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Capítulo 5 É Você?

Mia Madson

Assim que Geovane saiu, eu me encostei na parede pensando em como fui parar naquela situação, não conseguimos ficar no mesmo espaço sem brigar ou sem estar se agarrando, nem que seja por alguns segundos, eu não sei o que ele tem contra mim, na verdade, eu até sei, mas isso não vem ao caso, pois ele também tem sua culpa por aceitar se casar comigo. Matteo estava parado na porta me observando e me assusto. E o pior que eu nem sei quanto tempo ele estava ali e o que ele ouviu ou viu.

— Então vocês se divorciaram? - Matteo vem até onde eu estou - Eu sabia que meu irmão era rápido, mas não tanto assim. Que casamento é esse de vocês que já acabou?

— Você quer me matar de susto? Você não tinha ido embora? - eu coloco a mão no peito.

— Eu ia embora, mas eu queria falar com você primeiro antes de ir para o meu apartamento na cidade - ele ia para a cidade, podia ir com ele embora, já me cansei de ficar aqui - Vocês dois se divorciaram quando? - ele me tira dos meus pensamentos de fuga.

— Matteo isso não é assunto para você, me desculpa - me lembro que não posso ficar falando disso - Eu não posso falar sobre esse assunto, nem mesmo com você.

— Eu descobri uma coisa sobre você - o que esse garoto sabia tanto sobre mim.

— O que você descobriu sobre mim? Estou curiosa para saber.

— Quantas perguntas? Eu fui até o chalé mais cedo, então encontrei uma coisinha  - Começo a andar em direção ao chalé, aquilo não podia ser dito ali e Matteo vem atrás de mim.

— Você diz que sabe coisas sobre mim, das quais eu desconheço - eu cruzo os braços e coloco uma das mãos no queixo - Já que diz respeito a mim, eu deveria saber o que você sabe, eu estou curiosa.

Matteo me entrega um papel assim que chegamos no chalé e eu seguro com as minhas mãos, eu já sabia o que era, eu sempre andei com ele, eu levo para todos os lugares que eu vou, mas eu queria saber o que ele estava fazendo com aquilo nas mãos? Será que ele tinha mexido nas minhas coisas para encontrar aquilo que eu guardava há tanto tempo? E sempre tive o cuidado de não deixar exposto, não queria que ninguém descobrisse que eu ainda carregava isso junto comigo.

— Sei muitas coisas sobre você, cunhadinha. No momento certo você saberá o que eu sei - ele dá uma piscadinha - Olhe bem a foto.

— Estou olhando, eu tenho ela há muito tempo e não estou entendendo, você sabe quem são essas pessoas? - eu continuo arrumando as minhas coisas para ir embora.

— Você não sabe mesmo quem está nesta foto?

— Não - menti.

— Esse da foto, sou eu - a minha boca abre de surpresa.

Eu parei de fazer o que eu estava fazendo, imediatamente, não acreditando, era ele que estava naquela foto? Como assim era ele e eu nunca tinha percebido.

— Você se lembra de mim? Oh meu Deus, eu não acredito ser você nesta foto? 

— E por que tem essa foto? Está procurando essa pessoa que está aí - ele pega a foto de volta.

Eu fiquei muito desapontada por ele não se lembrar de mim, eu não tinha mudado tanto assim, depois de tudo que aconteceu, mesmo sido tudo muito rápido, eu queria que ele se lembrasse de mim por tudo o que aconteceu naquele dia, mas eu não posso culpá-lo.

— Mia, por que eu deveria me lembrar de você? - ele insiste para que eu diga.

— Por nada, Matteo, por nada - peguei a minha mala e coloquei na porta do chalé de Geovane - Me dê a minha foto - eu estendo a mão para que ele me devolva - Vamos me dê a minha foto, eu preciso ir embora.

— E se eu não te der? O que vai fazer? - ele levanta a foto.

— Matteo, me dá a foto - eu dou um pulinho tentando pegar a minha foto - Anda Matteo, me dá logo isso - ele anda segurando a foto no alto e eu continuo pulando atrás dele tentando pegar a m*****a foto.

— A foto é minha, é a minha imagem e eu tenho direito de ficar com ela, não tenho?

