" Sente-se aqui Júlia". Luna Ester me diz, indo para um sofá do outro lado da sala.
" Quero que me explique como soube da camera escondida, os rapazes disseram que colocaram na parede"."Então" eu começei sem saber direito como explicar a noite passada. " Um homem entrou na sala, e bateu na parede até tirar a camera, parece que ele sabia exatamente onde estava, ele me mostrou a camera e, me disse para voltar para o meu quarto". Disse apressadamente sem colocar muitos detalhes, eles se entreolharam e me perguntaram como era o homem, eu disse que era alto, branco, com cicatrizes pelo pescoço e cabelos loiros, não sei dizer a cor dos olhos pois estavam num preto profundo. Eles novamente se entreolharam e, isso me fez questionar se algo estava errado, disse ainda que nunca havia visto ele por aqui.Alfa Marcos me olhou sem expressão em seus olhos e, me disse: já está tudo esclarecido, por agora, volte aos seus afazeres e qualquer coisa lhe chamarei de novo". acenei de leve, e me levantei para sair, mas com dúvidas de quem era o suposto homem que me ajudou.Aquela dúvida permaneceu na minha mente em saber quem era o tal cara. Mas tentei tirar esses pensamentos, afinal, tinha coisas maiores para me preocupar porque amanhã, era lua cheia.No dia seguinte, já estava altamente fora de mim por conta da Lua, treinei para drenar um pouco da minha energia, e não fui para a escola apesar de saber que as crianças seriam uma bela distração, não queria colocá-las em risco, voltei para o meu quarto e permaneci lá, assim que o sol se pôs, a minha angústia começou, pude ver meus olhos amarelos como um girassol através do espelho, fui logo atrás das minhas correntes, tentei colocá-las mas a transformação já estava começando, senti alguns ossos quebrando, gritei de dor, tentei me recompor e continuar a me amarrar, mas uma batida na porta me tira dos meus pensamentos, num grito sufocado tento dizer para ir embora, mas a porta se abre e James me vê tentando me amarrar as correntes, meu corpo todo coberto pelo suor e a agonia da transformação, nunca me transformei por completo, não que me lembre, então, sabia que era complicado, mesmo depois de tantos anos, lutei contra a transformação.James sem dizer muito me segura, enquanto caio de dor por mais ossos se quebrando, e me leva pra fora do quarto. "_ Você está louco? Não é seguro pra mim estar perto de alguém. me leve de volta e me amarre" ele me segura firme e diz: "_ Vamos, irei te levar pra um lugar seguro" confiando em James me apresso nos passos enquanto luto pra não me transformar. Assim que chegamos ao lado de fora, vejo Alfa Marcos já dentro do carro no lado do motorista. Ele nota meus olhos dourados e diz:"_Vamos! Não temos muito tempo". Trinta minutos depois, ao que parece uma eternidade pra mim, chegamos a uma cabana, por entre as árvores enormes da floresta que rodeia todo o território da matilha.Alfa pula do carro, e vai em direção a porta da cabana, James me ajuda a sair, e assim que olho para a porta vejo o homem misterioso falando com o Alfa Marcos. Mas antes que eu possa entender o que estão dizendo, mais ossos estão se quebrando no meu corpo, me fazendo me contorcer de dor, e cair no chão.Vendo que estou lutando contra a transformação eles rapidamente me levam pra dentro, e descem uma escada que leva até o porão, um lugar pequeno, que parece mais uma cela com grandes barras de ferro, e um pequeno portão com grandes fechaduras. uma única luz ilumina tudo, mostrando que as paredes são grossas e estão arranhadas, como se alguma besta já estivesse aqui por algum tempo.James e Alfa Marcos me colocam dentro da pequena sala, o homem misterioso me olha sem expressão em seu rosto. Alfa e James saem da sala, e ficam nas escadas enquanto o homem continua a me encarar, e mais uma vez ouço meus ossos quebrando, grito de dor de tento me conter, ele se abaixa