Permanecia sentada, mesmo após terminar meu desjejum. Queria muito a oportunidade de ficar sozinha com meu primo, porém era muito complicado conversarmos e dificilmente conseguíamos tal intento a sós; suas atividades diárias eram tantas que ele sempre estava cercado pelos conselheiros, guardas e representantes do reino. Percebi que naquela manhã seria muito mais difícil, então adiei um pouco a conversa com ele e decidi conversar com minha madrinha que já estava no jardim, em seu habitual passeio matinal com minha mãe e minha tia. Ao me aproximar delas, notei como me olhavam diferente, com um brilho nos olhos que não consegui identificar e sorriram em minha direção, dando a entender que eu era exatamente o que, ou a quem, elas esperavam ver naquele momento. Uma sensação de paz e acolhimento tomou conta de mim. Aquelas três mulheres que estavam ali na minha frente eram meus maiores exemplos de força, garra, determinação, doçura, sabedoria e muita fé. Eu as amava ta
MALENA Não era mais aquela jovem Rainha que venceu seus medos, superou suas perdas e lutou pelos seus ideais, porém estava em paz comigo mesma e sã para tomar providências importantes em minha vida, como transferir meu reinado para meu querido e amado Serafim, que atualmente era o Rei de Minsk. Minha querida e também muito amada afilhada Felícia seria a sucessora do trono, caso fosse preciso, e os filhos de ambos seriam os herdeiros de nosso reino, como estava registrado na lei e em meu testamento. Apesar de alguns empecilhos, tudo foi resolvido há um tempo. Estava feliz com minhas decisões. Não tive meus próprios filhos, no entanto os considerava meus de coração e os amava tanto que queria protegê-los e deixá-los amparados para sempre. Jamais poderia imaginar o que aconteceria dali em diante e quantas boas surpresas a vida ainda iria me oferecer. Todos os verões, viajava para passar uns dias em nosso refúgio nas montanhas, à beira-mar. Uma propriedade linda de on
Ficamos em nossa propriedade de verão durante toda a temporada. Estava nos planos voltarmos antes, contudo consegui postergar nosso retorno ao castelo. Não desejava sair daquele lugar que me dava tanta paz e tinha trazido de volta minha juventude na forma mais linda possível. Aquele lugar era belíssimo, porém não era só ele que me agradava e sim a presença constante de certo camponês que aceitava meus convites para os chás da tarde e enchia os meus dias de alegria. Henry era muito atencioso e divertido. Com o passar dos dias, descobrimos muitas afinidades. Ele gostava de cavalgar, havia aprendido a lutar também e, apesar de não ter se tornado um guerreiro, era muito habilidoso. Apreciava as obras de arte e até entendia um pouco sobre o assunto, contava sobre sua falecida esposa, Damaris, que lia variados temas e usou a herança de sua família para adquirir quadros e esculturas, que enfeitavam sua casa até agora e lhes traziam boas lembranças dela. Sempre me convidava para ir
O sol mal havia nascido e lá estava eu me preparando para o passeio com Henry. Acordei ansiosa; na verdade, mal dormi e quando consegui descansar um pouco, meus sonhos foram dele. Havia quebrado algumas barreiras que eu mesma ergui quanto a me interessar por alguém novamente. O meu maior medo era não ser correspondida ou viver um novo amor que não se concretizasse. Eu não acreditava que poderia amar outra vez. Poderia jurar que meu coração seria de Aron para sempre; penso que não tinha deixado de ser, mas havia um lugar reservado que merecia ser preenchido pela pessoa certa e estava começando a acreditar que, enfim, havia encontrado essa pessoa. Meu querido amigo Elmos não negava sua felicidade em me ver interessada por outra pessoa, porém parecia preocupado com minha segurança. Consegui convencê-lo que estaria segura, pois confiava naquele homem e sentia que ele era sincero comigo. Ele concordou e desejou-me sorte. Henry chegou cedo, com um buquê de flores frescas q
