A intensidade do momento é interrompida por uma forte ventania que repentinamente abre a janela, causando-nos surpresa mútua. Trocamos olhares envergonhados, e eu solto um suspiro, sentando-me na cama.
— Droga... – solto uma risada sem humor. – Parece que os espíritos da floresta estão nos repudiando por isso.Dylan tenta dissipar o clima desconfortável com um sorriso nervoso.— Não diga asneiras, Violet. É apenas uma ventania. – Suas palavras carregam uma tensão que revela que, assim como eu, ele sentiu a perturbação no ambiente.Os traços esculpidos do rosto de Dylan são destacados pela luz da lareira, seus lábios grandes e volumosos adquirindo uma tonalidade atraente sob a iluminação. Ele se afasta com uma elegância inerente, colocando-se de pé ao lado da lareira, onde a dança das chamas destaca os contornos de seu corpo. Uma ventania repentina invade o quarto, e involuntariamente abraço meu corpo para me resguardar do frio que se intensif— Então, senhor nobre, você sempre tem um estilista para suas roupas? – Pergunto provocativa, observando cada detalhe das vestes de Dylan.— Você é uma pessoa muito irritante, sabia? – Ele responde, sua mão cobrindo meu rosto momentaneamente. – Se não fosse tão adorável, eu te daria um soco!Minha risada é abafada por sua grande mão cobrindo meu rosto. Dylan agarra minha cabeça, ainda cobrindo meu rosto, e a balança em um gesto brincalhão, intensificando minhas risadas.Sua mão me solta, e Dylan me olha com um brilho diferente em seus olhos, algo que nunca havia presenciado. Um sorriso fraco surge em seu rosto.— Até parece que não sentiu minha falta esses meses, não é mesmo? – Perguntei provocativa olhando em seus olhos cor de mel que estavam completamente escuros.— Bom, não posso negar que senti sua falta. – Sua voz era suave.Seus olhos, normalmente intensos, suavizaram-se revelando uma ternura incomum. Naquele momento, parec
Uma dor latejante na cabeça me tira da inconsciência, e ao abrir os olhos, percebo um lugar estranho e embaçado ao meu redor. A visão vai clareando aos poucos, revelando Ivy, com uma expressão preocupada, seus olhos agitados refletiam alívio e apreensão. A luz suave do ambiente destaca os traços do seu rosto enquanto ela observa meu despertar. Tento entender o que aconteceu, mas a dor persiste, acompanhada por uma sensação de confusão e familiaridade.— Parece que virou tradição eu acordar de um desmaio e encontrar seus olhos preocupados. — Digo envergonhada.Ivy ri aliviada ao me ver bem, seus olhos tristes e avermelhados denunciavam sua preocupação. Sentada na cama, percebo que estou vestida, então, Dylan me trocou? Observo o ambiente e me assusto ao notar que estou no quarto de Ivy, na casa de Alaric. Como Dylan me trouxe até aqui? Isso significava que ele já estava no ritual? Meu coração dispara com a possibilidade de perdê-lo para sempre.Não faço ideia do que os moradores da vil
Corro para fora da casa, ignorando os gritos de Ivy. A vila se estendia à minha frente, completamente vazia. Olho ao redor em desespero, tentando encontrar o local onde acontecia o ritual. Maldição, essa vila era enorme, e eu não conhecia absolutamente nada aqui. Meu coração acelerado ecoava em meus ouvidos, sentindo o desespero me consumir a cada passo. Cada segundo conta, e a urgência de encontrar Dylan antes que algo ruim o aconteça domina meus pensamentos.Respiro fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. Olho ao redor, e ao longe, avisto um grande portão de ferro que leva a uma área desconhecida da vila. É o único lugar que nunca explorei antes. Uma certeza surge em minha mente: alí com certeza é o local do ritual. Sem hesitar, começo a correr em direção ao portão, cada passo aumentando a urgência de chegar antes que seja tarde demais para impedir a humilhação de Dylan. O desespero impulsiona meus movimentos.— Parada, humana! – A voz grave de um homem ec
Sou arrastada para longe da fogueira, as vozes e sons festivos se distanciando. Sabia que, se saísse pelos portões, não teria chance de voltar, e o destino de Dylan estaria selado.Meu casaco rasga, a unha do homem corta minha pele, e com um movimento brusco, me liberto de suas mãos. Corro de volta pelo caminho de pedra em direção ao ritual, ignorando a dor pulsante em meu braço. Cada passo é impulsionado pelo desespero, consciente de que o tempo está se esgotando, e cada segundo nos aproxima do inevitável fim. A visão do ritual, agora obscurecida pela distância, torna-se meu único foco enquanto meu coração bate descompassado.A fogueira surge em meu campo de visão, corro em sua direção, e os moonhowlers percebem minha presença. Dylan me olha assustado, estico meu braço em sua direção, ansiosa para alcançá-lo. Antes que eu o alcance, um grande lobo cinza pula sobre mim, cravando seus dentes em meu braço e quebrando-o instantaneamente. Meu grito de dor ecoa pela área restrita, e o sang
