Eles sempre acham que o monstro é quem puxa o gatilho. Tolice. O verdadeiro monstro é quem dá a ordem. Quem observa o caos de longe, em silêncio, com um copo de whisky na mão e um leve sorriso nos lábios. Filippo era útil. Um cão raivoso solto no território dos Fontana. Eu o alimentei com sede de vingança, com promessas que ele, tolo, acreditou. Eu sabia que Matteo reagiria como um animal encurralado. Sabia que o Don protegeria sua cadela grávida como se fosse a última mulher na Terra. E ele fez exatamente o que eu previ: sujou as mãos. Torturou, matou, se afundou no sangue como um bom mafioso italiano faria. Agora, ele pensa que acabou. Que eliminou a ameaça. Mas a verdadeira ameaça... ainda respira. Ainda observa. Ainda comanda. O problema de homens como Matteo Fontana é que amam demais. Isso os enfraquece. Angeline é sua ruína disfarçada de salvação. E quando um homem constrói um império em cima do amor, eu só preciso soprar o castelo de cartas. O jogo começou, Matteo. E Fili
Meses depois... Os meses haviam se passado e minha barriga já estava consideravelmente grande. Eu sentia o bebê se mexer de vez em quando, e isso sempre me trazia um conforto inesperado. Apesar dos desafios que a gravidez trouxe, principalmente com Isabella e a pressão constante ao meu redor, havia uma sensação de alívio. Finalmente, parecia que minha família começava a aceitar a ideia. Isabella, que no início foi agressiva e distante, agora começava a mostrar sinais de aceitação. Talvez, com o tempo, ela entendesse que nada iria mudar, que Matteo continuaria sendo o pai dela, e eu só seria a mãe do nosso filho. Estava na sala, sozinha por alguns momentos, sentindo os raios suaves do sol tocar a minha pele. Matteo estava no escritório, lidando com os inúmeros negócios, como sempre, mas eu sabia que logo ele viria. Eu não gostava de ficar tanto tempo sem vê-lo, mas também entendia que ele tinha responsabilidades. Isabella entrou na sala, seus passos eram cautelosos, como se ainda nã
— A gente podia comprar aquele body azul com o desenho de terno. — Sofia sugeriu, sorrindo ao erguer a peça minúscula. — Ele vai parecer um mini-Matteo. — comentei rindo, com a mão sobre minha barriga já bem aparente. — Eu quero escolher o próximo! — Isabella disse empolgada, puxando meu braço. — Ele vai gostar de dinossauro? Sorri para ela, aliviada. Aquela mudança, mesmo que pequena, me enchia de esperança. Isabella ainda tinha seus momentos difíceis, mas nos últimos dias parecia mais curiosa do que ciumenta. E agora, dentro da loja, estava empolgada como nunca. — Dinossauro é perfeito. — respondi, vendo seus olhos brilharem ao correr até uma arara de roupinhas. Sofia me lançou um olhar cúmplice. — Você venceu, hein? — ela sussurrou. — A menina está pronta para redecorar o quarto inteiro se deixar. — E olha que ainda nem nasceu. Isabella voltou com duas peças nas mãos, um macacão com estampas de dinossauros e outro com aviõezinhos. — Esse é para ele usar quando for brincar c
Ela saiu do quarto como se eu fosse o monstro da porra do filme. E talvez eu fosse mesmo, mas ver Angeline me olhando daquele jeito... como se eu tivesse traído a alma dela, porra, isso me destruiu. Fechei a porta com força, o estalo ecoando pela casa. Meu sangue fervia. A respiração pesada. Eu precisava entender como caralho essa informação tinha chegado até ela. Aquilo era confidencial. Pessoal. Apenas um grupo de pessoas sabiam, Giovanni, Ivan e os capos. E todos estavam do meu lado. Desci as escadas decidido, com os punhos cerrados. Vi Sofia com Isabella na sala, lendo um livro infantil como se o mundo não estivesse desabando lá fora. — Isabella, vai pro quarto, princesa. — minha voz saiu seca, controlada. — Papai já sobe. Ela assentiu e subiu com o livrinho nas mãos. Quando ficou só eu e Sofia, deixei a raiva transbordar. — Foi você, né? — O quê? — ela piscou, surpresa. — Foi você que contou para Angeline sobre a merda da decisão de engravidar ela por causa da porra de um