Matteo se aproximou da cama e quando eu pulei tentando pegar o papel que ele insistiu em erguer, eu o fiz se desequilibrar e cair na cama e eu acabei caindo com ele, bem em cima dele, Matteo e eu ficamos nos olhando por uns minutos, era estranho saber que era ele, a pessoa que sonhei por tanto tempo, um sentimento estranho tomou conta de mim, ele também me olhava e nossos olhos mantinham a conexão, eu fui me aproximando dele, era ele? Mas ele não se lembrava de mim, como não se lembrava? Eu queria gritar com ele e chacoalhá-lo, você tem que se lembrar de mim. 

— Que pouca-vergonha é essa aqui na minha casa? - Geovane mais uma vez.

— Não tem pouca-vergonha nenhuma - eu falo me levantando de cima do Matteo.

— Calma irmão, já estamos nos levantando da sua cama - Matteo e seu senso de humor vai acabar nos colocando em maus lençóis.

— Você não conseguiu nada comigo, agora fica tentando algo com o meu irmão, eu sabia que você era uma garota de má reputação, mas não dessa forma - Geovane está fora de si.

— Do que você tá falando? Seu idiota.

— Que você fica atrás de um casamento vantajoso já que você não ganha nada com essa sua profissão de atriz de quinta categoria e além de tudo é péssima no que faz.

— Geovane, você está sendo insensível - Matteo o repreende.

— Ela é péssima no que faz e está procurando um bom casamento com um homem rico para poder se acomodar e fazer suas festas, para depois sair nos sites de fofocas e ficar famosa - ele aponta o dedo indicador para mim - Se você pensa que vai ficar famosa com esse seu joguinho, com esse tipo de coisa que você faz, você está muito enganada - ele estava muito bravo - E para ter certeza que você vai embora da minha casa hoje e deixar de ser uma ameaça para o meu irmão, eu mesmo vou te levar embora da vinícola. E esquece o meu irmão, entendeu. 

Eu estava com vontade de ir lá quebrar a cara desse babaca, como eu fui me casar com esse homem? Onde eu estava com a cabeça quando aceitei passar por tudo isso e assinar aqui maldito papel, aceitando esse acordo. Sem contar a humilhação que ele me faz passar todas às vezes que nos encontramos, eu peço por tudo que é mais sagrado que esse mês passe o mais rápido possível.

Ele segurou o meu braço e saiu me empurrando para fora da casa dele, ignorando os meus pedidos para me soltar, o carro que está estacionado próximo do chalé me levará para casa. Eu quero ficar o mais longe possível desse homem. 

— Entra no carro - ele me fala e abre a porta para que eu entre.

— Eu não vou com você a lugar algum, da última vez você me deixou plantada no meio da estrada sozinha e vestido de noiva.

— Pelo menos hoje você não está vestida de noiva, agora entra logo Mia, antes que eu faça uma besteira.

— Você vai me deixar no meio da estrada? Pois eu não vou sair daqui com você.

— Eu prometo que não vou te deixar, eu só quero que você vá embora. Vai ser melhor para nós dois.

— Eu não vejo a hora de ir e me livrar de você, Geovane.

— Temos o mesmo pensamento, Mia - nós ficamos por um tempo medindo forças, eu não queria entrar no carro e dar o braço a torcer que ele estava mandando em mim, então fiquei um tempo olhando para ele, e depois entrei no carro.

Matteo olhava tudo da porta do chalé, vi que Geovane falou algumas coisas com ele, pegou a minha mala e veio para o carro. Eu permaneci calada, assim que entrou colocou uma música e eu revirei os olhos. Nosso gosto musical não era nada parecido, e dessa vez nós não brigamos durante a viagem e seguimos calados.

A vinícola ficava há mais ou menos duas horas da cidade, eu já tinha me instalado em um apartamento, quis sair de onde eu estava, pois lá me sufocava de lembranças. Eu não queria que o meu marido/ex-marido, soubesse do meu novo endereço, pedi a ele que parasse em um ponto de táxi, já era bem tarde da noite, mas eu preferia assim, não queria dar muita satisfação a ele sobre onde eu estava morando. 

— Pare o carro - então ele parou - Eu vou descer aqui.

— Está tarde, eu vou te deixar na sua casa.

— Não precisa fingir que está preocupado comigo, destrave a porta - ele me olhou como se não entendesse o que eu estava pedindo - Destrave a porta, eu quero descer - dessa vez eu fui muito séria com ele.

— Já que você quer ir, eu não vou me opor - ele destravou a porta, eu desci, peguei as minhas coisas que estavam no banco de trás e segui até o táxi.

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