Capítulo 4
No escuro, a atmosfera se tornou instantaneamente estagnada.

Ao perceber o aroma frio, ao mesmo tempo, familiar e estranho, mesclado com um suave cheiro de álcool, ela reconheceu que era Rafael.

Contudo, sua presença ali a surpreendeu.

Refletindo melhor, talvez ele tivesse vindo por conta dos eventos do dia?

Ela conteve a amargura em seu coração e, com indiferença, manteve distância.

No instante seguinte, uma luz calorosa preencheu todo o ambiente.

Rafael, imponente, se encontrava à sua frente, seu rosto emanando frieza, com um olhar gélido cravado nela:

- Ainda está fazendo birra?

Assim, na visão dele, a reação dela naquele dia era apenas uma birra sem sentido?

Sarah baixou os olhos, ocultando a dor, e com um leve sorriso, revelou uma expressão pálida e fraca:

- Divórcio, estou falando sério.

O olhar de Rafael permaneceu frio e sombrio, fixo nela com uma intensidade quase como se contivesse sua ira:

- Creio que você perdeu o juízo. Tem receio de que essa criança afete sua posição, então agiu assim de propósito para chamar minha atenção, correto? - Ele olhou para o rosto pálido de Sarah por um momento e o olhar chocado dela, pensou ter desvendado seu plano, com um sorriso frio e compreensivo. - Me deixe dizer a você...

Antes que ele terminasse, Sarah já havia saído da cama, apressadamente foi até o armário para vestir um casaco e empurrou a mala arrumada para fora.

Rafael congelou, estreitou os olhos, seu olhar aguçado e frio fixo nela, que parecia pronta para partir a qualquer instante.

Sarah vestiu um sobretudo, parada lá, seus olhos escuros como a noite, fixados nele, sem demonstrar nenhuma emoção além de distância e indiferença.

Ele sempre presumia o pior dela.

- Rafael, se você não for ao cartório amanhã para os procedimentos de divórcio, farei com que a mídia descubra todas as manchas da sua família.

Ela conhecia o que ele mais detestava, então usou isso para pressioná-lo.

Com efeito.

Ela observou os olhos de Rafael se tornarem instantaneamente severos, afiados e perigosos como sempre.

Mas agora, ela não estava mais preocupada.

Pois não temia mais perdê-lo.

Ela aceitou tranquilamente o fracasso de seu casamento e desejava se afastar dele igualmente.

Embora seu coração ainda estivesse envolto em tristeza, acreditava que tudo passaria.

Agora, ela não podia permanecer ali nem mais um instante.

Empurrou a mala e se virou para sair.

O homem, de uma posição elevada, olhou para baixo e segurou ela pelo pulso, com um brilho sombrio nos olhos, sua voz fria e ameaçadora:

- Sarah, você vai se arrepender!

Certamente, ela não se arrependeria, portanto, partiu com determinação redobrada.

...

O outono havia acabado de chegar, e a escuridão da noite ainda carregava um toque de frio.

Assim que saiu, seus olhos começaram a arder e lágrimas caíram silenciosamente.

Era como se as emoções reprimidas dentro dela finalmente encontrassem uma oportunidade para respirar.

Ela riu baixo, mas mesmo assim pegou o celular e ligou para sua amiga, Clara Ramos:

- Venha me buscar, Clara.

Clara hesitou por um momento, mas respondeu de maneira calma e pronta:

- Espere aí, estou a caminho.

Clara foi sua amiga desde a infância, e foi quem mais se opôs ao seu casamento com Rafael.

Mas ela ignorou os conselhos e só percebeu quem realmente se importava consigo após enfrentar graves consequências.

Durante esses três anos, ela deliberadamente reduziu o contato com suas amigas, temendo que sua paciência fosse descoberta e causasse problemas.

Mas agora, refletindo, isso foi de fato uma tolice.

Em menos de dez minutos, Clara chegou.

Assim que se encontraram, ambas tinham os olhos vermelhos.

Clara olhou para a mala ao lado dela e imediatamente entendeu tudo.

Sentia apenas raiva e pena.

- Vamos, venha comigo para casa.

A família Ramos era muito influente na cidade Brisa Leve, e Clara, sendo a Srta. Ramos, naturalmente possuía todas as razões para ser orgulhosa e arrogante.

Apartamento de luxo no centro da cidade.

Assim que entrou, Clara não pôde deixar de exclamar:

- Desde que vi as notícias esta manhã, estava louca para xingar alguém. Aquele cafajeste não tem coração? - Clara fez uma pausa antes de continuar. - Ele pode ser tão baixo e sujo, trazer um filho ilegítimo à sua porta e forçá-la a aceitá-lo, é extremamente repugnante!

Sarah pensou que ficaria muito triste ao ouvir essas palavras, mas não se sentia assim; era como se todos esses eventos terríveis já tivessem passado e ela não se importasse mais.

Ela deu um sorriso amargo e balançou a cabeça:

- Nós vamos nos divorciar amanhã.
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