— Você só pode estar brincando! Eu sou uma princesa legítima, filha do rei caspian, o Alfa de minha alcatéia. – Uma mulher se aproxima e me olha de cima a baixo com desdém. – Não é uma humana sarnenta que irá tirar o meu lugar por direito!Alaric a olha sem interesse e um sorriso sarcástico surge em seus lábios.— Jenna, não é você que escolhe alguma coisa e sim os espíritos! Você pode ser a filha do alfa em sua alcatéia, mas aqui não passa de uma convidada comum, então, só fale quando for autorizada por mim ou pelo Alfa. – O tom tranquilo de Alaric deixa a mulher furiosa. Ela volta ao seu lugar e me lança um molhar mortífero.— Precisamos tirar a prova disso. Não podemos ficar apenas em achismos. – Uma outra mulher diz, próxima a Jenna. – Sei que sou apenas uma princesa convidada aqui, mas assim como você, apenas quero que a profecia se cumpra, mesmo que eu não seja a escolhida. Isso dará fim as dores de nosso povo. Então, acho prudente a menina humana e o Alfa participarem do ritual
O ritual desenrolava-se conforme o esperado, com cada Moonhowler depositando na fogueira um objeto significativo dado por seus pais ao nascer. Meu coração palpitava com ansiedade; eu não possuía nada além do meu colar para contribuir. Contudo, a incerteza pairava sobre mim: o que aconteceria com meus poderes se eu lançasse meu colar na fogueira? E quanto ao Mago Supremo que residia dentro do pingente?— Violet, é a sua vez. – Uma Moonhowler diz timidamente. Seus olhos me observavam curiosos.— Eu... eu não tenho nada para jogar. – Menti temendo que acreditassem.— Mas e o colar que seu pai te deu? – Alaric pergunta do outro lado do círculo que rodeava a fogueira.Dylan me olhava com preocupação e ao mesmo tempo temeroso pelo meu estado; sentia-me zonza devido à perda de sangue. Respirava ofegante, e meu corpo estava suando frio, mas não podia parar; precisávamos saber a verdade, se eu era a princesa prometida ao Alfa.— Violet? Você não está se sentindo bem. – A Moonhowler fala com pr
A escuridão envolveu meus sentidos, formando um véu que me isolava do mundo ao meu redor. Era como se estivesse flutuando em um vazio silencioso, sem perceber o tempo que passava. De repente, uma sensação estranha tomou conta de mim, como se estivesse sendo puxada para fora desse torpor. Minha mente começou a emergir, e lentamente pude perceber contornos difusos ao meu redor.Abri os olhos com dificuldade, sentindo-me desorientada e fraca. O ambiente era branco e brilhante, o que contrastava fortemente com a penumbra que eu estava acostumada. Máquinas emitiam sons suaves, e o aroma de desinfetante impregnava o ar. Olhei em volta, tentando entender onde estava, mas tudo parecia turvo e desconexo.Aos poucos, detalhes começaram a se formar. Camas alinhadas, cortinas brancas e pessoas vestidas em uniformes que eu não reconhecia. A ficha demorou a cair, mas quando percebi, meu coração acelerou com uma mistura de confusão e apreensão. Eu estava em um hospital, um lugar que há muito tempo n
Encaro meu reflexo no celular, observando as mudanças que transformaram completamente minha aparência. A sensação de não reconhecer a pessoa refletida na tela intensifica a estranheza de toda essa situação. O toque suave da enfermeira interrompe meus pensamentos.— Você foi encontrada com ferimentos graves no braço, uma hemorragia intensa. Parece que foi atacada por um animal grande. Se tivéssemos demorado mais alguns segundos para te encontrar, as coisas poderiam ter sido muito diferentes. Você teve muita sorte. — A enfermeira compartilha, sua expressão revelando uma genuína preocupação.Agradeço, devolvendo-lhe o celular, enquanto a perplexidade sobre a atitude de Dylan me assombra. Como ele pôde me deixar sozinha no estacionamento? Eu poderia ter morrido e ele simplesmente me deixou lá, sozinha na neve sangrando até morrer. Como ele pode? Um nó se formou em minha garganta e a vontade de chorar toma conta de mim. Estava sozinha novamente... ele havia me abandonado como se eu não fos