Isabella mal conseguia respirar com o saco preto sobre sua cabeça. Sentia o coração martelar no peito, cada batida mais alta do que a anterior. A escuridão que a envolvia parecia comprimir seus pensamentos, cada um mais assustador que o outro. Ouvia passos, o som abafado de vozes ao longe, mas não conseguia distinguir palavras. Tudo era um borrão de medo e ansiedade.Então, de repente, a porta rangeu e ouviu-se um clique suave. A mulher que estava lá saiu, e Isabella ficou imóvel, apenas ouvindo o som dos passos dela se afastando. Por um instante, o silêncio caiu pesado, até que novos sons de passos invadiram o pequeno quarto onde ela estava. As vozes se tornaram mais claras, e então ela ouviu o som áspero de Muriçoca, seguido por um comando rude:“Não olhe para a gente, fique com a cabeça abaixada.”O saco preto foi arrancado de sua cabeça cuidadosamente por PH. Isabella piscou várias vezes, tentando ajustar seus olhos à luz fraca que iluminava o lugar. Ela obedeceu instintivamente,
Isabella Maziero Rossi Isabella sentiu um arrepio percorrer sua espinha assim que as palavras saíram de sua boca. **Por que você vive no crime?** A pergunta ecoou em sua mente enquanto PH, em pé diante dela, estreitava os olhos. Havia algo perigoso naquela expressão, algo que fez Isabella se questionar sobre sua própria sanidade por ter ousado falar. O olhar dele não era de raiva, mas de algo mais profundo, como se aquelas palavras tivessem tocado em uma ferida há muito fechada. PH deu um passo em direção a ela, sua presença se tornando ainda mais opressora. "Por que você está me perguntando isso?" A voz dele era baixa, quase um sussurro, mas carregava um peso que fez o coração de Isabella saltar em seu peito. "Aqui você não tem o direito de fazer perguntas. Não é porque eu te trouxe aqui em cima que você não é mais uma prisioneira."Ela abriu a boca para tentar se justificar, o medo apertando seu peito. “Me desculpe, não queria…”Mas PH não a deixou terminar. Com um movimento rápid
Isabella Maziero Rossi “Eu deixei umas roupas para você,” Ela quase infartou quando ele bateu na porta e ela ouviu a voz do seu algoz.Após o banho, ela se secou com a toalha que PH lhe deu e vestiu as roupas que estavam penduradas em um prego agarrado na madeira da porta e que sustentava os tecidos. Uma camiseta velha com um desenho de uma boca e um short jeans. Assim que saiu do banheiro, PH não estava lá. Isabella seguiu para sua cela.Sentia-se exausta, tanto física quanto emocionalmente, e o colchão no canto do quarto parecia convidá-la para um descanso necessário. Deitou-se e, apesar de todos os seus esforços para manter os olhos abertos, seus pensamentos vagavam entre lembranças de momentos felizes e o medo do que ainda estava por vir. Tinha medo. Quem não teria? Isabella viu quando PH entrou no quarto silenciosamente, ela fingiu estar dormindo, queria ver o que ele iria fazer, mas ele foi até ela certificando-se de que ela estava bem coberta antes de trancar a porta com cuid
Isabella Maziero Rossi PH segurou firmemente o braço de Isabella, puxando-a com urgência em direção a uma parede aparentemente comum. Isabella mal teve tempo de reagir, seu coração acelerado pela súbita mudança de ambiente. Com um empurrão firme em uma parte específica da parede, um mecanismo oculto fez uma porta se abrir silenciosamente. Ela jamais imaginaria que algo assim pudesse existir ali.O som das dobradiças enferrujadas ecoou pelo espaço enquanto PH a empurrava para dentro, revelando uma escada íngreme e estreita, envolta em escuridão. Isabella hesitou, sentindo o cheiro de mofo e a umidade do lugar, que a fez lembrar de porões antigos e esquecidos. Teias de aranha pendiam do teto baixo, e ela teve que lutar contra o impulso de se afastar, seu instinto de sobrevivência brigando com o medo avassalador que começava a dominá-la.“Para onde você está me levando?” Isabella perguntou, a voz baixa, quase engolida pelo eco da passagem sombria.PH não respondeu. Ele apenas a olhou ra
