Tristan— Me dê boas notícias — peço para Atlas que adentra o meu escritório e me fita sério.— Encontrei.Não sei se o meu peito queimou de alívio ou de ansiedade.— Onde?— Em Drakmor.— Você está brincando?— Pior que não. Dárius não está só. Ele reuniu um exército e todos eles lidam com magia. Seus lobos estão ainda mais fortes e maiores...— E?— Demônios, muitos deles.Respiro fundo, encontrando uma bola de fogo alaranjada enfeitando um céu de fim de tarde através de uma janela larga de vidros transparentes.— Não estamos sozinhos e não estamos enfraquecidos também. Temos a santa do nosso lado e a unificação dos nossos poderes. Temos o Aleron conosco também. A profecia já se cumpriu, eu só preciso protegê-la a todo custo e assim protegerei o nosso herdeiro.— E qual é o plano?Invadir Drakmor com todas as nossas forças e fúria.— Não vamos esperá-lo dessa vez.— Uma viagem para Drakmor é uma sentença de morte, Alfa. Não sabemos o que nos espera naquele lugar. Dizem que os mortos
TristanDivertida, ela dá de ombros e encara o céu noturno.— A lua está linda!— Ela está.— É verdade que as suas fases mexem com você lobos?— É verdade. Mas a sua fase mais majestosa é a lua cheia.— Ela está cheia agora.— Está.— E como se sente?— Quer mesmo saber, santa?— Eu quero.— Estou literalmente subindo pelas paredes e louco para tomá-la para mim.Seus olhos parecem ganhar um brilho diferente. Insinuoso e até envolvente e os seus lábios se abrem discretamente, por onde o seu ar escapa, lançando uma leve fumaça branca no ar frio da noite.— E por que você não me toma? — Essa indagação sai quase como um fio de voz, porém, tem uma força poderosa que me faz incendiar.Portanto, me levanto, lhe estendo a minha mão, ajudando-a a levantar-se do tronco e a levo para um canto mais reservado. Distante do acampamento e protegido por folhagens grandes a puxo para os meus braços e a beijo faminto, chocando-a contra o troco grosso de uma arvora. O meu corpo a prensa ali, enquanto as
Hazel— Precisamos encontrar um rio e abastecer nossos cantis.Alguém diz enquanto descemos uma por uma ribanceira íngreme e traiçoeira.— Eu daria qualquer coisa agora um demorado banho de chuveiro. — Atlas resmunga, porém, Aleron faz um gesto com uma mão pedindo o silêncio de todos. E quando ele para de andar, paramos também.— O que ouve? — pergunto baixinho, encarando uma enorme rocha escura bem na nossa passagem.— Chegamos.Essa palavra trouxe um pouco de tensão a todos e os burburinhos foram inevitáveis.— Façam silêncio! — O feiticeiro exige exasperado, porém, baixo, quase como um sussurro. — Com mais alguns passos estaremos dentro de Drakon e qualquer ruído poderá atrai-los para a nossa direção. Portanto, não toquem em nada e olhem onde pisam — alerta.Ele estava certo. Quatro passos adiante e é como se tivéssemos atravessado um portal mágico. Em uma fração de segundos estávamos dentro de uma mata densa, rodeados pelo verde e pisando em folhagens secas, mas no outro surge um
Hazel— Venham comigo. Temos comida, água fresca e um lugar para descansar. Podemos comer enquanto conversamos, certo?Meus ombros caem e o meu corpo inteiro se desarma. Logo sinto o toque de Tristan no meu ombro e resolvo guardar minha adaga. Zyra passa por uma das aberturas na parede rochosa e logo seguimos atrás dela. Um corredor extremamente estreito, grotesco e obscuro, que logo dá lugar a uma luz tênue. Do lado de fora, percebemos que a noite já caiu e uma vila iluminada por tochas surge no meu campo de visão. No céu escuro e poucas estrelas vejo os dragões cortarem as poucas nuvens e os seus sons quebram a ação do vento.— Pelos deuses! — Atlas sibila exacerbado de surpresa.— Nossa cidade é dividida em duas partes. A cidade inferior onde vivem os dragões e a cidade superior onde vivemos. — Zyra explica à medida que andamos pelas ruelas, onde alguns curiosos nos espiam. — Não se preocupem, os dragões não lhes farão mal algum. Vamos, sentem-se! — Ela pede quando chegamos no meio
