A Predestinada Do Rei Alfa
A Predestinada Do Rei Alfa
Por: Meminger
1. Lysandra Moonlight

Lysandra

Eu sempre soube que me casaria com Dimitri Blackfur, o príncipe de Flórida. Aquele tinha sido um acordo entre minha família e o pai do príncipe quando este, há anos atrás, estava deitado sob uma cama nos seus últimos suspiros. Ele fez com que Lucius Moonlight, na altura o alto guerreiro e amigo íntimo do rei, o prometesse que assim que chegasse a idade marital, entregaria a filha mais velha dele, que neste caso sou eu, para se casar com seu filho Dimitri. Naquela noite, o rei da Flórida tinha morrido com aquela promessa, uma promessa que durou anos, até hoje.

Mesmo sabendo que era desse jeito que o nosso mundo lupino funcionava, os reis tinham que arranjar casamentos pros seus filhos, e apesar de eu não pertencer a uma família Real, pertencia a nobreza tendo meu pai como amigo íntimo do antigo rei morto e um guerreiro nato, então acabei sendo arrastada para esse sistema. Tive que passar a vida inteira vivendo a saber que um dia eu me mudaria da minha casa para o castelo Real para servir como esposa do príncipe Dimitri, um cara que eu nunca tinha visto na vida. Então não era como se eu estivesse feliz por isso.

Eu gostava de ser livre, gostava de ser selvagem. Correr por aí pelas florestas em minha forma lupina por dias a fio sem ter que me preocupar com afazeres domésticos e coisas deste tipo, eu definitivamente não era uma mulher apropriada para casar. Cresci dizendo isso ao meu pai, mas ele me olhava tristemente e dizia que não tinha outra opção, a promessa que ele tinha feito para o rei em seu leito de morte era como correntes que me prendiam ao príncipe, via-se em sua expressão que ele estava triste por ter feito aquele acordo sem o meu consentimento, mas na época eu só tinha dois anos de idade, não era como se eu saberia decidir o que era melhor para mim. No fim das contas, meu pai tinha me entregue aos Blackfur em apreço ao seu grande amigo, o rei morto. Quanto a isso, eu só tinha que lamentar por meu destino ser tão infortúnio como aquele.

Estou correndo pelas florestas ao redor do castelo dos Moonlight em minha forma lupina, minha pelugem é de um branco vivo e meus olhos são azuis incandescentes na luz do luar, faz dias que estou meio sumida de casa, mas provavelmente todos sabem por onde estou, eles sabem que não sou uma garota de ser dominada e nem domada. Não é que eu nunca tenha pensando no príncipe Dimetri, desde a morte do rei Duncan, o pai do príncipe, meu pai tinha deixado o castelo Real e se mudado pro sul com a sua família, para uma região pacata onde podia viver com sua esposa e criar suas duas filhas em paz, longe de todo aquele barulho desgastante da sucessão do rei.

Meu pai me contava que tinha havido uma confusão gigante após a morte do rei, Dimitri, o único filho de Duncan, tinha apenas cinco anos de idade, era incapaz de se tornar rei e liderar um reinado. Então seu tio Caius, substituiu o príncipe se tornando assim o rei, porém ele não tinha feito aquilo de uma forma pacífica, meu pai contava que uma guerra quase se tinha formado naquele reino para que Caius pudesse usufruir o trono do irmão, por isso que meu pai tinha preferido ficar longe daquilo tudo e decidido tomar sua família e se mudar.

De vez enquando, recebíamos retratos do príncipe e notícias do castelo Real, me disseram que ele tinha problemas em suas pernas, não se locomovia, por isso que estava sempre sentado. Nos retratos, ele sempre parecia triste e debilitado com um olhar opaco, eu tentava encarar aqueles olhos e tentar entender qual seria o motivo dele sempre parecer triste, afinal um dia ele seria o meu marido, mas eu infelizmente não conseguia desvendar ele, eu não conseguia gostar dele como marido, pra mim ele era apenas uma pessoa normal, mas a grande verdade que um dia eu pertenceria a ele não deixava de ecoar sempre na minha cabeça.

