Despertamos com sorrisos cúmplices, o olhar sereno de quem descobriu o amor e o viveu intensamente. Vestimo-nos e voltamos à sua propriedade. Andamos de mãos dadas, abraçando-nos o tempo todo, com beijos roubados durante todo o percurso. Henry colhia algumas flores pelo caminho e as colocava em meus cabelos, atrás de minhas orelhas, e juntando-as em um buquê que me deu como presente. Ao chegarmos à propriedade, sua cozinheira Anne estava nos esperando com a mesa posta e um aroma delicioso no ar e só assim percebemos o quanto estávamos com fome. Após nos restabelecermos em seus aposentos, sentamos à mesa para saborearmos todas aquelas delícias. — Estava tudo maravilhoso, Anne. Que mãos de fada tens para cozinhar! Adorei cada prato que foi servido. Obrigada por essa deliciosa refeição. — Eu que agradeço, Vossa Majestade, e fico muito feliz que tenhas apreciado. — Por favor! Me chame de Malena, não são necessárias tantas formalidades. — Sim, Senhora Malena,
FELÍCIA Naquele dia, o sol parecia que não estava disposto a nos ajudar a aquecer nossa manhã para trazer mais beleza aos campos e flores. Mesmo assim, saí como sempre fazia, acompanhada de meu cesto e minha confiança de que ele apareceria. Comecei a colher as flores e, aos poucos, minha esperança foi se esvaindo. Já estava chegando a hora de voltar ao castelo para o desjejum, todos já estariam acordados e estranhariam se eu não estivesse à mesa. Quando já havia perdido as esperanças e aceitado que ele não apareceria, resolvi voltar ao castelo. Comecei a seguir o caminho para sair do campo de flores. Não conseguia entender o porque ele não tinha aparecido. Será que tudo não passou de uma doce ilusão que criei? Que ele foi apenas gentil em dizer que viria me ver todas as manhãs para me acompanhar na colheita de flores? Tinha entendido errado os sinais de interesse que ele pareceu me enviar? Será? Segui meu caminho, desolada, até escutar cascos de cavalo bem pr
— Vejo que as informações chegaram a ti corretamente, mesmo vindo de longe, como disse. É tudo verdade sim, e a Rainha Malena também é minha madrinha. — Oh! Deve ser então a próxima Rainha na sucessão? — Os próximos herdeiros do trono serão os filhos do Rei. Só seria Rainha se por um acaso ele não tivesse filhos. — E ele já os tem? — Ainda não, mas logo terá, com certeza! — Pelo que soube também, ele está casado e já era para ter seus herdeiros. — Como pode saber de tudo isso, vindo de tão distante assim? — Fiquei curiosa com todas as informações que ele tinha e por um momento tive medo de que ele não fosse realmente quem dizia ser. — As notícias chegam a todos os lugares, afinal Minsk é um reino muito querido e todos em muitos lugares falam do que acontece por aqui, por isso que sei tanto! — Entendi! — Queria muito acreditar nele, por isso decidi colocar meus receios de lado. Aqueles belos olhos verdes me desconcertavam de uma maneira que quase me faziam
SERAFIM Muitas coisas em nossas vidas acontecem de uma forma que, na maioria das vezes, não sabemos explicar, como por exemplo minha trajetória de vida até aquele momento e como havia me tornado Rei. Nasci dentro do castelo e por meus pais serem amigos da Rainha fui batizado por ela. Perdi meu pai em um campo de batalha, em uma guerra sangrenta pela luta do domínio das terras. Meu pai, um dos maiores guerreiros do reino, morreu quando eu tinha quatro anos, defendendo a vida de nossa Rainha. Ela cumpriu a promessa feita no momento de sua morte, cuidou de mim e me treinou para ser um guerreiro como ele e meu avô, e aliás, como ela também, a mulher mais guerreira que já conheci em toda a minha vida. Minha admiração por ela era imensa e acho até que minha mãe percebia e sentia certo ciúmes, apesar de apoiar meus sentimentos por ela. Fui condecorado soldado do exército de Minsk aos dezesseis anos e coroado Rei aos dezoito. Ao mesmo tempo, houve meu casamento com Amélie, mi