pra me olhar mais de perto e diz: "_ Não lute contra sua transformação". eu olho pra ele sem entender 'Ele só pode tá maluco, eu posso machucar todo mundo aqui se me transformar'. Olho ofegante pra ele e digo :"_ Não posso fazer isso, não tenho controle de nada". então ele me responde: "Você precisa de uma âncora para começar a controlar seu Crinos, converse com seu lobo pra conseguir chegar a um acordo." Eu digo:"_ Não é como se alguma vez meu lobo tivesse falado algo comigo, ela tem uma parede bloqueada, nunca me disse uma palavra, e como faço para ter uma âncora?" Ele olha novamente e diz: "_ um parente, um amigo, um namorado, sei lá, alguém que você ame". Solto uma risada sem graça, e respondo tent
Assim que o avistei, ele estava com uma toalha enrolada em sua cintura, sentado no canto, próximo ao portão, e encima de mim, havia uma manta azul cobrindo meu corpo. Enquanto tentava me levantar segurei a manta pra que não mostrasse nada a mais. Quando finalmente me ajustei, sentada no chão perguntei: O que aconteceu?", não me lembrava de nada, como sempre. Ele finalmente olha pra mim e diz: "sua loba falou comigo noite passada, ela não é muito de falar, e disse que você não sabia quem era, então, não achou que devesse falar algo, mas prometeu que irão conversar". Acenei agradecida, mas então, consegui me lembrar de um fragmento daquela noite, a mordida no ombro. Perguntei confusa:"_ Você me mordeu?" ele me olhou diretamente nos olhos agora e disse: "_ Sim, eu te marquei, meu lobo tomou conta, e não me deixou espaço para conversar, ele marcou sua loba como dele". Tinha ouvido sobre companheiros aqui na matilha enquanto aprendia sobre os lobos, mas não achei que encontraria o meu, af
Sai o mais rápido que pude da pequena cabana, o céu estava nublado, ameaçando chover, sair sem olhar direito pra onde estava indo, só queria me afastar dele, suas palavras me machucaram profundamente, e nem mesmo sabia seu nome. Assim que me afastei um pouco, não pude conter minhas lágrimas pela rejeição que se afundou no meu peito, me sentei na raízes de uma árvore, e pus minha cabeça entre as pernas. Igor Assim que segurei seu queixo pedindo que olhasse pra mim, pude ver seus olhos tentando conter as lágrimas que queriam escorrer pelo seu rosto, soube nesse momento que ela tinha ouvido minha conversa com meu irmão, fiquei devastado por fazê-la chorar, não era o que eu queria mas, minha vida estava uma bagunça agora, e não queria arrastá-la pra isso. Voltei a poucos meses para minha matilha, depois de anos sendo torturado e usado como cão de guerra pelos caçadores, sabiam que eu era um Crinos, e usavam meu lado selvagem pra que matasse seus oponentes, sabiam que eu conseguiria a
Igor Chegando próximo, posso ouvir seu choro, e meu coração se parte por saber que eu sou a causa dele. Me aproximo dela, abaixo até aonde ela está sentada, e peço as mais sinceras desculpas que posso dar. Ela não me responde de imediato, olho em volta tentando encontrar palavras pra consolá-la. Um silêncio toma conta, até ela finalmente falar. "_ Não quero ser um problema pra você, eu só achei que com todas as histórias de companheiros que ouvi aqui, seria diferente". Ouvir isso dela realmente me fez ver o quão idiota eu tinha sido. "_Vamos voltar pra casa, comer alguma coisa, e depois conversar melhor, tudo bem? Tudo isso é novo pra mim também, e tá obviu que eu não sei lidar com isso". Quando ela finalmente levanta seu rosto vermelho do choro, ela esfrega com a palma das mãos enxugando as lágrimas, e acena em concordância. Ajudo ela a se levantar, e caminhamos de volta para a cabana, quando entramos, meu irmão já não está mais lá. Preparo nosso café da manhã, e depois de comermos
