Os socos e pontapés na porta me fizeram paralisar. Estava apavorada, sentia como se meus pés estivessem presos no chão e todo o meu corpo tivesse sido congelado.— Vamos, pule! – Ivy falou com nervosismo. – Não precisa ter medo, eu irei te segurar.Escutei o som do armário começar a ser arrastado devido à força dos socos e chutes na porta. Uma fresta se abriu, dando espaço suficiente para ver seus olhos verdes arregalados e inquietos, como se estivesse prestes a me atacar.Meu corpo saiu do transe ao ver sua mão entrar pela fresta e começar a forçar a porta.Meu coração batia descompassado quando, finalmente, tomei coragem e saltei pela janela, aterrissando no telhado com um impacto doloroso. A neve macia cobria o telhado, mas minha perna ferida protestava a cada passo que eu dava.Com dificuldade, comecei a caminhar pelas telhas escorregadias, minha respiração saindo em pequenas nuvens de vapor. Ivy, embaixo de mim, me instava a con
— Sua perna está consideravelmente melhor. – seu entusiasmo era evidente. – Em todos esses anos, nunca vi uma recuperação tão rápida, nem mesmo em um dos nossos.A voz de Alaric soou surpresa, e isso me fez sentir minhas bochechas esquentarem.— É... Sempre me recuperei rápido. – sorri envergonhada. – Nunca fico doente ou me machuco... Deve ser alguma coisa genética.— Interessante... – ele murmurou. – Você é muito diferente dos humanos que conheci, Violet.Alaric olhou novamente para sua prancheta e suspirou. Sua mão passou por seu pescoço e uma risada nervosa escapou de seus lábios.— Tem algo que me faz questionar se você realmente é humana. – seu nervosismo era evidente. – Mas precisarei investigar e aqui não tenho os recursos necessários.Me sentei na maca, e minha pele se arrepiou ao sentir o estetoscópio gelado de Alaric em meu peito.— Não entendi... Sou só uma pessoa comum. – disse ao vê-lo anotar algo em sua prancheta.— Comum não é uma palavra que se aplica a você, mocinha.
— Acorda! Acorda logo!Abro os olhos e vejo Ivy com uma expressão preocupada. Ela suspira aliviada e senta na ponta da cama.— Ivy? Aconteceu alguma coisa? – Pergunto confusa.— Eu vim ver como você estava, e algo estranho aconteceu. – Sua voz estava trêmula, assim como suas mãos.Me sento na cama e esfrego os olhos; estava muito sonolenta, o remédio que Alaric me deu ainda fazia efeito.— Não estou entendendo, estou com muito sono. – Minha voz sai arrastada.— Quando entrei no quarto, você estava com os olhos abertos, sussurrando algo que não entendi. Seus olhos estavam violeta, e a pedra em seu pescoço brilhava da mesma cor. – A voz de Ivy é trêmula, e seus olhos estavam marejados.Sento na cama tentando me manter acordada o suficiente para acalmá-la.— Fiquei confusa, e quando me aproximei, toquei em você, e de repente, um homem surgiu no quarto, olhando-me de forma intimidadora. – Ela fala com nervosismo, e lágrimas rolam por seu rosto.— Um homem? – Pergunto com a voz confusa. –
— Senhor, solte-me! Não sou uma invasora. – Exclamo, tentando puxar meu braço. – Você está me machucando!— Calada! – Ele bate em meu rosto com força.O impacto de seu tapa faz um chiado surgir em meu ouvido. Arregalo os olhos, assustada, tentando me desfazer de seu aperto em meu pulso.— Você vai pagar por invadir nosso território, besta maldita.Seus olhos ficam escuros, e seu rosto começa a assumir uma forma assustadora, como se estivesse se transformando em algo que não parece humano.— Solte-a agora! – A voz grave de Dylan me faz pular, assustada.Meus olhos estavam marejados, e meus soluços eram altos. O homem apertou meu pulso, fazendo-me gritar de dor.— Solte-a, Kennan, eu não vou mandar novamente! – Dylan diz entre dentes, aproximando-se de nós.O homem solta um rosnado gutural, seus olhos fixos intensamente nos meus. Meu coração bate descompassado enquanto ele se aproxima, a respiração gélida roçando