Estava naquela manhã perdido em meus pensamentos e, mesmo com a mesa repleta para o desjejum, não conseguia conversar com ninguém. Não conseguia concentrar-me em nada do que diziam, escutava, mas não participava e nem respondia nada a ninguém, até que Felícia, conhecendo-me muito bem, percebeu e me tirou de meus devaneios. — Meu caro primo, o que está acontecendo contigo nessa manhã? Não me pareces muito bem! Alguma preocupação? — Bom dia, Felícia! Obrigada por perguntar, estou bem, apenas alguns problemas relacionados com o reino, nada muito preocupante. — Que bom! Pois precisava muito conversar contigo hoje, será que consegues reservar um tempo para sua querida prima? — Claro que sim! — Ri do semblante infantil que ela fazia, sempre que queria algo de mim, uma mania de infância. Nós dois sempre fomos muito mais do que primos, crescemos juntos e cuidei dela como um irmão mais velho, protegia Felícia como podia, nas brincadeiras com outras crianças do reino, a
FELÍCIA Fiquei feliz por enfim conversar com meu primo. Precisava saber dele o que já havia ouvido sobre Anthony; só me causou surpresa ele não ter sequer uma informação sobre meu amado. Isso me deixou um tanto intrigada e curiosa para encontrá-lo na manhã seguinte e questioná-lo. No caminho para o campo de flores, percebi que estava sendo seguida, disfarcei para que não soubessem, mas consegui virar-me a ponto de ver um dos soldados de Serafim. Decerto ele havia ficado preocupado e quis investigar meu encontro. Não fiquei aborrecida, apenas um pouco incomodada com a situação, era bem constrangedor ser seguida e observada, contudo também demonstrava a preocupação e o cuidado de meu primo, que eu sabia muito bem só querer a minha felicidade. Avistei ao longe no campo um cavalo pastando e logo atrás estava Anthony. Quando percebeu minha presença, sorriu. — Bom dia, nobre cavaleiro! — Bom dia, nobre dama! — Devo parabenizá-lo pela pontualidade hoje, superou
As coisas no castelo pareciam bem calmas. Espalhei as flores pelos vasos, como sempre fazia e segui com minha rotina diária. Não queria que ninguém percebesse a minha ansiedade, mas era inevitável não pensar no dia seguinte. Nem iria colher flores para esperar por Anthony, desejava estar presente quando ele chegasse para conversar com Serafim. Foi um longo dia e uma longa noite. Mal acreditei quando amanheceu novamente e após algumas horas ele chegou. Foi anunciado por um dos guardas e entrou na sala real, onde meu primo o aguardava, sentado em seu trono. — Vossa Majestade Rei Serafim! Anthony, à sua disposição. — Apresentou-se com uma reverência; sorri para ele, mas pude perceber seu semblante preocupado. — Anthony. A que devo a honra de vossa visita? — A honra é toda minha, Majestade! Creio já estar ciente sobre o assunto que me traz até aqui, o meu interesse por vossa prima Felícia aqui presente. — Olhou-me sério, mas enfim sorriu para mim. — Já estou
ANTHONYDIAS ANTES... — Minha amada avó, não sei o que realmente quer dizer com isso, porém entendo que seja com a melhor das intenções! — É claro que sim, meu neto. Tenho a certeza que você entende perfeitamente o que digo. Não podes mais ficar perambulando por aí, sem estar na companhia de nossos guardas, muito menos cavalgar pelo reino vizinho, você sabe muito bem que somos amigos por total conveniência, jamais esqueceremos o que fizeram ao seu tio, meu querido filho Estevam, que Deus o preserve em bom lugar. — Sim, minha avó. Entendo tudo o que aconteceu e sei dessa história com todos os seus detalhes que foram contados a mim pela senhora e por meu pai. Até minha mãe, que não presenciou nada, me contou várias vezes. Isso não significa que eu tenha sido imprudente, como a senhora acabou de me acusar. Não vejo ameaça nenhuma no reino vizinho a ponto de andar sempre acompanhado por guardas em todas as minhas saídas. Aprecio poder ter um pouco de liberdade! — Entendo