POV: KEENAN
— Ela me perguntou: por que não implorei para sair daquela situação? Por que não pedi por um destino diferente, uma vida sem dor? Desde pequena, meu caminho foi traçado pelo Clã. Então, por que não clamei por libertação?
— Por quê? — A pergunta escapou dos meus lábios antes que eu pudesse conter. Yulli se virou, seus olhos marejados fixos nos meus, sua intensidade me desarmando.
— Porque eu não achava que minha vida valia a pena ser salva. — Sua confissão foi direta, crua, e seu olhar retornou ao povo, que a observava em um silêncio reverente. — Mas vi outras vidas que mereciam ser protegidas, guiadas e libertas. Não queria que meu povo fosse caçado novamente, que outra criança crescesse sem o amor e a segurança de sua família. Nunca compreendi o &oacu
POV: YULLIMe virei para entrar na mansão, mas senti suas mãos firmes segurarem as minhas, o toque quente e seguro o suficiente para me fazer parar. Seu dedão traçava círculos lentos no dorso da minha mão, enviando arrepios que subiam por meu braço. Antes que pudesse processar, ele me puxou de volta para o seu lado, em frente à alcateia que nos observava.— Eles a aceitaram. — Sua voz rouca e baixa alcançou meu ouvido, despertando um calor inquietante em minha pele. Seus lábios estavam tão próximos que sua respiração se misturava à minha, e eu não consegui evitar olhar para ele. O orgulho em seu olhar esverdeado brilhava como uma promessa não dita, firme e irresistível.— Não entendo. Só trouxe problemas ao seu povo. — Respondi, tentando manter o controle sobre minha voz, mas a confusão não saía da minha mente. Meu olhar vagou para além dos lobos, até onde a silhueta de três figuras encapuzadas se destacava entre as casas. Um capuz vermelho, outro preto e o último branco. Meu coração
POV: YULLIKeenan me colocou na cama com cuidado, ajustando os travesseiros atrás de mim antes de se aproximar novamente. Seus dedos roçaram minha bochecha com um toque suave, afastando um fio de cabelo que insistia em cair sobre meu rosto. Seus olhos encontraram os meus, profundos e intensos, como se tentassem desvendar cada pensamento escondido.— Me pergunto, encrenca, se algum dia você vai conseguir confiar completamente em mim. — Sua voz era baixa, carregada de algo que soava como um desafio sutil, mas o suficiente para me pegar desprevenida.— Eu confio em você, Keenan. — Murmurei, segurando sua mão em meu rosto e permitindo que o calor de seu toque acalmasse a inquietação que eu sentia. — Nunca foi sobre você, vira-lata...— E aí está o problema, bruxinha. Tudo que envolve você também me afeta. — Ele inclinou a cabeça levemente, os olhos estreitando como se tentasse ler algo além das palavras. — Quero saber mais sobre você. Sua história, seus medos, tudo que você carrega. Quero
POV: YULLI— Estarei ao seu lado, Feiticeira. — Ele deu de ombros, a postura relaxada, as mãos deslizando para os bolsos enquanto mantinha o tom sereno. — Não vou permitir que façam nada contra você.— Keenan, mesmo assim, é insano... — Levantei-me de repente, começando a andar de um lado para o outro. — Você sabe exatamente como funciona esse baile. Estarão todos os alfas das principais alcateias lá, além dos líderes do clã das bruxas, o que significa que...Minha voz sumiu quando a realização me atingiu, e meu corpo ficou tenso. Parei de caminhar, virando-me lentamente para ele, a boca entreaberta em surpresa enquanto as peças se encaixavam em minha mente.Ele não disse nada, mas o brilho em seus olhos entregava tudo.— Vira-lata! — Protestei, cerrando os punhos, a irritação fervendo em minha voz. — Você está tentando me usar como isca nesse baile para confrontar meu noivo?— Fiquei ofendido com essa acusação. — Keenan inclinou a cabeça de forma quase despreocupada, passando a mão pe
