ANTHONY Todos estavam ocupados no reino de Minsk com os preparativos para as Bodas da Rainha Malena e Henry. Havia acompanhado tudo de perto, pois estava sempre ao lado de minha doce Felícia. Ela ajudava em tudo que sua madrinha desejava para a cerimônia. Estava muito feliz com o casamento, sempre me contava da vida solitária e cheia de atribulações de Malena. Ficava impressionado com todas as histórias, principalmente com a que envolvia meu tio Estevam e minha família. Estava começando a pensar o quanto minha família havia guardado um rancor exacerbado. Um sentimento que foi plantado e cultivado de uma maneira errada. Agora, ouvindo o outro lado da história e acreditando que este fosse o mais verdadeiro, começava, cada dia mais, a ter a certeza de que os maiores culpados por tudo o que houve foram meu tio e minha família. Quem deveria ter cultivado a vingança seriam eles, o povo e o reino de Minsk, que tinham muitos motivos para serem inimigos de Neveri para sempr
— Isso é um absurdo, meu querido! Com o tempo, você perceberá o grande erro que está prestes a cometer. O seu pai? Está ciente dessa sua loucura? — Não se trata de nenhuma loucura e, sim, do mais puro e verdadeiro amor. Meu pai ainda não sabe de todos os detalhes, sabe apenas que conheci uma dama e que me apaixonei por ela. Contava com seu auxílio para lhe comunicar. — Queres que ajude você a contar ao seu pai quem é essa moça? — Sim, minha avó! Peço, por favor, que me ajude, mesmo que não concorde com isso, preciso de ajuda para contar a ele e só a senhora pode me socorrer. — E sua mãe? Contou a ela? — Ela sabe o mesmo que meu pai, ainda não tive a coragem de contar-lhe todos os detalhes. Minha avó ficou pensativa por alguns segundos, olhando-me com reprovação, e quando imaginei que ela recusaria o meu pedido, deu ordens para o guarda mais próximo comunicar meus pais sobre aquela reunião de família. O guarda retirou-se e ela me fez sentar à mesa. Um silêncio
— Como assim? Usar isso a favor? Do que está falando, meu pai? Então pretende passar por cima dos sentimentos de seu único filho por causa de vingança? Não consigo acreditar nisso! A senhora não está me ajudando e nem me apoiando, está apenas querendo usar de meu amor e da confiança que a família de Felícia depositou em mim para continuar os planos de vingança! Não consigo acreditar nisso! Que decepção, minha avó, que terrível decepção! Pois saibam que não me importa o que decidirem aqui nessa sala, posso garantir a vocês que não mudarei de ideia, não farei nada contra aquela família e não renunciarei ao meu amor e à minha felicidade. Com licença, preciso retirar-me, não suporto mais estar no mesmo ambiente que vocês. Saí da sala em disparada, sem me importar com os gritos de meu pai, os apelos de minha mãe e as reprovações de minha avó. Estava totalmente indignado com tudo aquilo e no que a minha família havia se tornado. Não acreditava em como também pude participar de tod
Quando os noivos se juntaram a nós, foi maravilhoso. Minha madrinha sorria e brilhava tanto, senti uma paz em meu coração tão grande, que só tinha vontade de abraçá-la e dizer o quanto estava feliz por tudo o que ela vivia. Por eles terem a chance, assim como eu, de descobrir o verdadeiro amor. A oportunidade de viver para sempre com o coração transbordando por falta de espaço, por ser um sentimento tão grande que não cabe ali dentro.Desejava que todas as pessoas descobrissem o que era aquele sentimento, sabia que meus pais haviam vivido tudo aquilo e Malena merecia muito viver também.Sentamos juntas por um instante, após dançarmos muito, e ela com toda sua delicadeza e generosidade, segurou minhas mãos, dizendo:— Minha querida afilhada, que alegria estar vivendo esse momento com você ao meu lado e ainda mais com a expectativa de em breve vê-la casando-se também com seu amado Anthony. Feliz também por ver a família dele aqui, celebrando conosco, em harmonia e com a esperança de um