Despertamos com sorrisos cúmplices, o olhar sereno de quem descobriu o amor e o viveu intensamente. Vestimo-nos e voltamos à sua propriedade. Andamos de mãos dadas, abraçando-nos o tempo todo, com beijos roubados durante todo o percurso. Henry colhia algumas flores pelo caminho e as colocava em meus cabelos, atrás de minhas orelhas, e juntando-as em um buquê que me deu como presente. Ao chegarmos à propriedade, sua cozinheira Anne estava nos esperando com a mesa posta e um aroma delicioso no ar e só assim percebemos o quanto estávamos com fome. Após nos restabelecermos em seus aposentos, sentamos à mesa para saborearmos todas aquelas delícias. — Estava tudo maravilhoso, Anne. Que mãos de fada tens para cozinhar! Adorei cada prato que foi servido. Obrigada por essa deliciosa refeição. — Eu que agradeço, Vossa Majestade, e fico muito feliz que tenhas apreciado. — Por favor! Me chame de Malena, não são necessárias tantas formalidades. — Sim, Senhora Malena,
FELÍCIA Naquele dia, o sol parecia que não estava disposto a nos ajudar a aquecer nossa manhã para trazer mais beleza aos campos e flores. Mesmo assim, saí como sempre fazia, acompanhada de meu cesto e minha confiança de que ele apareceria. Comecei a colher as flores e, aos poucos, minha esperança foi se esvaindo. Já estava chegando a hora de voltar ao castelo para o desjejum, todos já estariam acordados e estranhariam se eu não estivesse à mesa. Quando já havia perdido as esperanças e aceitado que ele não apareceria, resolvi voltar ao castelo. Comecei a seguir o caminho para sair do campo de flores. Não conseguia entender o porque ele não tinha aparecido. Será que tudo não passou de uma doce ilusão que criei? Que ele foi apenas gentil em dizer que viria me ver todas as manhãs para me acompanhar na colheita de flores? Tinha entendido errado os sinais de interesse que ele pareceu me enviar? Será? Segui meu caminho, desolada, até escutar cascos de cavalo bem pr
— Vejo que as informações chegaram a ti corretamente, mesmo vindo de longe, como disse. É tudo verdade sim, e a Rainha Malena também é minha madrinha. — Oh! Deve ser então a próxima Rainha na sucessão? — Os próximos herdeiros do trono serão os filhos do Rei. Só seria Rainha se por um acaso ele não tivesse filhos. — E ele já os tem? — Ainda não, mas logo terá, com certeza! — Pelo que soube também, ele está casado e já era para ter seus herdeiros. — Como pode saber de tudo isso, vindo de tão distante assim? — Fiquei curiosa com todas as informações que ele tinha e por um momento tive medo de que ele não fosse realmente quem dizia ser. — As notícias chegam a todos os lugares, afinal Minsk é um reino muito querido e todos em muitos lugares falam do que acontece por aqui, por isso que sei tanto! — Entendi! — Queria muito acreditar nele, por isso decidi colocar meus receios de lado. Aqueles belos olhos verdes me desconcertavam de uma maneira que quase me faziam
SERAFIM Muitas coisas em nossas vidas acontecem de uma forma que, na maioria das vezes, não sabemos explicar, como por exemplo minha trajetória de vida até aquele momento e como havia me tornado Rei. Nasci dentro do castelo e por meus pais serem amigos da Rainha fui batizado por ela. Perdi meu pai em um campo de batalha, em uma guerra sangrenta pela luta do domínio das terras. Meu pai, um dos maiores guerreiros do reino, morreu quando eu tinha quatro anos, defendendo a vida de nossa Rainha. Ela cumpriu a promessa feita no momento de sua morte, cuidou de mim e me treinou para ser um guerreiro como ele e meu avô, e aliás, como ela também, a mulher mais guerreira que já conheci em toda a minha vida. Minha admiração por ela era imensa e acho até que minha mãe percebia e sentia certo ciúmes, apesar de apoiar meus sentimentos por ela. Fui condecorado soldado do exército de Minsk aos dezesseis anos e coroado Rei aos dezoito. Ao mesmo tempo, houve meu casamento com Amélie, mi