Subi as paredes do castelo tão agilmente como sempre fazia após voltar pra casa quando não queria que ninguém notasse minha presença, o castelo tinha cerca de cinco andares, o meu quarto ficava lá em cima no último andar, porém eu não tinha medo de fazer aquelas manobras pulando da murada até a chaminé, da chaminé até o teto até chegar em minha janela e entrar por ela. Era bem tarde de madrugada quando entrei no meu quarto e voltei a minha forma humana, cambaleei um pouco pelo quarto pois estava cansada e com os membros um tanto dormentes por ter ficado tanto tempo na forma lupina, praguejei baixinho massageando meu pescoço pra espantar uma leve dorzinha que se formou ali.

"Desse jeito acabo morrendo," comentei para mim mesma.

"Pode ter certeza que sim." Dei um pulo de susto quando ouvi uma voz ali no meu quarto, rolei os olhos suspirando, era Anastácia, minha irmã mais nova.

"Tá fazendo o quê aqui no meu quarto?" Perguntei indo até minha cómoda lavando meu rosto com a água posta numa bacia por cima da cómoda, "Estava me esperando, é!? Não consegue ficar muito tempo longe de mim, irmãzinha?" Disse sarcástica, minha irmã e eu nunca nos demos bem e ela estar preocupada comigo seria última coisa coisa que faria em sua vida.

"Você tem uma presença muito forte, é difícil te esquecer," ela respondeu. Dei uma risadinha e limpei o rosto com a toalha.

"Então quer dizer que você fica pensando em mim, Anastácia!?"

"Fico pensando na oportunidade que você está desperdiçando, já se passaram mais de cinco anos que você fez dezoito e você tem empurrado isso pra debaixo de tapete tentando fingir que tudo está bem," disse ela acusadora como sempre.

"Eu até ia conseguir fazer isso se você não estivesse me lembrando disso todos os dias da minha vida, irmãzinha," rebati contraindo os lábios e lavando minhas mãos.

"Eu faço isso pra lembrar a você que você não pertence a esse lugar, você pertence ao príncipe Dimitri. Olha o jeito que você está, olha esse cabelo, Lysandra. Essas unhas desfeitas, pele totalmente ressecada… Você não se cuida de jeito nenhum. Toma jeito na sua vida e vai logo pro castelo Real antes que uma outra mulher tome o seu lugar." Ri daquilo achando muito engraçado ela parecer preocupada comigo, o que não era verdade. Anastasia só estava ali pra encher o meu saco.

"Não precisa se preocupar comigo não, irmã. Assim que o príncipe Dimitri me vir, ele vai se derreter aos meus pés, igual manteiga exposta ao sol, acredite em mim," disse eu com uma certa petulância, ela me olhou de baixo pra cima com um olhar cheio de desprezo.

"Sei que você me acha inferior só porque não tenho uma loba, a filha azarada da casa Moonlight. Sei que você não me acha capaz de fazer grandes coisas, mas haverá um dia que te provarei o contrário, Lysandra." Por um momento, até tive medo daquele olhar, Anastasia parecia tão rancorosa… "E vê se veste uma roupa." Estalou a língua e saiu do quarto me deixando a gargalhar sarcasticamente por trás dela . A culpa não era minha se eu não voltava com minhas roupas quando me tornava humana novamente.

O problema com Anastasia era que ela era totalmente diferente de mim, ela gostava mais dos afazeres da casa enquanto que para mim aquilo tudo era uma perda de tempo, eu gostava de me soltar para o mundo, deixar o meu lobo dominar. Até podia entender ela, pois Anastasia não nasceu com o dom de se transmutar em lobo assim como eu, ela era só uma humana, já eu, podia me transformar e fugir pra onde eu quisesse fugir. Por isso que o castelo do rei não podia me deter de jeito nenhum, se eu quisesse continuar fugindo, eu fugiria.

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