POV: YULLIKeenan cumpriu sua promessa, me levando à loucura várias vezes durante a noite, até arrancar um delicioso "sim" de meus lábios em alto e bom som. Exaustos, caímos no sono, nossos corpos entrelaçados em uma conexão que parecia impossível de quebrar.Acordei com a claridade invadindo o quarto através da cortina mal fechada. Virei-me, procurando por ele na cama, mas o lado dele estava vazio. Soltei um suspiro frustrado e abracei seu travesseiro, que ainda carregava seu aroma intenso e inebriante. Foi então que senti algo embaixo do tecido macio. Um papel.Franzi o cenho, desdobrando-o com curiosidade."Não abrace muito meu travesseiro ou ficarei com ciúmes."Um sorriso escapou de mim. Como ele sabia que eu faria exatamente isso? Continuei lendo, enquanto o calor subia em meu rosto."Não morda as empregadas, elas vão trazer o seu vestido para o baile. Quero que fique ainda mais linda do que já é... Ah, e não se esqueça de usar o conjunto de lingerie que escolhi pessoalmente par
POV: YULLI— Que susto, Beta! Poderia, ao menos, ter batido na porta. — Resmunguei, a irritação evidente no meu tom.— Desculpe a falta de cerimônia, mas precisamos conversar. — A urgência em sua voz era inconfundível. Seus olhos foram direto para a mesa onde os livros estavam. — Posso?Assenti, observando enquanto ele se servia de café e pegava um pedaço de bolo com a tranquilidade de quem não tinha pressa.— Estou faminto. No hospital, parece que acham que sopa e chá são suficientes para um lobo sobreviver. — Resmungou, fazendo uma careta exagerada. Arqueei uma sobrancelha, cruzando os braços e batendo o pé no chão, deixando claro que não estava para rodeios.— Não vim brigar, bruxa. — Ele levantou a mão como se quisesse me acalmar. — Por favor, sente-se.— Sabe que seu Alfa vai acabar com você se souber que está tão relaxado aqui comigo. — Retruquei, afiada, sem mexer um músculo.— Ele saiu da alcateia e me pediu para cuidar de você. — Respondeu, dando de ombros antes de tomar um g
POV: KEENANEra óbvio que os irmãos Constantine acionariam o conselho para discutir a guerra. Não seria surpresa se eles decidissem apoiar o irmão na busca de vingança pelo sobrinho. Sempre tão previsíveis.— Que saco. — Resmunguei, irritado com o excesso de interrupções. — Como se agissem de forma diferente se estivessem no lugar da feiticeira.Estacionei próximo a um dos hotéis neutros da alcateia, estrategicamente localizado na fronteira. O lugar era regido por regulamentos rígidos. Qualquer violação não apenas resultava na morte do lobo infrator, mas também trazia consequências severas para sua família e alcateia. Rigoroso, sim. Mas faz sentido. Somos feras, afinal. Nosso instinto é lutar, caçar e esmagar qualquer coisa que ouse nos desafiar."Gosto da nos
POV: KEENAN— Aprendi a rastrear com os melhores. — Ele lançou um olhar para o pai, que se endireitou ainda mais, ostentando um orgulho visível. — O pacto entre a sacerdotisa e o Feiticeiro Supremo nos colocou em alerta. Depois disso, recebemos relatos sobre a Noite Celestial, além de diversas denúncias de Lupinos perdendo o controle de suas feras. Primeiro atacaram humanos, mas logo começaram a voltar-se contra os próprios da sua espécie.— E acreditam agora que Drevan está por trás de tudo. — Completei, voltando meu olhar para Meliodas. — Se têm essas suspeitas, por que a hostilidade comigo?— Talvez porque alguém decidiu se apaixonar por uma traidora. — Dillian retrucou, carregado de sarcasmo. — Francamente, tantas lobas fortes e você escolhe uma magricela loira.— Cuidado com o que di
POV: KEENAN— Quero que saiba que tem o meu apoio para proteger a tia Yulli. — Rigan estendeu a mão, e eu a apertei com firmeza, respeitando sua postura. — Você também é um lobo digno, Keenan.— Cuidado, Rigan, a dona encrenca vai acabar com você se descobrir que a chamou de tia. — Comentei, rindo junto com ele. — Mas agradeço o apoio.— Eu devo muito a vocês dois. — Ele respondeu, soltando um suspiro longo enquanto tensionava os músculos, deixando transparecer a pressão que carregava.— Ainda não encontrou a feiticeira de olhos dourados? — Perguntei, arqueando uma sobrancelha enquanto o avaliava. — Seu pai sabe sobre a sua busca?O breve silêncio de Rigan dizia mais do que palavras. Ele era jovem, mas carregava responsabilidades e segredos que o tornavam m