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Canal da Mancha, Mais Alguns Dias Depois
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Com a patrulha não percebendo sinais de ataque inimigo, por enquanto, Hendrick decidiu que pequena parte da Esquadra Inglesa permaneceria estabelecida em pontos estratégicos para não chamar muita atenção dos Franceses. Porém, não muito longe uma da outra, caso o ataque começasse de repente, parecessem que estavam vigiando o Canal da Mancha, como de costume. Porque, se permanecessem unidos e estivessem sendo espreitados de perto, uma emboscada de proporções violentas seria inevitável. Isso, Hendrick deveria evitar a todo custo, portanto, seu plano serviria para que em qualquer movimento estranho, tivessem tempo de se reagrupar para o ataque iminente.
Porém, a pior suspeita de Hendrick seria que os Rousseaus poderiam estar sabendo de seus planos iniciais e tivessem em mente empregar aquela manobra contra sua pessoa. Isso, Hendrick não poderia permitir de modo algum, ainda mais sabendo do que os irmãos Rousseaus eram capazes de cometer. Era numa situação daquelas, que Hendrick rezava para que sua visão mandasse-lhe algum sinal de como deveria proceder para vencer aquela angústia que dominava qualquer pessoa na véspera de uma batalha decisiva e vital para o destino de toda Inglaterra.
Assim, foi pensando nisso, que um dos homens de Hendrick se aproximou lentamente. Estava tão distraído, que quase se assustou quando o jovem Capitão, que se chamava Lorde Jonathan Parrish, filho do importante Conde de Parrish, pediu-lhe licença para conversar. Então, depois de bater continência e lançar-lhe uma respeitosa reverência, Jonathan declarou que depois da inspeção terminada, tudo parecia estar em ordem no momento, que por enquanto, nada parecia estar errado.
— Eu confio em você, Parrish, tenho certeza que está fazendo o melhor trabalho até agora e agradeço-lhe por isso, sinceramente. — Hendrick comentou. — Quero que saiba, que sua presença nessa missão me aprecia muitíssimo, conheço seu pai de longa data e sinto que deve ter tanto orgulho de você como estou tendo em mantê-lo próximo de mim durante esses dias relevantes.
Suas palavras fizeram o rapaz corar de satisfação, enquanto dava-lhe um meio sorriso e agradecia-lhe um pouco desajeitado pelo acanhamento. Hendrick nunca foi alguém de ficar distribuindo elogios de graça, não era de seu feitio bajular os outros em troca de algo, mas quando percebia empenho leal de seus homens, gostava de deixar-lhes bem claro o quanto aquilo agradava-o.
Era essa simpatia que Hendrick demonstrava por seus homens que fazia com que qualquer pessoa estimasse-o a ponto de cometer qualquer coisa para ser ainda mais valorizado pelo seu Superior. Todos os companheiros de Hendrick adoravam-no pela prontidão com que se interessava pelo ser humano em si mesmo e pelos problemas que possuía, bem mais quando se prestava a ajudá-lo.
Tanto que o próprio Jonathan teve o mesmo sentimento assim que Hendrick disse-lhe aquelas palavras. Agora, entendia o motivo de muitos de seus camaradas quase idolatrarem tanto aquele homem, cuja capacidade de extraordinário combatente estava se tornando cada dia mais lendária. Isso fez com que Jonathan jurasse para si mesmo naquele instante, tomar qualquer atitude para contentar seu Superior constantemente, ser merecedor da estima que Hendrick evidenciou-lhe. Estava indo tudo bem com a Frota e seus homens, Hendrick estava satisfeito, parecia estar indo nos conformes, até uma surpresa acontecer...
*****Canal da Mancha, Entre França e Inglaterra, 1810*****Na noite anterior, tudo estava indo bem, não havia sinal de nenhuma embarcação suspeita e o resto da Frota continuava patrulhando o Canal da Mancha, sem qualquer problema aparente. Era bem cedo e Hendrick foi tomar seu desjejum fora de seu camarote, apreciou os ovos com bacon e uma boa xícara de café logo pela manhã. Depois, foi patrulhar ao mar de seu posto, observando bem o que poderia estar acontecendo, mas tudo continuava pacificamente bem. De repente, se ouviu um grito e uma agitação vinda de longe, o que chamou a atenção de Hendrick. Querendo saber o que estava acontecido, Hendrick se encaminhou até onde o barulho estava acontecendo e foi como se uma bomba tivesse caído aos seus pés! Ali, bem diante de si mesmo, estava Ebonnie, sendo segurada por dois de seus oficiais, mostrando resistência, us
*****— Por Dieu, mana! — quem falava era Bressane, irmão de Annabel, numa embarcação escondida, dentro de uma das cavernas de Rocher. — Esse tal de Hendrick está perto de descobrir nosso plano de ataque!— Então, só existe um meio de pará-lo, mano! — Annabel disse, com seus olhos faiscando. — Vamos sequestrá-lo e trazê-lo para nossa embarcação! Temos que invadir o navio desse homem, mesmo sendo muito arriscado!