Tristan— Estamos quase lá, Tristan. Mas com esse dragão por perto não conseguiremos passar despercebidos. — Atlas diz assim que chegamos ao topo de uma montanha. Em silêncio, pego um binóculo e observo o movimento na cidade cercada por um vale e ladeada por troncos grossos e pontiagudos.— A cidade está fortemente armada — falo, verificando os guardas armados dentro e fora da fortaleza.— Como faremos com o dragão, Tristan? — Asterin pergunta e eu olho na direção da fera.A imagem da incompatibilidade de uma jovem sorridente ao lado de um animal grotesco é assustadoramente surpreendente. O dragão age como se fosse o seu cãozinho de estimação e me pergunto se ele é tão fiel quanto. O quanto Drakthar está disposto a proteger Hazel dos nossos inimigos?— É simples, eles não nos acompanharão — sibilo, voltando a olhá-los.— O que disse? — Atlas indaga confuso.— Drakthar é a nossa arma secreta. Hazel é o nosso amuleto. Eles atacarão na hora. Portanto, ficarão exatamente aqui, enquanto inv
Tristan— Tristan, a alcateia dos lobos cinzentos já estão reunidos no pátio. — Asterin avisa e eu assinto, me afastando da janela e em silêncio saio da torre para encarar uma multidão cabisbaixa e ajoelhada no chão. Os meus olhos percorrem pela desordem do lugar. Manchas de sangue derramado e corpos caídos pelo chão.Respiro fundo.— Encontre Drakthar e Hazel e os tragam para mim. A batalha acabou, eles já podem vir.— Certo, Alfa.— Tristan, os lupinos não encontram nada em raios de dez quilômetros. — Atlas avisa. Franzo a testa.— Como pode?— Eu não faço ideia.— Cuidaremos disso em breve.— Certo, Alfa! — Ele se afasta e eu volto a fitar a multidão.— Hoje, uma nova era começa! — Começo a falar, atraindo sua atenção para mim. — O trono que conquistei essa noite não é apenas um símbolo de poder, mas o juramento de um novo destino para todos nós. Tomei este lugar com força e astúcia, como é o caminho de nossa espécie, mas minha liderança será forjada em lealdade, sabedoria, e no san
HazelNa mesma noite da batalha...O som de um uivo dolorido me faz olhar dentro da escuridão e por mais que eu me esforce, não consigo ver dentro dela.— Tristan? — sibilo baixo demais e completamente apavorada. Ao meu redor não existe nada além das sombras e da escuridão. — Onde você está? — sussurro trêmula, buscando em minha memória o que aconteceu.A baralha. As feras se enfrentando brutalmente. Os ganidos ferozes e os rangidos estrangulados. As palavras saiam da minha boca como uma correnteza de águas místicas, dando para os lobos o poder de que eles precisavam para lutar, enquanto Drakthar sobrevoava ferozmente a cidade esperando por um comando meu. Uma flecha brilhante riscou o céu escuro, seguida de um grunhido de dor e começamos a cair. Lembro dos meus gritos, de ver a morte vir ao meu encontro...Outro uivo me desperta e assustada, volto a olhar ao meu redor. A escuridão se ergue como muros colossais, impedindo-me de ver qualquer flete de luz. Ela está sufocada, não tem forç
HazelAlguns dias...— Coma, você precisa se alimentar bem. — Apsaras fala, deixando uma pequena bandeja perto da jaula— Você sabe que se ele conseguir o que quer, vai destruir a humanidade, não é? — inquiro, mas ela não me responde. Apenas continua fazendo o seu serviço. — Apsaras, eu posso libertá-la. Você precisa me tirar aqui.— Ninguém pode me ajudar.— Me ajude e eu a liberto.— Não é tão simples assim, Santa. Eu fui construída pelo Luriel.— Construída?— A partir de ossos secos e sem vida. Basta um estralar de dedos de Luriel que eu voltarei a ser o que era antes. Nada. Então, não importa o que você me diga. Você nunca irá me convencer do contrário. Eu não vou mudar de ideia... nunca. — Desanimada, me afasto das grades e me sento em um canto da jaula. Ansiosa, espero mais uma noite chegar. Porque é durante a noite quando tudo fica quieto e eu estou só. É na calada da noite que consigo ouvir o som da sua voz e sou tomada pelas lindas lembranças de nós dois. E escutar os seus so