – Claro, porque
Os cinco assentiram com a cabeça fazendo-a sorrir. – Obrigada. Então... quando a Rainha estiver vindo, um de vocês sobe no meu pé para me chamar a atenção. Combinados assim? Os cincos assentiram novamente, se puseram de pé sobre as patas traseiras e, como se fossem verdadeiros soltados, prestaram continência, e saíram disparado para sua missão logo em seguida. Bara só parou de querer dar risada daquela pequena cena quando finalmente colocou sua atenção em Nemuru. Alto, de pele um pouco mais clara e os traços um pouco mais suaves do que estava acostumada a ver nos sonhos. Olhando ele naquela condição, de sono profundo, nunca que iria imaginar o sofrimento que ele verdadeiramente passava. Ela se aproximou, sentou-se na cadeira próxima de sua cama, retirou o colar do pescoço, segurou-lhe a mão e sussurrou ao ouvido. – Neemuuuruuu... Nemuru respirou surpreso e apertou suavemente a mão que o segurava ao reconhecer a
Acabado o beijo, um apoiou-se sobre a testa do outro de olhos ainda fechados. Seus corações ainda batiam fortes e nenhum dos dois sabia o que dizer naquele momento. Não conseguiam se olharem nos olhos diante do desnorteamento de emoções que tinham e mal respiravam direito. – Princesa Bara, acorde! – chamou o guarda junto de Bara no jardim – A tempestade se aproxima, você precisa entrar agora! – É... é melhor eu ir agora... – Tem razão. ... Realmente é melhor você ir Bara. – Sim e... preciso mesmo descansar um pouco. Depois de tudo que passei para entrar... – Bara deixou uma risada escapar – Ou sair do seu quarto! – Verdade – Nemuru também deixou escapar um riso – E, além do mais... logo aquele demônio estará aqui. E eu... eu não quero que ele estrague este momento. – Nemuru ergueu o rosto de Bara – Pelo menos... pra você. – Nemuru... Os dois se olharam nos olhos por um instante, Bara chorava e sorria ao mesmo t
Por volta de oito e meia da manhã, Acnarepse, Bara, Jõo, Zul e Zula estavam à mesa tomando o café da manhã. – Aconteceu alguma coisa ontem à noite majestade? Notei que há bem mais guardas hoje do que ontem no palácio. – perguntou Acnarepse meio preocupada. – Alguém conseguiu invadir a Zona do Silêncio ontem à noite. – respondeu Jõo. – Invadiram aquela área?!? – Chocou-se a Acnarepse enquanto Bara só ouvia em silêncio com grande interesse. – Sim. Uma mulher se passando por mim atravessou nossa segurança e penetrou aquela área. – respondeu Jõo enquanto Zul e Zula as observavam. – Que quis dizer com se passando pela senhora? – questionou Acnarepse, disfarçando um olhar reprovador para Bara que continuava prestando atenção no assunto. – É... uma mulher meio que idêntica a mim, entrou em um dos aposentos da Zona do Silêncio e fugiu pela janela do mesmo que dava para os jardins. – Fugiu pela janela?! Aquelas altas?!?
Descendo as escadarias da entrada do palácio para a carruagem de Heiwa, Jõo e Acnarepse desciam na frente com Acnarepse agradecendo pela hospedagem dada a elas; Zunol e Zuline desciam atrás para ajudar, os outros dois irmãos cuidavam de seus estudos longe dali; e bem atrás estava Bara, com passo lento e a frase da voz de manhã cada vez mais insistente em sua mente, fazendo-a pegar discretamente o Colar da Metamorfose sem que ela mesma o percebesse. – Ande Bara! – gritou Acnarepse à porta da carruagem para Bara que estava ainda no meio da escadaria – Venha logo! Vendo que Jõo, Zunol e Zuline estavam juntos de sua ama parou de descer. – Lembrei-me que não me despedi de uma pessoa em especial... – ela começou a dar meia volta, apertando o colar nas mãos – Eu já volto! – Que pessoa, menina?! – gritou Acnarepse enquanto Bara começava a subir depressa. – Vou me despedir de Nemuru! – respondeu Bara com o colar já no pescoço. – QUE NEMURU!?!?
Perto do meio dia, Bara e Acnarepse chegaram a Heiwa. A notícia do concurso já havia se espalhado por todo o reino e muitos estavam ansiosos para conhecer o prêmio que seria entregue ao gênio que soubesse a resposta. – Não é bom ver tanta gente entusiasmada desse jeito Ac? – Bara sorria largamente. – Sim, é sim. Sem mencionar que eles estarão dando uma grande ajuda. – Realmente Ac. – Bara observou o horizonte longínquo com um suspiro – Será mesmo uma imensa ajuda. Acnarepse percebia aos poucos que os suspiros de Bara ficavam cada vez mais frequentes quando Nemuru fazia parte do assunto entre elas, notando aos poucos que o quê havia entre Bara e Nemuru já não era mais só amizade, porém guardou suas suspeitas para um momento mais conveniente. Foi o Rei quem as recebeu quando adentravam o castelo. – Bem vindas de volta! Como foi a viagem?! – Excelente papai!
Já noite, na Torre Kendrada... – NEMURU É QUEM?!?! – disse o rei pulando da poltrona. – Calma pai! Não precisa exagerar na reação. – Bara está certa majestade, nem mesmo a minha reação foi tão... drástica. – completou Acnarepse tentando acalmar o Rei. – Me desculpe vocês duas. – Mahotsukai voltou a sentar-se – É que... a Rainha Jõo... MENTIU SOBRE SEU FILHO!?!? Não consigo acreditar. – ele esfregava a cabeça que lhe parecia doer. – Compreendemos meu rei. – prosseguiu Acnarepse repousando uma das mãos sobre-lhe o ombro – Isto é algo que ninguém conseguiria imaginar, ainda mais se tratando de uma mulher tão séria! – Sempre imaginei que a razão dela afastar-se de tudo e todos, como se estivesse em um campo de batalha, protegendo a si mesma, era por algo mais além de seu luto. ...Seu filho está vivo... Nunca imaginaria um segredo assim! – Considerando a condição de Nemuru papai, dá para compreender. Principalmente se considerarmos