— Vem, Angie! Pula comigo! — Isabella gritou, com as mãozinhas erguidas e um sorriso que iluminava o rosto inteiro. Ajeitei a parte de cima do biquíni, talvez um pouco justo demais, mas era o meu preferido, e pulei na água. O choque gelado foi revigorante, e a risada dela ecoando na piscina me fez esquecer, por alguns minutos, toda a tensão que vivíamos dentro daquela casa. — Você nada rapidinho! — ela disse, me abraçando. — Parece um tubarão! — Ei! Que falta de respeito com uma sereia profissional! — brinquei, apertando ela contra mim. Estávamos rindo, girando dentro da água, quando senti.O ar mudou. Ficou pesado. Carregado. Matteo. Me virei devagar e lá estava ele. Camisa social aberta, calça de alfaiataria, óculos escuros... e aquele olhar. Ciúmes.Puro, cru, possessivo. Ele me olhava como se eu tivesse cometido um crime. E o biquíni era a arma do delito. — Esse biquíni sempre foi assim… pequeno? — ele perguntou, sem rodeios, ignorando completamente o fato de Isabella est
Ela me provoca. Mesmo sem querer, sem saber, ela me tira do eixo. Angeline brincando com Isabella parecia uma cena de comercial de família feliz. E talvez fosse... se eu não fosse o desgraçado que carrega sangue nas mãos e tem o inferno tatuado no peito. Mas ver aquele biquíni colado no corpo dela...Ver os sorrisos...Ouvir as risadas suaves...Me deixou cego. Porque aquele corpo é meu. Aquela boca que sorri é a mesma que geme meu nome com lágrimas nos olhos. E eu não aceito dividir nenhum pedaço dela com o mundo. Não sou homem de meias medidas. Eu tomo. Eu possuo. E se precisar destruir pra proteger o que é meu, eu destruo. Angeline precisa entender isso. Precisa aceitar que estar comigo significa abrir mão da liberdade. Significa obediência, entrega total. Sem exceções. Eu a assisti dormir depois do sexo. Com a pele marcada pelos meus dedos, pelos meus dentes, pelo meu ciúme. E mesmo ali, linda, nua, entregue... ela ainda me deixava inquieto. Ela quer lutar. Acha que pode me
A mesa estava impecável. Os talheres alinhados com precisão, as taças brilhando sob a luz dourada do lustre e o cheiro do assado se espalhando pelo ambiente como uma falsa promessa de aconchego. Mas nada disfarçava o peso no ar. Ou talvez fosse só dentro de mim que tudo parecia prestes a desmoronar. Verônica, sempre elegante, servia a salada com um sorriso que misturava educação com superioridade. — Isabella, querida, pegue um pouco de legumes. Vai te fazer bem. — disse, com aquela doçura forçada. — Eu quero só o arroz e o frango. — respondeu Isabella, com sua sinceridade infantil. A risada de Alessandra preencheu o ambiente. — Essa menina é fogo. — comentou a avó, olhando para mim. Mas eu apenas sorri. Isabella estava ao meu lado, alegre, alheia às sutilezas afiadas daquela mesa. Sofia, do outro lado, me observava com os olhos estreitos, sempre tentando decifrar meus pensamentos. Giovanni mastigava devagar, como se saboreasse não só a comida, mas o clima contido. Matteo, claro,
O sol ainda nem tinha dado as caras direito quando senti a cama afundar do meu lado. Os lençóis estavam quentes, meu corpo exausto da noite anterior, e mesmo assim… ele queria mais. Matteo sempre queria mais. — Acorda, amore mio. — a voz dele veio baixa, rouca, daquele jeito que sempre fazia meu corpo responder antes mesmo de eu pensar. — Matteo… — murmurei, virando o rosto no travesseiro, tentando negar o óbvio — Estou dolorida. — Melhor. — ele sussurrou, beijando minha nuca, uma das mãos deslizando por debaixo do meu corpo, já procurando o que queria. — Dor significa que teu corpo lembra quem manda nele. Suspirei, dividida entre a raiva e o prazer. Ele não esperava resposta, não pedia permissão. E depois da decisão dele na noite passada, tudo em mim gritava “foge”, enquanto a outra metade implorava por mais dele. — Não precisa ser agora… — tentei de novo, mais pela hora do que por vontade. — A gente nem tomou café… Ele riu, aquele riso grave, debochado e cheio de certeza. A mã
