O sol ainda nem tinha dado as caras direito quando senti a cama afundar do meu lado. Os lençóis estavam quentes, meu corpo exausto da noite anterior, e mesmo assim… ele queria mais. Matteo sempre queria mais. — Acorda, amore mio. — a voz dele veio baixa, rouca, daquele jeito que sempre fazia meu corpo responder antes mesmo de eu pensar. — Matteo… — murmurei, virando o rosto no travesseiro, tentando negar o óbvio — Estou dolorida. — Melhor. — ele sussurrou, beijando minha nuca, uma das mãos deslizando por debaixo do meu corpo, já procurando o que queria. — Dor significa que teu corpo lembra quem manda nele. Suspirei, dividida entre a raiva e o prazer. Ele não esperava resposta, não pedia permissão. E depois da decisão dele na noite passada, tudo em mim gritava “foge”, enquanto a outra metade implorava por mais dele. — Não precisa ser agora… — tentei de novo, mais pela hora do que por vontade. — A gente nem tomou café… Ele riu, aquele riso grave, debochado e cheio de certeza. A mã
Filippo estava demais. Confiante demais, calmo demais… eu não gostava de homem assim. Quando o sujeito parece santo, é porque tá escondendo o diabo. Chamei dois dos meus homens de confiança. Gente que não falha, não pergunta, não aparece. — Sigam Filippo. Vinte e quatro horas por dia. Quero relatório até do que ele sonha. E ele não pode desconfiar de nada. — Sim, senhor. — disseram em uníssono, antes de desaparecerem como sombras. Entrei no escritório e encontrei Giovanni sentado com aquele copo de whisky dele, como sempre. Me olhou e sorriu, daquele jeito de quem acha que já sabe demais. — Está com cara de quem mandou matar alguém. — Ainda não. — respondi seco, sentando de frente pra ele. — Mas tem coisa mais séria. — Diz aí. — Quero um filho com Angeline. Giovanni parou de beber. Me encarou. O sorriso se manteve, mas os olhos denunciaram a surpresa. — Cazzo… — ele murmurou. — Você não queria nem ouvir falar disso. — Mudei de ideia. — dei de ombros. — Quero um herdeiro. Me
Dias depois... Sofia estava sentada na pia, com a perna balançando e o olhar impaciente. Eu andava de um lado pro outro no banheiro, segurando aquele teste de farmácia como se fosse uma bomba prestes a explodir. — Já deu o tempo? — ela perguntou, erguendo uma sobrancelha. Assenti. Respirei fundo. Meu coração batia tão rápido que parecia querer sair pela boca. Virei. Negativo. O silêncio tomou o banheiro por alguns segundos. Sofia se aproximou devagar, lendo a expressão no meu rosto. — Negativo? — É. — sussurrei, tentando esconder o alívio misturado com um nó estranho no estômago. — Você queria que desse positivo? — ela perguntou, sincera, mas com o olhar curioso de amiga que não perde nada. — Eu não sei. Não ainda. — Suspirei, me apoiando na parede fria. — Ele quer. Matteo quer agora. Como se tivesse acordado um dia e decidido que eu tenho que dar um filho pra ele. Sofia ficou em silêncio por um momento, depois falou. — E você? Quer dar um filho pra ele? Olhei pra ela. Ta
Eu sabia que Matteo estava com algum plano. Ele sempre está. Nunca faz nada por acaso. Mas quando ele anunciou que sairíamos para almoçar, com Isabella, num raro passeio fora dos muros da mansão, fiquei sem palavras. Ele não era o tipo de homem que gostava de ser visto. Muito menos o tipo que andava por aí com a mulher e a filha como se fosse um cidadão comum. — Vai se arrumar. — ele disse, naquela tarde, enquanto tomava o café dele em silêncio. — Quero vocês duas prontas em vinte minutos. Não perguntei para onde íamos. Aprendi a não questionar Matteo. Quando ele quer, ele fala. E se não fala, é porque não me diz respeito. Vestir Isabella foi o mais fácil. Um vestidinho claro, sapatilhas delicadas, laço no cabelo. Ela parecia uma boneca. Eu escolhi um vestido leve, nada provocante, mas elegante. Matteo odeia quando chamo atenção demais. Exceto quando é ele quem manda eu fazer isso. Entramos na SUV preta. Dois dos soldados dele já esperavam no banco da frente. Matteo colocou Isabel