— De total acordo, mana! — Bressane concordou. — Com esse homem em nossas mãos, como é extremamente importante para a Inglaterra, pensarão duas vezes antes de enfrentar-nos de novo!Assim, naquela mesma noite, Hendrick estava comendo normalmente, sem saber que destino estava prestes a enfrentar...Sem saber de nada, seus homens foram dopados com láudano pelos cozinheiros, além d
*****Enquanto isso, na embarcação onde Hendrick foi sequestrado, sua noiva Ebonnie, depois de muito chorar, resolveu agir, não deixaria que levassem seu Hendrick embora e invadissem a Inglaterra, afinal, era filha do Almirante Nelson também e isso estava no seu sangue.Horatio e Frances não viviam mais unidos desde 1800, quando Horatio escolheu continuar mantendo um caso com Lady Emma Hamilton. Ambos, mesmo casados, eram amantes. Era de conhecimento geral, que Horatio teve uma filha com Emma, à quem deram o nome de Horatia. Ainda que Ebonnie não convivesse com sua meia-irmã Horatia, sabia de sua existência. Sua mãe Frances, conhecida como Fanny, se tornou uma pessoa amargurada por causa disso. Foi um escândalo enorme, na época, sendo comentado por todas as pessoas. Apesar de Ebonnie viver meio que reclusa com a mãe Fanny, aos dezessete anos, depois de alguma insistência, tev
*****No navio Inglês, os irmãos Rousseaus, agora sem máscaras, foram levados até dois camarotes pequenos, sem regalias, já que não mereciam nada, depois do que fizeram com Hendrick. Ebonnie abraçou Hendrick com ternura e ficou muito surpreendido de ter conseguido salvá-lo com o auxílio de Jonathan, seu servo muito leal, mas precisava contar que não mais podia se casarem...Já havia passado algumas horas, quando Hendrick apareceu com melhor aparência, comeu um pouco e parecia revigorado.Os dias que passou nas mãos dos irmãos Rousseaus tinha deixado-o atordoado, não merecia o que aconteceu.Ainda estava se recuperando de tudo, das agressões, da privação e agradecendo, que pelo menos, seu valete Randall conseguiu cuidar de sua pessoa um pouco, enquanto estava no cativeiro. Assim, foi agradecer-lhe por haver sido tratado, enquanto era
*****Depois de chorar durante algum tempo, Ebonnie se levantou da cama e enxugou o resto de suas lágrimas, não valia a pena chorar pela situação, já que o mal estava feito, infelizmente. Mas precisava ver a mulher com quem Hendrick estava casado, necessitava olhar em seus olhos e conversarem seriamente.Desse modo, agora melhor disposta e cheia de fúria, abriu a porta do quarto e foi até o camarote da ordinária, que havia obrigado seu Hendrick a casar compelido, num casamento hediondo. Ebonnie percebeu o Oficial que estava tomando conta da porta do camarote e pediu autorização para entrar.O homem não achou uma boa ideia e tentou explicar isso para Ebonnie, mas era extremamente teimosa e com seu jeitinho delicado, conseguiu convencer o homem a deixá-la entrar por alguns minutos.Assim que entrou, Ebonnie percebeu a mulher recostada na cama, de olhos fechados, mas assim qu
*****Canal da Mancha, Entre França e Inglaterra, 1810*****Hendrick achou melhor não incomodar Ebonnie durante algumas horas, sabia que havia sido um choque o que aconteceu, mas nada podia fazer, por enquanto. Passou um tempo vigiando a costa, olhando alguns papéis e mapas, tentando descobrir qual tática seria usada para tentarem invadir a Inglaterra, porque mesmo estando com os irmãos Rousseaus, uma Frota estava na espera de atacar.Não seria fácil arrancar de ambos, seu plano de ataque, estavam demonstrando apenas desprezo e apatia, como se não ligassem ao fato de estarem presos.Depois de alguns momentos, Hendrick resolveu procurar Bressane e Annabel, para tentar arrancar algo dos dois, mas sabia que seria praticamente impossível, mas tentaria pela Inglaterra.O primeiro que visitou foi Bressane, que estava num pequeno camarote, totalmente amarrado, para que não tenta
*****Canal da Mancha, Sete Dias Depois*****Os sete dias que se passaram, foram de tormento para Hendrick, porque não havia sinal das embarcações Francesas e Rocherianas. Todos os dias visitava os irmãos Rousseaus, na tentativa de conseguir alguma informação, mas só conseguia era aumentar seu ódio por ambos.Hendrick estava confuso, principalmente com Annabel, que brincava com seus sentidos. Por que estava tão fascinado? Era inegável, aquela mulher sabia atrair a atenção de um homem, mesmo que fosse pelo ódio mais puro. Havia proibido Ebonnie de visitá-la e se ver mais atormentada.Quantos amantes teve em vida, para ser tão surpreendente? Annabel sabia chamar um homem através de sua libido, provocando um sentimento de pura confusão e atração.Devia estar sentindo repúdio, mas estava sentindo uma mistur
*****O dia passou lento para Hendrick. Analisava o mar, andava de lá para cá dando ordens, mas automaticamente. Na hora de jantar, Ebonnie tentava puxar assunto, mas seu pensamento estava longe, bem longe... Terminaram de comer e Hendrick mandou Ebonnie ir deitar. Não estava com paciência para conversar realmente.Ambos se deram boa noite e foram para seus camarotes. Hendrick não entendia o que estava acontecendo... Seu coração chegou a bater por Ebonnie, tinha tudo que um homem precisava, mas isso parecia nada comparado com Annabel, tão fogosa e tão primorosa... Devia odiar aquela mulher, porque afinal de contas, desconfiavam que seu marido Vernell havia matado seu tio Nelson... Mas não, estava extasiado!No quarto, Hendrick andou de um lado para outro, atormentado... Não conseguiria dormir, tinha que ver Annabel, precisava estar próximo daquela mulher...Assim, depois de