Hazel— Precisamos encontrar um rio e abastecer nossos cantis.Alguém diz enquanto descemos uma por uma ribanceira íngreme e traiçoeira.— Eu daria qualquer coisa agora um demorado banho de chuveiro. — Atlas resmunga, porém, Aleron faz um gesto com uma mão pedindo o silêncio de todos. E quando ele para de andar, paramos também.— O que ouve? — pergunto baixinho, encarando uma enorme rocha escura bem na nossa passagem.— Chegamos.Essa palavra trouxe um pouco de tensão a todos e os burburinhos foram inevitáveis.— Façam silêncio! — O feiticeiro exige exasperado, porém, baixo, quase como um sussurro. — Com mais alguns passos estaremos dentro de Drakon e qualquer ruído poderá atrai-los para a nossa direção. Portanto, não toquem em nada e olhem onde pisam — alerta.Ele estava certo. Quatro passos adiante e é como se tivéssemos atravessado um portal mágico. Em uma fração de segundos estávamos dentro de uma mata densa, rodeados pelo verde e pisando em folhagens secas, mas no outro surge um
Hazel— Venham comigo. Temos comida, água fresca e um lugar para descansar. Podemos comer enquanto conversamos, certo?Meus ombros caem e o meu corpo inteiro se desarma. Logo sinto o toque de Tristan no meu ombro e resolvo guardar minha adaga. Zyra passa por uma das aberturas na parede rochosa e logo seguimos atrás dela. Um corredor extremamente estreito, grotesco e obscuro, que logo dá lugar a uma luz tênue. Do lado de fora, percebemos que a noite já caiu e uma vila iluminada por tochas surge no meu campo de visão. No céu escuro e poucas estrelas vejo os dragões cortarem as poucas nuvens e os seus sons quebram a ação do vento.— Pelos deuses! — Atlas sibila exacerbado de surpresa.— Nossa cidade é dividida em duas partes. A cidade inferior onde vivem os dragões e a cidade superior onde vivemos. — Zyra explica à medida que andamos pelas ruelas, onde alguns curiosos nos espiam. — Não se preocupem, os dragões não lhes farão mal algum. Vamos, sentem-se! — Ela pede quando chegamos no meio
Hazel— Soube que você era a esposa do antigo Alfa — comento quando Luna entra no meu quarto e de costas para mim, ela começa a organizar algumas roupas dentro do meu closet.E o fato de ela não olhar nos meus olhos e de não falar nada me incomoda um pouco, porém, continuo.— Eu sinto muito pelo que aconteceu ao Darius...— Não sente não. — Luna rebate, mas não com agressividade e então ela finalmente me olha.— Parece que você não se sente bem trabalhando dentro essa casa.Ou diretamente para mim. Penso.— Se quiser, eu posso conversar com Tristan e pedir-lhe que lhe dê outra função na alcateia.— Não faça isso, Senhora. — Um tom suplicante passa pela sua boca. — Por favor! — Ela se suspira alto e cautelosa, se aproxima da minha cama, sentando-se na beirada do colchão para olhar dentro dos meus olhos.— Ele agora é o novo Alfa. E não apenas isso, ele é o rei Alfa. Não posso contestá-lo, entende...— Mas, seria eu a falar-lhe...— Mesmo assim. Isso seria uma afronta ao supremo Alfa. E
HazelPortanto, tento fazer o que me pediu. Eu me arrasto pela cama para ir até o banheiro, mas estranhamente me sinto fraca e tonta. Os meus ouvidos fazem um barulho agudo demais e é como se eu pudesse escutar o som da minha própria respiração. Os meus batimentos cardíacos também parecem alterado e as forças parecem querer me abandonar. Com medo de cair, me apoio em uma parede para tentar me manter de pé e com dificuldade me livro da roupa de dormir e tomo um banho rápido. Me seco rapidamente e visto uma roupa que estava separada em cima da cama. No segundo seguinte, me entrego a fraqueza e me deixo cair no colchão.Respiro fundo algumas vezes, tentando recuperar as minhas forças e o calor do meu corpo, que parece ter mergulhado em águas profundas e gélidas. Me pergunto se esses sintomas fazem mesmo parte de uma gravidez? Ou será que há algo de errado comigo?Pelos deuses, espero que não!— Hazel, você está bem? Senhora, fale comigo! — Luna pede. Ela parece extremamente preocupada co