Depois do almoço, Matteo decidiu levar Isabella para tomar sorvete. — A gente pode passar na sorveteria da esquina, Isabella. Aquele sorvete de morango com cobertura, lembra? — ele disse, já abrindo a porta do carro para ela como se fosse um cavalheiro da máfia. E era. — Siiiim! — ela gritou, empolgada, pulando no banco de trás. Eu fiquei em silêncio. Sentei ao lado dele, observando pelo retrovisor a menininha sorridente, tagarelando sem parar. E vi Matteo sorrindo de volta. Sorrindo de verdade. Com aquele sorriso raro, que nem para mim ele soltava com frequência. Aquela porra de sorriso que fazia o coração doer e o sangue ferver. Não era só o fato dele ser gentil com ela, era o fato dele ser diferente com ela. Um Matteo mais leve, mais disponível, mais... doce. Comigo ele era tempestade. Com ela, sol de primavera. E por mais que Isabella fosse uma criança, e eu amasse aquela menina como se fosse minha, algo dentro de mim se revirava. Ciúmes. Um sentimento baixo, mesquinho, m
O sol ainda nem tinha dado as caras direito quando senti a cama afundar do meu lado. Os lençóis estavam quentes, meu corpo exausto da noite anterior, e mesmo assim… ele queria mais. Matteo sempre queria mais. — Acorda, amore mio. — a voz dele veio baixa, rouca, daquele jeito que sempre fazia meu corpo responder antes mesmo de eu pensar. — Matteo… — murmurei, virando o rosto no travesseiro, tentando negar o óbvio — Estou dolorida. — Melhor. — ele sussurrou, beijando minha nuca, uma das mãos deslizando por debaixo do meu corpo, já procurando o que queria. — Dor significa que teu corpo lembra quem manda nele. Suspirei, dividida entre a raiva e o prazer. Ele não esperava resposta, não pedia permissão. E depois da decisão dele na noite passada, tudo em mim gritava “foge”, enquanto a outra metade implorava por mais dele. — Não precisa ser agora… — tentei de novo, mais pela hora do que por vontade. — A gente nem tomou café… Ele riu, aquele riso grave, debochado e cheio de certeza. A mã
Um mês depois... Já fazia um mês desde aquela noite em que Matteo decidiu que queria me engravidar. Um mês desde que ele deixou claro que meu corpo agora era dele, por completo, inclusive por dentro. Eu não voltei a tocar no assunto. Não questionei, não enfrentei, só aceitei. Matteo era o Don. E quando ele quer algo, ele faz acontecer. Naquela manhã, estávamos todos à mesa para o café. Isabella tagarelava algo sobre a escola, Verônica sorria, tentando acompanhar, enquanto Alessandra observava tudo em silêncio, como sempre fazia, com aquele olhar de quem já viu demais. Matteo mexia no celular, um café forte ao lado, e de vez em quando me lançava olhares que me despia sem precisar tocar. Foi quando senti de novo aquele leve enjoo. Não era forte. Mas incomodava. Uma náusea sutil, que começava no estômago e subia até a garganta. Disfarcei, levando a xícara de chá à boca. — Você está bem? — a voz dele foi baixa, mas firme. Não era uma pergunta. Era um aviso. Assenti. — Só uma indis
Esperei Isabella ir brincar no jardim. Esperei as empregadas sumirem. Esperei o momento certo. Mas com Matteo... nunca existe momento certo. Ele sempre sabe. Sempre sente. Eu estava sentada na beira da cama, as mãos entrelaçadas, as unhas marcando a palma. Matteo entrou no quarto tirando o paletó, os movimentos firmes, seguros, o homem que comanda tudo, inclusive a minha respiração. — Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou, sem rodeios, ao me ver ali, calada. Levantei devagar. O coração batia tão alto que era quase um tambor tribal no meu peito. — Preciso te contar uma coisa. — falei, sem enrolar. Ele parou, sério. Matteo nunca foge de confrontos. — Fala. — Eu estou grávida. O silêncio foi instantâneo, cortante. Ele me encarou, o maxilar trincado, o olhar escuro mergulhando no meu. O tempo parou. — Tem certeza? — Duas linhas vermelhas. — sussurrei, com um meio sorriso nervoso. — E enjoo todas as manhãs. Não é coincidência. Ele se aproximou devagar, como uma fera prestes a