A noite logo se instala, e volto a dormir no quarto dele, a cabana é pequena, e possui apenas um quarto, então, temos que dividi-lo, mas ele ainda fica com o sofá, me dando espaço para dormir na cama sozinha. O que acho fofo de sua parte. Na manhã seguinte, tento seguir meu ritmo, treinamento, a escola com as crianças e depois volto pra cabana, não estou mais na casa da matilha, tenho ficado com o Igor pra que possamos nos conhecer melhor, afinal, somos companheiros, mas dando um certo espaço ao outro, Igor tem ido as terapias para ajudar na sua volta a matilha, e voltamos todas as noites pro mesmo lugar. No dia seguinte, acordo bem cedo sinto uma vontade imensa de dançar, e como aqui próximo só tem árvores, tenho certeza que não serei gravada dessa vez, por trás da cabana, noto um grande lago com uma doca, onde tem espaço suficiente pra dançar, então me alongo, e enquanto os primeiros raios de sol aparecem no céu, eu começo minha dança, com meus cabelos longos até a cintura soltos,
Estamos na semana da Bendita lua cheia, e finalmente minha loba decide se pronunciar sobre os acontecimentos a seguir. Ela me disse que tinhamos que concluir o vínculo de acasalamento, já que estava próximo dos trinta anos, não poderia ficar esperando tanto tempo, só para nos conhecermos melhor, ela insistiu que tinhamos a vida inteira para isso, bufei de frustração por suas palavras, mas sabia o que ela temia. Com os crinos, algumas coisas são diferentes, se caso completássemos 30 anos sem encontrar o nosso companheiro(a) nossos lobos iriam adormecer, e em pouco tempo definharíamos, e consequentemente morreríamos, era isso que ela temia, insistindo que conversasse com Igor para na próxima lua cheia, fazermos o ritual na forma de Crinos o que me opus na hora, não queria que minha primeira vez fosse na forma de lobo, e sabia que como a selvagem que habitava em mim, não me deixaria ver nada, muito menos palpitar com o que acontecia, enfim, tinha medo dela tomar o controle e fazer bestei
Assim que acordo, sinto aquele calor reconfortante dos braços do meu companheiro em cima de mim, sem querer acordá-lo, saio de mansinho da cama, ainda nos primeiros raios de sol entrando pela janela. Vou até as docas me alongo, e começo meu exercício matinal preferido, dançar. Como da outra vez, entre um música e outra, percebo que estou sendo observada mais uma vez, olho para a cabana, e vejo um lindo homem loiro de olhos azuis sentado na varanda com uma xicara de café nas mãos, observando cada passo que dou com admiração, mas ao invés de parar, engulo minha vergonha a seco e continuo dançando. Terminado meus exercícios vou até ele, seguro seu rosto com minhas mãos, e dou um leve selinho em seus lindos lábios. "_ Bom dia" digo com um sorriso, ele retribui "_Bom dia Linda". Olhando fixamente pros meus olhos sinto sua excitação por estar tão próxima dele, e um queimor passa pelas minhas pernas também. O beijo mais uma vez, e entro para tomar um banho, nunca pensei que estar perto dele
Nos sentamos ao lado de fora da varanda, esperando que eles começem, já nervosa, ouço a voz da mulher pela primeira vez. "_ Esperamos por muito tempo poder te encontrar, não sabiamos como estava ou onde estava, nós só poderiamos esperar sua primeira transformação pra poder enfim te encontrar". Fico sem entender nada, minhas dúvidas e perguntas já borbulhando em minha mente "_ Vocês estavam a minha procura? Como assim? Eu não tenho familia, até encontrar a familia do Igor nem sabia quem eu era". "_ O que vocês querem dizer com isso? vão logo para o que interessa, antes que mais patrulheiros cheguem, e os levem". Igor diz e sinto uma pitada de dominânicia em seu tom. O homem antes calado, se pronuncia "_ O que você acha que vai fazer? nós viemos buscar nossa filha, nossa matilha está sofrendo á anos, e finalmente podemos acabar com isso, com ela seguindo seu destino". Fico chocada com as palavras que saem da boca dele, mas Igor fala antes que eu possa suspirar "_ Ela não vai a lugar nen