— Fugir! Como assim, fugir? Abandonar tudo e vivermos juntos em outro lugar, longe disso tudo e sem nos casarmos?— Se insistirmos em ficar e lutar contra eles, provavelmente não haverá casamento algum. Minha família não permitirá! Nossa única solução é fugirmos e casarmos escondido. Devemos fazer isso antes que eles percebam alguma resistência minha. Resolvi fingir que concordo e que estou do lado deles. Percebi que não adiantava protestar e lutar contra, eles não me ouvem. Só assim entendi que não há alternativa para ficarmos juntos que não seja essa.— Não sei, Anthony! Claro que a ideia de me casar logo com você é maravilhosa, mas fugir e casar às escondidas, longe de todos? Não foi exatamente isso que sempre sonhei! Além do mais, estarei traindo minha família que não tem culpa nenhuma do que está acontecendo porque é a favor da nossa união. Isso tudo me deixa muito confusa.— Sei disso, minha querida! Pense apenas no nosso amor e em como minha família vai contaminar a sua e fazer
SERAFIM Devia estar bem cedo na sala de reuniões para me encontrar com meus conselheiros que me aguardavam para nossa reunião matinal. Dessa vez, a reunião não tinha nada de habitual, pois tínhamos assuntos urgentes para resolver: um conflito estava surgindo com o reino vizinho, o reino de Neveri, que após muitos anos adormecido, retornava para nossas vidas. Foi com uma imensa surpresa que me deparei com os acontecimentos que me traziam um grande desgosto e muita culpa por não ter percebido antes. A maior surpresa foi descobrir que minha querida prima Felícia, a quem estimava muito e desejava toda a felicidade, havia fugido e deixado apenas uma carta, dizendo estar partindo com seu amor em busca da paz que não encontrariam aqui em um breve futuro. Permaneci atônito por alguns minutos, tentando entender tudo o que estava acontecendo. Segundo a mensagem, a família de Anthony estava contra nós e planejava uma vingança desde que Estevam morreu em batalha pelas mãos de meu pai Ar
Ficamos horas e horas discutindo na sala do Conselho e tudo nos levava a caminho da guerra, mesmo buscando a paz e não vendo nenhum sentido para retomarmos aquela briga do passado que deixou tantas marcas, inclusive em mim mesmo, pois perdi aquele que seria meu grande exemplo. Não tive momentos com meu pai e nem a chance de ter sua companhia. Era muito pequeno quando tudo aconteceu e tenho apenas vagas lembranças de tudo. Às vezes, algum cheiro me faz lembrar um instante que devia estar guardado comigo. Minha mãe nunca me deixou esquecê-lo, sempre contava sobre como eles se conheceram, do casamento dos dois, da vida que compartilhavam no castelo, do trabalho de meu pai como cavaleiro e da amizade com minha madrinha Malena. Apesar de não ter vivido cada um desses dias, uma boa parte daquelas lembranças estavam vivas dentro de mim, meu pai estava vivo ali. Pensando bem, essa vingança que o Rei Theodore cultuava por nós deveria ser minha, pois qual pode ser a maior perda do que a d
MALENA Surpresas aparecem em nossas vidas de várias maneiras. A maneira como a vida me surpreendeu foi colocando aquele homem em meu caminho. Eu, que julgava nunca mais amar de novo, estava ali encantada com aquele sentimento. Devido a todos os preparativos para a cerimônia de meu casamento com Henry, não consegui dimensionar o quanto minha vida estava mudando. Nossa cerimônia foi bela como sempre havia imaginado e apesar de em meus pensamentos e desejos sempre haver outra pessoa compartilhando o altar comigo, senti-me bem com a mudança. Como se, na verdade, aquele lugar sempre houvesse pertencido a Henry e sonhar com Aron foi apenas uma ilusão. Agora, estava vivendo a realidade plena e entregue a todas as sensações que ela me trazia. Dançamos tanto durante o baile que pensei que nunca mais sentiria meus pés, porém a alegria era tanta que nada mais importava, somente viver aquele momento e compartilhar daquela felicidade com meu amado e meus entes queridos. A única t