TristanQuando se passa a viver dentro de um inferno o seu fogo já não surte o mesmo efeito da dor que se carrega dentro do peito. Portanto, sorrir é algo que já não consegue se fazer e o amor… esse apodreceu em algum lugar dentro do coração. Você não vive realmente, apenas existe. Mas tem um lado bom nisso tudo. A fraqueza jamais te alcançará.Meu nome é Tristan Tybalt, eu sou o Alfa de uma alcateia temida que vive no sul da Inglaterra. Mas para chegar até aqui perdi a pessoa mais valiosa da minha vida. A companheira com quem planejei um futuro sólido, com filhos e muito amor. Desde então, passo a maior parte do meu tempo no meu império instalado em uma cidade entre os humanos. E só regresso para a Maldagam, uma floresta negra onde habitamos desde sempre em casos extremos como o dessa noite.— Alfa!Um lupino fala abaixando os seus olhos em sinal de respeito a minha autoridade, e aproxima-se para me receber. Contudo, não esboço qualquer reação ao seu gesto. Apenas o olho firme de ond
TristanAlgumas horas depois...— Tristan? — Atlas, um dos ômegas mais próximos a mim fala assim que adentra a sala, onde uma mesa farta de café da manhã está exposta. — A quanto tempo, meu amigo? — Ele cantarola com ínfimo prazer, porém, apenas aponto uma cadeira para ele do outro lado da mesa.— O que o traz aqui tão cedo, Atlas? — inquiro, servindo-me uma xícara de café e ele faz o mesmo em seguida.— Eu preciso de um favor, Alfa. — Arqueio as sobrancelhas e aguardo que ele continue. — É sobre o ataque em Maldócia… — fala, referindo-se ao massacre na vila dos feiticeiros.— O que tem Maldócia?— É que, temos uma sobrevivente. — Confesso que essa informação me pegou de surpresa.— E?— Se você pudesse levá-la para a cidade consigo…— Fora de cogitação. — O corto determinado.— Alfa, se o Senhor pudesse protegê-la. — Ele insiste.— E por que eu faria isso? — ralho com desdém.— Hazel não tem mais ninguém, Alfa. Todos que ela amava e confiava morreram. E se ela ficar aqui, com certeza
Hazel— Logo dias negros estarão por vir, criança. — A voz envelhecida de minha avó preenche repentinamente a sala de estar, onde as minhas irmãs discutem animadas sobre o que vestir para as festividades da colheita.Uma noite muito divertida nos aguarda, mas Magdalena Mor está falando sobre escuridão, enquanto fita a noite que começa a cair, através de uma janela retangular de vidros transparentes. Devo dizer que é um contraste muito grande diante da alegria dos moradores de Maldócia, ma pequena cidade que fica ao sul da floresta mais tenebrosa da Inglaterra. Contudo, nunca tivemos problemas com os moradores de lá e esse é mais um motivo para não compreender a visão de uma senhora de cabelos grisalhos no canto da sala.— Uma nuvem negra ameaça a existência dos moradores de Maldócia. — Ela continua.— Vovó, por que não se senta um pouco? — peço, tocando com carinho nos seus ombros, para guiá-la até uma cadeira confortável. Entretanto, ao me afastar dela, sinto o leve aperto dos seus d
HazelOfegante, fito a porta do quarto e corro para fechá-la com chave. Respiro fundo algumas vezes e olho para as paredes de vidro, me perguntando se realmente estou segura nessa casa. Outro grito ecoa e esse parecia refletir uma grande dor. E curiosa, giro a chave lentamente na fechadura, abrindo apenas uma brecha da porta, para bisbilhotar o corredor vazio.— NÃO! — Outro grito surge na porta em frente a minha e me pergunto se devia ir até lá ajudá-lo.Céus, você está na casa dele, Hazel. Ajudá-lo é o mínimo que deveria fazer agora. Minha consciência aconselha-me e trêmula, respiro fundo, saindo do quarto com cautela para ir até a porta do quarto da frente.— Se… Senhor… Tristan? — gaguejo ao chamá-lo.Sim, estou muito nervosa. A verdade, é que Atlas, o lobo que me resgatou falou-me um pouco sobre esse homem. Ele é um Alfa poderoso. É temido por todos, é rígido e intolerante em suas decisões.“Não o olhe nos olhos”. Ele disse. “E não diga nada, deixe que eu mesmo falo com ele”.E a