Filippo estava demais. Confiante demais, calmo demais… eu não gostava de homem assim. Quando o sujeito parece santo, é porque tá escondendo o diabo. Chamei dois dos meus homens de confiança. Gente que não falha, não pergunta, não aparece. — Sigam Filippo. Vinte e quatro horas por dia. Quero relatório até do que ele sonha. E ele não pode desconfiar de nada. — Sim, senhor. — disseram em uníssono, antes de desaparecerem como sombras. Entrei no escritório e encontrei Giovanni sentado com aquele copo de whisky dele, como sempre. Me olhou e sorriu, daquele jeito de quem acha que já sabe demais. — Está com cara de quem mandou matar alguém. — Ainda não. — respondi seco, sentando de frente pra ele. — Mas tem coisa mais séria. — Diz aí. — Quero um filho com Angeline. Giovanni parou de beber. Me encarou. O sorriso se manteve, mas os olhos denunciaram a surpresa. — Cazzo… — ele murmurou. — Você não queria nem ouvir falar disso. — Mudei de ideia. — dei de ombros. — Quero um herdeiro. Me
Dias depois... Sofia estava sentada na pia, com a perna balançando e o olhar impaciente. Eu andava de um lado pro outro no banheiro, segurando aquele teste de farmácia como se fosse uma bomba prestes a explodir. — Já deu o tempo? — ela perguntou, erguendo uma sobrancelha. Assenti. Respirei fundo. Meu coração batia tão rápido que parecia querer sair pela boca. Virei. Negativo. O silêncio tomou o banheiro por alguns segundos. Sofia se aproximou devagar, lendo a expressão no meu rosto. — Negativo? — É. — sussurrei, tentando esconder o alívio misturado com um nó estranho no estômago. — Você queria que desse positivo? — ela perguntou, sincera, mas com o olhar curioso de amiga que não perde nada. — Eu não sei. Não ainda. — Suspirei, me apoiando na parede fria. — Ele quer. Matteo quer agora. Como se tivesse acordado um dia e decidido que eu tenho que dar um filho pra ele. Sofia ficou em silêncio por um momento, depois falou. — E você? Quer dar um filho pra ele? Olhei pra ela. Ta
Eu sabia que Matteo estava com algum plano. Ele sempre está. Nunca faz nada por acaso. Mas quando ele anunciou que sairíamos para almoçar, com Isabella, num raro passeio fora dos muros da mansão, fiquei sem palavras. Ele não era o tipo de homem que gostava de ser visto. Muito menos o tipo que andava por aí com a mulher e a filha como se fosse um cidadão comum. — Vai se arrumar. — ele disse, naquela tarde, enquanto tomava o café dele em silêncio. — Quero vocês duas prontas em vinte minutos. Não perguntei para onde íamos. Aprendi a não questionar Matteo. Quando ele quer, ele fala. E se não fala, é porque não me diz respeito. Vestir Isabella foi o mais fácil. Um vestidinho claro, sapatilhas delicadas, laço no cabelo. Ela parecia uma boneca. Eu escolhi um vestido leve, nada provocante, mas elegante. Matteo odeia quando chamo atenção demais. Exceto quando é ele quem manda eu fazer isso. Entramos na SUV preta. Dois dos soldados dele já esperavam no banco da frente. Matteo colocou Isabel
Depois do almoço, Matteo decidiu levar Isabella para tomar sorvete. — A gente pode passar na sorveteria da esquina, Isabella. Aquele sorvete de morango com cobertura, lembra? — ele disse, já abrindo a porta do carro para ela como se fosse um cavalheiro da máfia. E era. — Siiiim! — ela gritou, empolgada, pulando no banco de trás. Eu fiquei em silêncio. Sentei ao lado dele, observando pelo retrovisor a menininha sorridente, tagarelando sem parar. E vi Matteo sorrindo de volta. Sorrindo de verdade. Com aquele sorriso raro, que nem para mim ele soltava com frequência. Aquela porra de sorriso que fazia o coração doer e o sangue ferver. Não era só o fato dele ser gentil com ela, era o fato dele ser diferente com ela. Um Matteo mais leve, mais disponível, mais... doce. Comigo ele era tempestade. Com ela, sol de primavera. E por mais que Isabella fosse uma criança, e eu amasse aquela menina como se fosse minha, algo dentro de mim se revirava. Ciúmes. Um sentimento baixo, mesquinho, m