AVISO: Tortura extrema, violência gráfica e vingança. Este capítulo contém cenas fortes que podem ser sensíveis para alguns leitores. ⚠️ O silêncio da noite na Calábria só é quebrado pelos gritos abafados que ecoam do porão. Não há piedade aqui. Não quando se trata da minha mulher. Não depois de tudo que descobri. Leonardo está preso, pendurado pelos pulsos em correntes presas ao teto, os pés mal tocando o chão frio de cimento. A boca amordaçada impede que ele grite alto o suficiente para alguém fora dessas paredes ouvir. — Olhe bem para mim, bastardo. — rosno, tirando a mordaça com violência. — Você tocou na minha mulher. Você ousou pensar nela como se fosse sua. Agora vai pagar por cada olhar, cada pensamento doentio, cada aproximação maldita. Pego o ferro de marcar, aquecido até ficar incandescente. Ele arregala os olhos quando vê o símbolo da família Fontana, brilhando em vermelho. — Isso é para você lembrar que ela tem dono. Sempre teve. — Encosto o ferro na pele do ombro de
Dias depois... O salão estava iluminado como um templo pagão prestes a presenciar uma celebração sagrada. As luzes âmbar se refletiam nos lustres de cristal, e os capos da máfia se reuniam como deuses em tronos de couro e ouro. A festa não era apenas uma comemoração, era uma declaração de poder. Matteo iria anunciar que seria pai de um menino. O herdeiro. Do sucessor do trono. Respirei fundo em frente ao espelho. Meu vestido era um escândalo. Matteo fez questão de que fosse feito sob medida. Cetim negro, justo até a cintura, acentuando minha barriga de sete meses, com uma fenda que subia até a metade da coxa. As mangas eram longas e transparentes, com cristais bordados que desciam até o punho como se fossem gotas de sangue luxuoso. Nos pés, saltos vermelhos Louboutin. Nos olhos, delineado gatinho. E nos lábios, o vermelho favorito dele. — Você está linda. — disse Matteo ao entrar no quarto, me observando como um homem que quer devorar sua deusa. — Vai fazer todo mundo lembrar de qu
O ar da noite estava pesado, mas era o único que eu conseguia respirar. A varanda estava silenciosa, iluminada pelas luzes fracas da festa ao fundo. O vestido pesava no meu corpo junto com tudo o que eu sentia. Era muita coisa. Medo, raiva, alívio, exaustão. Mas acima de tudo, era dor. Ouvi os passos antes mesmo de vê-lo. — Sabia que você estaria aqui. — disse meu pai, parando atrás de mim. Fechei os olhos por um segundo. Não queria brigar, não ali, não agora. Mas Carlo nunca soube esperar o momento certo para ser um merda. — O que você fez com seu irmão… — ele começou. Virei de frente, encarando o homem que me deu a vida e nunca me protegeu dela. — O que ele fez comigo, você quer dizer? Ele se aproximou mais. — Ele era doente por você, mas você também nunca ajudou. Sempre provocando, sempre querendo atenção. Você tem parte nisso, Angeline. Sempre teve. As palavras cortaram como navalhas. O sangue subiu à minha cabeça. Senti a mão tremendo. — Eu era uma criança! Gritei. Cus
Saí do banheiro enrolada na toalha, os cabelos ainda úmidos, pingando gotas quentes no chão de mármore. Meu corpo doía inteiro, e eu me sentia um balão prestes a estourar. Os pés estavam tão inchados que mal conseguiam tocar o chão sem arder, os seios latejando de tanto peso e sensibilidade. Grávida de sete meses… parecia que eu carregava o mundo. Me joguei sentada na beirada da cama, soltando um suspiro frustrado. Eu amava aquele bebê crescendo dentro de mim, mas às vezes meu corpo pedia socorro. A porta se abriu e Matteo entrou, ajeitando a camisa dentro da calça. Ele tinha acabado de colocar Isabella para dormir, e me lançou aquele olhar que só ele tinha. Um misto de preocupação, desejo e posse. — Está tudo bem? — perguntou, vindo até mim. — Tudo dói. — soltei, direta, encostando as costas na cabeceira. — Meus pés estão uma bola, meus peitos parecem que vão explodir… e minha cabeça está latejando desde o início da festa. Ele ajoelhou à minha frente sem dizer uma palavra. Tirou