— Uau. – Exclamo, observando ao redor. – Eu não imaginava que esta seria sua casa.Dylan sorri timidamente enquanto caminha em direção ao interior do castelo.— Pensei que naquele dia em que me resgatou... bem, pensei que aquele quarto fosse sua casa. – Digo, envergonhada.— Aquela é minha casa. – Ele sorri constrangido. – Mas depois do ataque, tive que vir morar aqui... bem, é uma herança de família.Dylan dá os primeiros passos, e eu o sigo pelo longo corredor adornado com decorações antigas, estátuas e quadros. A sensação é de caminhar por um dos castelos antigos que meu falecido pai costumava destacar nas ilustrações dos livros de histórias infantis.Dylan segue adiante, mas eu paro diante de um quadro intrigante. Um homem robusto de meia-idade, cabelos negros, olhos azuis, sentado em um trono, ostentando uma coroa. Ao seu lado, uma bela mulher de olhos cor de mel e cabelos loiros. O homem se assemelha muito a Dylan, exceto pela cor do cabelo e olhos, idênticos aos da mulher, e pe
— Não estou interessado em suas tentativas arrogantes de menosprezar tudo que digo. – Dylan fala sem se virar.Vejo ele organizar algo no armário do grande banheiro em silêncio durante longos minutos.— Peço desculpas se magoei você. – Minha voz sai baixa. – É difícil pra mim acreditar nessas coisas... na verdade é difícil acreditar que estou vivendo isso, que não é um pesadelo e que a qualquer momento irei acordar com meu pai me dizendo que está tudo bem.Dylan me olha em silêncio estudando minhas expressões faciais. Olho para meus pés, ainda era muito difícil acreditar que nunca mais veria meus pais novamente.— Eu ainda acordo todos os dias pensando que o meu pai vai entrar no quarto e dizer que estava me esperando para o café da manhã. – Ri nervosa. – Mas eu sei que isso nunca vai acontecer, que é apenas meu cérebro me torturando diariamente.— Essa tristeza vai diminuir? Essa falta? – O olhei com desespero. – Eu só quero que essa dor vá embora. Eles estão mortos por minha causa,
Andando pelo castelo, não consegui descobrir muitas coisas sobre Dylan. Este lugar era realmente muito grande; acabei me perdendo várias vezes.Estava muito entediada, passei o dia inteiro neste enorme castelo, sozinha, e para piorar, já estava escurecendo, e eu estava faminta.— Droga, Dylan... onde você foi? – Pergunto em voz alta.Volto à sala onde estava quando ele foi embora. Ando até a poltrona e me sento bufando irritada.Nessas horas sentia falta da tecnologia; meu smartphone seria muito útil agora.Escuto o som de alguns passos e ajeito minha postura na poltrona com empolgação. Pela primeira vez em horas, veria alguém.— Violet? O que está fazendo aqui? – Alaric pergunta assustado.Olho para sua mão e vejo algumas pastas, me pergunto mentalmente qual seria o conteúdo delas.— Eu que te pergunto. – Dou uma risada. – O que está fazendo aqui? Você não deveria estar viajando?Alaric pisca os olhos algumas vezes e sorri antes de se aproximar em passos largos.— Precisava pegar alg
Suspiro enquanto ajusto o laço no meu cabelo diante do espelho. Sinto nervosismo percorrer meu corpo ao arrumar o vestido.— Ok... lá vou eu. – Digo, olhando meu reflexo.Dou uma última olhada antes de sair do quarto.Meus passos apressados ecoam pelo grande corredor. Mesmo após uma semana neste castelo, ainda me perco em seus corredores. Por isso, Dylan pediu para colocarem flores diferentes nos vasos de cada corredor. Agora estou no corredor das rosas brancas, que me levará à sala de jantar.— Você está atrasada. – Dylan diz assim que me vê entrar na sala de jantar.Sorrio sem graça, indo para o meu habitual lugar à mesa. Ele se levanta, dá uma volta rápida na grande mesa e, antes de me sentar, puxa a cadeira. Sorrio agradecida.Olho para o grande relógio na parede e suspiro profundamente, tentando manter a paciência.— Apenas dois minutos. – Respondo sem olhar para o seu rosto.— Não importa! – Sua voz ecoa pela sala enquanto ele volta ao seu lugar.Dylan se senta e me encara sem e