Isabella Maziero Rossi Isabella olhava ao redor, sentindo o peso da angústia crescer em seu peito. As paredes daquela parte do túnel eram frias, úmidas, e o ar carregado com o cheiro da desesperança. As sombras dos que ali se amontoavam pareciam crescer, como se fossem partes deles que haviam sido roubadas, pedaços de humanidade dilacerados pela crueldade do mundo. Ela viu uma das crianças de olhos arregalados, fixando nela um olhar vazio, como se estivessem implorando por respostas que ninguém ali poderia dar.Uma menina em particular chamou sua atenção. Seu rosto estava encoberto de sujeira, mas seus olhos brilhavam com uma mistura de medo e curiosidade. Ela se escondeu atrás de uma mulher, que a apertava contra o peito com um instinto de proteção que transcende qualquer linguagem. A mulher olhou para Isabella, e seus olhos eram um misto de desconfiança e súplica silenciosa.Isabella se agachou, tentando estabelecer algum tipo de comunicação. “Tudo vai ficar bem,” ela murmurou, mes
Isabella Maziero Rossi Isabella sentia o coração bater, quando abriu os olhos, enquanto estava caída ao lado de PH, seu braço ainda preso na mão dele. Mas então, algo mudou. Um barulho de pessoas conversando, um estrondo surdo que fez o chão tremer levemente.“Que foi isso?” ela murmurou, parando de repente e olhando ao redor.Antes que Isabella pudesse responder, outro estrondo soou, muito mais próximo dessa vez. A terra começou a tremer, e pedaços de concreto e poeira caíam do teto do túnel. O pânico tomou conta de Isabella. Ela sabia o que estava acontecendo.A polícia.Eles estavam ali.Isabella não sabia se deveria se sentir aliviada ou ainda mais assustada. Pensou nas pessoas que estavam junto com ela há pouco tempo, se haviam se machucado. PH a puxou com força, forçando-a a levantar e seguir em frente, enquanto os sons de gritos e objetos caindo ecoavam pelo túnel.“Temos que sair daqui,” PH disse, sua voz carregada de urgência.Mas Isabella resistiu. “Eu não posso deixar essa
Isabella Maziero Rossi Isabella sentia a água invadir suas narinas, preenchendo seus pulmões de forma sufocante enquanto era arrastada pela correnteza implacável. Cada tentativa de erguer a cabeça resultava em mais água, mais desespero. As mãos de PH, antes firmes em sua pele, soltaram-se, e ela percebeu, em meio ao caos, que estava completamente à mercê do mar. O pânico a dominou, seu corpo sendo levado sem resistência, como se fosse apenas um pedaço de madeira à deriva.Por um instante, o mundo ao seu redor parecia ter parado. Não havia mais som, apenas a sensação gélida da água e o vazio crescente que tomava conta de sua mente. Sua visão começou a escurecer, e Isabella sentiu que estava se afastando de tudo, afundando em um abismo sem fim.De repente, algo firme e quente a envolveu. Um braço forte, seguro, puxou seu corpo flácido para cima. Ela tentou abrir os olhos, mas a visão estava embaçada, a escuridão ainda a envolvendo. Um rosto familiar, desesperado, tomou forma à sua fren
Isabella Maziero Rossi Isabella ainda tentava organizar as memórias confusas das últimas horas em sua mente. A voz daquela mulher misteriosa continuava ecoando, cada palavra gravada na sua memória. Havia algo na entonação, um sotaque ou uma inflexão que parecia tão familiar, mas, por mais que tentasse, não conseguia lembrar de onde conhecia aquela voz.“Mas você não tem ideia de quem seja?” Marcos perguntou, a preocupação estampada em seus olhos.“Não, eu a ouvi conversando, mas não tenho ideia de quem seja,” respondeu Isabella, com um suspiro exausto.“Vamos descansar. Você deve estar exausta.”Ela adormeceu quase instantaneamente, o peso do cansaço finalmente vencendo as preocupações que ainda assombravam sua mente. O sono durou pela manhã e uma parte da tarde. Quando Isabella acordou, sentiu um vazio ao seu lado na cama. Sofia e a babá estavam em outro quarto, e Marcos não estava lá. Ela pegou o celular e ligou para ele.“Marcos, onde você está?” perguntou, com um toque de ansieda